Forte da Laginha

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Forte da Laginha (José Rodrigo de Almeida, 1830, GEAEM).

O Forte da Laginha, também denominado como Forte da Ribeirinha, localizava-se na Serretinha, ao fundo da Canada das Vinhas, freguesia da Ribeirinha, concelho de Angra do Heroísmo, na costa sul da ilha Terceira, nos Açores.

Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.

História[editar | editar código-fonte]

A sua construção remontará ao contexto da crise de sucessão de 1580, entre 1579 e 1581, por determinação do então corregedor dos Açores, Ciprião de Figueiredo e Vasconcelos conforme o plano de defesa da ilha elaborado pelo arquiteto militar italiano Tommaso Benedetto.

No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Reduto das Laginhas na costa." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".[1]

Com a instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado:

"1º - Forte da Laginha. Este forte carece a porta concertada e as suas muralhas precisam ser encascadas e rebuçadas e da parte do nascente precisa ser mociçada a sapata e guarnecida de cantaria. O seu quartel precisa a porta e a tarimba concertada. Tem quatro peças de ferro boas e os reparos de duas precisam ser concertados. Precisa para se guarnecer quatro artilheiros e dezeseis auxiliares."[2]

Encontra-se referido como "Forte da Laginha" no relatório "Revista dos fortes e redutos da ilha Terceira", do capitão de Infantaria Francisco Xavier Machado (1772).

Encontra-se referido como "1. Forte da Laginha da Ponta da Feteira" no relatório "Revista aos fortes que defendem a costa da ilha Terceira", do Ajudante de Ordens Manoel Correa Branco (1776), que lhe relata a ruína:

"Este Forte careçe das suas muralhas e parapeitos por dentro, e por fora, rachado, guarnecido, e rebocado; a caza da guarda de uma verga, e o portão de outra; o torrião aonde se fas sentinellas hade mister feito de novo, e nelle hua guarita; tambem perciza hú tilheiro p.ª recolher a Artelharia no Inverno, e a tropa que guarnecer o dito Forte."[3]

Em 1778 continuava bastante deteriorado, conservando as quatro peças.[carece de fontes?] Considerando-se que a artilharia então existente na Terceira ainda era a da época da Dinastia Filipina, conforme informara Júdice em 1767, deduz-se que as peças na Laginha remontavam ao período da edificação do forte.

Foram tenentes-comandantes deste forte Manuel de Barcelos Machado Evangelho[4] (por nomeação de 10 de maio de 1794) e José de Barcelos Machado Evangelho.

No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834) voltou a revestir-se de importância estratégica, constando o seu alçado e planta na "Colecção de Plantas e Alçados de 32 Fortalezas dos Açores, por Joze Rodrigo d'Almeida em 1830", atualmente no Gabinete de Estudos de Arquitetura e Engenharia Militar, em Lisboa.

A "Relação" do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 informa que dele "Apenas existem vestígios".[5]

O seu local foi ocupado militarmente durante a Segunda Guerra Mundial. Para a construção da casa da guarnição, hoje também desaparecida, terão sido empregues as últimas pedras do antigo forte.

Características[editar | editar código-fonte]

De tipo abaluartado, de pequenas dimensões, apresentava planta pentagonal irregular. Constituía-se numa plataforma lajeada, adaptada à configuração do terreno, com muralha de cantaria de pedra, rasgadas por quatro canhoneiras. Possuía edificação com a função de paiol e casa da palamenta adossada à gola e ao flanco direito. À esquerda do portão, rasgada na gola, uma escada dava acesso a um pequeno torreão.

Referências

  1. "Fortificações nos Açores existentes em 1710" in Arquivo dos Açores, p. 178. Consultado em 8 dez 2011.
  2. JÚDICE, 1767.
  3. Revista aos Fortes que Defendem a costa da Ilha Terceira - 1776 Arquivado em 27 de dezembro de 2013, no Wayback Machine. in IHIT.pt. Consultado em 3 dez 2011.
  4. RIBEIRO, José Rodrigues. Dicionário Toponímico, Ecológico, Religioso e Social da ilha Terceira. Angra do Heroísmo (Açores): Direcção Regional dos Assuntos Culturais / Governo Regional dos Açores, 1998. p. 31.
  5. BASTOS, 1997:267.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Anónimo. "Colecção de todos os fortes da jurisdição da Villa da Praia e da jurisdição da cidade na Ilha Terceira, com a indicação da importância da despesa das obras necessárias em cada um deles (Arquivo Histórico Ultramarino)". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LI-LII, 1993-1994.
  • Anónimo. "Revista aos Fortes que Defendem a Costa da Ilha Terceira – 1776 (Arquivo Histórico Ultramarino)". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LVI, 1998.
  • BASTOS, Barão de. "Relação dos fortes, Castellos e outros pontos fortificados que se achão ao prezente inteiramente abandonados, e que nenhuma utilidade tem para a defeza do Pais, com declaração d'aquelles que se podem desde ja desprezar." in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LV, 1997. p. 267-271.
  • CASTELO BRANCO, António do Couto de; FERRÃO, António de Novais. "Memorias militares, pertencentes ao serviço da guerra assim terrestre como maritima, em que se contém as obrigações dos officiaes de infantaria, cavallaria, artilharia e engenheiros; insignias que lhe tocam trazer; a fórma de compôr e conservar o campo; o modo de expugnar e defender as praças, etc.". Amesterdão, 1719. 358 p. (tomo I p. 300-306) in Arquivo dos Açores, vol. IV (ed. fac-similada de 1882). Ponta Delgada (Açores): Universidade dos Açores, 1981. p. 178-181.
  • JÚDICE, João António. "Revista dos Fortes da Terceira". in Arquivo dos Açores, vol. V (ed. fac-similada de 1883). Ponta Delgada (Açores): Universidade dos Açores, 1981. p. 359-363.
  • MACHADO, Francisco Xavier. Revista dos fortes e redutos da Ilha Terceira - 1772. Angra do Heroísmo (Açores): Secretaria Regional da Educação e Assuntos Sociais; Gabinete da Zona Classificada de Angra do Heroísmo, 1983. il.
  • MARTINS, José Salgado, "Património Edificado da Ilha Terceira: o Passado e o Presente". Separata da revista Atlântida, vol. LII, 2007. p. 26.
  • NEVES, Carlos; CARVALHO, Filipe; MATOS, Arthur Teodoro de (coord.). "Documentação sobre as Fortificações dos Açores existentes nos Arquivos de Lisboa – Catálogo". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. L, 1992.
  • VIEIRA, Alberto. "Da poliorcética à fortificação nos Açores: introdução ao estudo do sistema defensivo nos Açores nos séculos XVI-XIX". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. XLV, tomo II, 1987.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]