Criptococose

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Cryptococcosis
Criptococose
Micrografia mostrando a cápsula grossa característica do cryptococcus.
Especialidade infecciologia
Classificação e recursos externos
CID-10 B45
CID-9 117.5
CID-11 390527954
DiseasesDB 3213
MedlinePlus 001328
eMedicine med/482
MeSH D003453
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Criptococose é uma micose causada pelo fungo Cryptococcus neoformans ou pelo Cryptococcus gattii. É a única levedura encapsulada que causa doenças conhecidas atualmente, um fator importante para seu diagnóstico com microscópio.[1] Podem afetar pele, próstata, olhos, ossos, trato urinário e sangue.

Causas[editar | editar código-fonte]

Microfotografia de Cryptococcus neoformans no pulmão de um paciente de SIDA.

A levedura encapsulada oportunista Cryptococcus neoformans causa pneumonia ou meningoencefalite em imunodeprimidos, enquanto o Cryptococcus gattii também afeta imunocompetentes. Em sua fase infecciosa se reproduzem de forma assexuada, mas possuem variedades teleomórficas (sexuadas) que correspondem ao Filobasidiella neoformans e F. bacillispora respectivamente.[2]

Epidemiologia[editar | editar código-fonte]

Existe em todo o mundo e causa um caso de meningite a cada um milhão de habitantes por ano. A infecção se dá pela inalação de esporos, frequentemente em detritos de pombos e o contagio não acontece de pessoa para pessoa. Quase 80% dos casos apareceram em pessoas com AIDS.[2]

Progressão, Sinais e Sintomas[editar | editar código-fonte]

Pneumonia

Após inalação, as leveduras multiplicam-se no pulmão, onde não causam sintomas em 1/3 dos casos. Quando causam sintomas predominam[3]:

  • Tosse com muco (54%);
  • Febre (26%);
  • Tosse com sangue (18%);
  • Derrame pleural (menos de 10%);
  • Suores noturnos, emagrecimento e fraqueza também podem estar presentes.
Meningite

Mais tarde, se o indivíduo estiver debilitado, disseminam-se pelo sangue, especialmente para o cérebro. O sistema imunitário destrói os organismos sanguíneos, mas não detecta aqueles já presentes no líquido cefalorraquidiano (uma vez que é muito pobre em linfócitos). O resultado mais frequente é a multiplicação das leveduras nesse liquido rico em glicose gerando inflamação das membranas que envolvem o cérebro, ou seja, meningite. 5 [4]Os sintomas são os mesmos de todas as meningites, mas ao contrário da meningite bacteriana podem durar várias semanas:

  • Dor de cabeça,
  • Náuseas e vômitos;
  • Rigidez da nuca;
  • Fotofobia (sensibilidade exagerada à luz).

Em indivíduos imunodeficientes (como, por exemplo, SIDA/AIDS, pacientes em uso de corticosteroides ou aqueles com outra patologia crônica associada) a condição é mais grave e persistente e pode cursar com encefalite potencialmente mortal. Pode ainda causar lesões na pele e ossos.[5]

Diagnóstico[editar | editar código-fonte]

Amostras de liquido cefalorraquidiano são observadas ao microscópio, mas a cultura pode ser necessária para a identificação. A sorologia, com detecção de anticorpos específicos contra o fungo é usada também[6].

Tratamento[editar | editar código-fonte]

O tratamento vai depender do local da infecção e da disseminação. Geralmente é feita com o fármaco antifúngico anfotericina B (0,5-1,0 mg/kg/dia) e seus derivados lipídicos ou com a combinação de fluconazol (400 mg/dia) e 5-flucitosina (100 mg/kg/dia).

Referências

  1. «CRIPTOCOCOSE: DUAS DOENÇAS?» (PDF). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 1993. 1 páginas. Consultado em 5 de janeiro de 2012. Criptococose é a infecção causada por Cryptococcus neoformans [...], que tudo indica é a única espécie patogênica do gênero Cryptococcus [...]. Nos tecidos do hospedeiro o fungo apresenta-se como levedura encapsulada, fato que o torna único entre os fungos patogênicos [...]. 
  2. a b [1]
  3. Consenso em criptococose – 2008 Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 41(5):524-544, set-out, 2008
  4. Mora, Delio José; Fortunato, Laila Rigolin; Andrade-Silva, Leonardo Eurípedes; Ferreira-Paim, Kennio; Rocha, Ivonete Helena; Vasconcelos, Rakel Rocha; Silva-Teixeira, David Nascimento; Nascentes, Gabriel Antonio Nogueira; Silva-Vergara, Mario León (23 de março de 2015). «Cytokine Profiles at Admission Can Be Related to Outcome in AIDS Patients with Cryptococcal Meningitis». PLOS ONE. 10 (3): e0120297. ISSN 1932-6203. doi:10.1371/journal.pone.0120297 
  5. Mora, Delio José; da Cunha Colombo, Eduardo Rodrigues; Ferreira-Paim, Kennio; Andrade-Silva, Leonardo Eurípedes; Nascentes, Gabriel Antonio Nogueira; Silva-Vergara, Mario León (1 de dezembro de 2011). «Clinical, Epidemiological and Outcome Features of Patients with Cryptococcosis in Uberaba, Minas Gerais, Brazil». Mycopathologia. 173 (5-6): 321–327. ISSN 0301-486X. doi:10.1007/s11046-011-9504-9 
  6. Mora, Delio José; Pedrosa, André Luiz; Rodrigues, Virmondes; Leite Maffei, Claudia Maria; Trilles, Luciana; Santos Lazéra, MáRcia Dos; Silva-Vergara, Mario León (junho de 2010). «Genotype and mating type distribution within clinicalCryptococcus neoformansandCryptococcus gattiiisolates from patients with cryptococcal meningitis in Uberaba, Minas Gerais, Brazil». Medical Mycology. 48 (4): 561–569. ISSN 1369-3786. doi:10.3109/13693780903358317