Gália (São Paulo)

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Gália

Município de Gália

  Município do Brasil  
Cafezal em Gália
Cafezal em Gália
Cafezal em Gália
Símbolos
Bandeira de Gália
Bandeira
Brasão de armas de Gália
Brasão de armas
Hino
Lema Gália, a Princesinha da Seda
Gentílico galiense
Localização
Localização de Gália em São Paulo
Localização de Gália em São Paulo
Localização de Gália em São Paulo
Gália está localizado em: Brasil
Gália
Localização de Gália no Brasil
Mapa
Mapa de Gália
Coordenadas 22° 17' 27" S 49° 33' 10" O
País Brasil
Unidade federativa São Paulo
Municípios limítrofes Garça, Presidente Alves, Avaí, Fernão, Lupércio, Ubirajara, Duartina e Lucianópolis
Distância até a capital 401 km
História
Fundação 14 de abril de 1928 (96 anos)
Emancipação 14/04/1928
Administração
Prefeito(a) Renato Inácio Gonçalves (PSD, 2021 – 2024)
Vereadores 09
Características geográficas
Área total [1] 355 914 km²
 • Área urbana 1,93 km²
População total (Censo IBGE/2022[2]) 6 380 hab.
Densidade 0 hab./km²
Clima Subtropical úmido (Cfa)
Altitude 561 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
Indicadores
IDH (PNUD/2000[3]) 0,745 alto
PIB (IBGE/2008[4]) R$ 64 879,119 mil
PIB per capita (IBGE/2008[4]) R$ 9 606,03
Sítio https://galia.sp.gov.br/portal/ (Prefeitura)
https://www.galia.sp.leg.br/ (Câmara)

Gália é um município brasileiro do estado de São Paulo.

História[editar | editar código-fonte]

Fundada em 14 de abril de 1928, o povoamento da região onde hoje o município se localiza teve início em 1906, quando o primeiro engenho de cana-de-açúcar foi instalado por Bernardo José dos Santos e sua família, precisamente nas terras localizadas entre as nascentes do rio Feio e do Peixe. Logo em seguida, os coronéis Galdino Manoel Ribeiro, Pedro Alves Pacheco e Eduardo de Souza Porto, além de Manoel Laureano Ribeiro, entre outros, iniciaram um povoado às margens do Ribeirão das Antas, dividindo os primeiros lotes e fazendo o traçado das ruas. Em 25 de março de 1925 foi fundado o povoado de São José das Antas, pelo Cel. Galdino Manoel Ribeiro. Com a chegada da estrada de ferro pertencente à Companhia Paulista de Estradas de Ferro, foi instalada uma estação denominada Gallia, em homenagem ao antigo nome do território francês. Em setembro de 1926, passou a ser distrito do município de Duartina com a denominação de Anta. Em 20 de Dezembro de 1927, foi desmembrada de Duartina, passando a se chamar Gallia, e em 14 de Abril de 1928 foi oficialmente constituído Distrito Sede. Não se sabe ao certo quando a denominação de "Gallia" mudou para "Gália"; muito provavelmente, no acordo ortográfico. Além do distrito homônimo, o município de Gália era composto também pelo distrito de Fernão (anteriormente chamado de Fernão Dias) até 1995, quando este se desmembrou do município de Gália passando a constituir Distrito Sede do recém emancipado município de Fernão.

Lista dos prefeitos:[5]

Lista de prefeitos de Gália (São Paulo)
Nome Mandato
Jorge Fray Junior 14/04/1928 à 14/01/1929
Galdino Manoel Ribeiro 15/01/1929 à 31/10/1930
Celso Coelho de Oliveira 01/11/1930 à 31/12/1930
Álvaro César Soares 01/01/1931 à 31/03/1931
Og Pupo 01/04/1931 à 09/07/1932
Aracy César Soares 09/07/1932 à 30/09/1932
Og Pupo 01/10/1932 à 24/10/1933
Aracy César Soares 26/10/1933 à 22/05/1936
Aracy César Soares 23/05/1936 à 28/07/1938
José Rodrigues de Miranda 28/07/1938 à 24/08/1942
Antônio Nora 24/08/1942 à 27/03/1947
Durvalino Donda 27/03/1947 à 08/05/1947
Almansor Pellegrini 09/05/1947 à 31/12/1947
Custódio de Araújo Ribeiro 01/01/1948 à 31/12/1951
Antônio Nora 01/01/1952 à 31/12/1955
Custódio de Araújo Ribeiro 01/01/1956 à 25/05/1959
João Ottonicar 26/05/1959 à 31/12/1959
João Ferreira 01/01/1960 à 31/12/1963
Romeu Scaramucci 01/01/1964 à 31/01/1969
Oswaldo Ferreira 01/02/1969 à 31/01/1973
Celso Bonini 01/02/1973 à 31/01/1977
Shiger Yamasaki 01/02/1977 à 31/01/1983
Aliato Sasso 01/02/1983 à 31/12/1988
Newton Rodrigues Freire 01/01/1989 à 31/12/1992
Ermano Piovesan 01/01/1993 à 31/12/1996
Ari Carlos Beraldin Prefeito Eleito
Sidrachi Pires de Almeida 01/01/1997 à 31/12/2000
Ermano Piovesan 01/01/2001 à 31/12/2004
Ermano Piovesan 01/01/2005 à 31/12/2008
Renato Inácio Gonçalves 01/01/2009 à 31/12/2012
Newton Rodrigues Freire 01/01/2013 à 31/12/2016
Renato Inácio Gonçalves 01/01/2017 à 31/12/2020
Renato Inácio Gonçalves 01/01/2021 à atualidade

Geografia[editar | editar código-fonte]

Localiza-se a uma latitude 22º17'29" sul e a uma longitude 49º33'10" oeste, estando a uma altitude de 561 metros. Sua população estimada em 2022 era de 6.380 habitantes[6]. O relevo é suave ondulado com solo arenoso. Seu clima é subtropical úmido com temperatura média de 21 °C. A vegetação é predominantemente típica de florestas subtropicais com grandes matas e pequenas áreas de vegetação arbustiva, isto é, clareiras. Faz divisa ao norte com Presidente Alves e Avaí, ao sul com Alvinlândia e Ubirajara, a leste com Duartina, Lucianópolis e Fernão, e a oeste com Garça.

Possui uma área de 355,914 km²[6].

Meio Ambiente[editar | editar código-fonte]

Estação Ecológica Caetetus

A Estação Ecológica de Caetetus é uma Unidade de Conservação sob a administração do Governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria do Ambiente-Instituto Florestal. Localizada entre os Municípios de Gália e Alvinlândia, cuja criação se deu através do Decreto 26.718 de 02/06/1987, é considerada a segunda maior reserva do Estado de São Paulo.

A unidade conta com uma área total de 2.178,86 hectares de Floresta Estacional Semidecidual (Mata Atlântica de Interior) protegidos por lei, de acordo com o SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Lei 9.985/00). Por isso, o acesso à área é permitido apenas com objetivos de educação ambiental e pesquisas científicas, sempre com visitas monitoradas e previamente autorizadas pela administração da unidade.

A Estação Caetetus protege o ecossistema da mata atlântica, abrigando espécies da fauna como o mico-leão–preto, a onça parda, o cateto, o queixada, dentre outros. A biodiversidade existente é ampla: são encontradas centenas de espécies de passeriformes, dentre eles sabiás, azulões, canários da terra, maritacas, papagaios, tucanos, aves de rapina, gaviões, corujas, além de mamíferos como a anta, capivara, pacas, cutias, animais carnívoros como a onça parda, cachorro e gato do mato, e dentre os primatas, o mico-leão-de-cara-preta, saguis, entre tantos outros de inestimável valor para a sustentabilidade.

Na floresta da unidade, encontram-se árvores com mais de 30 metros de altura, de espécies como o jequitibá-branco, a cabreúva, a peroba, o jatobá, o guaritá, o cedro, o pau-marfim etc. Dentro da Estação, existem algumas quedas d’águas, mas, para não colocar em risco o ecossistema, que nessas áreas é muito frágil, esses locais não são acessíveis aos visitantes.

O local possui infra-estrutura muito agradável para se conhecer, dispondo de museu, local para exposições e palestras, trilhas no interior da mata, cachoeiras e lagos naturais e contato direto com a natureza e os animais no seu estado selvagem, além de hospedaria que acomoda grupos de estudantes e pesquisadores.

Religião[editar | editar código-fonte]

A população do Município de Gália é de maioria Católica Romana. No Município existe a Paróquia de São José de Gália, cujo atual pároco é o Pe. Márcio José Cattache. A Paróquia pertencente à Diocese de Bauru, que tem como bispo Dom Rubens Sevilha.

Economia[editar | editar código-fonte]

  1. Ciclo do café

O primeiro ciclo econômico que motivou a chegada de muitas famílias ao terrirtório galiense foi caracterizado pela produção de café. Destaca-se, nesta época, o empreendimento agrícola que é até hoje conhecido como Companhia inglesa. Segundo o relato de Hamilton Carvalho, ex-morador da fazenda dos ingleses:

"Em 1924, um grupo de investidores ingleses criou uma companhia em Londres com o objetivo de implantar um empreendimento agrícola no Brasil. A empresa recebeu a denominação legal de “BRASIL WARRANT”.

Seguido ao relato de Armando Yoshinaga filho de Hisahiko e irmao de Fusae Yoshinaga, "E importante tambem mencionar como a familia Yoshinaga ajudou a crescer Galia, com a compania Inglesa, pois tiveram bons comercios na decadas de 30 a 40. O senhor Hisahiko Yoshinaga era comerciante na cidade de Galia em frente a igreja, que o estabelecimento era chamado Casa Tateichi. Eles tiveram bons empreendimentos com companhia Inglesa. Na época, no Brasil, o café era rei. Assim, a cultura de escolha seria uma fazenda de café. A empresa brasileira, subsidiaria da Brasil Warrant, foi denominada “Companhia Agrícola do Rio Tibiriçá”, pois a área escolhida para sua implantação, no município de Gália, SP, era perto das nascentes do rio Tibiriçá. A fazenda foi denominada SÃO JOÃO DO RIO TIBIRIÇÁ, mas era também conhecida pelo nome de “INGLESA”, ou “FAZENDA DOS INGLESES” ou “AGRÍCOLA” devido à sua origem e ao seu nome legal.

Sob qualquer ponto de vista, a Fazenda era um portento. Era uma vila, quase uma cidade, chegou a ter 3.000 residentes e, mesmo hoje, 50 anos depois, teria mais habitantes que 40 municípios atuais do Estado de São Paulo.

A Fazenda tinha uma área de 2.500 alqueires, isto é, 6.250 hectares e três milhões de pés de café. Além disso, era uma grande produtora de algodão. Produzia sementes selecionadas de algodão e milho em convênio com a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. Era também um empreendimento industrial, pois chegou a ter fábrica de fio de seda, fábrica de pinga, fábrica de cal, serraria, fábrica de farinha de mandioca e moinho de milho para a produção de fubá. Dispunha de caminhões e maquinário agrícola o mais moderno da época, inclusive contratava aviões tipo teco-teco para pulverização de inseticida nas lavouras de café. Na estação ferroviária de Gália dispunha de um desvio com terminal próprio para embarque de café, sem interferir no tráfego ferroviário normal. Embarcava por ano, diretamente para o exterior, cerca de 50.000 sacas de café, trabalho executado pelos escritórios da Brasil Warrant em Santos. O café era beneficiado (retirado da casca) nas instalações da própria Fazenda.

Aquilo foi um terremoto na vida das famílias, pois a maioria já estava na Fazenda há anos. Consta que os ingleses ficaram descontentes com uma lei editada no governo do presidente Getúlio Vargas que estabelecia limites na remessa de lucros de companhias estrangeiras para suas matrizes no exterior. Decidiram, portanto, que o negócio não era mais viável e venderam a BRASIL WARRANT para o grupo Moreira Salles. Como a BRASIL WARRANT era a proprietária legal da fazenda, o grupo Moreira Salles passou a ser o novo proprietário.

Acontece que, o Sr. João Moreira Salles [pai do banqueiro Walther Moreira Salles], presidente do grupo, não se interessou pela fazenda e a vendeu para a CAIC – Companhia de Agricultura, Imigração e Colonização (CAIC), empresa paulista subsidiária da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, cujo objetivo era o loteamento em propriedades menores, que poderiam com aumento de produtividade, proporcionar aumento de carga a ser transportada em seus trens.

A CAIC, como era sua função, decidiu encerrar o empreendimento e dividir a Fazenda em lotes. Todos os funcionários foram demitidos, com todos os direitos trabalhistas rigorosamente cumpridos. E todos começaram a procuram uma alternativa para suas vidas.

Diariamente partiam caminhões com as mudanças. Um tempo se encerrava e outro começava. Hoje, a Fazenda ainda existe na memória dos que lá viveram, e já são poucos. A maioria dos lotes criados pela CAIC, salvo algumas alterações, permanecem em suas confrontações originais. A CAIC juntamente com a Companhia Paulista de Estradas de Ferro empresas modelo, lamentavelmente foram desapropriadas pelo governo do Estado de São Paulo, na gestão do governador Carvalho Pinto. Fica esta memória."[7]

2. Ciclo da seda

Com a derrocada do café no estado de São Paulo, muitas cidades que dependiam economicamente de sua produção definharam. Em busca de outro cenário que guiasse seu desenvolvimento, os cidadãos de Gália, acolheram, com todas as esperanças por um futuro próspero, a chegada do “Bicho da Seda”. A seda para a cidade de Gália foi muito importante. Graças a uma pequena larva, o município conseguiu manter o ritmos de sua economia.

O início da criação do Bicho da Seda em Gália aconteceu por volta de 1960. O pioneiro a trazê-la para o município de Gália, descobrindo que este seria um grande investimento, foi o Sr. Luciano Rivaben. Este personagem teve ao seu favor uma região que era propicia para criação, manutenção e propagação desse tipo de produção, já que existe todo um processo minucioso, que precisa ser respeitado para podermos chegar ao fio da seda.[8]

No período de 1968 a 1973, o Brasil passava por um momento favorável de sua economia, denominado de “Milagre Econômico Brasileiro” (veloso et al., 2008). As empresas voltadas à exportação, entre elas as fiações de seda, foram beneficiadas em função de fatores como: políticas monetárias e de crédito expansionistas, incentivos à exportação e um quadro de grande expansão da economia internacional. As exportações de fio de seda brasileiras, a partir de 1971, tiveram aumento significativo, refletindo a expansão industrial ocorrida no setor sericícola (murayama, 1983). Em 28 de setembro de 1971, por decreto do governador Laudo Natel, foi atribuída à Companhia Agrícola Imobiliária e Colonizadora (C.A.I.C) a administração de uma gleba de terras (fazenda São Vicente), situada em Gália, com o fim específico de ser colonizada e loteada, para a exploração sericícola. Esta fase de progresso econômico durou até a Crise Internacional do Petróleo, que se deu a partir de 1973. Com o agravamento da situação ocorreu a paralisação da exportação de fios de seda para o Japão, surgindo assim, nova crise sericícola nacional. A exportação brasileira de fios de seda, que em 1973 atingiu um pico de 24 mil toneladas, sofreu uma redução de 32%, passando a 16,3 mil toneladas em 1974.[9]

Após a crise de 1973, a Sericicultura brasileira teve grande desenvolvimento em função de fatores como: entrada de investimentos de novas empresas de capital japonês no país, níveis recordes de preços do fio de seda no mercado internacional, transformação do Japão, de país produtor em comprador e a expansão da atividade para novos estados.

Em 30 de dezembro de 1975, no governo de Paulo Egydio Martins, a Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura passa por um processo de organização (Decreto nº 11.138, de 03/02/1978). As pesquisas na área de sericicultura ficaram distribuídas no Posto de Sericicultura de Gália (Artigo 39 – XVIII), no Posto Experimental de Limeira (Artigo 39 – XX) e na Seção de Sericicultura, com setor de tecnologia de seda, em Nova Odessa (Artigo 3 9 – VIII). As unidades mantiveram-se vinculadas à Divisão de Zootecnia Diversificada (Artigo 42), do Instituto de Zootecnia.

Entre as décadas de 1970 e 1980, o Brasil contava com dez empresas compradoras de casulos, instaladas principalmente em São Paulo, sendo essas: Fiação de Seda Bratac S/A – Bastos, SP; Sedas Shoei Bratac S/A – São José do Rio Preto, SP; Kobes do Brasil Ind. Com. Ltda – Marília, SP; Gunsan Fiação de Seda Ltda – Duartina, SP; Fiação e Tecelagem Linense – Lins, SP, Indústria de Seda Rivaben S/A – Charqueada, SP; Pabreu Com. Ind. de Tec. Finos – Itatiba, SP; Cocamar – Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas de Maringá Ltda. - Maringá, PR; Kanebo Silk do Brasil – Cornélio Procópio, PR; Minasilk Ind. Têxteis – Patrocínio, MG (okino et al., 1982).

Para determinados municípios do estado de São Paulo, localizados na região centro oeste, a sericicultura se tornou a principal atividade econômica. Sua importância se consolidou em virtude de fatores como: ser a seda um produto basicamente voltado ao mercado externo, o que atraiu empresas de nível internacional e, portanto, geradoras de divisas; apresentar como característica o uso intensivo da mão-de-obra familiar, fixando o homem ao campo e, principalmente, por ser uma atividade agroindustrial, gerando empregos tanto urbanos quanto rurais, com consequente fortalecimento do comércio e da economia regional como um todo. Cidades como Duartina, “Capital daSeda” e Gália, “Princesinha da Seda”, despontaram como centros produtores de seda, atingindo o auge entre as décadas de 1970 e 1990. Nesses municípios, além da presença das grandes fiações, se instalaram empresas de pequeno e médio porte, voltadas principalmente para o mercado interno, tais como: Indústria de Seda Rivaben S/A e Beraldin Sedas Indústria e Comércio Ltda. em Gália e Fiação e Torção Soseda S/A em Duartina.

Em 1988, no governo de Orestes Quércia, ocorre o fechamento do Posto Experimental de Limeira e, no ano seguinte, o Posto de Sericicultura de Gália é transformado, em caráter temporário, no Centro Estadual de Pesquisa Aplicada em Sericicultura (Decreto nº 29.758, de 17/04/1989). O local se manteve vinculado à Divisão de Zootecnia Diversificada do Instituto de Zootecnia, ficando com a responsabilidade exclusiva dos setores de pesquisa com amoreira, bicho-da-seda e tecnologia da seda.

A partir da década de 1990 ocorreu forte queda dos preços internacionais da seda, levando a um novo quadro de crise na sericicultura nacional. Outro fato relevante foi o Plano Real (1994), especialmente nos quatro primeiros anos, com a sobrevalorização do câmbio, como pilar de sustentação da estabilidade econômica. Houve, na época, grande dificuldadedo setor sericícola frente ao mercado externo, pelo desestímulo à exportação, provocado pela taxa de câmbio sobrevalorizada (ProJeto seda, 2000).

Em 15 de abril de 1998, no governo de Mário Covas, ocorre nova reorganização dos institutos de pesquisa do estado de São Paulo (Decreto nº 43.037). Por esse decreto, o Centro Estadual de Pesquisa Aplicada em Sericicultura (CEPAS) passa a ser denominado Estação Experimental de Zootecnia de Gália (EEZ/Gália), estando vinculado ao Núcleo de Pesquisas Zootécnicas do Planalto Central, do Instituto de Zootecnia e mantendo a função de pesquisa com amoreira, bicho-da-seda e tecnologia da seda. Na mesma época, viabilizou-se um importante projeto socioeconômico para o município de Gália e região, que foi o convênio SAA/Prefeitura Municipal de Gália, SP (nº 46.446/97, assinado em agosto de 1997 e oficializado pelo D.O.E. de 26/03/1998). Esse acordo teve vigência de onze anos (1998 a 2009), possibilitando a integração entre o estado (EEZ/Gália-SAA) o poder público municipal (Prefeitura Municipal de Gália, SP), empresas privadas e a comunidade produtiva, com a finalidade de produzir e fornecer ovos e lagartas do bicho-da-seda a sericicultores regionais, bem como desenvolver pesquisas em sericicultura. Nesse período, mais de 54 produtores foram atendidos e mais de 60 sirgarias foram reativadas na região, gerando empregos diretos e indiretos nas áreas urbana e rural e a publicação de mais de 40 artigos científicos, abrangendo especificamente a atividade sericícola.

Em abril de 2001, no governo de Geraldo Alckmin, foi criada a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios – APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (Lei Complementar nº 895, de 18/04/2001). Em janeiro de 2002, a APTA é reorganizada (Decreto nº 46.488, de 08/01/2002), com a criação do Departamento de Descentralização do Desenvolvimento (DDD) e a divisão do Estado em Polos Regionais de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios (PRDTA). A Estação Experimental de Zootecnia de Gália passou a ser denominada Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Gália, vinculada ao PRDTA do Centro Oeste (atualmente, a unidade de pesquisa científica rural Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios/APTA Regional de Gália[10]) e mantendo as mesmas atribuições de pesquisa.[11]

Em abril de 2016, o governador do estado de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB-­ SP) encaminhou para a ALESP, em caráter de urgência, o projeto de lei 328/16, que prevê a venda, a princípio, de 16 áreas dos Institutos de Pesquisa para a iniciativa privada (shoppings, incorporadoras e aeroportos, por exemplo). A justificativa é que, com a arrecadação desse dinheiro, o estado consiga o suficiente para poder reduzir impostos. O Projeto de Lei Nº 328 de 2016 pretende alienar imóveis pertencentes à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo sem audiência com a comunidade científica, enquanto o artigo 272 da Constituição Estadual/SP determina que o patrimônio físico, cultural e científico dos museus, institutos e centro de pesquisa são inalienáveis e intransferíveis sem prévia audiência da comunidade científica.

No dia 7 de junho de 2016, o Tribunal de Justiça de São Paulo expediu uma liminar barrando provisoriamente a alienação dos 79 imóveis do estado.

Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Gália/SP (Instituto de Zootecnia):

Com um total de quase 68 hectares, a Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Gália foi originalmente criada para o desenvolvimento de tecnologias na área de Sericicultura. Atualmente a proposta da Instituição é a execução de Programa de Pesquisa voltado à diversificação de atividades, com ênfase na Agricultura Familiar. Desenvolve estudos nas áreas de produção da amoreira (sericicultura, compostos fitoterápicos, forrageira animal), cana-de-­açúcar forrageira, consórcio café/macadâmia, criação do bicho-­da-­seda, sistemas silvipastoris e ovinocultura. Hoje, a UPD/Gália possui seis projetos registrados, em andamento: Banco ativo de germoplasma (bag) de amoreira, Desenvolvimento de medicamento fitoterápico com folhas de Morus Alba (Moraceae) para tratamento do climatério; Etapas tecnológicas para incremento da produção de gado por meio de sistema silvipastoril; Aimentação animal com cana-­de-­açúcar do Programa Cana IAC na região de Gália; Alternativas para ampliação da renda da cafeicultura no Estado de São Paulo: Consórcio de cafeeiro Arábica e Nogueira Macadâmia.[12]

3. Atualmente

Em 2013 o Produto Interno Bruto do município foi R$ 92.076,397 sendo: Serviços: 35.275,659; Agropecuária:

21.412,547; Indústria: 10.364,296; Administração e Serviços Públicos: 22.422,584 e Impostos: 2.601,311:[13]

Produto interno Bruto- Gália, 2013 92.076,397
Serviços 35.275,659
Agropecuária 21.412,547
Indústria 10.364,296
Administração e Serviços Públicos 22.422,584
Impostos 2.601,311

Neste mesmo ano a distribuição das pessoas ocupadas por setor da economia ficou assim distribuída[14]:

Pessoas ocupadas por setor- Gália, 2013
Agropecuária 487
Indústria 485
Serviços 421
Comércio 184

Nota-se que Gália é uma cidade ainda muito dependente do setor primário da economia, qual seja, o setor agropecuário. A agropecuária é o setor com a segunda maior participação no PIB do município e o primeiro em ocupação da população economicamente ativa. O chamado setor terciário, o setor de serviços, embora siga a tendência do Brasil como tendo a maior participação no PIB, é apenas o penúltimo em geração de emprego. A indústria, embora tenha se desenvolvido sobremaneira nas vizinhas Garça e Marília, em Gália é apenas a terceira em participação no PIB ainda que seja e segunda em ocupação da mão-de-obra.

Comunicações[editar | editar código-fonte]

A cidade foi atendida pela Companhia Telefônica Brasileira (CTB) até 1973,[15] quando passou a ser atendida pela Telecomunicações de São Paulo (TELESP), que construiu a central telefônica utilizada até os dias atuais. Em 1998 esta empresa foi privatizada e vendida para a Telefônica,[16] sendo que em 2012 a empresa adotou a marca Vivo[17] para suas operações de telefonia fixa.

Galienses notáveis[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. IBGE (10 out. 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 de dezembro de 2010 
  2. «Censo Populacional 2022». Censo Populacional 2022. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 28 de junho de 2023. Consultado em 14 de julho de 2023 
  3. «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2000. Consultado em 11 de outubro de 2008 
  4. a b «Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 11 de dezembro de 2010 
  5. «Galeria de prefeitos». Consultado em 26 de novembro de 2016 
  6. a b cidades.ibge.gov.br https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/galia/panorama. Consultado em 14 de julho de 2023  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  7. «Companhia Inglesa- memórias da fazenda São João (1944/1954) por Hamilton Carvalho». 5 de junho de 2016. Consultado em 26 de novembro de 2016 
  8. «Memorial de Gália». Consultado em 26 de novembro de 2016 
  9. «Sericicultura no Estado de São Paulo» (PDF). Maio de 2014. Consultado em 26 de novembro de 2016 
  10. São Paulo, Governo Estadual. «Unidades de Pesquisa Regional». Consultado em 11 de abril de 2024 
  11. «Sericicultura no Estado de São Paulo» (PDF). 5 de maio de 2014. Consultado em 26 de novembro de 2016 
  12. «PESQUISADORES PROMOVEM MANIFESTO EM DEFESA DOS INSTITUTOS PÚBLICOS NO PRÓXIMO DIA 21, NA ALESP» (PDF). Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo. Consultado em 26 de novembro de 2016 
  13. «Produto Interno Bruto dos Municípios- 2013». Consultado em 26 de novembro de 2016 
  14. «Pessoas ocupadas por setor 2007-2013». Consultado em 26 de novembro de 2016 
  15. «Relação do patrimônio da CTB incorporado pela Telesp» (PDF). Diário Oficial do Estado de São Paulo 
  16. «Nossa História». Telefônica / VIVO 
  17. GASPARIN, Gabriela (12 de abril de 2012). «Telefônica conclui troca da marca por Vivo». G1 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]