Freira-do-bugio

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaPterodroma feae
freira-do-bugio

Estado de conservação
Quase ameaçada
Quase ameaçada (IUCN 3.1)
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Procellariiformes
Família: Procellariidae
Género: Pterodroma
Espécie: P. feae
Nome binomial
Pterodroma feae
(Salvadori, 1899)
Sinónimos
Pterodroma mollis feae

Pterodroma feae, conhecida pelos nomes comuns de freira-do-bugio, grazina, faia(Cabo Verde) ou gon-gon, é uma ave da família Procellariidae, endémica da Macaronésia.

Descrição[editar | editar código-fonte]

A freira do Bugio apresenta plumagem cinzento-escura na parte superior do corpo e interior das asas, sendo o resto do corpo branco. Na cabeça esta ave tem uma superfície branca entre o bico, que é preto e robusto, e os olhos. O resto da cabeça é escuro, com o topo cinzento-escuro. Normalmente voa a alta velocidade em formações em "V" a grande altitude (10/40 m) sobre o mar, raramente batendo as asas. Não há diferença entre machos e fêmeas. É facilmente confundida com a freira-da-madeira devido às características semelhantes, embora a freira-do bugio seja ligeiramente maior e com um bico muito mais possante.[1] Socialmente é uma ave solitária, ou integrada em pequenos bandos. Mede entre 35 a 37 cm, e tem uma envergadura de asas de 92 a 95 cm.[2]

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

É uma espécie endémica da Macaronésia, nidificando exclusivamente nos arquipélagos da Madeira e de Cabo Verde (Santiago, Fogo, Santo Antão, São Nicolau).[3] No arquipélago da Madeira ocorre unicamente no Bugio, uma das três ilhas que compõem as Desertas. A sua distribuição parece ter sido mais ampla no passado, existindo registos fósseis que indicam a sua presença na Deserta Grande, Madeira e no Ilhéu da Cal (Porto Santo).[4]

A espécie nidifica em dois planaltos do Bugio, que se caracterizam pela existência de solo profundo (superior a 1 m) e suave, permitindo a escavação de ninhos.[5] Além dos ninhos que a própria ave escava, utiliza também tocas de coelhos abandonadas, buracos na rocha e zonas de pedras soltas, sendo este último habitat mais comum em Cabo Verde.[1] A distância entre a entrada do ninho e a câmara onde é depositado o ovo varia de ninho para ninho, podendo ser muito longa (superior a 2 m).[5]

População e reprodução[editar | editar código-fonte]

O ovo

A freira do Bugio chega às águas da Madeira por volta de Junho, depositando um único ovo no Verão (Julho/Agosto). As jovens crias deixam o ninho em Dezembro. Em Cabo Verde esta espécie parece deixar os ovos de Dezembro a Janeiro.[1]

Em 2002, com base num trabalho efectuado no planalto Sul e suas áreas adjacentes, a população total do Bugio foi estimada entre 173 e 258 casais reprodutores.[6] Não existem dados recentes sobre o estado da população existente no planalto Norte.[5]

Conservação[editar | editar código-fonte]

Esta espécie encontra-se listada no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal com o estatuto de Vulnerável, por possuir uma população pequena (inferior a 1000 indivíduos maturos) e apresentar uma área de ocupação reduzida (inferior a 20 km²), encontrando-se numa única localização.[5]

É uma espécie globalmente classificada como Quase Ameaçada (NT) (IUCN 2004a), que em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa é considerada Vulnerável (BirdLife International 2004).[5]

Está, no entanto, naturalmente protegida pela acessibilidade muito difícil que o Bugio apresenta.[7]

Ameaças[editar | editar código-fonte]

Os coelhos, abundantes no Bugio , têm causado distúrbios às posturas destas aves. Uma vez que o Bugio é o único local no arquipélago onde estas aves nidificam, projectos de erradicação ou controlo dos coelhos têm sido analisados.[7]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. a b c Aves da Madeira, 2009.
  2. IUCN, 2009
  3. Ratcliff et al., 2000, citado em Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, 2006.
  4. Pieper, 1985, citado em Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, 2006.
  5. a b c d e Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, 2006.
  6. Geraldes, 2002, citado em Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, 2006.
  7. a b Madeira Nature, 2009.

Referências[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]