Epistaxe

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Epistaxe
Classificação e recursos externos
CID-10 R04.0
CID-9 784.7
CID-11 608337668
DiseasesDB 18327
MedlinePlus 003106
eMedicine emerg/806 ent/701, ped/1618
MeSH D004844
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Epistaxis (em grego: ἐπιστάζω (epistazo) sangrar pelo nariz: ἐπί (epi) - "acima", "sobre" + στάζω (stazo) - "gotejar [pelas narinas]")[1] ou sangramento nasal é uma ocorrência comum, não grave, decorrente da ruptura de pequenos capilares da membrana mucosa nasal. As rupturas acontecem comumente no septo nasal anterior, chamado de área de Kiesselbach.[2]. O sangramento nasal é o sangramento que se origina da mucosa das fossas nasais enquanto que a Hemorragia nasal é o sangramento que se exterioriza pelas fossas nasais independente da origem (rinofaringe, tuba auditiva etc).[3]

Patofisiologia

Os sangramentos nasais são devido à ruptura de um vaso sanguíneo dentro da mucosa nasal. A ruptura pode ser espontânea ou iniciadas por trauma. As hemorragias nasais são encontradas em até 60% da população com incidências de pico em crianças menores de dez anos de idade e pessoas com mais de 50 anos de idade; e parecem ocorrer mais em homens mais do que em mulheres.[4] Um aumento na pressão sanguínea (por exemplo, devido à hipertensão geral) tende a aumentar a duração de epistaxe espontâneas.[5]

A grande maioria das hemorragias nasais são anteriores, isto é, na parte da frente do nariz, a partir do septo nasal. Esta área é rica em vasos sanguíneos (Área de Kiesselbach). Esta região é também conhecida como Área de Little. O sangramento posterior ao nariz é geralmente devido ao sangramentos na Área de Woodruff, um plexo venoso situado na parte posterior do meato inferior.[6] Os sangramentos posteriores são muitas vezes prolongados e difíceis de controlar. Eles podem estar associados a hemorragias de ambas as narinas, e ter um maior fluxo de sangue para dentro da boca.[7]

Etiologia

A causa dos sangramentos no nariz podem ser geralmente divididas em duas categorias, fatores locais e sistêmicos.

Fatores locais
  • Deformidades anatômicas
  • Inalação de produtos químicos
  • Reação inflamatória (por exemplo, em infecções agudas do trato respiratório, sinusite crônica, rinite alérgica e irritantes ambientais)
  • Corpos estranhos
  • Tumores intranasais (Carcinoma nasofaríngeo em adultos, e angiofibroma juvenil em homens adolescentes)
  • Forcado nasal O2 (terapia de pressão positiva contínua)
  • Utilização spray nasal
  • Cirurgia
  • Trauma
Fatores sistêmicos

Tratamento

O fluxo de sangue normalmente pára quando o sangue coagular, o que pode ser incentivado por pressão direta, pressionando a parte carnuda e macia do nariz. Isto aplica pressão sobre a Área de Little (Área de Kiesselbach), a fonte da maioria das hemorragias nasais e assim promove a coagulação. A pressão deve ser firme ser aplicada durante pelo menos de 5 até 20 minutos, inclinar a cabeça levemente para a frente vai ajudar a diminuir a chance de náuseas e obstrução das vias aéreas.[7]

A aplicação local de um agente vasoconstritor tem mostrado reduzir o tempo de sangramento em casos benignos de epistaxe. As drogas oximetazolina ou fenilefrina estão amplamente disponíveis em sprays nasais para o tratamento de rinite alérgica e podem ser utilizados para esta finalidade.[8]

Se essas medidas simples não funcionam, então a intervenção médica pode ser necessária para parar o sangramento. As medidas mais comuns são:[9][3]

  • Cauterização química, utilizando uma aplicação local de nitrato de prata ou ácido tricloroacético (ATA) para cauterizar vasos superficiais.
  • Cauterização elétrica, utilizando um eletrocautério na região do sangramento após anestesia local.
  • Cauterização endoscópica, utilizando um endoscópio flexível ou rígido localiza-se a região da artéria realizando a cauterização.
  • Tampão nasal anterior, indicado na presença de sangramento difuso ou não localizado e quando os métodos acimas não forem efetivos. Faz-se anestesia local com algodão embebido em anestésico.
  • Tampão nasal posterior, realizado quando o anterior não resolve o sangramento, comumente usado em casos de traumas.[10]
  • Boqueio do Forame palatino maior
  • Drogas, o uso de drogas para controle de sangramentos nasais tem uso limitado.

Outros

A utilidade de resfriamento local da cabeça e pescoço é controversa.[11] Alguns afirmam que a aplicação de gelo no nariz ou na testa não é útil.[12][13] Outros acham que ele pode promover a vasoconstrição dos vasos sanguíneos nasais e, portanto, é útil.[14]

Prevenção

A aplicação tópica de pomada contendo antibiótico para a mucosa nasal tem se mostrado um tratamento eficaz para epistaxe recorrente.[15]Um estudo descobriu que isto é tão eficaz quanto a cauterização nasal na prevenção de epistaxe recorrente em pacientes sem sangramento ativo no momento do tratamento - ambos tiveram uma taxa de aproximadamente 50 por cento de sucesso.[16]

Referências

  1. Merriam-Webster, Epistaxis
  2. NANCY E. SMITH; BARBARA KUHN TIMBY (2005). Enfermagem Medico-Cirurgica. [S.l.]: MANOLE. p. 336. ISBN 978-85-204-1710-2 
  3. a b Aquiles Figueiredo Leal. «Epistaxe» (pdf). Otorrino USP. 1 páginas. Consultado em 2 de agosto de 2013  Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "Epistaxe" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  4. Corry J. Kucik & Timothy Clenney (January 15, 2005). «Management of Epistaxis». American Academy of Family Physicians. Consultado em January 31, 2010  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  5. J. F. Lubianca Neto, F. D. Fuchs, S. R. Facco, M. Gus, L. Fasolo, R. Mafessoni & A. L. Gleissner (1999). «Is epistaxis evidence of end-organ damage in patients with hypertension?». Laryngoscope. 109 (7): 1111–1115. PMID 10401851. doi:10.1097/00005537-199907000-00019 
  6. The Journal of Laryngology & Otology (2008), 122: 1074-1077
  7. a b Corry J. Kucik & Timothy Clenney (January 15, 2005). «Management of Epistaxis». American Academy of Family Physicians. Consultado em January 31, 2010  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  8. Guarisco JL, Graham HD (1989). «Epistaxis in children: causes, diagnosis, and treatment». Ear Nose Throat J. 68 (7): 522, 528–30, 532 passim. PMID 2676467 
  9. Roberto Campos Meirelles, Leonardo C. B de Sá e Guilherme Almeida. «Abordagem atual das hemorragias nasais». Revista HUPE. Consultado em 2 de agosto de 2013 
  10. Pinto,, José Antônio; Cintra, Pedro Paulo Vivacqua da Cunha; Sônego, Thiago Branco; Leal, Carolina de Farias Aires; Artico, Marina Spadari; Soares, Josemar dos Santos. Instituição: Núcleo de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço de São Paulo. São Paulo / SP – Brasil.. «Grave complicação de tamponamento posterior com sonda de Foley: relato de caso». ISSN 1809-9777. doi:S1809-97772012000400016 Verifique |doi= (ajuda) 
  11. Folz, BJ; Kanne, M, Werner, JA (2008 Nov). «[Current aspects in epistaxis].». HNO. 56 (11): 1157–65; quiz 1166. PMID 18936903. doi:10.1007/s00106-008-1838-3  Verifique data em: |data= (ajuda)
  12. al.], edited by Roger Jones ... [et (2004). Oxford textbook of primary medical care. repr. ed. Oxford: Oxford University Press. 711 páginas. ISBN 9780198567820 
  13. Bissonnette, Bruno (2010). Pediatric Anesthesia. New York: McGraw-Hill Medical. 1182 páginas. ISBN 9781607950936 
  14. al.], A.Y. Elzouki ... [et. Textbook of clinical pediatrics 2nd ed. ed. Berlin: Springer. 3968 páginas. ISBN 9783642022012 
  15. Kubba H, MacAndie C, Botma M, Robison J, O'Donnell M, Robertson G, Geddes N (2001). «A prospective, single-blind, randomized controlled trial of antiseptic cream for recurrent epistaxis in childhood». Clin Otolaryngol Allied Sci. 26 (6): 465–8. PMID 11843924. doi:10.1046/j.1365-2273.2001.00502.x 
  16. Murthy P, Nilssen EL, Rao S, McClymont LG (1999). «A randomised clinical trial of antiseptic nasal carrier cream and silver nitrate cautery in the treatment of recurrent anterior epistaxis». Clin Otolaryngol Allied Sci. 24 (3): 228–31. PMID 10384851. doi:10.1046/j.1365-2273.1999.00236.x