Câncer ovariano

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Câncer ovariano
Câncer ovariano
Esquema mostrando os ovários e outras partes do sistema reprodutor feminino
Especialidade oncologia
Classificação e recursos externos
CID-10 C56, D27
CID-9 183, 220
CID-ICD-O VARIED
CID-11 685124533
OMIM 167000, 607893
DiseasesDB 9418
MedlinePlus 000889
eMedicine med/1698
MeSH D010051
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O termo câncer ovariano (português brasileiro) ou cancro ovárico (português europeu) refere-se a neoplasias malignas em um ou ambos ovários[1], estrutura responsável pela produção dos óvulos nas mulheres. Acontece com maior frequência depois dos 63 anos, afetando 1 a cada 75 idosas, mais comum em mulheres brancas, obesas e que fazem tratamento hormonal. É uma causa frequente da extração dos ovários.[2]

Tipos

Cânceres primários em ovário(s)[3]:

  • Tumores epiteliais (adenocarcinoma): começam na fina camada de tecido que reveste os ovários. Cerca de 90 por cento dos cânceres de ovário são epiteliais. Podem ser pouco ou muito malignos. São divididos em:
    • Tumores serosos: Adenocarcinomas serosos são os cânceres de ovário mais comuns. No momento do diagnóstico, geralmente têm um tamanho médio de 15 cm, e em muitos casos são bilaterais. Tem mal prognóstico, com apenas 21% de sobrevivência em 5 anos.
    • Tumores mucinosos: Representam 15% dos tumores ovarianos malignos. Seu nome deriva do que produzem mucina (muco) que se espalha por toda a cavidade peritoneal. Eles aparecem em mulheres mais jovens, geralmente diagnosticada em estágios iniciais e têm um prognóstico melhor do que serosa. Bom prognóstico com 77% de sobrevivência em 5 anos.
    • Limítrofes ("Boderline"): Representam 30% dos casos. Lentos e pouco invasivos, tem o melhor prognóstico com 98% de sobrevivência em 5 anos.
    • Tumores endometrioides: Têm uma aparência sólida e escura. Em metade dos casos são bilaterais e representam 15-25% dos casos. Bom prognóstico com 77% de sobrevivência em 5 anos.
    • Tumores de células claras: Suas células têm uma aparência clara ao microscópio. Representam 5% dos cânceres de ovário são deste tipo. Eles são bilaterais em 20-40% dos casos. Cerca de 60% sobrevivem mais de 5 anos com esse câncer.
  • Tumores do estroma: começam no tecido ovariano que contém células produtoras de hormônios femininos, as células da teca e da granulosa. Estes tumores são geralmente diagnosticados numa fase mais precoce do que outros tumores ovarianos. Cerca de 7-8% dos tumores ovarianos são estromais. Aparecem em mulheres mais jovens e o prognóstico é bom com 88% de sobrevivência em 5 anos.[4]

Sinais e sintomas

Câncer de ovário em estágio 1. Localizado (In situ).

Os sinais e sintomas do câncer de ovário são frequentemente sutis ou imperceptíveis, mas podem incluir[5]:

  • Fadiga
  • Inchaço abdominal
  • Perda de peso
  • Dor abdominal ou pélvica
  • Desconforto durante o sexo
  • Constipação
  • Alterações menstruais

Na maioria dos casos, esses sintomas persistem durante vários meses, antes de serem reconhecidos e diagnosticados, podendo ser confundidos com uma condição tal como síndrome do cólon irritável.

Fatores de risco

No segundo estágio, o câncer invade trompas uterinas, líquido abdominal, bexiga e gânglios linfáticos.

A maioria dos fatores de risco para câncer de ovário são de natureza hormonal. Não ter filhos é um fator de risco para o câncer de ovário, provavelmente porque a ovulação não é suprimida devido à gravidez. Outros fatores de risco para seu desenvolvimento incluem[6][7]:

  • Histórico familiar de cânceres da mulher (de mama, útero, cérvix ou ovário),
  • Nuliparidade (ausência de gestações prévias),
  • Menarca precoce,
  • Menopausa tardia,
  • Obesidade,
  • Terapias hormonais prolongadas (andrógenos, estrógenos, clomifeno...),
  • Idade avançada.

São consideradas pacientes de risco as mulheres portadoras de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, cuja chance de desenvolver câncer pode chegar a mais de 50%, sendo por isso recomendada a retirada dos ovários e das tubas uterinas quando tiverem idades entre 35 e 40 anos.[8][9] Até muito recentemente, o único fator de risco conhecido era o número de ovulações: quanto maior, maior era o risco de câncer de ovário; isto motivou uma única medida preventiva: a diminuição no número de ovulações, com o uso de pílulas anticoncepcionais.[8] Porém existem fortes evidências de que os únicos tumores realmente originados nos ovários sejam os tumores das células germinativas. Já os tumores epiteliais são, na sua grande maioria, originados em outros sítios e implantados precocemente nos ovários.[8]

Há, igualmente, estudos que indicam a associação entre a síndrome do ovário policístico (SOP) e o câncer ovariano [10] [11].

Diagnóstico

O diagnóstico do câncer de ovário começa com um exame físico (incluindo um exame pélvico[12]), um exame de sangue (para CA-125 e às vezes outros marcadores) e ultrassonografia transvaginal[13].

Tratamento

Os principais tratamentos para o câncer de ovário são[14]:

Pesquisa

Em 2014, pesquisadores criaram, em um rato, o primeiro modelo do carcinoma de células claras de ovário, usando dados do atlas do genoma do câncer humano[15] [16]. Eles mostraram que, quando os genes PIK2CA e ARID1A são mutados de modo específico, o resultado é câncer do ovário em 100 por cento das vezes. Também mostraram que uma droga conhecida pode suprimir o crescimento dos tumores[17][18]

Referências

  1. Svetlana Mironov, Oguz Akin, Neeta Pandit-Taskar, Lucy E. Hann (2007). «Ovarian Cancer». Radiol Clin N Am. 45. pp. 149–166 
  2. http://www.cancer.org/cancer/ovariancancer/overviewguide/ovarian-cancer-overview-key-statistics
  3. Kosary, Carol L. (2007). "Chapter 16: Cancers of the Ovary" (PDF). In Baguio, RNL; Young, JL; Keel, GE; Eisner, MP; Lin, YD; Horner, M-J. SEER Survival Monograph: Cancer Survival Among Adults: US SEER Program, 1988-2001, Patient and Tumor Characteristics. SEER Program. NIH Pub. No. 07-6215. Bethesda, MD: National Cancer Institute. pp. 133–144.
  4. Schneider, DT; Calaminus, G; Harms, D; Göbel, U; German Maligne Keimzelltumoren Study Group (2005). "Ovarian sex cord-stromal tumors in children and adolescents". The Journal of reproductive medicine 50 (6): 439–46. PMID 16050568.
  5. http://www.cancer.org/cancer/ovariancancer/detailedguide/ovarian-cancer-signs-and-symptomshttp://www.cancer.org/cancer/ovariancancer/detailedguide/ovarian-cancer-signs-and-symptoms
  6. Christine Vo, Michael E. Carney (2007). «Ovarian Cancer Hormonal and Environmental Risk Effect». Obstet Gynecol Clin N Am. 34. pp. 687–700 
  7. http://www.cancer.org/cancer/ovariancancer/detailedguide/ovarian-cancer-risk-factors
  8. a b c CARVALHO, Jesus Paula. "Prevenção do câncer de ovário", in: Revista Onco&, Iaso Editora, Dezembro 2011/Janeiro-Fevereiro 2012
  9. . Nusbaum R, Isaacs C. Management updates for women with a BRCA1 or BRCA2 mutation. Mol Diagn Ther l2007;11: 133-44.
  10. Balen A, Glass M. Bonnar John, Dunlop William., editors. What's new in polycystic ovary syndrome? Recent Advances in Obstetrics and Gynecology 23. 2005;11:147–158.
  11. Familial associations in women with polycystic ovary syndrome. Atiomo WU, El-Mahdi E, Hardiman P Fertil Steril. 2003 Jul; 80(1):143-5.
  12. O Exame Pélvico Feminino, por Giselle Silva (Boa Saúde) - Saúde da mulher
  13. Diagnosing ectopic pregnancy and current concepts in the management of pregnancy of unknown location publicado pela Oxford University Press on behalf of the European Society of Human Reproduction and Embryology"
  14. http://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/ovarian-cancer/basics/treatment/con-20028096
  15. «The Cancer Genome Atlas homepage». NCI and the NHGRI. Consultado em 28 de abril de 2009 
  16. NIH Launches Cancer Genome Project. Washington Post, 14 de dezembro de 2005
  17. Researchers pinpoint two genes that trigger severest form of ovarian cancer
  18. Polymorphism, bacteria inside us help dictate inflammation, antitumor activity