Descolonização

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Colonialismo em 1945.

Descolonização é o nome genérico dado ao processo pelo qual uma ou várias colônias adquirem ou recuperam a sua independência, geralmente por acordo entre a potência colonial e um partido político (ou coligação) ou movimento de libertação.

Este processo é geralmente antecedido por um conflito entre as “forças vivas” da colônia e a administração colonial, que pode tomar a forma de uma guerra de libertação (como foi o caso de algumas colônias portuguesas e da Argélia), um golpe de estado, em que as organizações na colônia substituem a administração colonial, como aconteceu na formação dos Estados Unidos, ou ainda por um processo mais pacífico, em que o partido ou movimento de libertação exerce pressão sobre o governo colonial, seja por petições legais, seja pela organização de manifestações, normalmente com o apoio de grupos de pressão dentro do país colonizador.

No entanto, houve casos em que a potência colonial, quer por pressões internas ou internacionais, quer por verificar que a manutenção de colónias lhe traz mais prejuízos que benefícios, decide por sua iniciativa conceder a independência às suas colónias, como aconteceu com várias das ex-colônias francesas e britânicas. Nestes casos, foi frequente o estabelecimento de acordos em que a potência colonial tem privilégios no comércio e em outros aspectos da economia e política com a ex-colônia, podendo esta nova relação tomar a forma de neocolonialismo.

Antecedentes e breve história da descolonização recente

O crescimento populacional e económico em vários países da Europa e da Ásia (os mongóis e os japoneses) levou a um tipo de colonização, com o carácter de dominação (e, por vezes, extermínio) de povos que ocupavam territórios longínquos e dos seus recursos naturais, criando grandes impérios coloniais. Um dos aspectos mais importantes desta colonização foi a escravatura, com a “exportação” de uma grande parte da população africana para as Américas, com consequências nefastas, tanto para o Continente Negro, como para os descendentes dos escravos, que perduram até hoje.

Esta foi a primeira forma de imperialismo, em que vários países europeus, principalmente Portugal, Espanha, França, a Holanda e a Inglaterra (mais tarde o Reino da Grã-Bretanha), constituíram grandes impérios coloniais abrangendo praticamente todo o mundo. A exploração desenfreada dos recursos dos territórios ocupados, levou a movimentos de resistência dos povos locais e, finalmente à sua independência, num processo denominado descolonização, terminando estes impérios coloniais em meados do século XX.

Resistência

Durante o século XIX, as potências europeias exploraram exaustivamente os recursos dos continentes africano e asiático. Apesar disso, algumas colônias obtiveram relativo desenvolvimento que, para continuar, exigia a ruptura dos laços coloniais. A Segunda Guerra Mundial, por sua vez, possibilitou aos povos dominados a descoberta da própria força, já que vários deles prestaram auxílio às metrópoles durante o conflito.[1]

Uma das marcas essenciais da conjuntura internacional do pós-guerra foi o surgimento de numerosas nações. Muitas delas se formaram em consequência da luta de povos asiáticos e africanos para se libertarem do domínio imposto pelas potências colonizadoras. Essa nova realidade estimulou os povos dominados a reafirmarem os princípios de dignidade humana e direitos civis: o direito de autodeterminação dos povos, proclamado pela Carta de São Francisco.

As novas nações acabaram contando em sua luta com o apoio tanto dos Estados Unidos quanto da União Soviética. Os caminhos para a conquista da independência, ora pacíficos (a antiga colônia assumia a condição de nação soberana ao receber de forma progressiva concessões pela metrópole), ora violentos (não havia tentativas de abolição progressiva do estatuto colonial e os movimentos de libertação eram reprimidos). Em alguns casos, os países colonizadores, diante de movimento de emancipação irreversível, procuravam preservar as novas nações sob sua influência. A Inglaterra, por exemplo, "promoveu" a descolonização gradual de suas colônias, integrando-as em seu círculo de relações econômicas (como aconteceu, entre outros, com a Índia e o Ceilão). Em outros, como a França, a tentativa de neutralizar os movimentos de independência, promovendo reformas econômicas e sociais, era rompida à força e o conflito terminava em choques armados (como aconteceu na Indochina e na Argélia).

Descolonização da África

Quando os estados da Europa no final da Idade Média começaram a "descobrir" a África, encontraram aí reinos ou estados, quer de feição árabe ou islamizados, principalmente no norte e ocidente daquele continente, quer de tradição bantu. Os primeiros contatos entre estes povos não foram imediatamente de dominação, mas de carácter comercial. No entanto, os conflitos originados pela competição entre as várias potências europeias levaram à dominação política desses reinos, que culminou com a partilha do Continente Negro pelos estados europeus na Conferência de Berlim, em 1885.

No entanto, as duas grandes guerras que fustigaram a Europa durante a primeira metade do século XX deixaram aqueles países sem condições para manterem um domínio econômico e militar nas suas colônias. Estes problemas, associados a um movimento independentista que tomou uma forma mais organizada na Conferência de Bandung, levou as antigas potências coloniais a negociarem a independência das colônias.

Descolonização da Ásia e Oceania

A descolonização da Ásia e da Oceania deu-se logo após a Segunda Guerra Mundial, que enfraqueceu os países participantes, que ficaram sem recursos suficientes para manter suas colônias, tanto na África quanto na Ásia. Outro fator importante foi a desobediência civil na Índia, influenciada por um dos maiores líderes pacifistas do mundo, Mahatma Gandhi. Os indianos deixaram de pagar impostos à coroa inglesa e deixaram de cumprir suas obrigações para com a metrópole. Assim, venceram a Inglaterra pelo cansaço.

Referências

  1. Arruda, José Jobson de A., e Piletti, Nelson. Toda a História: história geral e história do Brasil, Capítulo 93. Editora Ática. São Paulo (1999)

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