Eutímio de Tarnovo

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 Nota: Para o santo mais conhecido de mesmo nome, veja Eutímio, o Grande.
Santo Eutímio de Tarnovo
Eutímio de Tarnovo
Estátua de Santo Eutímio em Tarnovo.
Nascimento Década de 1320
Morte 1402 (ou 1404)
Veneração por Igreja Ortodoxa
Festa litúrgica 20 de janeiro
Polêmicas Controvérsia hesicasta
Portal dos Santos

Eutímio de Tarnovo (em búlgaro: Евтимий Търновски; romaniz.:Evtimiy Tarnovski; em latim: Euthymius) foi o patriarca da Bulgária entre 1375 e 1393. Amplamente considerado como uma das mais importantes personalidades medievais búlgaras, Eutímio foi o último patriarca da Igreja Ortodoxa Búlgara no Segundo Império Búlgaro. Possivelmente o mais estimado dos patriarcas búlgaros, Eutímio foi um defensor do hesicasmo durante a controvérsia hesicasta e um clérigo muito influente no mundo ortodoxo da época.

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Nascido na década de 1320 e, possivelmente, membro da eminente família Tsamblak na capital Tarnovo, Eutímio foi educado nos mosteiros na capital ou nas redondezas, tornando-se monge muito cedo. Ele juntou-se ao Mosteiro Kilifarevo por volta de 1350, atraído pela reputação de Teodósio de Tarnovo, que o nomeou seu primeiro assistente em 1363. Eles viajaram juntos para Tsarigrado, onde Teodósio morreu pouco depois.

Eutímio depois se juntou ao Mosteiro de Estúdio e à Grande Lavra de Atanásio, o Atonita, em Monte Atos. Ele foi influenciado por excepcionais pensadores, acadêmicos e reformadores das crenças e da vida espiritual como Gregório, o Sinaíta, Gregório Palamas, Calisto Filoteu e João Cucuzelis. Eutímio foi exilado para ilha de Lemnos pelo imperador bizantino João V Paleólogo, voltou para o mosteiro búlgaro de Zografo em Monte Atos quando foi solto. Foi lá que ele começou a ponderar sobre uma reforma na escrita e num plano para efetivar correções nas traduções dos livros sagrados.

Atividade na Bulgária[editar | editar código-fonte]

Por volta de 1371, Eutímio retornou para a Bulgária e fundou o Mosteiro Patriarcal da Santíssima Trindade perto de Tarnovo, onde localizava-se também a Escola Literária de Tarnovo. Ele consolidou ali suas reformas ortográficas e corrigiu diversos livros religiosos traduzidos de forma incorreta comparando-os com as versões em grego bizantino. Estes textos corrigidos tornaram-se modelos para as Igrejas ortodoxas da Bulgária, Sérvia, Romênia e Rússia através do compartilhamento do uso do antigo eslavônico eclesiástico. Gregório Tsamblak, seu biógrafo, comparou a obra de Eutímio às de Moisés e do faraó Ptolemeu I Sóter.

Em 1375, depois da morte do Patriarca Joanício (Ioanikiy), Eutímio foi eleito seu sucessor. Um defensor do ascetismo, Eutímio perseguiu a decadência moral e o que ele considerava como heresias. Ele ficou famoso em todo mundo ortodoxo e diversos metropolitas e hegúmenos o procuraram em busca de suas interpretações sobre assuntos teológicos. Das obras de Eutímio, quinze são conhecidas: são livros litúrgicos, obras laudatórias, paixões e epístolas. Muitas outras se perderam ou ainda não foram descobertas. Entre seus discípulos estão Gregório Tsamblak, metropolita de Quieve; Cipriano, Metropolita de Moscou; Joasafa de Vidin e Constantino de Kostenets.

Queda de Tarnovo e suas consequências[editar | editar código-fonte]

Na primavera de 1393, o filho do sultão otomano Bajazeto I, Solimão, o Cavalheiro, cercou a capital búlgara com um enorme exército. Com o Czar João Sismanes fora da cidade (ele estava liderando o que restava de seu exército em Nicópolis), Eutímio acabou encarregado de liderar a defesa da cidade, o que ele fez de forma heroica. Depois de três meses, os otomanos capturaram a cidade de assalto - e provavelmente com a ajuda de um traidor - em 17 de julho de 1393.

Joasafa de Vidin, Metropolita de Vidin, um contemporâneo do evento, descreveu-o da seguinte forma: "Uma grande invasão muçulmana ocorreu e uma grande destruição da cidade e das redondezas se produziu". De acordo com Gregório Tsamblak, as igrejas foram convertidas em mesquitas, sacerdotes foram expulsos e substituídos por "professores de pureza". Cento e dez boiardos e cidadãos eminentes foram massacrados, mas o Patriarca recebeu apenas uma reprimenda e foi exilado para o Tema da Macedônia, possivelmente para o Mosteiro Bachkovo, onde supõe-se que ele tenha morrido entre 1402 e 1404. O Patriarcado de Tarnovo deixou de existir, a Igreja da Bulgária perdeu sua independência e se submeteu novamente ao Patriarcado de Constantinopla até 1870.

O Patriarca Eutímio foi canonizado e sua memória é celebrada no mesmo dia que o seu homônimo, Eutímio, o Grande, em 20 de janeiro.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Precedido por
Joanício II
Patriarca da Bulgária
1375–1393
Sucedido por
Cargo extinto

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Eutímio de Tarnovo
  • Ivanova, Kl. (1986) (en búlgaro). Патриарх Евтимий. С.
  • Патриарх Евтимий Търновски и неговото време. Материали от националната научна сесия за 600 г. от заточението на св. Евтимий, патриарх Търновски, Велико Търново, 6 октомври 1993 г. Ред. кол. Георги Данчев и др. Велико Търново, 1998 (Проглас).

Ligações externas[editar | editar código-fonte]