George Hadley

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George Hadley
Nascimento 12 de fevereiro de 1685
Londres
Morte 28 de junho de 1768 (83 anos)
Flitton
Cidadania Reino da Grã-Bretanha
Alma mater
  • Pembroke College
Ocupação advogado, físico, meteorologista
Prêmios

George Hadley (Londres, 12 de fevereiro de 1685Flitton, 28 de junho de 1768) foi um advogado e meteorologista que se notabilizou ao propor em 1735 o mecanismo atmosférico que explica a existência dos ventos alísios, designado posteriormente por circulação de Hadley.[1] Intrigado com o facto de os ventos alísios que em função da distribuição da pressão atmosférica deveriam soprar para o norte terem um forte fluxo de oeste, desenvolveu um mecanismo explicativo assente na circulação geral da atmosfera na região em torno dos trópicos que explica a formação daqueles ventos, cujo conhecimento era naquela época de fundamental importância para a escolha das rotas dos veleiros que cruzavam o Atlântico.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

George Hadley nasceu em Londres, filho de George Hadley (ao tempo a exercer as funções de High Sheriff of Hertfordshire, um importante cargo de nomeação régia) e de sua esposa Katherine FitzJames. Nascido numa família com recursos e influência, foi eclipsado nos seus primeiros anos pelo seu irmão mais velho John Hadley (1682–1744), o matemático e inventor do oitante (um precursor do sextante). Com John e o seu outro irmão Henry, George construiu telescópios newtonianos eficazes.

George Hadley foi admitido no Pembroke College, Oxford, em 30 de maio de 1700, e em 13 de agosto de 1701 tornou-se membro do Lincoln's Inn, onde seu pai lhe comprou uma banca de advocacia (uma barristers' chamber) para que pudesse estabelecer-se como advogado. Foi admitido como advogado (recebeu a sua call to the bar) a 1 de julho de 1709, mas permaneceu mais interessado em estudos mecânicos e físicos do que no trabalho jurídico.[1]

Paralelamente à sua profissão de advogado, dedicou-se à meteorologia. Durante 7 anos, sucedendo a William Derham, foi responsável pela interpretação dos diários meteorológicos enviados à Royal Society por observadores de todo o mundo, principalmente na Grã-Bretanha e na Escandinávia.[2] Com recursos a essas observações, tentou correlacionar os dados nas diferentes escalas de temperatura e pressão então em uso e tentou deduzir os padrões gerais que surgiam ao longo do ano. Ele publicou por duas vezes um relato dos resultados no Philosophical Transactions of the Royal Society.[1]

Em resultado desses trabalhos no campo da meteorologia, Hadley foi eleito Fellow of the Royal Society em 20 de fevereiro de 1735,[3] e em 22 de maio daquele ano publicou um pequeno artigo na revista Philosophical Transactions (vol. 39, 1735, pp. 58–62) propondo uma explicação para a génese e variação sazonal dos ventos alísios.[1] A sua teoria permaneceu relativamente desconhecida e foi proposta independentemente por vários investigadores nas décadas seguintes. Entre os proponentes posteriores conta-se John Dalton, que mais tarde tomou conhecimento da prioridade de Hadley. Durante a segunda metade do século XIX, a teoria tornou-se gradualmente conhecida como o princípio de Hadley ou a circulação de Hadley.[4]

Em 1686, Edmond Halley havia proposto uma teoria que tentava explicar os ventos alísios, a qual permaneceu a mais conhecida e com maior aceitação quase até o início do século XIX. A versão de George Hadley reconhece que a rotação da Terra desempenha um papel na direção tomada por uma massa de ar em movimento em relação à Terra, elemento que faltava na proposta de Halley.[2] Mais tarde, na segunda metade do século XIX, a própria teoria de Hadley mostrou-se deficiente, assentava na suposição de que quando a massa de ar viaja de uma latitude para outra, o seu momento linear é conservado. No entanto, como a massa de ar está o tempo todo em estado de circunavegação do eixo da Terra, na verdade é o momento angular que se conserva, causando um efeito conhecido como efeito de Coriolis. Ao usar a conservação correta do momento angular nos cálculos, o efeito previsto é duas vezes maior do que aquele que se obtém aplicando, erroneamente, a conservação do momento linear.

Hadley nunca casou e na fase final da sua vida deixou Londres e fixou-se durante algum tempo em East Barnet, onde coabitava com um sobrinho, provavelmente o filho do seu irmão John Hadley, John. A maior parte de seus últimos anos foi passada em Flitton, Bedfordshire, onde outro sobrinho, Hadley Cox (falecido em 1782), filho de sua irmã Elizabeth, era vigário da Igreja Anglicana local.[1] Hadley faleceu em Flitton em 28 de junho de 1768, com 83 anos de idade, e foi enterrado na capela-mor da igreja de Flitton.[1]

Outro dos seus sobrinhos, um filho de seu irmão Henry, foi o químico John Hadley, também membro da Royal Society.

O Met Office Hadley Centre foi assim designado em sua homenagem. Uma cratera marciana recebeu nome de cratera Hadley.[5]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f g Anita McConnell, 2004, "Hadley, George (1685–1768)", in Oxford Dictionary of National Biography, Oxford, UK:Oxford University Press. Consultar a edição de 2008 online em: [1]. Consultado a 8 de fevereiro de 2010.
  2. a b Philander, George. Encyclopedia of Global Warming and Climate Change, Second Edition. [S.l.: s.n.] p. 703 
  3. «Fellow details». Royal Society. Consultado em 15 de março de 2016 
  4. Anders Persson, 2006, "Hadley's Principle: Understanding and Misunderstanding the Trade Winds", Hist. Meteorol. 3:17–42. Ver [2] Arquivado em 2008-06-25 no Wayback Machine. Retrieved 22 Maio 2014.
  5. «Hadley Crater provides deep insight into martian geology». European Space Agency. 6 de setembro de 2012 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Links[editar | editar código-fonte]