Dieffenbachia

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Dieffenbachia em flor.
Dieffenbachia em flor.
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Alismatales
Família: Araceae
Género: Dieffenbachia
Espécies
Ver texto.

Dieffenbachia Schott é um género de origem neotropical, pertencente à família das Araceae, englobando cerca de 51 espécies de plantas herbáceas perenes,[1] conhecido pelas suas folhas variegadas. Várias espécies deste género são populares como plantas de decoração interior, dada a beleza das suas folhas e a sua tolerância ao ensombramento, podendo sobreviver em lugares com muito baixa luminosidade e elevada secura do ar. A espécie mais utilizada é a Dieffenbachia picta Schott (sinónimo de Dieffenbachia seguine (Jacq.) Schott), mais conhecida por comigo-ninguém-pode (pt-br) ou difenbáquia (pt-pt). O nome do género homenageia Ernst Dieffenbach (1811 - 1855), um naturalista alemão, tradutor da obra de Charles Darwin, com o qual se correspondia.

Características[editar | editar código-fonte]

Género composto por plantas herbáceas, perenes, com caules grossos, algo suculentos, e folhas alternas, geralmente lanceoladas a obovadas, com marcas brancas ou amareladas formando padrões simétricos em relação à sua linha mediana. O variegado das folhas pode variar, acentuando-se nas folhas mais velhas. Os pecíolos são longos, com uma bainha que cobre parte do caule.[2]

As flores são nuas, agrupando-se em espádices construídas em torno de um eixo engrossada, em geral curto.[3] As espatas são em geral brancas, muitas vezes esverdeadas, com porções que podem ser amareladas.

Muitas espécies deste género possuem como material ergástico nalgumas células do caule e das folhas longos feixes de cristais aciculares de oxalato de cálcio monohidratado designados por ráfides. Estas células são alongadas e funcionam como protecção contra o ataque por herbívoros.

Os ráfides de oxalato de cálcio presentes nas folhas de Dieffenbachia seguine, uma espécie típica do género, aparecem em duas formas: (1) pequenos ráfides com 10 a 20 μm de comprimento e cerca de 1 μm de diâmetro; e (2) ráfides com 130 a 150 μm de comprimento e cerca de 3 μm. Os ráfides têm pontas aceradas em ambos os extremos e estão contidos em células alongadas dispersa aleatoriamente pelos tecidos das folhas e da superfície do caule, das quais são expelidos pelos extremos quando a célula é comprimida.

Associados aos ráfides estão por vezes presentes compostos que potenciam a reacção alérgica, como a proteínase dumbcaina, os quais quando injectados nas microperfurações cutâneas feitas pelos ráfides, provocam dor intensa, comichão ou ardor, em geral acompanhados por edema.

Toxicidade[editar | editar código-fonte]

As células do caule e folhas das plantas deste género contém cristais aciculares de oxalato de cálcio chamados ráfides. Se as partes da planta que contém ráfides forem ingeridas, os cristais perfuram as mucosas, causando ardor na boca e garganta.

Do ataque mecânico em geral resulta inflamação e o desencadear dos mecanismos de resposta imunitária, levando à formação de edema, que pode ser severo, o qual em humanos em geral leva à perda temporária da voz. Daí que estas plantas recebam no sul dos Estados Unidos da América, onde são comuns, o nome de dumb-cane (cana-do-mudo). O inchaço pode ser fatal se levar ao bloqueio dos canais respiratórios.

Esta capacidade da ingestão irritar as mucosas foi utilizada como forma de punir os escravos, em cuja boca eram colocadas folhas de Dieffenbachia. Estão descritos numerosos acidentes domésticos, envolvendo bebés e crianças muito jovens, resultantes da ingestão ou simples introdução na boca de folhas de plantas decorativas do género Dieffenbachia, por vezes tendo levado à morte por edema da glote. A mesma situação está descrita para gatos domésticos que adquiriram o hábito de roer plantas.

Sistemática e distribuição[editar | editar código-fonte]

Folhagem de Dieffenbachia seguine.

O género Dieffenbachia foi estabelecido por Heinrich Wilhelm Schott em 1829 tendo como espécie tipo Dieffenbachia seguine (Jacq.) Schott numa publicação inserta no Wiener Zeitschrift für Kunst, Litteratur, Theater und Mode 1829, 3, p. 803.[4] Heinrich Wilhelm Schott, director do Jardim Botânico de Viena de 1845 a 1865, cunhou o nome genérico Dieffenbachia em homenagem a Joseph Dieffenbach (1796–1863), chefe dos jardineiros naquele jardim botânico. Um sinónimo taxonómico de Dieffenbachia Schott é Maguirea A.D.Hawkes.[5]

O género Dieffenbachia pertence à tribo Dieffenbachieae da subfamília Aroideae da família das Araceae,[5] com 50 até 59 espécies, todas nativas do Neotropis. A maioria ocorre na América do Sul e Central. Os maiores centros de diversidade do género situam-se na Colômbia (37 espécies), Equador (34), Peru (30), Brasil (27), Panamá (20) e Costa Rica (13). Ocorrem 26 espécies na América Central. Apenas algumas espécies podem ser consideradas como de larga distribuição, entre elas Dieffenbachia seguine (Jacq.) Schott, cuja ocorrência se estende das Caraíbas ao Brasil. Na sua mais recente circunscrição taxonómica o género Dieffenbachia agrupa 51 espécies validamente descritas:[5] [6]

Dada a sua popularidade como planta ornamental, foram desenvolvidas múltiplas variedades e cultivares, tornando complexa a sua identificação. Os taxa mais conhecidos como ornamentais são os seguintes:

  • Espécies:
    • Dieffenbachia bowmanni
    • Dieffenbachia amoena hort. ex L. Gentil
    • Dieffenbachia bausei hort. Chiswick
    • Dieffenbachia hilo hort.
    • Dieffenbachia macrophylla Poepp.
    • Dieffenbachia rebecca hort.
    • Dieffenbachia seguine (Jacq.) Schott (sinonimia taxonómica: Dieffenbachia maculata; Dieffenbachia picta)
  • Variedades
    • Dieffenbachia 'Alfredo'
    • Dieffenbachia 'Aurora'
    • Dieffenbachia 'Bali Hai'
    • Dieffenbachia 'Exotica'
    • Dieffenbachia 'Star Light'

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. R. J. Henny, A. R. Chase & L. S. Osborne: Dieffenbachia Production Guide - Online. bei Mid-Florida Research & Education Center der University of Florida - IFAS.
  2. «Eintrag bei cate-araceae.org. Consultado em 22 de janeiro de 2017. Arquivado do original em 4 de abril de 2012 
  3. Yasin J. Nasir: Araceae: Eintrag in der Flora of Pakistan.
  4. Dieffenbachia em Tropicos.org. Missouri Botanical Garden, St. Louis
  5. a b c «Dieffenbachia». Agricultural Research Service (ARS), United States Department of Agriculture (USDA). Germplasm Resources Information Network (GRIN) 
  6. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac ad ae af ag ah ai aj ak al am an ao ap aq ar as at au av aw ax ay az ba bb bc bd „Dieffenbachia“ in Suchmaske eingeben bei World Checklist of Selected Plant Families von Kew.
  7. a b Walter Erhardt, Erich Götz, Nils Bödeker, Siegmund Seybold: Der große Zander. Enzyklopädie der Pflanzennamen. Begründet von Robert Zander, 18. Auflage, Band 2, Verlag Eugen Ulmer, Stuttgart 2008. ISBN 978-3-8001-5406-7

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Croat, Thomas B., Revision of Dieffenbachia (Araceae) of Mexico, Central America, and the West Indies, in Annals of the Missouri Botanical Garden: Vol. 91, No. 4, pp. 668–772, 2004.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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