Eleições estaduais no Espírito Santo em 1986

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1982 Brasil 1990
Eleições estaduais no  Espírito Santo em 1986
15 de novembro de 1986
(Turno único)
Candidato Max Mauro Elcio Alvares
Partido PMDB PFL
Natural de Vila Velha, ES Ubá, MG
Vice Carlos Alberto Cunha Edson Machado
Votos 532.713 334.678
Porcentagem 54,94% 34,52%
Candidato mais votado por município (66):
  Max Mauro (62)
  Élcio Alvares (4)

Titular
José Moraes
PMDB

Eleito
Max Mauro
PMDB

As eleições estaduais no Espírito Santo em 1986 aconteceram em 15 de novembro como parte das eleições gerais no Distrito Federal, em 23 estados e nos territórios federais do Amapá e Roraima. Foram eleitos o governador Max Freitas Mauro, o vice-governador Carlos Alberto Cunha, os senadores Gerson Camata e João Calmon, além de 10 deputados federais e 30 estaduais na última eleição para governador onde não vigiam os dois turnos.[1][2][3][4][nota 1]

Formado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia em 1962, o governador Max Mauro nasceu em Vila Velha e antes de voltar ao Espírito Santo fez residência em Salvador.[5] Em terras capixabas foi médico do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e Empregados em Serviços Públicos, do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários e trabalhou no atual Instituto Nacional do Seguro Social. Foi também sócio e plantonista do Pronto Socorro Particular de Vitória e diretor do Serviço de Saúde e Assistência Social da prefeitura de Vila Velha. Nos meios políticos fundou o MDB e o PMDB foi eleito prefeito de Vila Velha em 1970, deputado estadual em 1974 e deputado federal em 1978 e 1982. Para refrear as dissidências internas, Max Mauro teve que se aliar a Gerson Camata resgatando um compromisso firmado há quatro anos e assim foi eleito governador do Espírito Santo em 1986.[6][7]

Por conta das resistências supra mencionadas o PMDB substituiu o companheiro de Max Mauro na chapa majoritária e escolheu Carlos Alberto Cunha, político que elegeu-se deputado estadual via MDB em 1970 e 1974 e vice-governador capixaba em 1986.[8]

Resultado da eleição para governador[editar | editar código-fonte]

Os dados a seguir foram obtidos junto à Justiça Eleitoral cujos arquivos relatam a existência de 98.490 votos em branco (8,88%) e 40.176 votos nulos (3,62%) calculados sobre um total de 1.108.293 eleitores com os 969.627 votos nominais assim distribuídos:[1][2]

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Max Mauro
PMDB
Carlos Alberto Cunha
PMDB
15
Coligação do PMDB (PMDB, PDC, PCB, PSC, PMN, PCdoB)
532.713
54,94%
Elcio Alvares
PFL
Edson Machado
PFL
25
PFL (sem coligação)
334.678
34,52%
Arlindo Villaschi Filho
PT
Solange Floriano
PT
13
(PT, PSB)
97.279
10,03%
Rubens Gomes
PDT
Mario Teixeira Jr
PDT
12
PDT (sem coligação)
4.957
0,51%
  Eleito

Biografia dos senadores eleitos[editar | editar código-fonte]

Gerson Camata[editar | editar código-fonte]

Nascido em Castelo, o jornalista Gerson Camata tornou-se conhecido por apresentar o Ronda da Cidade na Rádio Cidade de Vitória e a partir de então capitalizou força política ao ingressar na ARENA e eleger-se vereador em Vitória em 1966, três anos antes de se graduar em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo. Eleito deputado estadual em 1970 e deputado federal em 1974 e 1978, entrou no PMDB após a término do bipartidarismo no governo do presidente João Figueiredo.[9][10][11] Ao receber o apoio da dissidência do PDS sob o comando de Elcio Alvares, foi eleito governador do Espírito Santo em 1982[12][13] e após deixar o Palácio Anchieta foi eleito senador em 1986.[14]

João Calmon[editar | editar código-fonte]

Advogado natural de Colatina e diplomado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, o empresário João Calmon notabilizou-se como jornalista e trabalhou com Assis Chateaubriand, situação que levou o capixaba à cadeira de presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão e à de presidente dos Diários Associados em 1968, exercendo este último cargo por doze anos.[15] Eleito deputado federal via PSD em 1962, rumou para a ARENA após o Regime Militar de 1964 e foi reeleito em 1966. Vitorioso na eleição para senador em 1970, renovou o mandato por via indireta em 1978 e permaneceu no PDS até 1984 quando ingressou no PMDB tornando-se eleitor de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral em 1985.[16] Candidato a senador por uma sublegenda do PMDB, foi reeleito para o terceiro mandato consecutivo em 1986.[17][18][19][nota 2]

Resultado da eleição para senador[editar | editar código-fonte]

Dados colhidos junto à Justiça Eleitoral e segundo os mesmos houve 461.502 votos em branco (20,82%) e 140.382 votos nulos (8,70%) calculados sobre um total de 2.216.213 eleitores com os 1.614.329 votos nominais assim distribuídos:[1][2][20][nota 3][nota 4]

Candidatos a senador da República
Primeiro suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Gerson Camata
PMDB
[nota 3]
PMDB
154
Coligação do PMDB (PMDB, PDC, PCB, PSC, PMN, PCdoB)
616.225
38,17%
Theodorico Ferraço
PFL
-
PFL
251
PFL (sem coligação)
273.974
16,97%
João Calmon
PMDB
[nota 3]
PMDB
151
Coligação do PMDB (PMDB, PDC, PCB, PSC, PMN, PCdoB)
241.245
14,94%
Camilo Cola
PMDB
[nota 3]
PMDB
152
Coligação do PMDB (PMDB, PDC, PCB, PSC, PMN, PCdoB)
202.952
12,57%
Rogério Sarlo de Medeiros
PT
-
PT
131
(PT, PSB)
99.669
6,18%
Renato Viana Soares
PT
-
PT
132
(PT, PSB)
60.744
3,76%
Joaquim Beato
PMDB
[nota 3]
PMDB
155
Coligação do PMDB (PMDB, PDC, PCB, PSC, PMN, PCdoB)
47.229
2,93%
Paulo Sérgio Borges
PMDB
[nota 3]
PMDB
153
Coligação do PMDB (PMDB, PDC, PCB, PSC, PMN, PCdoB)
44.101
2,73%
Waldemar Zamprogno
PMDB
[nota 3]
PMDB
156
Coligação do PMDB (PMDB, PDC, PCB, PSC, PMN, PCdoB)
14.776
0,92%
Heitor Façanha da Costa
PDT
-
PDT
122
PDT (sem coligação)
13.414
0,83%
  Eleito

Deputados federais eleitos[editar | editar código-fonte]

São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[21][22]

Representação eleita

  PMDB: 7
  PFL: 2
  PT: 1
Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Rita Camata PMDB 136.031 Venda Nova do Imigrante  Espírito Santo
Vasco Alves[nota 5] PMDB 84.952 Vitória  Espírito Santo
Vitor Buaiz[nota 5] PT 79.054 Vitória  Espírito Santo
Stélio Dias PFL 47.979 Vitória  Espírito Santo
Lézio Sathler PMDB 47.047 Lajinha  Minas Gerais
Hélio Manhães PMDB 41.723 Cariacica  Espírito Santo
Rose de Freitas PMDB 36.132 Caratinga  Minas Gerais
Pedro Ceolin PFL 26.403 Colatina  Espírito Santo
Nelson Aguiar PMDB 25.898 Brumado Bahia Bahia
Nyder Barbosa PMDB 22.789 Itaguaçu  Espírito Santo

Deputados estaduais eleitos[editar | editar código-fonte]

Na disputa pelas trinta cadeiras da Assembleia Legislativa do Espírito Santo o PMDB conquistou dezesseis, o PFL nove e o PT três enquanto PDS e PDT ficaram com uma vaga cada um.[1][2]

Representação eleita

  PMDB: 15
  PFL: 9
  PT: 3
  PDT: 1
  PCdoB: 1
  PDS: 1
Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Nilton Baiano PFL 25.381 Itabuna Bahia Bahia
Paulo Hartung PMDB 17.343 Guaçuí  Espírito Santo
Fernando Santório PMDB 17.044 Cariacica  Espírito Santo
Valcy Souza PMDB 16.127
José Tasso PFL 15.391 João Pessoa  Paraíba
Jório de Barros PMDB 15.011 Baixo Guandu  Espírito Santo
Douglas Puppin PMDB 13.426
Arildo José Cassaro PMDB 13.029
Dilton Lyrio Neto PMDB 12.972
Paulo Lemos Barbosa PMDB 12.613
Levi Ferreira PMDB 12.528
Cláudio Vereza PT 11.859 Aimorés  Minas Gerais
Salvador Bonomo PMDB 11.300
Dilo Binda PFL 11.135
Armando Viola PMDB 10.768
Luiz Carlos Santana PDT 10.093
Jorge Anders PMDB 10.076 Vila Velha  Espírito Santo
Hugo Borges PMDB 10.044
Enivaldo dos Anjos PFL 9.831
Luiz Carlos Piassi PFL 9.401
Waldemiro Seibel PFL 9.384 Laranja da Terra  Espírito Santo
João Gama Filho PMDB 8.773
Antônio Pelaes PMDB 8.659 Vitória  Espírito Santo
João Francisco Martins PCdoB 8.248
Heraldo Musso PFL 7.796 Aracruz  Espírito Santo
Dario Martinelli PFL 7.248
Ronaldo Lopes PFL 7.014
Antônio Moschen PT 6.501
João Coser PT 6.297 Santa Teresa  Espírito Santo
Alcino Santos PDS 5.688

Notas

  1. O Distrito Federal elegeu três senadores e oito deputados federais de acordo com a Emenda Constitucional 25 de 15/05/1985 enquanto os territórios federais elegeram quatro deputados federais cada de acordo com a Emenda Constitucional nº 22 de 29/06/1982, sendo que em Fernando de Noronha não houve escolha de representantes.
  2. A sublegenda foi extinta pela Lei n.º 7.551 de 12 de dezembro de 1986, vinte e sete dias após o pleito. Graças a ela, o PMDB elegeu seis senadores com votação nominal menor que a dos adversários na disputa pela segunda vaga por estado no Acre, Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
  3. a b c d e f g Em 1986 os candidatos ao Senado Federal concorriam ao lado de dois suplentes ou em forma de sublegendas e neste último caso é eleito o mais votado em cada chapa.
  4. A sublegenda liderada por Gerson Camata obteve 678.230 votos (42,02%) ante 488.298 votos (30,24%) dados à chapa de João Calmon.
  5. a b Vasco Alves elegeu-se prefeito de Cariacica em 1988 e Vitor Buaiz elegeu-se em Vitória e assim foram efetivados Jones dos Santos Neves e Lourdinha Savignon, respectivamente.

Referências

  1. a b c d BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Repositório de Dados Eleitorais». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  2. a b c d «Banco de dados do Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  3. BRASIL. Presidência da República. «Emenda Constitucional n. 25 de 15/05/1985». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  4. BRASIL. Presidência da República. «Emenda Constitucional n. 22 de 29/06/1982». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  5. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Max Mauro». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  6. OLIVEIRA, Ueber. José de. Desempenho político-eleitoral do Partido dos Trabalhadores, no Espírito Santo, nas eleições de 1982 a 2002. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, 2008.
  7. Falta unidade na 'Macaca' (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 07/09/1986. Política, p. 04. Página visitada em 6 de setembro de 2017.
  8. PMDB capixaba muda o candidato a vice para superar crise interna (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 11/09/1986. Política, p. 02. Página visitada em 6 de setembro de 2017.
  9. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Gerson Camata». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  10. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 6.767 de 20/12/1979». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  11. Sucessor do MDB já tem maioria no ES (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 04/02/1959. Política e Governo, p. 02. Página visitada em 6 de setembro de 2017.
  12. Álvares só ajudará "seus companheiros" (online). O Estado de S. Paulo, 13/06/1982. Página visitada em 6 de setembro de 2013.
  13. PDS não tem esperança de ganhar no Espírito Santo (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 07/11/1982. Primeiro caderno, p. 04. Página visitada em 6 de setembro de 2017.
  14. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Gerson Camata». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  15. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado João Calmon». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  16. Sai de São Paulo o voto para a vitória da Aliança (online). Folha de S.Paulo, São Paulo (SP), 16/01/1985. Primeiro caderno, p. 06. Página visitada em 6 de setembro de 2017.
  17. Calmon surpreende e vence Camilo Cola (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 23/11/1986. Política, p. 19. Página visitada em 6 de setembro de 2017.
  18. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador João Calmon». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  19. «Senado Notícias: Morre o ex-senador João Calmon, defensor da educação». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  20. BRASIL. Presidência da República. «Decreto-Lei n.º 1.541 de 14/04/1977». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  21. «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 6 de setembro de 2017. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013 
  22. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 6 de setembro de 2017