Eduardo Melo Peixoto

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Eduardo Melo Peixoto
Eduardo Melo Peixoto
Nascimento 30 de outubro de 1927
Braga
Morte 19 de abril de 2008
Fátima
Cidadania Portugal
Ocupação sacerdote
Religião Igreja Católica

Eduardo Melo Peixoto, mais conhecido por Cónego Melo (Braga, 30 de outubro de 1927Santuário de Fátima, 19 de abril de 2008 (80 anos) foi um sacerdote português, que foi Deão do Cabido da Sé de Braga e Vigário-geral da Arquidiocese de Braga e um activista anti-comunista. Foi acusado no envolvimento de terrorismo de extrema-direita e suspeito de envolvimento na morte do padre Max e de Maria de Lurdes, vítimas de um atentado bombista, em 1976, mas nunca viria a ser acusado.[1][2][3]

Papel de Cónego Melo durante o PREC[editar | editar código-fonte]

Voz activa contra os acontecimentos em Portugal durante o período pós-Revolução dos Cravos, em especial durante o chamado Verão Quente, tornando-se conhecido por combater os movimentos comunistas no pós 25 de Abril.[4] Nessa altura terá sido um dos fundadores do "Movimento da Maria da Fonte"[5], tendo sido indicado pelo Arcebispo de Braga D. Francisco Maria da Silva, após uma humilhação sofrida pelo prelado, numa revista efectuada pelo Copcon, no Aeroporto de Lisboa.[6][7] São também conhecidas as ligações ao MDLP - grupo militar anti comunista, formado a partir de apoiantes de Antonio Spínola, derrotados no 11 de Março de 1975 e responsável por inúmeros atentados à bomba, maioritariamente, a norte e contra sedes partidárias do PCP e outros partidos de extrema esquerda, entre 1975 e 1976.[8][9][10]

A Assembleia da República prestou-lhe homenagem, e no voto de pesar, aprovado em sessão após a sua morte com os votos favoráveis do CDS-PP e do PSD, a abstenção da maioria dos deputados socialistas e o voto contra do PCP, BE e PEV, podia ler-se "em 1975 teve um papel decisivo na luta pela preservação das liberdades e pela instauração de uma democracia parlamentar". Durante a discussão do voto de pesar, o deputado do CDS-PP, Nuno Melo, recordou que o Cónego Melo foi alguém que dedicou toda a vida "à Igreja, aos outros à sua cidade e ao país". Já o líder parlamentar de então do BE, Luís Fazenda, lembrou que o Cónego Melo assumiu a sua ligação ao MDLP e que "semeou o terror" na altura do 25 de Abril, acrescentando que, ao votar contra o voto de pesar, o BE "recorda todos os que ficaram debaixo das bombas"[11].

Obras literárias[editar | editar código-fonte]

Outros[editar | editar código-fonte]

A 28 de junho de 1988, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Mérito.[12]

Promoveu obras de restauro na Sé de Braga, na década de 1990. Foi presidente da Confraria de Nossa Senhora do Sameiro, e da Irmandade de São Bento da Porta Aberta, pelos cursos de Cristandade, pelo ISAVE - Instituto Superior do Vale do Ave e pela presidência do Conselho Geral do Sporting de Braga.[13]

Em maio de 2013 foi aprovada em reunião do executivo municipal a edificação de uma estátua do cónego Melo numa rotunda da cidade.

Faleceu em Fátima, onde pernoitava numa residência pastoral. [13]

A estátua do cónego Melo foi colocada no centro de uma rotunda no Largo de Monte D’Arcos, junto ao cemitério municipal no dia 10 de agosto de 2013. A escultura foi desenhada pelo arquitecto Fernando Jorge e está colocada no topo de um pedestal de pedra[14]. No dia seguinte à inauguração da estátua, um grupo de cidadãos bracarenses organizou uma concentração de repúdio que decorreu na rotunda onde a estátua foi colocada[15].

Referências

  1. «A história do cónego Melo [Vídeo]». PÚBLICO. Consultado em 27 de maio de 2017. Arquivado do original em 29 de março de 2017 
  2. «Padre Max, vítima da extrema-direita». RTP. Consultado em 27 de maio de 2017 
  3. Garcias, Pedro. «Reviravolta no caso Padre Max». PÚBLICO. Consultado em 27 de maio de 2022 
  4. Agência Lusa. «Óbito: Cónego Melo tornou-se conhecido por combater o movimento comunista no pós-25 de abril». Arquivado do original em 19 de agosto de 2013 
  5. «Artigo de apoio Infopédia - MDLP». www.infopedia.pt. Consultado em 27 de maio de 2017 
  6. Câmara, Maria João (2019). Sanches Osório - Memórias de Uma Revolução. Alfragide: Oficina do Livro. ISBN 9789897800719 
  7. Abreu, W. Paradela de (1983). Do 25 de abril ao 25 de novembro: memória do tempo perdido. [S.l.]: Intervenção 
  8. «'Quando Portugal Ardeu', de Miguel Carvalho: O 'lado B' da Revolução». Jornal visao 
  9. «A 'cruzada branca' contra 'comunistas e seus lacaios'». www.dn.pt. Consultado em 25 de maio de 2022 
  10. Carvalho, Miguel (2017). Quando Portugal Ardeu. Lisboa: Oficina do Livro. ISBN 9789897416675 
  11. S.A., RTP, Rádio e Televisão de Portugal - © 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal,. «Voto pesar pela morte Cónego Melo aprovado com votos favoráveis CDS-PP e PSD e abstenção PS» 
  12. «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Eduardo de Melo Peixoto". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 24 de agosto de 2020 
  13. a b «Faleceu cónego Melo». Jornal Expresso. Consultado em 27 de maio de 2022 
  14. «Maioria PS na Câmara de Braga aprova estátua do cónego Melo» 
  15. Group, Global Media (12 de agosto de 2013). «Bracarenses exigem remoção de estátua do cónego Melo». JN 

Ver também[editar | editar código-fonte]