Francisco de Paula Leite de Sousa

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Francisco de Paula Leite de Sousa
Visconde de Veiros
Francisco de Paula Leite de Sousa
Francisco de Paula Leite de Sousa.
Visconde de Veiros
Dados pessoais
Nome completo Francisco de Paula Leite de Sousa
Nascimento 7 de março de 1747
Santarém,  Portugal
Morte 6 de julho de 1833 (86 anos)
Lisboa,  Portugal
Progenitores Mãe: Maria Antônia Pereira de Foyos Ferrão Castelo Branco
Pai: José Leite de Sousa, conselheiro do rei Dom José, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real
Esposa Maria de Santo Antônio Freire de Saldanha Noronha e Lima (1787 - 1846)
Títulos nobiliárquicos
Portugal Cavaleiro da Casa Real 7 de abril de 1755
Portugal Visconde de Veiros 11 de março de 1822
Serviço militar
Serviço/ramo  Exército Britânico
Exército Português
Anos de serviço 1762–1820
Graduação Chefe de esquadra Portugal Reino de Portugal  Reino Unido
Tenente-general
Comandante em chefe do Exército português Portugal Reino de Portugal
Comandos Diversas naus, fragatas, esquadras e armadas da Real Marinha
Governador das Armas da províncias do Alentejo
Governador das Armas da corte e da província da Estremadura
Comandante em chefe do Exército português
Conselheiro de Guerra do Estado da Índia
Comissões a Ásia, a África e a América
Conflitos Bombardeamento de Argel
Guerras revolucionárias francesas
Guerra Peninsular
Guerras Napoleónicas

Francisco de Paula Leite de Sousa, primeiro Visconde de Veiros, (Santarém, 7 de março de 1747Lisboa, Santa Engrácia, 6 de julho de 1833[1][2]) foi um militar, chefe de esquadra da Real Armada, oficial general das forças armadas portuguesas e nobre do Reino de Portugal.[3]

Origens e carreira[editar | editar código-fonte]

Era filho de José Leite de Sousa (1686-1766), conselheiro do rei Dom José I de Portugal, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, e de Maria Antônia Pereira de Foyos Ferrão Castelo Branco (1708-1766).[4] Seu pai José Leite de Sousa fora capitão-geral de Mazagão em 1752 e tenente-general na Guerra de Sucessão.[4]

Nascido numa família da alta nobreza, Francisco de Paula Leite de Sousa era fidalgo por nascimento, e teve seu filhamento de cavaleiro da Casa Real por alvará de 7 de abril de 1755.[4] Destinado à vida militar, sentou praça em 5 de março de 1762 no Regimento de cavalaria do Caés (depois nº 7), então aquartelado na vila de Veiros.[4] Em 1763, passou para o serviço da Real Armada, e integrou a Royal Navy, em guarda marinha, fazendo brilhante carreira nas marinhas britânica e portuguesa até alcançar o posto de chefe de esquadra em 1799.[4][5] Comandou não só diversas diversas naus e fragatas (as naus Bom Sucesso em 1766 e 1784, Belém em 1768, Madre de Deus em 1781 e 1790, Rainha em 1799, Santo António em 1781, as fragatas São João Baptista em 1771, Tritão em 1791, etc.[1]), em que liderou ataques e foi em diferentes comissões a Ásia, a África e a América, como também chefiou esquadras e armadas.[1]

Foi à Índia em 1774 de guarnição na nau Madre de Deos, de que era comandante e capitão de Mar e Guerra Sanches de Brito.[4] Distinguiu-se no ataque de Argel em 1784,[6] no contexto da expedição punitiva conjunta de Portugal e da Espanha contra os Argelinos, indo por capitão-tenente da nau Bom Sucesso[7] na esquadra do coronel Bernardo Ramires Esquível.[4][8] Na altura, a cidade norte-africana era a principal base dos corsários barbarescos, e o objectivo do bombardeamento (de 10 a 21 de Julho) era fazer cessar as suas actividades, o que foi alcançado até começarem as guerras Napoleónicas.[9] Foi a Nápoles em 1792 por capitão de bandeira da nau Rainha de Portugal, na expedição do almirante Sancho de Brito.[4] Entretanto, a 13 de Março do mesmo ano, recebeu em mercê a administração e os rendimentos da Capela, instituída pelo D. José de Sousa Cardoso, nas Igrejas de S. Francisco de Elvas.[10] Durante a campanha do Rossilhão contra a França Revolucionária, achou-se por comandante da nau Princeza da Beira, na divisão naval que em 1794 cruzou no canal de Inglaterra unida à de Lord How.[4] Fazia parte da esquadra portuguesa (constituída por seis naus, duas fragatas e dois bergantins) enviada em 1793-1794 para o canal da Mancha a pedido do governo inglês em auxílio do Reino Unido,[11][12] juntamente com o capitão de mar e guerra Domingos Xavier de Lima que comandava a nau Vasco da Gama.[13][14] Teve por comissão em 1797 ir pacificar as ilhas de São Tomé e Príncipe, que tinham entrado em revolta.[1][4] Deu segurança a vasos de comércio e comboios, constando um deles de 122 navios mercantes, além dos de guerra, que conduziu a salvamento debaixo de sua guarda dos portos da América, através de inumeráveis embarcações inimigas, que infestavam os mares, entrando no porto de Lisboa a 10 de setembro de 1798 com esta mais importante frota, que encheu de ouro os cofres do Real Erário e a praça comercial de Lisboa.[4]

Deixando o serviço na Marinha, regressou ao Exército português como marechal de campo em maio de 1799.[4] Em 1804, foi nomeado governador do castelo de São Filipe de Outão na vila de Setúbal.[1] Tenente-general em 1807, foi nomeado comandante das linhas de defesa do Tejo.[1] No ano seguinte, em 1808, foi governador das Armas do Alentejo sendo um dos responsáveis pela resistência às invasões francesas durante a guerra peninsular. Foi o "primeiro português da sua classe que se bateu em campo com as aguerridas tropas" de Napoleão Bonaparte, comandadas pelo general Loison.[4][15] Em 1814, foi nomeado governador das Armas da corte e da província da Estremadura.

Serviu também na Índia, onde foi Conselheiro de Guerra, diversas vezes condecorado. Foi comandante em chefe (interino) do Exército português em 1818 e 1820,[1][3] na ausência do marechal-general William Carr Beresford.[4] Foi criado visconde de Vieiros (em duas vidas) em 11 de Março de 1822.[4]

Vida privada[editar | editar código-fonte]

Casou a 6 de Novembro de 1816 com sua sobrinha Maria de Santo Antônio Freire de Saldanha Noronha e Lima (1787 - 1846) filha do conselheiro Fernão Pereira Leite de Sousa e Foyos e de Maria Rita de Sousa Freire de Saldanha Noronha e Lima. Tiveram duas filhas, em 1817 e 1820, uma das quais foi a segunda viscondessa de Veiros. Morreu de cólera morbus.[4]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Souto Maior, João de Mello e Sousa da Cunha, Visconde de Veiros (1793-1854), Memoria genealogica, e biografica dos tres tenentes generaes Leites da caza de S. Thomé d'Alfama : dividida em dous volumes, Lisboa - Typ. da Academia de Bellas Artes - 1838.[5]
  • João Carlos Feo Cardozo de Castello Branco e Torres e Manuel de Castro Pereira de Mesquita, Resenha das familias titulares do Reino de Portugal acompanhada das noticias biographicas de alguns individuos das mesmas familias, Imprensa Nacional, Lisboa, 1838.
  • Martinez Guanter, Antonio Luis. Don Antonio Barceló, el "Capitán Toni. Revista de Historia Naval.[16]
  • Gomes, Telmo, Navios Portugueses - Séculos XIV a XIX, Edições Inapa, 1995.
  • Esparteiro, A.M., Catálogo dos Navios Brigantinos (1640-1910), Centro de Estudos da Marinha, 1976
  • "O Ilustre Almirante Marquês de Nisa", Jorge Manuel Moreira Silva, Revista da Armada, nº 380, Novembro de 2004.
  • O Almirante Marquês de Nisa, António Marques Esparteiro, Edições Culturais da Marinha, Lisboa 1987

Referências

  1. a b c d e f g British Museum (1833–1850). «Francisco de Paula Leite de Souza, Visconde de Veiros». Portrait of Francisco de Paula Leite de Sousa, Viscount of Veiros, half-length, in profile to left, in oval frame with flags on either side, surrounded by wreaths celebrating his various achievements, and figures symbolising the four continents Lithograph. Print made by António dos Santos Dias. Printed by Manuel Luís da Costa. Consultado em 24 de Junho de 2015 
  2. British Museum, Print made by António dos Santos Dias. Printed by Manuel Luís da Costa (1833–1850). Francisco de Paula Leite de Souza, Visconde de Veiros. [S.l.: s.n.] 
  3. a b Dias, António dos Santos, fl. 1838-1852. «Francisco de Paula Leite de Souza, Visconde de Veiros» (Pdf). [Lisboa? : s.n., ca. 1840?] ([Lisboa] : : Off. de M. e l Luiz). 1 gravura : litografia, p&b ; 45,3x34,6 cm (dim. da comp. sem letra). Biblioteca Nacional de Portugal - Biblioteca Nacional Digital. Consultado em 24 de Junho de 2015 
  4. a b c d e f g h i j k l m n o p Manuel de Castro Pereira de Mesquita, João Carlos Feo Cardozo de Castello Branco e Torres (1838). Resenha das familias titulares do Reino de Portugal acompanhada das noticias biographicas de alguns individuos das mesmas familias. [S.l.]: Imprensa nacional. p. 287-291. 301 páginas 
  5. a b «Memoria genealogica, e biografica dos tres tenentes generaes Leites da caza de S. Thomé d'Alfama : dividida em dous volumes : Souto Maior, João de Mello e Sousa da Cunha, Visconde de Veiros, 1793-1854, author : Free Download & Streaming». Internet Archive. Consultado em 24 de junho de 2015 
  6. Montagnon, Pierre (1986). La conquête de l'Algérie: Les germes de la discorde. [S.l.]: Editions Flammarion 
  7. Na altura a nau Nossa Senhora do Bom Sucesso fazia parte da Esquadra de Guarda-Costa.
  8. Martinez Guanter, Antonio Luis. Don Antonio Barceló, el "Capitán Toni. Revista de Historia Naval.
  9. Sánchez Doncel, Gregorio (1991). Presencia de España en Orán (1509-1792). Toledo: Instituto Teológico de San Ildefonso, p. 277.
  10. Registo Geral de Mercês de D. Maria I, liv.27, f. 83v (13 de março de 1792). «Francisco de Paula Leite de Sousa». Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Consultado em 24 de Junho de 2015 
  11. "O Ilustre Almirante Marquês de Nisa", Jorge Manuel Moreira Silva, Revista da Armada, nº 380, Novembro de 2004.
  12. O Almirante Marquês de Nisa, António Marques Esparteiro, Edições Culturais da Marinha, Lisboa 1987.
  13. GOMES, Telmo, Navios Portugueses - Séculos XIV a XIX, Edições Inapa, 1995
  14. ESPARTEIRO, A.M., Catálogo dos Navios Brigantinos (1640-1910), Centro de Estudos da Marinha, 1976.
  15. Santa Maria, João de Mello e Sousa da Cunha, 1838.
  16. «Biografia de Don Antonio Barceló, el "Capitán Toni". Corsario español». www.todoababor.es. Consultado em 25 de junho de 2015