Função (música)

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Os acordes de cada função

Harmonia funcional, ou função diatônica ou simplesmente função, na música tonal é o papel específico de cada nota e acorde na harmônia em relação à tonalidade.

História[editar | editar código-fonte]

Contracapa do Tratado de Harmonia de Rameau

Jean Philippe Rameau é considerado o precursor da harmônia. Sua obra teve como seguidores diversos músicos contemporâneos, cujo um dos principais foi Hugo Riemann,[1] que adaptou e inovou a teoria harmônica, introduzindo novos conceitos, originando em 1887 uma teoria funcional criada para analisar a música tonal de uma maneira diferente de Rameau. A importância dos baixos dos acordes passam a dar lugar as funções tonais de tônica (estável), dominante (instável) e subdominante (meio estável - ponte de ligação entre ambas).[1]

Assim, os acordes que aparecem em uma determinada tonalidade são interpretados como funções tonais, ou variações das funções (dominantes secundários, diminutos dominantes, empréstimo modal, entre outros), e não mais como modulações passageiras. Essa teoria foi publicada no Brasil pelo compositor e musicólogo alemão, naturalizado brasileiro, Hans-Joachim Koellreutter.

Nos EUA, conforme o desenvolvimento dos gêneros popular e clássico, criou-se uma harmonia particular a cada estilo e começam a surgir novas idéias, baseadas nessa nova concepção de harmonia. A teoria funcional de Arnold Schoenberg, por exemplo, apresenta os conceitos de três funções tonais básicas: tônica (indica repouso/resolução), subdominante (indica afastamento da tônica) e dominante (indica tensão/direcionamento para a tônica).

No entanto, alguns livros lançados no Brasil indicam essa nova harmonia como uma harmonia funcional, que apesar da semelhança com Riemann, que analisa músicas eruditas europeias, como Bach e Mozart, mantém o mesmo nome.

Livros de Harmonia funcional como o de Almir Chediak, tratam baseados em cifras e escalas modais, diferente de Riemann. No livro de Ian Guest (harmonia II), ele faz uma introdução às teorias das funções de Riemann, porém não cita fontes.

Harmonia Funcional[editar | editar código-fonte]

Acordes de cada função (menor)

Em Harmonia se destacam três tipos de funções, quais sejam: Tônica, Dominante e subdominante.[2]

Função Tônica[editar | editar código-fonte]

É aquela que nomeia a tonalidade de uma peça musical. A função tônica almeja a estabilidade após uma cadência, busca o repouso da tonalidade. Em razão disso, é considerada a mais importante entre as três. Tem o I como grau principal e iii e vi como graus secundários.[3]

Função Dominante[editar | editar código-fonte]

É o reverso da tônica, pois cria instabilidade, dando a sensação de movimento ou tensão até que se encontre o repouso (função tônica). Atua como uma espécie de força gravitacional acústica. Tem o V como grau principal e o vii como grau secundário.[3]

Função Subdominante[editar | editar código-fonte]

Se dá como um afastamento da tônica, proporcionando, inclusive, uma sensação de mudança de tom ou modo dentro de uma peça musical. Tem o IV como grau principal e o ii como grau secundário.[3]

Expansão da função dominante[editar | editar código-fonte]

Acordes dominantes

Em razão da combinação de notas possíveis, diatônicas ou não, na formação de um acorde, surgem algumas possibilidades a serem exploradas dentro de um contexto tonal de uma peça musical ou até mesmo dentro da função harmônica. É o caso da função dominante que pode ser expandida.

Dominantes secundários

Para que se faça tal expansão é necessário que a fundamental do acorde que antecede a dominante esteja uma quarta justa acima da fundamental da dominante e que o trítono resolva de maneira convencional.[4]

Dominante estendida

Nada mais é do que um encadeamento de dominantes secundários.[5]

Acordes SubV

Os acordes subV ou substitutos do V, ocorre quando a posição das notas formadoras do trítono é invertida. Em uma função dominante diatônica, o acorde é formado por fundamental, terça maior, quinta justa e sétima menor, na qual o trítono é formado sobre as notas que ocupam as posições de terça maior e sétima menor. Ao inverter tal relação, colocando a sétima como terça e vice-versa, temos o surgimento de outro acorde, porém com a manutenção do trítono, permanecendo assim, a busca pela região tonal. Assim, o acorde resultante de tal alteração é o chamado "SubV".[6]

Tétrades diminutas

Pode-se dizer que esse acorde é uma superdominante, uma vez que a formação de uma tétrade diminuta se faz por dois trítonos. Por exemplo, em um acorde de Gº, temos a fundamental (G), a terça menor (Bb), a quinta diminuta (Db) e a sétima diminuta (Fb). Logo se encontra um trítono entre fundamental e quinta diminuta e entre terça menor e sétima diminuta, sendo que a relação fundamental-quintal é o trítono principal, que deverá ser usado como função dominante.[7]

Acorde V7sus4
Acorde 7sus4

Este acorde não constitui um nova subespécie de acorde dominante, mas tão-somente possibilidades de alteração em dominantes convencionais. Neste caso, substitui-se a terça maior pela quarta justa. Apesar de ser largamente utilizado, tal acorde não gera tanto sensação de movimento quanto o V7 comum, uma vez que um dos acordes que formam o trítono foi substituído.

Acorde V7alt

Assim como o acorde 7sus4, o acorde alterado não constitui um nova subespécie de acorde dominante, mas tão-somente possibilidades de alteração em dominantes convencionais. Tais alterações devem ser realizadas sem perder a funcionalidade e suas estruturas intervalares. Via de regra, a alteração ocorre na quinta e ou na nona de um acorde dominante deixando-as aumentadas ou diminutas.[8]

Ver também[editar | editar código-fonte]


Referências

  1. a b Collura, Turi. Harmonia funcional Parte 1. I Fórum internacional de Didática Musical - Faculdade Musical do Espírito Santo, 2006.
  2. Brisolla, Cyro. Princípios de Harmonia Funcional. 2ªed. São Paulo: Annablume, 2006.
  3. a b c Almada, Carlos. Harmonia funcional. Campinas: Ed. Unicamp, 2009, pp. 62-63.
  4. Almada, 2009, pp. 103-105
  5. Almada, 2009, pp. 110
  6. Almada, 2009, pp.124-126
  7. Almada, 2009, pp.132-135
  8. Almada, 2009, pp 142-143
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