Discussão:Educação de jovens e adultos (Brasil)

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Movendo discussão[editar código-fonte]

Movo para cá todo o conteúdo abaixo, que estava inadequadamente na própria página do verbete (e não sei se é criado por apenas um usuário ou se é acúmulo de discussões...).




EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS não pode ser discutida de forma tão simplória. Contesto a expressão utilizada "enquadramento de jovens e adultos na educação." embasando-me na Emenda Constitucional 14/1996, cuja redação original é I. "ensino fundamental obrigatório e gratuito, inclusive para os que não tiveram acesso na idade própria". Cabe ainda desvendar os motivos pelos quais tais brasileiros não tiveram acesso à rede de ensino e/ou se tiveram o que os levou a dela se distanciarem?

   É necessário salientar a existência em nosso país de ligislação própria para a EJA, como o Parecer 11/2000 e as Diretrizes Curriculares Nacionais para EJA.

Para Paulo Freire, a educação de jovens e adultos (EJA) deve considerar o alfabetizando como sujeito de seu saber, no âmbito de uma proposta pedagógica pautada em relações dialógicas de cooperação e solidariedade, constituindo-se em uma opção política e de política educacional. Não por acaso, os mais de 20 milhões de brasileiros analfabetos continuam a existir, apesar da exigência constitucional de prioridade deste atendimento e do avanço científico e tecnológico alcançado em nosso país. Quando refletimos sobre a importância da EJA na transformação social é que compreendemos as dificuldades de sua implantação, como política permanente, num país profundamente desigual como o Brasil. A EJA, dotada de qualidade que a torne efetiva, transforma-se numa política social que ameaça o status quo das elites privilegiadas, com possibilidade de produzir “desobediência civil” ao não aceitar os limites impostos pela sociedade de classes: Ao identificar na relação autoritária um dos pilares centrais ao sistema social em que vivemos e apresentar uma alternativa para a superação desta relação, Paulo Freire vai ao “fígado” deste sistema. Desafia-o naquilo que ele tem de mais sagrado. Ameaça a “ordem”,torna-se um “subversivo” desta “ordem” [...] Não é de se estranhar que Paulo Freire tivesse passado 16 anos exilado sem direito sequer a um passaporte.Tivesse vivido na época de Sócrates e teria sido obrigado a tomar cicuta (Barreto, 1986). Foi assim no passado e é essa sua trajetória histórica. Recordemos sua importância nos anos de 1960, através de algumas de suas manifestações sociais e culturais, plenas de ousadia: Movimento de Cultura Popular (MCP), iniciado no Recife, em maio de 1960, campanha “De pé no chão também se aprende a ler”, Natal, fevereiro de 1961, Movimento de Educação de Base (MEB), CNBB, março de 1961,os Centros Populares de Cultura (CPC’s) da União Nacional dos Estudantes (UNE), março de 1961 e a proposta de Paulo Freire, em Angicos, RN, janeiro de 1963 (Beisegel, 1997 a, p. 2007-245; Fávero, 2000, p. 159-179)

O alerta para a atualidade da educação popular foi dado por autores presentes em reuniões acadêmicas e pelas lutas da população:

No final dos anos 80 era visual ouvir a afirmação de que a valorização da Educação Popular significava um saudosismo de um período da história brasileira carregado de heroísmos, mas que já estava superado. A experiência concreta dos movimentos sociais e de técnicos envolvidos nas políticas sociais foi mostrando, no entanto, que a Educação Popular continua sendo instrumento importante de aperfeiçoamento das relações entre as classes populares, os movimentos sociais e o Estado. Foi se percebendo, como escreveu José Luís Coraggio, que a Educação Popular não é apenas um estilo de comunicação, ensino, aprendizagem e reflexão, mas também de gestão de campos específicos da atuação humana. Na medida em que possibilita o fortalecimento do dialógo e da negociação nas práticas sociais, nas localidades e subsetores das instituições e organizações civis, pode ser um instrumento importante de radicalização do processo de democratização política que marcou a humanidade na segunda metade do séc. XX, ajudando a superar os limites dos mecanismos representativos da democracia formal nesta época marcada pela crise do Estado de Bem-Estar Social e afirmação do neoliberalismo (Anped, 1998). (A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS; LISETE REGINA GOMES ARELARO E SÔNIA MARIA PORTELA KRUPTA;2002)


Por que retirei a seção "Um pouco de história"[editar código-fonte]

"A Educação de Jovens e Adultos ganhou importância a partir de 1932 com a Cruzada Nacional de Educação,em 1967 foi criado o programa mais importante o MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetização, que em 1981 foi substítuido pela Fundação EDUCAR, em 1990, o governo lançou o PROGRAMA NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO, praticamente sem resultados(BORGES,2004).

O desafio imposto para a EJA na atualidade se constitui em reconhecer o direito do jovem e do adulto de serem sujeitos, buscando novas metodologias, investindo na formação de professores e renovando os curriculos."

O trecho carece de rigor (primeiro parágrafo) e de objetividade (segundo parágrafo). Não tenho fontes e conhecimentos para melhorá-lo, peço desculpas. Mas sei que é controverso afirmar que o Mobral foi o programa mais importante na história da EJA: primeiro porque a afirmação confunde a história da EJA com a história da educação popular ou a história da alfabetização inicial de adultos, três coisas distintas apesar de próximas; segundo porque essa "importância" é contestável, já que o Mobral foi apenas o programa mais abrangente em termos de quantidade de alunos mas sabe-se que seus resultados são tão pouco sólidos quanto o da maioria das outras grandes campanhas nacionais de alfabetização. Seria possível afirmar, com argumentos válidos, que o Fundeb foi o programa de maior importância para a EJA (porque garantiu aporte crucial de verbas para o segmento). Ou que a iniciativa mais marcante da história da EJA brasileira foram as primeiras experiências de alfabetização levadas por Paulo Freire em Pernambuco antes do golpe militar de 1964. Apenas dando exemplos para apoiar minha afirmação de que a redação é frágil.

A história das campanhas de alfabetização de jovens e adultos, assim como do reconhecimento da EJA como um segmento da Educação Básica que deve receber igual atenção e recursos do Estado, tem muitos outros momentos e debates - e novamente peço desculpa por não ter os meios de contribuir com ela aqui, esperando que outros especialistas possam fazê-lo.

Esta parece ser uma boa referência inicial para a história da Escolarização de Jovens e Adultos no Brasil (download de arquivo .doc): [1]

--DianaPellegrini (discussão) 23h46min de 13 de abril de 2010 (UTC)[responder]

Debates atuais da EJA[editar código-fonte]

Acho que seria importante explorar as ligações do conceito de EJA com o de Educação continuada ou Lifelong learning, que não esgotam as perspectivas atuais da EJA mas representam um aspecto importante delas.

Se não me engano, há um debate entre duas visões (conciliáveis e complementares) da educação de adultos atualmente: uma delas propõe o entendimento dos espaços de EJA como oportunidades de educação continuada em que os saberes devem estar a favor dos atuais projetos de identidade de quem estuda, o que aproximaria as salas de educação básica para adultos de outras situações como cursos de aperfeiçoamento, formações complementares etc. ... enquanto a outra reforça o aspecto de educação compensatória da EJA, entendida como um segmento que existe para a reparação de uma violação de direitos que foi a oferta deficiente de serviços educacionais (e estruturas sociais que garantissem o acesso a eles) aos atuais sujeitos da EJA quando estes estavam em idade apropriada para cursar a Educação Básica.

--DianaPellegrini (discussão) 23h46min de 13 de abril de 2010 (UTC)[responder]