Epifânio Aniceto Gonçalves

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Epifânio Aniceto Gonçalves
Epifânio Aniceto Gonçalves
Actor Epifânio
Nascimento 7 de abril de 1813
Lisboa, Portugal
Morte 15 de outubro de 1857 (44 anos)
São Mamede, Lisboa, Portugal
Sepultamento Cemitério dos Prazeres
Cidadania Portuguesa
Filho(a)(s) Gonçalves Viana
Ocupação Ator de teatro e encenador
Prêmios Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo
Causa da morte Febre amarela

Epifânio Aniceto Gonçalves, mais conhecido por Actor Epifânio CvC (Lisboa, 7 de abril de 1813 — Lisboa, 15 de outubro de 1857), foi um homem do Teatro que se notabilizou ao longo da primeira metade do século XIX como ator e encenador em Portugal.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Epifânio Gonçalves apareceu em público pela primeira vez como ator profissional em 1832, na peça O Tributo das Cem Donzelas apresentada no Teatro do Salitre. Estava-se em plena Guerra Civil Portuguesa, e o teatro português estava numa fase muito difícil de desenvolvimento.[2]

Nos anos seguintes tornou-se discípulo do ator francês Émile Doux, que se fixara no Teatro da Rua dos Condes. Terminada a Guerra Civil Portuguesa, ganhou rapidamente projeção como um dos melhores atores dramáticos portugueses do seu tempo e como um dos mestres da arte de representar, influenciando toda uma geração de artistas.[2]

Pela sua acção é considerado um dos artistas que mais contribuiu para a renovação do teatro português, com uma carreira diversificada e de grande versatilidade, tendo interpretado papéis de todos os géneros. Contudo, foi sobretudo como ensaiador, diretor e metteur-en-scène, que mais se distinguiu, tendo dirigido, a partir de 1844, o Teatro da Rua dos Condes e mais tarde, o Teatro D. Maria II.[2]

O grau de reconhecimento público que atingiu levou a que, em fevereiro de 1839, fosse o primeiro ator português a ser agraciado com uma condecoração, no caso o grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo, atribuido pela rainha D. Maria II.[2]

Epifânio era um homem de forte estatura e também de grande sobranceria, mas doce e solidário com os colegas de profissão. Dizia-se que quando não estava no palco, no seu gabinete de trabalho ou no camarim, passeava no Rossio a admirar o frontispício do Teatro D. Maria II, com um olhar de profunda melancolia.[2]

Ficam registados os mais diversos escritos e suas criações nos espetáculos O Trapeiro de Lisboa, de Bayard, O Templo de Salomão, drama francês traduzido por Mendes Leal estreado em 1849, numa aparatosa encenação de Epifânio. Ainda o Alfageme de Santarém, de Almeida Garrett, seu amigo pessoal, onde desempenhou o papel de "Folião Dias" e Frei Luís de Sousa, do mesmo autor, onde desempenhou o papel de "Aio Telmo".[1][2]

Foi casado com Maria dos Anjos, de quem teve dois filhos, Torcato e Aniceto. A 15 de outubro de 1857, com apenas 44 anos, faleceu vítima da epidemia de febre amarela que naquele ano atingiu Lisboa, dez dias após o falecimento do seu filho mais velho, Torcato, também ator e vítima da mesma epidemia, no número 199 da Rua do Salitre, na freguesia de São Mamede. O filho mais novo, Epifânio Gonçalves Viana, de apenas 17 anos, viria a ser um dos pioneiros da filologia em Portugal.[2][3][4][5]

Encontra-se sepultado num jazigo mandado erigir por seus amigos e admiradores, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.[4]

O seu nome é recordado desde 1971 na toponímia da cidade de Lisboa, na freguesia do Lumiar.[2]

Referências

  1. a b «CETbase: Ficha de Epifânio». ww3.fl.ul.pt. Consultado em 9 de março de 2021 
  2. a b c d e f g h «A Rua Actor Epifânio nos seus 200 anos». Toponímia de Lisboa. 4 de abril de 2013 
  3. «Livro de registo de baptismos da Paróquia de Nossa Senhora dos Anjos (1853 a 1861)». Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 16-16 verso 
  4. a b Santos, Luciana Mercês Ribeiro (2016). «Aniceto dos Reis Gonçalves Viana (1840 - 1914): o linguista em seu tempo» (PDF). Universidade Paulista 
  5. «Livro de registo de óbitos da Paróquia de São Mamede (1830 a 1873)». Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 173 verso 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]