Distimia

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Dysthymic disorder
Distimia
As pessoas com distimia apresentam diversos sintomas, dentre os quais irritabilidade, desmotivação, estafa (fadiga), anedonia (falta de prazer), mau-humor constante, temperamento difícil, isolamento social, alterações no sono ou apetite, baixa autoestima e elevado senso de autocrítica.[1] Entretanto, apesar de apresentarem estes sintomas, os pacientes continuam tocando sua vida normalmente, dificultando o diagnóstico.[2]
Especialidade psiquiatria, psicologia clínica
Classificação e recursos externos
CID-10 F34.1
CID-9 300.4
CID-11 810797047
MedlinePlus 000918
MeSH D019263
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Transtorno distímico[3] ou depressão leve crônica,[4] mais conhecida como distimia, é um tipo de depressão[5] que se caracteriza principalmente pela falta de prazer ou divertimento na vida e pelo constante sentimento de negatividade.[6] Ela se diferencia dos outros tipos de depressão por apresentar sintomas contínuos.[7]

Apesar de geralmente não impedir o indivíduo de realizar suas tarefas e obrigações, a distimia o impede de desfrutar a vida totalmente.[8] Além disso, a distimia estende-se por um período muito maior do que os episódios de distúrbios depressivos severos. Frequentemente, percebe-se que pessoas distímicas são desanimadas e muito regradas.[9]

Origem do termo

O termo distimia originalmente se referia a uma condição clínica psiquiátrica. O radical grego dys- do termo significa "defeituoso, anormal ou irregular"; ao passo que o sufixo thymia refere-se ao timo, um órgão linfático que está localizado na porção antero-superior da cavidade torácica, e que se acreditava estar associada ao controle do humor.

Essa interpretação inicial referia-se a uma visão distorcida da realidade pelo paciente. O indivíduo se sentia, por exemplo, como alguém que soubesse o que os outros pensam ou compreendesse uma dinâmica social subjacente que não é a real. Esse padrão de pensamento levou os distímicos a serem vistos como profetas ou curandeiros altamente intuitivos. Desse modo, as pessoas imaginavam que eles sentiam hostilidades e ressentimentos ocultos que não existiam.

Essas pessoas frequentemente enfrentavam desavenças sociais por causa de seus contínuos julgamentos distorcidos, resultado de seus sentimentos anormais.

Essa definição de distimia costuma ser usada para diversas desordens, as quais podem muito provavelmente ser consequências de comportamento anti-social.

Sintomas

Na infância, acomete igualmente meninos e meninas. Depois, é mais prevalente nas mulheres do que nos homens. É mais comum em adolescentes e idosos.[1]

O paciente com distimia tem 5 ou mais dos seguintes sintomas por pelo menos dois anos[10][11]:

  • Desinteresse ou perda do prazer pela maioria das atividades que costumam ser prazerosas;
  • Irritabilidade, mau humor e descontentamento constante.
  • Baixa autoestima;
  • Desmotivado nos estudos e trabalho;
  • Constante desperança e pessimismo;
  • Insônia ou dorme excessivamente (hipersonia);
  • Perda de apetite ou alimentação exagerada;
  • Dificuldade de concentração e memória, levando a queda significativa no desempenho;
  • Tende ao isolamento, poucos amigos e vida social limitada[12]
  • Sente uma falta de capacidade[13]

Em crianças e adolescentes o diagnóstico pode ser feito a partir do primeiro ano ou mesmo mais de seis meses com mais de 5 desses sintomas.

O paciente também pode apresentar pensamentos suicidas e tendência para abusar de drogas lícitas e ilícitas, especialmente álcool, ansiolíticos (calmantes) e tabaco, aumentando a frequência e a quantidade consumida dessas substâncias se já as utilizar.[1]

Vale ressaltar que, apesar de o paciente sentir todos ou alguns desses sintomas, a distimia geralmente não impede que ele continue vivendo sua vida normalmente (ou seja, ir ao emprego, à faculdade, etc.). Porém, percebe-se que pessoas distímicas reclamam demais, tem tendência ao pessimismo, uma sensação de que nada pode ajudar e relutância em fazer alguma coisa para mudar certas realidades indesejadas.[14]

A distimia manifesta-se pela primeira vez, na maioria, das vezes em jovens solteiros abaixo dos 25 anos. Sua incidência é maior nas mulheres.[15]

A distimia pode ser confundida com o transtorno de personalidade dependente e com outros transtornos de humor pela semelhança dos sintomas. Segundo Spanemberg, cerca de 50% dos pacientes não serão reconhecidos e cerca de 77% vão apresentar comorbidades.

Causas

Existem várias causas, dependendo de cada caso. Está claro que as pessoas que enfrentam muitas situações de estresse excessivo, apresentam risco aumentado de desenvolverem depressão crônica. Psicólogos comportamentais chamam essa causa de desamparo aprendido. Por essa relação com estresse excessivo distimia (e outros transtornos de humor depressivo) são comuns em profissionais de saúde,advogados, professores, Administrador de sistemas, contadores, economistas, policiais, bombeiros, e qualquer outra profissão que lide com estresse excessivo constante (também chamado de distresse).

Esses eventos podem ser causados pela perda de um ente querido, estresse crônico associado à pobreza ou ao desemprego, doença crônica ou dor crônica. Algumas pessoas também podem apresentar fatores genéticos que predisponham à depressão crônica, e esses pacientes tem maior probabilidade de desenvolver distimia mesmo com uma estimulação menor.

Existem, ainda, alguns hábitos que podem aumentar a chance de uma pessoa tornar-se depressiva, como ter um estilo de pensamento negativista, tendência ao pessimismo, sensação de que nada pode ajudar, relutância em fazer alguma coisa para mudar certas realidades indesejadas. A pessoa distimica, além da tendência em tornar-se depressiva, ainda incorpora alguns sentimentos como não se sentir feliz e a felicidade alheia a incomodar, mostra-se geralmente pessimista e exageradamente individualista, instabilidade de humor (principalmente no tocante a uma irritabilidade inesperada), bem como sentir-se invadida em seu espaço (local onde mora, onde trabalha, onde passa maior parte do seu tempo).

Tratamento

Normalmente a distimia é tratada com Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) como a Fluoxetina(nomes comerciais: Prozac, Daforin) em conjunto com psicoterapia ou só com a psicoterapia.

Muitas pessoas com distimia respondem bem ao tratamento com medicamentos antidepressivos[1]. Para depressões brandas ou moderadas, a Associação de Psiquiatria Estadunidense, no ano 2000, em suas diretrizes para tratamento de pacientes com desordens depressivas severas, aconselha que a psicoterapia sozinha ou acompanhada de antidepressivos pode ser apropriada.[16]

Durante a psicoterapia, uma possível terapia da abordagem Psicologia cognitiva envolveria mediar formas mais saudáveis de enfrentamento, mediar novas formas de mobilizar recursos (ambientais, sociais, informativos...), ensinar técnicas de relaxamento, levar o cliente a refletir sobre as vantagens de encarar seus problemas com pensamentos mais otimistas e promover maior qualidade de vida mediando comportamentos como se exercitar, manter uma rotina e fontes de alívio de estresse mais saudáveis.

Já uma terapia da Psicologia comportamental poderia se focalizar mais numa re-educação de padrões de comportamento que desencadeiam reações de estresse, um treino de assertividade e em uma dessensibilização sistemática dos eventos mais estressores.

É importante ressaltar que a psicoterapia mais adequada varia muito de acordo com o paciente e da experiência do profissional.

Após o final do período de distimia, o paciente começa a relatar a (re)tomada de gosto por atividades que antes considerava chatas ou entediantes. Nessa nova fase é comum lamentar o tempo perdido e todos os transtornos que a doença causou em sua vida social e/ou profissional. Uma sensação de vazio interior é descrita por muitos pacientes, o que leva o tratamento a abordar agora essa nova condição do indivíduo.

Porém, deve-se ressaltar também, que a Distimia, por ser crônica, não possui uma cura definida. Em quase todos os casos, o paciente distímico volta a ter recaídas depressivas e seus sintomas distímicos também reaparecem.[17]

Referências

  1. a b c Distimia - Dr. Drauzio Varella Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "Drauzio" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  2. DISTIMIA - ESTADO CRÔNICO DE DEPRESSÃO
  3. «Distimia». Consultado em 2 de Abril de 2010 
  4. «Depressão - Versão para impressão - Portal do Coração». Consultado em 2 de Abril de 2010 
  5. «Diferentes tipos de depressão». Consultado em 2 de Abril de 2010 
  6. «Folha Online - Equilíbrio - Mau humor crônico é doença e exige tratamento - 15/07/2004». Consultado em 2 de Abril de 2010 
  7. «Distimia e depressão». Consultado em 2 de Abril de 2010 
  8. «Error Occurred While Processing Request». Consultado em 2 de Abril de 2010 
  9. «JC OnLine». Consultado em 2 de Abril de 2010 
  10. Lima MS, Moncrieff J. "Drugs versus placebo for dysthymia". Cochrane Database Syst Rev. 2000;(4):CD001130. PMID 11034701
  11. «Saiba o que é a distimia: como diagnosticar e o tratamento - Geral». Consultado em 2 de Abril de 2010 
  12. «Distimia - Estado Crônico De Depressão - Abc Da Saúde». Consultado em 2 de Abril de 2010 
  13. «Distimia». Consultado em 2 de Abril de 2010 
  14. «Bom dia por quê?! - Estilo de Viver no Bolsa de Mulher». Consultado em 2 de Abril de 2010 
  15. «Estresse-Distimia-Depressão - Doenças Que Acometem Milhões De Pessoas No Mundo Conheça Sintomas E Tratamento». Consultado em 2 de Abril de 2010 
  16. Spanemberg L. e Juruena M. F.; Distimia: características históricas e nosológicas e sua relação com transtorno depressivo maior. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rprs/v26n3/v26n3a07.pdf (em 23 de janeiro de 2009)
  17. 2005 World Medical Report (Stevens, Higgins, et. al.)