Cândido Godói

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Cândido Godói
  Município do Brasil  
Pórtico de entrada da cidade
Pórtico de entrada da cidade
Pórtico de entrada da cidade
Símbolos
Bandeira de Cândido Godói
Bandeira
Brasão de armas de Cândido Godói
Brasão de armas
Hino
Lema Trabalho e liberdade
Gentílico godoiense
Localização
Localização de Cândido Godói no Rio Grande do Sul
Localização de Cândido Godói no Rio Grande do Sul
Localização de Cândido Godói no Rio Grande do Sul
Cândido Godói está localizado em: Brasil
Cândido Godói
Localização de Cândido Godói no Brasil
Mapa
Mapa de Cândido Godói
Coordenadas 27° 57' 07" S 54° 45' 07" O
País Brasil
Unidade federativa Rio Grande do Sul
Municípios limítrofes Santo Cristo, Santa Rosa, Ubiretama, Campina das Missões e Porto Lucena
Distância até a capital 522 km
História
Fundação 9 de outubro de 1963 (60 anos)
Administração
Prefeito(a) Valdi Luis Goldschmidt (MDB, 2021 – 2024)
Características geográficas
Área total [1] 247,047 km²
População total (2021) [2] 6 106 hab.
 • Posição RS: 233º BR: 3969º
Densidade 24,7 hab./km²
Clima subtropical úmido
Altitude 321 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
Indicadores
IDH (2010) [3] 0,728 alto
 • Posição RS: 203º BR: 1081º
PIB (2020) [4] R$ 272 921,77 mil
 • Posição RS: 196º BR: 2352º
PIB per capita (2020) R$ 44 370,31

Cândido Godói é um município brasileiro do estado do Rio Grande do Sul. A cidade é conhecida como a capital mundial dos gêmeos, pois são registrados pouco mais de 100 pares de gêmeos idênticos em toda a população, proporção considerada notável. O fato intrigante é que dada a incidência geral de gêmeos, que é de 1% da população, Cândido Godói sai do padrão com uma incidência de 10%, ou seja, a cada 10 nascimentos, 1 será de gêmeos.

A alta incidência de gêmeos, aliada ao fato da população ser de descendência alemã, dentro do padrão de beleza ariano, defendido pelos nazistas, levou o historiador argentino Jorge Camarasa, no livro "Mengele, o Anjo da Morte na América do Sul", a associar a alta taxa de nascimentos de gêmeos com supostas experiências conduzidas pelo médico alemão Josef Mengele, que teria passado por Cândido Godói em 1963.

Neste livro, o historiador argentino diz que o médico alemão é o responsável pela alta incidência de gêmeos no pequeno município gaúcho – uma ocorrência a cada cinco partos. Na maioria dos casos, as crianças nascem loiras e de olhos azuis, modelo considerado ideal por Hitler.

Taxa de geminação[editar | editar código-fonte]

A taxa de nascimentos de gêmeos em Cândido Godói é de 1 a cada 10 nascimentos, significativamente superior à taxa geral de 1,8% do estado do Rio Grande do Sul.[5] Esta taxa é incomum, excedendo a taxa nacional de geminação mais alta observada (4,5 a 5% para o sudoeste da Nigéria[6]). Quase metade (8 de 17) dos gêmeos da cidade examinados em um estudo eram gêmeos monozigóticos (idênticos), um pouco mais do que a média de 30%.[5] Nascimentos de gêmeos na cidade foram observados desde o início do Século XX, quando os primeiros imigrantes incluíam dezessete pares de gêmeos, e foram observados por várias gerações na última parte do Século XX.[7]

A população é em grande parte de ascendência polonesa ou alemã, com muitos ancestrais rastreando a região de Hunsrück da Alemanha, que tem uma taxa de geminação acima da média mundial. A taxa em Cândido Godói pode refletir o efeito fundador genético: traços genéticos raros que ocorrem por acaso entre um pequeno grupo que funde uma comunidade serão mais comuns entre seus descendentes do que na população em geral.[8]

Supostas explicações[editar | editar código-fonte]

O médico nazista Josef Mengele, que conduziu "estudos" com gêmeos na Alemanha e experimentos com gêmeos em Auschwitz, é conhecido por ter fugido para a América do Sul quando os Aliados estavam se aproximando do regime nazista alemão. O historiador argentino Jorge Camarasa sugeriu que Mengele realizou experimentos com mulheres da região, o que poderia ser responsável pela alta proporção de gêmeos.[9] De acordo com alguns comentaristas, por volta da época da chegada de Mengele ao sul do Brasil em 1963, a incidência de gêmeos começou a aumentar, supostamente levando à taxa atual de gemelaridade de 1 em 10, mais da metade dos quais são dizigóticos (fraternos).[5][10]

Tal especulação, no entanto, foi contestada Paulo Sauthier, um historiador local, que diz que Mengele não estudou gêmeos durante seu tempo no Brasil. Além disso, segundo os geneticistas, a explicação mais provável para a alta frequência de gêmeos é o isolamento genético e a endogamia.[5][10][11] Os registros indicam que a alta frequência de gêmeos é anterior à chegada de Mengele à América do Sul.[12]

Esse fenômeno de grande número de nascimentos de gêmeos não é exclusivo de Cândido Godói, e também foi observado na cidade de Igbo-Ora na Nigéria e na vila de Kodinhi na Índia.

Idiomas[editar | editar código-fonte]

Além da língua portuguesa, o alemão Riograndenser Hunsrückisch é um dialeto minoritário que é falado ainda hoje e faz parte da história do município já desde a sua fundação. Este dialeto germânico, que é uma língua ágrafa na prática (pois utiliza-se a língua nacional para a escrita), é comumente falado por toda a região Noroeste do estado do Rio Grande do Sul; região esta que antigamente era conhecida por die Neikolonie (Neukolonie) em alemão pois seus pioneiros geralmente eram provenientes das colônias alemãs antigas, die Altkolonie, do leste do estado.

Geografia[editar | editar código-fonte]

Localiza-se a uma latitude 27º57'07" sul e a uma longitude 54º45'07" oeste, estando a uma altitude de 321 metros.

Possui uma área de 247,21 km² e sua população estimada em 2019 é de 6.198 habitantes.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Cidades e Estados». IBGE. 2021. Consultado em 12 de maio de 2023 
  2. «ESTIMATIVAS DA POPULAÇÃO RESIDENTE NO BRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO COM DATA DE REFERÊNCIA EM 1º DE JULHO DE 2021» (PDF). IBGE. 2021. Consultado em 12 de maio de 2023 
  3. «Ranking». IBGE. 2010. Consultado em 12 de maio de 2023 
  4. «Produto Interno Bruto dos Municípios - 2010 a 2020». IBGE. 2020. Consultado em 12 de maio de 2023 
  5. a b c d Matte, U; Le Roux, M. G.; Bénichou, B; Moisan, J. P.; Giugliani, R (1996). «Study on possible increase in twinning rate at a small village in south Brazil». Acta Geneticae Medicae et Gemellologiae. 45 (4): 431–7. PMID 9181177. doi:10.1017/S0001566000000829 
  6. «The Land of Twins: Seeing Double In Igbo-Ora». BBC World Service. 7 de junho de 2001 
  7. «Nazi Mystery:Twins from Brazil». National Geographic Explorer. Consultado em 30 de novembro de 2009. Arquivado do original em 20 de maio de 2010 
  8. De Oliveira, M. Z.; Schüler-Faccini, L; Demarchi, D. A.; Alfaro, E. L.; Dipierri, J. E.; Veronez, M. R.; Colling Cassel, M; Tagliani-Ribeiro, A; Silveira Matte, U; Ramallo, V (2013). «So close, so far away: Analysis of surnames in a town of twins (Cândido Godói, Brazil)». Annals of Human Genetics. 77 (2): 125–36. PMID 23369099. doi:10.1111/ahg.12001 
  9. Evans, Nick (21 de janeiro de 2009). «Nazi Angel of death Josef Mengel created twin town in Brazil». The Telegraph 
  10. a b Barrionuevo, Alexei (23 de fevereiro de 2009). «Mystery of the 'Land of Twins': Something in the Water? Mengele?». New York Times 
  11. Barrionuevo, Alexei; Domit, Myrna (24 de março de 2011). «In a Brazilian Town, a Rogue Gene and a Boom in Twins». The New York Times 
  12. Handwerk, Brian (25 de novembro de 2009). «"Nazi Twins" a Myth: Mengele Not Behind Brazil Boom?». National Geographic 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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