François Gérard

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François Gérard
François Gérard
Nome completo François Pascal Simon Gérard
Nascimento 4 de maio de 1770
Roma,  Estados Papais
Morte 11 de janeiro de 1837 (66 anos)
Paris,  França
Progenitores Mãe: Cleria Matteï
Pai: J. S. Gérard
Ocupação Pintor

François Pascal Simon Gérard, Barão Gérard (Roma, 4 de maio de 1770Paris, 11 de janeiro de 1837[1]) foi um pintor e gravador neo-clássico francês que se destacou como retratista. Os seus retratos, em especial os femininos, são notáveis pela delicadeza do traço e pela simplicidade e franqueza de expressão.

Biografia[editar | editar código-fonte]

François Gérard nasceu em Roma, onde o seu pai, J. S. Gérard, ocupava um posto na embaixada francesa. A sua mãe, Cleria Matteï,[2] era italiana. Com 12 anos de idade partiu para Paris, depois de ter sido admitido na Pension du Roi, um internato daquela cidade destinado a filhos de oficiais e altos funcionários deslocados por razões profissionais para fora dos grandes centros.

Depois de permanecer alguns anos na Pension, passou a frequentar como aprendiz o estúdio do escultor Augustin Pajou. Dois anos depois transferiu-se para o estúdio do pintor Nicolas-Guy Brenet,[3] especializado em temas históricos, que abandonou quase imediatamente para ir trabalhar com Jacques-Louis David, retratista que seria a sua principal influência estilística.

Em 1789 apresentou-se a concurso para o Prix de Rome, que nesse ano foi vencido pelo seu colega Girodet. No ano seguinte (1790), voltou a competir, mas o falecimento de seu pai impediu-o de completar o trabalho que pretendia apresentar, forçando-o a acompanhar a mãe em Roma.

Em 1791 voltou para Paris com o objectivo de continuar a sua formação como pintor, mas as dificuldades financeiras em que mergulhara a sua família obrigaram-no a procurar um emprego que lhe permitisse sobreviver. O seu mestre, Jacques-Louis David, veio de imediato em sua ajuda, oferecendo-lhe trabalho no seu estúdio. Ali trabalhou em vários retratos, entre os quais o de Le Pelletier de St. Fargeaumay, uma das obras mais célebres de Jacques-Louis David, que deve muito ao trabalho de Gérard. A obra foi executada em princípios de 1793, ano em que Gérard, a pedido de David, foi nomeado membro do tribunal revolucionário, mas de cujas decisões mais controversa esteve invariavelmente ausente.

Obteve o primeiro lugar numa competição artística realizada em 1794, cujo tema era o 10 de Agosto. Estimulado pelo resultado no concurso e pelo sucesso do seu amigo e rival Girodet nas edições do Salon de Paris de 1793 e 1794, Gérard, com a ajuda desinteressada do miniaturista Jean-Baptiste Isabey, produziu em 1795 a sua famosa obra Bélisaire.

No ano de 1796 um executou um retrato de Isabey (hoje no Louvre) que obteve um sucesso indisputado e com o dinheiro que recebeu de Isabey produziu em 1797 a sua obra Psyche et l'Amour.[4] Finalmente, em 1799, o seu retrato de Madame Mère estabeleceu a sua posição como um dos principais retratistas da sua época.

Em 1808 teve 8 retratos da sua autoria seleccionados para exibição no Salon de Paris daqueles anos, a que se seguiram 14 na edição de 1810. Estes números são uma boa indicação da fama e da dimensão numérica da sua obra, com dezenas de retratos completados em cada ano. Todas as figuras gradas do Império e da Restauração e as maiores celebridades masculinas e femininas da Europa, quiseram ser retratados por Gérard.

Esta voga extraordinária deveu-se em parte ao charme e à forma encantadora como recebia e mantinha uma conversação, o que fazia com que o seu salão fosse tão frequentado quanto o seu estúdio. Por eles passaram personalidades como Madame de Staël, George Canning, Talleyrand e o Duque de Wellington, as quais deram amplo testemunho da sua cortesia e gentileza de trato.

Rico e famoso, Gérard era atormentado pelo remorso das ambições que abandonara ao se dedicar ao retratismo. Tentava então demonstrar a sua mestria em outros temas, na sua rivalidade com Girodet e outros, pintando obras de carácter histórico ou mitológico como Bataille d'Austerlitz (1810) e L'Entrée d'Henri IV à Paris (hoje em Versalhes), pintado em 1817 em homenagem ao regresso dos Bourbons. Nelas mostrou inventividade e versatilidade de estilo que permitem colocá-lo entre os grandes pintores do tempo. Após a Restauração, a fama de Gérard declinou, fora observar com desgosto e impotência o avanço do movimento romântico e a inevitável mudança de gostos e de modismos.

Coberto de honrarias — barão do Império em 1819, membro do Institut de France a 7 de Março de 1812, oficial da Légion d'honneur, primeiro pintor da Casa Real — manteve-se activo, embora triste e desencorajado. O advento da Revolução de 1830 veio aumentar o seu desconforto e a 11 de Janeiro de 1837, depois de três dias de febre, falecia em Paris, quase esquecido.

Gérard ficou célebre pelos seus retratos e, embora a cor da sua pintura tenha sido alvo de críticas menos favoráveis, a delicadeza e pureza do traço da sua obra é notável, especialmente nos retratos femininos onde é patente um toque de franqueza e simplicidade de expressão que dá aos retratos um carácter de grande vivacidade. Uma rua (Rue François-Gérard) recorda o seu nome na toponímia de Paris.

Entre os seus estudantes mais famosos conta-se o pintor alemão Heinrich Christoph Kolbe.

Obras mais conhecidas[editar | editar código-fonte]

  • Portrait de la reine Luise de Prusse, vers 1795-1800
  • Allégorie Psyché et l’Amour, 1798, Paris, Museu do Louvre
  • Portrait de l’Impératrice Joséphine à la Malmaison, 1799
  • Portrait de Désirée Clary, 1800
  • Allégorie 'Ossian invoque les Esprits, 1801
  • Madame Bonaparte dans son salon, 1801, Rueil-Malmaison, châteaux de Malmaison et Bois-Préau.
  • Portrait de Madame Tallien, 1804, Paris, Museu Carnavalet
  • Portrait de Marie Laczynska, comtesse Walewska puis comtesse d'Ornano, vers 1811-1812, Paris, Museu de l'Armée
  • Portrait d’Antoine-François Fourcroy, 1808, Châteaux de Versailles et Trianon
  • Portrait buste de Napoléon Bonaparte, Premier Consul, 1803, Chantilly, Musée Condé
  • Portrait de Juliette Récamier assise, 1802, Paris, Museu Carnavalet
  • Portrait de Caroline Murat entourée de ses enfants, Musée national du château de Fontainebleau
  • Portrait de Joachim Murat roi de Naples, château de Versailles,
  • Représentation de l’Entrée d’Henry IV à Paris, musée du château de Versailles
  • Le Sacre de Charles X, vers 1825, Reims, Palais du Thau: voir le tableau
  • Portrait de Marie-Louise 1791 - 1847, archiduchesse d’Autriche, Impératrice des français et Napoléon-François 1811 - 1832, roi de Rome, musée national des châteaux de Versailles et du Trianon
  • Représentation de Napoléon à cheval à la Bataille d’Austerlitz, 1805, Château de Versailles, Galerie des Batailles
  • Esquisse du Général Jean-Victor Moreau, musée de Versailles
  • Portrait de Talleyrand assis, 1806, château de Valencay
  • Allégorie Les trois âges de l’Homme, 1806, Chantilly, Musée Condé
  • Portrait de l’Empereur Napoléon I en robe de sacre, vers 1806, Musée national allemand d’Histoire / possession royale de Suède/ plusieurs copies sur lithon (musée Rijk d’Amsterdam)
  • Portrait de Napoléon Ier, 1808
  • Portrait du Tsar Alexandre Ier de Russie, 1814, musée cantonal des Beaux-Arts de Vaux (Suisse)
  • Portrait d’Hortense de Beauharnais
  • Portrait de Joséphine Impératrice
  • Portrait de Constance Ossolinska Lubienska, 1814, Paris, musée du Louvre
  • Portrait de Louis-Philippe, 1823, musée du château de Versailles
  • Portrait de Thomaso Sgricci, 1824, Modène, Musée d’Art Médiéval et Moderne
  • Fresques allégoriques murales du Panthéon (Paris) : la Mort, la Patrie, la Gloire, la Justice, 1821 - 1827
  • Portrait d’Alphonse de Lamartine, 1831, musée du château de Versailles
  • Portrait de la Dame à la Harpe, collection particulière
  • Portrait du Prince Eugène de Suède tenant sa fille par la main, Suède
  • Portrait de Jean-Nicolas Corvisart, musée de Versailles
  • Portrait d’Eugénie de Beauharnais
  • Portrait de la Comtesse Regnault de Saint-Jean d’Angely, Paris, musée du Louvre

Galeria[editar | editar código-fonte]

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Notas

  1. Algumas fontes apontam como data de nascimento o dia 4 de Maio de 1770, contudo a inscrição existente no seu túmulo (Cemitério de Montparnasse, 1.ª Divisão) é a seguinte: "Ici reposent — François Pascal Simon baron Gérard, né à Rome le 12 mars 1770, mort à Paris le 11 janvier 1837 — Jacques Alexandre Gérard, né à Paris le 13 avril 1780, mort à Paris le 28 octobre 1832 — Marguerite Françoise Matteï, [épouse] de F. Gérard, née à Rome le 7 avril 1775, morte à Auteuil le 1er décembre 1848 — Sophie Catherine Sylvoz, [épouse d'Alexandre] Gérard, née à Chambéry le 8 [octobre] 1792, morte à Paris le 16 mars 1867 — La famille à leur mémoire chère."
  2. Henri Gérard 1888
  3. Nicolas-Guy Brenet (1728-1792), professor na Académie royale de peinture et de sculpture, 1778. Michael Bryan, Dictionary of Painters and Engravers, s.v. "Brenet, Nicolas Guy". Brenet foi também mestre de Jean Germain Drouais.
  4. Na Hong Kong Book Fair de 2007, a Television and Entertainment Licensing Authority de Hong Kong forçou o editor de um livro chinês, traduzido de coreano, intitulado Love Mythology: Love stories in Greek and Roman Mythology: 12 Keys to Understand Myths of Love Theme (Autor: Lee Eyun Kee Editor: [Taiwan] Yuan Liou) que tinha "Psyché et l'Amour" de Gérard na capa a retirá-lo temporariamente de vendo por considerar a obra do pintor como indecorosa.

Referências