Evaristo de Macedo

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Evaristo de Macedo
Evaristo de Macedo
Evaristo em 1985
Informações pessoais
Nome completo Evaristo de Macedo Filho
Data de nasc. 22 de junho de 1933 (90 anos)
Local de nasc. Rio de Janeiro, Distrito Federal, Brasil
Nacionalidade brasileiro
Altura 1,75 m
destro
Informações profissionais
Clube atual aposentado
Posição atacante
Função treinador
Clubes profissionais
Anos Clubes Jogos (golos)
1950–1952
1953–1957
1957–1962
1962–1965
1965–1967
Madureira
Flamengo
Barcelona
Real Madrid
Flamengo
000? 000(27)
000? 00(101)
0151 00(105)
000? 000(27)
000? 0000(4)
Seleção nacional
1955–1957 Brasil 0013 0000(8)
Times/clubes que treinou
1970–1971
1971
1972
1973
1975
1977–1980
1981–1983
1985
1986
1986
1988–1989
1989
1989
1990
1990
1991–1992
1992
1993–1995
1995
1996
1997
1997
1998
1998-1999
1999
2000–2001
2002
2002–2003
2003
2003–2004
2005–2006
Bahia
Bangu
Santa Cruz
Bahia
Santa Cruz
Santa Cruz
Barcelona
Brasil
America-RJ
Iraque
Bahia
Guarani
Bahia
Fluminense
Grêmio
Cruzeiro
Catar
Flamengo
Bahia
Atlético-PR
Grêmio
Vitória
Bahia
Flamengo
Corinthians
Bahia
Vasco da Gama
Flamengo
Bahia
Vitória
Atlético-PR

Evaristo de Macedo Filho (Rio de Janeiro, 22 de junho de 1933) é um ex-treinador e ex-futebolista brasileiro que atuava como atacante.[1]

É, até hoje, o único jogador a fazer uma "Manita" (ou seja, a marcar cinco gols numa mesma partida) com a camisa da Seleção Brasileira. Isso ocorreu em 1957, no Campeonato Sul-Americano daquele ano, quando o Brasil goleou a Colômbia por 9 a 0.[2]

Jogou pelo Madureira, Flamengo, Barcelona e Real Madrid, sendo um dos melhores jogadores brasileiros em todos os tempos, consagrado também como um dos mais laureados treinadores do futebol brasileiro. Mora no Rio de Janeiro desde que se aposentou do futebol, em 2007.

Carreira como jogador[editar | editar código-fonte]

Nascido no dia 22 de junho de 1933 na capital fluminense, Evaristo despertou para o futebol ainda no Instituto Metodista Granbery, em Juiz de Fora, Minas Gerais.[3] Aos 17 anos começou a carreira de jogador profissional no Madureira, em 1950. Dois anos depois, ele já estava no Flamengo, onde foi tricampeão carioca em 1953, 1954 e 1955 sob o comando do mestre paraguaio Fleitas Solich. No total pelo clube rubro-negro, o atacante atuou em 190 jogos, com 104 vitórias, 39 empates, 47 derrotas e 104 gols marcados.[4]

Barcelona e Real Madrid[editar | editar código-fonte]

Evaristo de Macedo conseguiu a façanha de se tornar ídolo de dois rivais na Espanha: o Barcelona, clube que defendeu entre 1957 a 1962, e do Real Madrid, onde atuou entre 1963 e 1965.[5]

O jogador conquistou diversos títulos pelo Barça, entre eles os Campeonatos Espanhóis de 1958–59 e 1959–60 e as Taça das Cidades com Feiras (atual Liga Europa da UEFA) de 1958 e 1960. Além disso, Evaristo, que tinha como uma das suas principais virtudes a habilidade, chegou a ser o maior artilheiro brasileiro da história do clube catalão. Já pelo time merengue, o atacante seguiu levantando títulos. Foram três campeonatos espanhóis (1962–63, 1963–64 e 1964–65), além da marca de ser o brasileiro com mais gols marcados contra o Barcelona (somando jogos oficiais e amistosos).

Ainda em 1965, apesar de propostas da Europa e de equipes brasileiras, ele voltou ao futebol brasileiro e encerrou a carreira no Flamengo, onde marcou 103 gols em 191 partidas nas duas passagens.

"O torcedor brasileiro não tem ideia de como o Evaristo de Macedo é idolatrado na Espanha. Foi, sem dúvida, um dos maiores jogadores do mundo em todos os tempos", diz Roberto Dinamite, ídolo vascaíno e que teve rápida passagem pelo Barça.

Seleção Brasileira[editar | editar código-fonte]

Em 1952, quando jogava pelo Madureira, Evaristo foi convocado e disputou as Olimpíadas de Helsinque, na Finlândia. No entanto, o atacante não teve muitas chances pela Seleção Brasileira principal: atuou em apenas 14 partidas, mas deixou sua marca de grande goleador e anotou oito gols.

Astro do Flamengo em 1957, Evaristo era candidatíssimo a ser um dos 22 jogadores convocados para a Copa do Mundo FIFA de 1958, na Suécia. Integrou o quarteto ofensivo da Seleção até abril de 1957, quando uma transferência mudou totalmente a história. "Fui vendido aos 24 anos para o Barcelona e nunca mais voltei a vestir a camisa da Seleção Brasileira. Uma pena, uma pena..."[7]

Na Catalunha, recebeu um telefonema às vésperas da convocação final para o Mundial de 1958. "Era o coordenador técnico Carlos Nascimento. Ele me disse: ‘Evaristo, vamos dar início aos treinos para a Copa e a comissão técnica deseja que você solicite ao Barcelona a sua liberação’. Tentei, mas o clube não me liberou. A Espanha não tinha se classificado para o Mundial da Suécia e os clubes de lá resolveram manter o Campeonato Nacional normalmente, sem abrir mão de ninguém." [7]

Evaristo em 1960

Quando informou à antiga Confederação Brasileira de Desportos (CBD) a negativa do Barça, Evaristo percebeu a tristeza de Nascimento: "Puxa, rapaz, que pena! O Vicente Feola (técnico) estava ansioso para vê-lo jogar ao lado de um neguinho bom de bola que surgiu lá no Santos".[7]

Evaristo ficou curioso, mas a falta de tecnologia o impediu de bisbilhotar a vida alheia. "Se fosse hoje, com certeza ligaria a TV a cabo ou entraria na internet rapidinho para descobrir de quem ele estava falando. Mas naquela época não tinha nada disso, companheiro! Continuei a minha vidinha lá no Barcelona, do outro lado do Atlântico, sem saber quem era o tal neguinho chamado Pelé", diverte-se o segundo maior artilheiro brasileiro da história do clube catalão, com 105 gols em 151 partidas.

Evaristo não viu Pelé despontar na Seleção por uma questão de meses. Sua última partida com a amarelinha foi contra o Peru, em 21 de abril de 1957, no Maracanã, pelas Eliminatórias da Copa. Exatos 77 dias depois (dois jogos), o garoto saía do banco para substituir Del Vecchio e marcar o único gol verde-amarelo na derrota por 2 a 1 para a Argentina, no mesmo Maracanã, pela Copa Roca.

Enquanto o Brasil via o nascimento de um rei, Evaristo pintava e bordava na Espanha, ao lado de outros craques.

Nas minhas passagens por Barcelona e Real Madrid, joguei ao lado de Puskás, Kocsis, Czibor, Gento e Di Stéfano.[8] Todos eram craques, mas nenhum como o Pelé, que eu conheci ao vivo jogando contra ele em 1959. Soube que ele existia em 1957, mas só o vi em carne e osso quando o Santos fez uma excursão à Europa e venceu o Barcelona por 5 a 1. Naquele dia, conheci a dupla de ataque mais afinada que já vi jogar: Coutinho e Pelé.

Na Seleção Brasileira, Evaristo estabeleceu um recorde ao ser o único jogador a marcar cinco gols em uma partida pela Amarelinha.[2]

Estilo de jogo[editar | editar código-fonte]

Segundo o 'Velho Lobo' Zagallo, que jogou ao lado de Evaristo no Flamengo, "Evaristo era o tipo do jogador que tinha vaga em qualquer time que escolhesse". E, revelado pela Madureira, o jogador escolheu defender apenas o Flamengo no Brasil. Ficou cinco anos na Gávea, de 1952 a 1957, o que bastou para se tornar um dos grandes ídolos da história do clube.

Além de conquistar a torcida feminina por sua beleza, Evaristo se destacava dentro de campo pela sua velocidade, visão de jogo, inteligência na criação de jogadas, e grande capacidade técnica. Com 19 anos, foi convocado para a Seleção Brasileira que disputou as Olimpíadas de Helsinque, em 1952, quando ainda atuava pelo juvenil do Madureira. No ano seguinte, começou sua trajetória vitoriosa no Fla.

Carreira como treinador[editar | editar código-fonte]

Formou-se em educação física pela Universidade Federal da Guanabara. Evaristo começou sua nova carreira em 1967, no America, onde foi campeão do Torneio Internacional Negrão de Lima. O técnico ainda comandou outras importantes equipes do futebol brasileiro, como Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama, Bangu, Bahia, Grêmio, Corinthians, Santa Cruz, Vitória, Atlético Paranaense e Cruzeiro.

No Catar, dirigiu as Seleções Sub-20 e principal, levando o país à duas Olimpíadas e sagrando-se vice-campeão do Mundial Sub-20 de 1981, realizado na Austrália.

Em 1977, foi o treinador da Seleção Brasileira Sub-20, terceira colocada no Mundial da Tunísia.

Como técnico da Seleção Brasileira principal, Evaristo de Macedo dirigiu a equipe em 1985, pouco antes das Eliminatórias para a Copa do Mundo FIFA de 1986, no México, mas acabou sendo substituído no cargo por Telê Santana. Evaristo alegou que foi derrubado por tentar afastar "lideranças negativas" como Sócrates, chegando a declarar que "era um problema sério o comportamento dele".[9] Assim, comandou o Iraque na Copa do Mundo de 1986.[10]

Entretanto, três anos depois, viveu seu melhor momento como treinador e foi campeão brasileiro de 1988 dirigindo a equipe do Bahia. A equipe-base do tricolor baiano tinha: Ronaldo; Tarantini, João Marcelo, Claudir e Paulo Robson; Paulo Rodrigues, Gil Sergipano, Bobô e Zé Carlos; Charles e Marquinhos.[11]

No Grêmio, foi campeão da Copa do Brasil de 1997 justamente sobre o Flamengo, clube que defendeu como jogador. A equipe-base do Grêmio era: Danrlei; Arce, Rivarola, Mauro Galvão, Roger; Dinho, Emerson, João Antônio, Carlos Miguel; Dauri e Paulo Nunes.

Estatísticas[editar | editar código-fonte]

Jogos oficiais[editar | editar código-fonte]

Brasil
Clube Temporada Competição Liga Rio-SP Outros1 Total
Jogos Gols Jogos Gols Jogos Gols Jogos Gols
Flamengo 1953 Campeonato Carioca 4 1 9 2 0 0 13 3
1954 21 13 9 2 3 0 33 15
1955 17 13 6 5 2 1 25 16
1956 19 11 0 0 2 0 21 11
Espanha
Clube Temporada Competição Liga Europa Outros2 Total
Jogos Gols Jogos Gols Jogos Gols Jogos Gols
Barcelona 1957–58 La Liga 24 13 0 0 5 4 29 17
1958–59 23 20 0 0 2 2 25 22
1959–60 24 14 6 4 2 2 32 20
1960–61 21 11 10 6 4 1 35 18
1961–62 22 20 0 0 8 8 30 28
Real Madrid 1962–63 7 3 0 0 0 0 7 3
1963–64 10 1 2 1 0 0 12 3
Brasil
Clube Temporada Competição Liga Rio-SP Outros3 Total
Jogos Gols Jogos Gols Jogos Gols Jogos Gols
Flamengo 1964 Campeonato Brasileiro 4 0 0 0 0 0 4 0
1965 0 0 6 0 3 0 9 0
1966 0 0 7 0 0 0 7 0

Títulos[editar | editar código-fonte]

Como jogador[editar | editar código-fonte]

Flamengo
Barcelona
Real Madrid
Seleção Brasileira

Como treinador[editar | editar código-fonte]

Bahia
Santa Cruz
Grêmio
Catar
Flamengo
  • Taça Capitão José Hernani de Castro Moura: 2002
Vitória

Referências

  1. Rogério Micheletti. «Que fim levou? EVARISTO DE MACEDO... Ex-atacante do Fla, Barcelona e Real Madrid». Terceiro Tempo. Consultado em 1 de março de 2024 
  2. a b Leandro Stein (24 de março de 2017). «Há 60 anos, um dos maiores shows pela Seleção: Os cinco gols de Evaristo contra a Colômbia». Trivela. Consultado em 1 de junho de 2023 
  3. «Granbery - Centro de Esportes - História». Instituto Metodista Granbery. Consultado em 29 de setembro de 2020 
  4. «Hall do Manto: escolha o seu time dos sonhos de todos os tempos». ge. 27 de junho de 2023. Consultado em 1 de março de 2024 
  5. «Evaristo de Macedo, Ronaldo e outros 26 jogaram por Barça e Real». UOL. 8 de dezembro de 2011. Consultado em 4 de julho de 2023 
  6. «'Rivalidade vai além das outras que vivenciei'»Subscrição paga é requerida. Estadão. 7 de outubro de 2012. Consultado em 4 de julho de 2023 
  7. a b c Marcos Paulo Lima (21 de outubro de 2010). «A frustração de Evaristo de Macedo». Superesportes. Consultado em 1 de junho de 2023 
  8. Márcio Mará (29 de novembro de 2010). «Meu Jogo Inesquecível: há 50 anos, Evaristo brilhava num Barça x Real». ge. Consultado em 28 de janeiro de 2024 
  9. Minha História - Evaristo de Macedo. YouTube. 27 de dezembro de 2022. Consultado em 28 de janeiro de 2024 
  10. «"Os Setentões": Evaristo fez história no Catar». TV Brasil. 17 de março de 2019. Consultado em 1 de junho de 2023 
  11. «Especial 1988». Site oficial do Bahia. Consultado em 1 de março de 2024 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Precedido por
Duque
Treinador do Cruzeiro
1991
Sucedido por
Ênio Andrade
Precedido por
Oswaldo de Oliveira
Treinador do Corinthians
1999
Sucedido por
Oswaldo de Oliveira
Precedido por
Hélio dos Anjos
Treinador do Vitória
2004
Sucedido por
René Simões