Corso carnavalesco

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Corso carnavalesco, ou simplesmente corso, foi um tipo de agremiação carnavalesca que promovia desfiles utilizando carros, geralmente de luxo, abertos e ornamentados, pelas ruas de sua cidade, com foliões geralmente fantasiados, que jogavam confetes, serpentinas e esguichos de lança-perfume nos ocupantes dos outros veículos.

Por extensão, por vezes "corso" também era o nome dado aos passeios promovidos pelas sociedades carnavalescas do Rio de Janeiro.

A brincadeira, de origem europeia, foi muito popular em diversas cidades do Brasil no final do século XIX e início do século XX, sendo uma tentativa de se reproduzir as batalhas de flores características dos carnavais mais sofisticados da virada do século, como, por exemplo, o da cidade de Nice, no sul da França.

Por sua própria natureza, o corso era uma brincadeira exclusiva das elites, que possuíam carros ou que podiam pagar seu aluguel nos dias de carnaval.

História do corso no Brasil[editar | editar código-fonte]

Antes do surgimento dos automóveis, o desfile de corsos já existia em algumas cidades, tais como Recife e Olinda, onde era composto por carros puxados a cavalo, tais como cabriolés, aranhas (carruagens leves de duas rodas), charretes, entre outros modelos.[1]

O corso era o mais difundido evento do carnaval carioca na primeira década do século XX, ocupando todo eixo carnavalesco durante os três dias de folia e abrindo espaço somente (e mesmo assim em horários predeterminados) para os grupos populares (chamados genericamente de ranchos) na noite de segunda-feira e para as Grandes Sociedades, na noite da terça-feira gorda.[2]

Os grandes centros urbanos brasileiros rapidamente aderiram à moda surgida na capital e passaram a apresentar corsos em suas principais artérias durante o carnaval. Uma importante divulgação do corso aconteceu durante o carnaval de 1907, quando as filhas do então presidente Afonso Pena, fizeram um passeio no automóvel presidencial, pela Avenida Beira-Mar, no Rio de Janeiro.

Segundo Eneida de Moraes, autora do livro História do carnaval carioca, a popularização dos automóveis afastou os foliões das classes alta e média, e nos anos 40, o corso acabaria desaparecendo. Felipe Ferreira, em seu O livro de ouro do carnaval brasileiro, sugere que o surgimento de bailes exclusivos para elite (como o famoso Baile do Municipal) após a organização oficial do carnaval carioca em 1932, teve papel determinante na decadência do corso. Já para o radialista Almirante, a decadência do corso no Rio de Janeiro começou a partir de 1935, devido à diminuição de carros abertos ou conversíveis com capotas de lona, que segundo ele, praticamente pararam de ser fabricados, o que fez com que as duas filas de automóveis que desfilavam da Praça Mauá até o Pavilhão Mourisco, em Botafogo, foram gradativamente diminuindo.[2] O cronista também relaciona a decadência dos grupos ao fato de que a polícia teria passado a permitir que caminhões enfeitados e com muitos foliões nas carrocerias participasem do corso, o que teria inibido os brincantes tradicionais.[2]

No entanto, até a década de 1960, corsos podiam ser observados em algumas cidades do interior do Brasil.[2] A brincadeira ainda é revivida ocasionalmente, de forma comemorativa, em algumas cidades do país, como em Vitória (Espírito Santo), no ano de 2010.[3]

Teresina possui o maior desfile do gênero no mundo.[4][5]

Referências

  1. Lúcia Gaspar, Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco. «O Corso no Carnaval do Recife». Consultado em 10 de maio de 2014. Cópia arquivada em 10 de maio de 2014 
  2. a b c d Rio de Janeiro Aqui. «Corsos». Consultado em 10 de maio de 2014. Cópia arquivada em 11 de maio de 2014 
  3. José Carlos Mattedi, com a colaboração de Brunella França (11 de fevereiro de 2010). «Muita festa com o Corso Carnavalesco nas ruas de Vitória». Consultado em 10 de maio de 2014. Cópia arquivada em 13 de fevereiro de 2010 
  4. Jornal da Cidade. «O maior corso do mundo bate o próprio recorde e transforma Teresina na capital do carnaval brasileiro». Consultado em 17 de abril de 2014 
  5. Jornal da Cidade. «O maior corso do mundo reúniu quase meio milhão de pessoas no pré-carnaval de Teresina». Consultado em 17 de abril de 2014