Desastre aéreo de Medellín

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Desastre aéreo de Medellín
Acidente aéreo
Desastre aéreo de Medellín
Destroços das aeronaves após o acidente. Somente a cauda do F-31 ficaria intacta.
Sumário
Data 24 de junho de 1935 (88 anos)
Causa quebra do trem de pouso
Local Colômbia Aeroporto Olaya Herrera, Medellín
Total de mortos 17
Total de feridos 3
Primeira aeronave
Origem Bogotá
Escala Medellín
Destino Cáli
Passageiros 11
Tripulantes 2
Segunda aeronave
Modelo Ford Trimotor Estados Unidos
Operador Colômbia Sociedad Colombo Alemana de Transportes Aéreos (Scadta)
Prefixo C-31 Manizales
Origem Medellín
Destino Bogotá
Passageiros 5
Tripulantes 2

O Desastre aéreo de Medellín foi uma colisão aérea ocorrida em 24 de junho de 1935 envolvendo duas aeronaves Ford Trimotor, nas proximidades do Aeroporto Olaya Herrera, em Medellín. O acidente deixou um saldo de 17 mortos e 3 feridos. Entre os mortos estavam o cantor Carlos Gardel e seu parceiro, o compositor brasileiro Alfredo Le Pera.[1][2]

Aeronave[editar | editar código-fonte]

O Ford Trimotor foi desenvolvido em 1925 pela Ford. Constituído de Alclad (uma liga de alumínio e duralumpínio), foi o primeiro avião de transporte de passageiros fabricado nos Estados Unidos a ser bem sucedido. Após o primeiro voo realizado em 1926, a Ford fabricaria 199 aeronaves entre 1926 e 1933 quando seria encerrada a produção. Mais de cem empresas aéreas operariam o Ford Trimotor, sendo que cada aeronave custaria US$ 42 mil (1933). Na Colômbia seriam importadas 37 aeronaves Ford Trimotor, sendo que a grande maioria era operada pelas empresas Sociedad Colombo Alemana de Transportes Aéreos (Scadta) e Servicio Aéreo Colombiano (SACo). O Ford Trimotor 5-AT-112 seria construído em 1930 pela Ford. Registrado nos Estados como NC438H, seria adquirido pela Pan American Airways, tendo voado poucos anos na empresa até ser vendido a Scadta em 1934.[3] Recebendo o prefixo C-31 seria batizado Manizales, em homenagem a cidade homônima.

Já a segunda aeronave Ford Trimotor Ford 5-AT-B, seria construída em 1928. Receberia o registo NC9643 pela empresa Transcontinental & Western Air em 28 de novembro de 1928, voaria na empresa até ser vendida a empresa colombiana Servicio Aéreo Colombiano em 5 de abril de 1935, tendo recebido o prefixo F-31.[4]

Acidente[editar | editar código-fonte]

Por volta das 14h de 24 de junho de 1935, o Ford Trimotor Ford 5-AT-B, prefixo F-31 da SACO havia pousado em Medellín, escala do voo entre Bogotá e Cáli. Esse era um voo especial, por conta da presença do cantor argentino Carlos Gardel e de sua banda que se dirigiam a cidade de Cáli para realizar algumas apresentações. Por conta dos passageiros ilustres, a aeronave da SACO era pilotada pelo seu presidente e fundador, Ernesto Samper Mendoza.[5] Após ser reabastecido, o Ford Trimotor F-31 (que transportava 11 passageiros e 2 tripulantes) iniciaria procedimento de decolagem. Ao iniciar a corrida para a decolagem, a aeronave enfrentaria forte vento. Durante a corrida, o trem de pouso direito teria seu eixo rompido,[6] provocando um desvio de 30º do avião em relação a pista de decolagem. Saindo da pista e em grande velocidade, o F-31 acabaria colidindo com outro Ford Trimotor, prefixo C-31 Manizales da Scadta. Essa aeronave estava se preparando para realizar o Voo 062 da Scadta entre Medellín e Bogotá e transportava 5 passageiros e 2 tripulantes. A colisão causou uma formidável explosão, que vitimaria a maioria dos passageiros das duas aeronaves, entre eles Carlos Gardel, Alfredo Le Pera e parte de sua banda.

Nacionalidades[editar | editar código-fonte]

Nacionalidade[1] Tripulação Passageiros Total Sobreviventes
Colômbia colombiana 2 3 5 0
Estados Unidos estadunidense 1 2 3 1
Argentina argentina - 3 3 1
Alemanha alemã 2 - 2 0
Brasil brasileira - 1 1 0
Chile chilena 1 1 0
Porto Rico portorriquenha 1 1 0
desconhecida 1 1 0
Total 5 12 17 3

Consequências[editar | editar código-fonte]

A morte de Carlos Gardel causaria comoção internacional. Seu corpo ficaria irreconhecível, tendo sido identificado com muita dificuldade.[6] Com isso, seria sepultado temporariamente no Cemitério San Pedro em Medellín, Colômbia.[7] Em janeiro de 1936, seu corpo seria transladado da Colômbia para a Argentina. Seu cortejo fúnebre levaria milhares de pessoas às ruas de Buenos Aires. Diversas homenagens seriam feitas a Gardel na Colômbia, Uruguai e principalmente na Argentina.

A concorrência acirrada entre as empresas Sociedad Colombo Alemana de Transportes Aéreos (Scadta) e Servicio Aéreo Colombiano (SACO) pode ter motivado o acidente. A disputa entre as duas empresas chegaria ao seu ápice no final dos anos 1930, onde as empresas se fundiram para a criação das Aerovías Nacionales de Colombia (Avianca).

O Ford Trimotor tinha capacidade de transportar 13 pessoas e seu peso máximo de delocagem não podia ultrapassar 6120 kg, sendo 2100 kg de carga útil. Por conta do Trimotor F-31 ter partido lotado e ao sofrer ruptura no seu trem de pouso, suspeitou-se de que estava sobrecarregado, principalmente por conta da volumosa bagagem da comitiva de Gardel. Após a análise dos destroços, concluiu-se que o F-31 não havia partido sobrecarregado.[6]

Referências

  1. a b El Tiempo (25 de junho de 1935). «Qunce muertos y cinco heridos en la catastrofe aerea de ayer tarde en Medellín». Ano XXV, número 8526 - página 1. Consultado em 12 de agosto de 2012 
  2. United Press (25 de junho de 1935). «Num desastre de avião na Colombia morreu o popular chansonier argentino Carlos Gardel». Jornal do Brasil, Ano XLV, número 150, página 9. Consultado em 12 de agosto de 2012 
  3. «Pan American database». Gardel, Tango, Mito y Leyenda. Agosto de 2010. Consultado em 12 de agosto de 2012. Arquivado do original em 3 de março de 2016 
  4. «Registro Do Ford 5-AT-B NC9643». Golden Years of Aviation. Consultado em 12 de agosto de 2012. Arquivado do original em 29 de junho de 2012 
  5. Daniel Samper Pizano (28 de outubro de 2008). «Mi tío, el que "mató" a Gardel». El Tiempo. Consultado em 12 de agosto de 2012 
  6. a b c Germán Antía M. (2008). «Gardel, renacen las cenizas». El Colombiano. Consultado em 12 de agosto de 2012 
  7. United Press (26 de junho de 1935). «O desastre de aviação verificado no aeródromo Olaya Herrera». Jornal do Brasil, Ano XLV, número 151, página 9. Consultado em 12 de agosto de 2012 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]