Forte de São João (Espírito Santo)

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Planta do Forte de São João.

O Forte de São João localizava-se na ilha de Santo Antônio, atual ilha de Vitória, na garganta que faz a baía da Vila Velha, oposto ao morro do Penedo, no litoral do atual estado brasileiro do Espírito Santo.

História[editar | editar código-fonte]

Entre 1674 e 1675, o baiano Francisco Gil de Araújo adquiriu a Capitania do Espírito Santo ao seu capitão donatário, Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho, por 40 mil cruzados[1]. Durante a sua administração (1678 a 1682), entre as melhorias que promoveu no tocante à defesa, fez reedificar esta fortificação em ruínas, cruzando fogos com o Forte de São Francisco Xavier de Piratininga[2].

O vice-rei e capitão-general de mar-e-terra do Estado do Brasil, D. Vasco Fernandes César de Meneses (1720-1735), comissionou o engenheiro Nicolau de Abreu Carvalho para proceder aos reparos necessários às fortificações da baía do Espírito Santo, entre as quais esta. Atribui-se a este governante, em 1726, a construção da estrutura, que classifica como fortaleza, com planta no formato de um polígono heptagonal[3]. A fortaleza tem planta no formato de um meio hexágono irregular, artilhado com onze peças[4]. O título de uma planta, no Arquivo Militar, no Rio de Janeiro, aponta-lhe reparos e artilharia em 1765:

"Planta e prospecto da fortaleza de São João, uma das principais que defende o rio da Capitania do Espírito Santo. Reparada de novo pelo [capitão] engenheiro José António Caldas por ordem dos governadores interinos da Capitania da Bahia em 1765, montando dez peças, e tirada a planta em 1767 por ordem do seu capitão-general Conde de Azambuja."[5]

O general Antônio Eliziário - tenente-general graduado Antônio Elzeário de Miranda e Brito - , em 1841, lhe atribuiu dez peças, e o Mapa de Fortificações do Império de 1847 apresenta-o como em mau estado, artilhado com vinte e cinco peças[3].

O desembargador Luiz Thomaz de Navarro (Memórias afirma que, em 1808, se construiu uma grande bateria sobre o morro junto à Fortaleza de São João, no cume do qual havia antigamente um Reduto.[3] Essa defesa complementar seria a Bateria Elevada, também denominada como Reduto de Nossa Senhora da Vitória[4].

Sobre os vestígios deste forte, foi erguida a sede social do Clube de Regatas Saldanha da Gama[2].

Características[editar | editar código-fonte]

Planta da Fortaleza de São João, em Vitória-ES, feita em 1801 por Luis dos Santos Vilhena

Em uma planta desta fortaleza de 1801, lê-se:

Planta da Fortaleza do S. João, que defende a garganta da Capitanai do Espirito Santo. A sua figura he hum octagono irregular Como se mostra da mesma planta, sendo a melhor e mais respeitavel de todas as daquella Capitania[6].

Já a planta feita em 1765 por José Antônio Caldas é acompanhada do seguinte texto:

Planta e Fasada da Fortaleza de Sam Joam, huma das principais, que defende o rio da Capitania do Espirito santo na sua garganta. A Fig.a 1ª mostra a Planta e se ve que A he a porta da sua entrada, B explanada, C quartel baixo, D quartel alto com suas tarimbas para acomodasam da guarnisam. E caza de polvora E caza de palamenta miuda. G escadas que sobem para o aterrado antigo, que servia em outro tempo de castelo com suas ameias. A Fig.a 2ª mostra a Fasada da dita Fortaleza. Sobre o seu portico tem huma pedra, a qual mostra que tinha inscrisam: porem o tempo consumio todas as letras, de sorte que se nam percebe Esta Fortaleza tem 10 pesas montadas em suas carretas. Toda a sua muralha que he batida das mares foi repada de novo, e igualmente todo o seu parapeito reparado e feito de novo com outros concertos miudos, que nela se fizeram, com asistencia do Cap.m Eng.o Jozé e Antonio Caldas no ano de 1765 q. foi mandado a esta Ligencia pelos Governadores interinos da B.a e prezente m.te foi mandado pelo Ilm.o Exm.o Sr. Conde da Azambuja Gov.or e Capitam Gn.al de mar e terra desta Capitanai a outras de lig.as na q.l tirou esta Planta q.e foi Copiada por Manoel Gomes Viana Academico com partido na dita Aula. Bahia 5 de Novembro de 1767[7].

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. OLIVEIRA, José Teixeira de (1975). História do Estado do Espírito Santo 2ª ed. Vitória: Fundação Cultural do Espírito Santo. p. 175. 602 páginas 
  2. a b GARRIDO, Carlos Miguez (1940). Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval. p. 99 
  3. a b c SOUSA, Augusto Fausto de (1885). «Fortificações no Brazil». Rio de Janeiro: IHGB. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (Tomo XLVIII, Parte II): 5-140 
  4. a b BARRETO, Aníbal (Cel.). (1958). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora. p. 192. 368 páginas 
  5. MARQUES, César Augusto (1878). Diccionario Historico, Geographico e Estatistico da Província do Espírito Santo. Rio de Janeiro: Typographia Nacional. p. 32. 248 páginas 
  6. fabiopaivareis (19 de setembro de 2016). «Planta da Fortaleza do S. João (1801)». História Capixaba. Consultado em 23 de junho de 2022 
  7. fabiopaivareis (19 de setembro de 2016). «Planta Fasada da Fortaleza de Sam Joam, huma das principais, que defende o Rio da Capitania do Espirito Santo na sua garganta (1765)». História Capixaba. Consultado em 23 de junho de 2022 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]