Cristóvão Ferreira

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Cristóvão Ferreira
Cristóvão Ferreira
Nascimento 1580
Zibreira
Morte 4 de novembro de 1650
Nagasaki
Sepultamento Zuirinji Temple
Cidadania Reino de Portugal
Ocupação missionário, escritor
Religião catolicismo

Cristóvão Ferreira (c. 1580-1650) foi um jesuíta português, que notoriamente cometeu apostasia após ser torturado nos expurgos anticristãos do Japão. Nascido por volta de 1580, em Zibreira, Torres Novas, foi enviado para o Japão, onde missionou entre 1609 e 1633, chefiando os jesuítas durante a regência opressiva do xogunato Tokugawa. Detido em 1633, cometeu apostasia ao cabo de cinco horas de tortura, tornando-se o mais famoso dos «padres caídos». Mudou de nome para Sawano Chuan (em japonês: 沢野忠庵) e, em 1636, escreveu o livro intitulado A Decepção Revelada. Participou em julgamentos oficiais de outros jesuítas capturados.[1][2] Morreu em Nagasáqui em 1650.[3]

Em A Decepção Revelada, afirmou que Deus não criou o mundo e que, aliás, o mundo nunca foi criado; não existem inferno, paraíso ou predestinação; as crianças nado-mortas são inocentes do pecado original (que, em qualquer caso, não existe); o cristianismo foi uma invenção; pagamento de missas e indulgências, excomunhão, leis dietéticas, a virgindade de Maria, os Reis Magos, são disparates pegados; a Ressurreição de Jesus não passa de uma burla desprovida de fundamento, ridícula, escandalosa; sacramentos e confissões não têm sentido; a Eucaristia é uma metáfora e o Juízo Final uma ilusão inacreditável.

Cultura popular[editar | editar código-fonte]

Silêncio (em japonês: 沈黙; romaniz.:Chinmoku), romance escrito por Shusaku Endō, conta a história de um jovem jesuíta português, Sebastião Rodrigues (baseado no personagem histórico Giuseppe Chiara), que é enviado ao Japão para socorrer a igreja local e investigar os relatos de que o seu mentor, o padre Cristóvão Ferreira, teria cometido apostasia.

Em 2007, o realizador de cinema americano Martin Scorsese anunciou a intenção de levar ao ecrã uma adaptação do livro, que esperava filmar no verão de 2008.[4] Em 2009, foi anunciado no sítio Empireonline.com que Daniel Day-Lewis (como Cristóvão Ferreira) e Benicio del Toro (como Sebastião Rodrigues) participariam no filme de Scorsese.

Todavia, o papel de Cristóvão Ferreira acabou por ser confiado a Liam Neeson e o de Sebastião Rodrigues a Andrew Garfield.

O filme foi estreado em 2016 no Vaticano e logo após nos Estados Unidos.[5] Em Portugal, estreou-se a 19 de janeiro de 2017 e, no Brasil, a 9 de março.[6]

Morte[editar | editar código-fonte]

Cristóvão Ferreira morreu em Nagasáqui em 1650. Pouco antes, supostamente, reconverteu-se ao cristianismo, foi torturado e morreu como mártir. [2]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Choque Luso No JapÃo Dos SÉculos Xvi E Xvii, José Yamashiro, 1989, p. 150ff
  2. Cieslik, Hubert (1973). "The Case of Christovão Ferreira Arquivado em 21 de dezembro de 2013, no Wayback Machine.". Monumenta Nipponica 29
  3. Henrique Leitão (2000). "Reseña de 'La Supercherie Dévoilée. Une Réfutation du Catholocisme au Japon au XVIIe Siécle' de Jacques Proust," Arquivado em 20 de setembro de 2012, no Wayback Machine. Bulletin of Portuguese / Japanese Studies, December, Año/Vol 1, Universidade Nova de Lisboa. Lisboa, Portugal, 131-134
  4. "Next for Scorsese: 17th-century Japan" by Angela Doland, Associated Press, 24 May 2007
  5. "Silence (2016)", Internet Movie Database
  6. https://www.nos.pt/institucional/PT/media/Documents/2017%2001%2005_Silencio_Programa%20Cultural_VF.pdf
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