Filímero

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Filímero
Rei gótico
Reinado século III
Antecessor(a) Gadarico, o Grande
Sucessor(a) Ostrogoda (?)
Morte século III
Pai Gadarico, o Grande
Religião paganismo gótico

Filímero (em latim: Filimer), segundo a Gética do escritor bizantino do século VI Jordanes, era um rei das tribos góticas de Gotiscandza, na bacia do rio Vístula. Teria sido durante seu reinado que os godos migraram rumo à costa do mar Negro.

Vida[editar | editar código-fonte]

Ele era filho de Gadarico, o Grande e pertenceu a sexta geração de reis góticos desde Berigo, que liderou a migração e assentamento dos godos na região de Gotiscandza. Em seu reinado, a nação gótica multiplicou-se, o levando a mover seu pavo à Cítia. Diz-se que durante o percurso os godos atravessaram um vasto pântano no qual havia ponte. Esta colapsaria enquanto era utilizada para a travessia e dividiria o povo de Filímero para sempre. Alguns permaneceram para trás, enquanto o restante permaneceu junto e invadiu o território dos espalos (sármatas).[1]

Ali batizaram seus novos domínios como Aujo ou Ojo.[2] Em algum momento após a migração, Filímero teria expulsado um grupo de bruxas (völvas) suspeitas, conhecidas pelos godos como haliúrunas (em latim: Haliurunnae). Após partiram para o exílio longe dos domínios góticos, originaram um povo do qual descenderiam os hunos que tempos depois invadiriam Aujo.[3][4]

Arqueologia[editar | editar código-fonte]

O registro arqueológica mostra que a população da Cultura de Vilemberga (Polônia) de fato migrou e assentou-se na Ucrânia e misturou-se com as antigas populações da Cultura de Zarubinetse para formar a Cultura de Cherniacove. Esse movimento cultural é identificado como a migração dos godos da Gotiscandza para Aujo como descrito em Jordanes, embora nem todos os estudiosos veem tal correlação.[5] Segundo sugestão do estudioso dinamarquês Arne Søby Christensen, o nome "Filímero" provavelmente origina-se do relato de Cassiodoro,[6] uma sugestão que foi favoravelmente recebida pelos historiadores.[7]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Precedido por
Gadarico, o Grande
Rei gótico
século III
Sucedido por
Ostrogoda (?)[a]

Notas[editar | editar código-fonte]

[a] ^ Os reis citados na sequência de Filímero remetem-se a reis e deuses romanos, getas, masságetas e trácios: Zeuta, Deceneu, Zalmoxis (deus geta), Marte (deus romano),[8] Tanausis (fl. séculos XIV-XIII a.C.),[9] Lâmpedo e Marpésia (amazonas),[10] Tômiris (fl. século VI a.C.), Gudila (fl. século IV a.C.), Sitalces II (fl. século IV a.C.),[11] Burebista (r. 82–44 a.C.), Comósico (fl. século I a.C.),[12] Corilo (r. 30–70)[13] e Dorpaneu (r. 69–87).[14] Depois de Dorpaneu ele cita a genealogia da dinastia gótica dos Amalos e então o reinado de Ostrogoda, que invadiria o Império Romano no século III.[15]

Referências

  1. Wolfram 1990, p. 42.
  2. Jordanes, IV.25-28.
  3. Jordanes, XVIV.121-122.
  4. Wolfram 1990, p. 257.
  5. Kulikowski 2007, p. 63-64.
  6. Christensen 2002.
  7. Murray 2004, p. 805.
  8. Jordanes, V.39-41.
  9. Jordanes, VI.47.
  10. Jordanes, VII.49-55; VIII.56-57; IX.58-60.
  11. Jordanes, X.61-66.
  12. Jordanes, XI.67-73.
  13. Jordanes, XII.74-75.
  14. Jordanes, XIII.76-78.
  15. Jordanes, XIV.79-82; XV.83-88.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Christensen, Arne Søby (2002). Cassiodorus, Jordanes and the History of the Goths: Studies in a Migration Myth. Copenhague: Museum Tusculanum Press. ISBN 8772897104 
  • Kulikowski, Michael (2007). Rome´s Gothic Wars: from the third century to Alaric. Cambridge: Cambridge University Press 
  • Murray, Alexander Callander (2004). «Review of Cassiodorus, Jordanes and the History of the Goths: Studies in a Migration Myth». The International History Review. XXV