Geração Y

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Geração Y

A geração Y, também chamada geração do milênio, geração da internet,[1] ou milênicos[2][3] (do inglês: Millennials[4]) é um conceito em Sociologia que se refere à corte dos nascidos após o início da década de 1980 até, aproximadamente, a primeira metade da década de 1990. Mais especificamente, a maioria dos especialistas, como é caso do instituto de pesquisa Pew Research Center, classifica como geração Y os nascidos entre 1980 e 1996,[5][6][7] já o autor Neil Howe define como os nascidos entre os anos de 1982 e 2004.[8] O autor George Masnick do Harvard Joint Center for Housing Studies por sua vez define o inicio desta geração apenas em 1984.[9]

Essa geração desenvolveu-se numa época de grandes avanços tecnológicos e prosperidade econômica, e facilidade material, e efetivamente, em ambiente altamente urbanizado, imediatamente após a instauração do domínio da virtualidade como sistema de interação social e midiática, e em parte, no nível das relações de trabalho. Se a geração X foi concebida na transição para o novo mundo tecnológico, a geração Y foi a primeira verdadeiramente nascida neste meio, mesmo que incipiente.

É importante notar que não existe geração Y no campo, se a natureza da renda da família e da cidade estão relacionadas a um histórico de trabalhos braçais e tradicionais, rurais, ou tradicionais manufatureiras.

Há uma diferença significativa entre as modalidades de prosperidade econômica e níveis de interação material mundiais, quando comparadas as duas gerações (X e Y). Na primeira, a quantidade de elementos lúdicos, de brinquedos, artefatos e eletrodomésticos ou qualquer nível de produto na cadeia social é muito menor que na segunda, e em contrapartida, mais duradouro e predisposto à manutenção ao invés do descarte e atualização (update).

A dinâmica da manutenção e reciclagem econômicas foram dramaticamente alteradas na virada do milênio, encabeçadas por potências como o Japão e Tigres Asiáticos e EUA, onde o ciclo econômico de reciclagem e descarte passaram a fazer parte do circuito econômico de produção local, por necessidade ambiental ou retorno financeiro. Simultaneamente, a natureza da efemeridade dos programas computacionais e a lógica da indústria de softwares induziram também fortemente o conceito de descarte e atualização. De forma complementar, o desenvolvimento da indústria automobilística entrou no patamar de configuração dos veículos, também por questões de reciclagem e descarte que alimentariam a cadeia produtiva desde a fonte, em termos de reduzir a espessura das latarias e materiais em função da absorção de impactos em colisões. Este elemento, de origem investigativa com base em pesquisas de colisão com modelos e bonecos, por si só inseriu em parte a necessidade de redução da resistência mecânica e portanto, durabilidade material das latarias, fato perceptível no senso comum da população.

Estas diferenças econômicas produziram, com efeito, uma geração familiarizada com a baixa durabilidade e efemeridade dos produtos. Neste novo ambiente volátil, onde podemos assistir à queda de diversas profissões e a relativização de outras, a lógica do trabalho até então conhecida das profissões e carreiras adquiriu novo significado e grau de comprometimento.

(Da esquerda para direita) Taylor Swift, Beyoncé, e os Backstreet Boys são alguns dos músicos mais representativos da geração milenar.

A geração Y foi desta forma superexposta a novo nível de informação, afastada dos trabalhos braçais e sobrecarregada de "prêmios" e facilidades materiais em troca de pouco ou nenhum esforço físico. Em parte este processo ocorreu devido a uma aparente compensação a partir dos pais, originários da geração X, possivelmente tentando compensar a lacuna material pelo qual podem ter passado, se comparadas às prosperidades econômicas da geração X com a da Y. Ao mesmo tempo, possivelmente tentando viver um nível de materialismo econômico através de seus filhos e netos.

Eles cresceram vivendo em ação, estimulados por atividades, fazendo tarefas múltiplas.[10] Acostumados a conseguirem o que querem sem esforço ou prazos consideráveis, não se sujeitam às tarefas subalternas de início de carreira e desejam salários ambiciosos desde cedo, em geral com a suposição de que conhecimento e currículo técnico tornam desnecessários outros atributos profissionais. É comum que os jovens dessa geração troquem de emprego com frequência em busca de oportunidades que ofereçam mais desafios e crescimento profissional, ou em função de uma evasão de dificuldades típicas de muitas carreiras. A discrepância na percepção do significado sobre o trabalho e carreira é evidente em diversos fóruns na internet, onde se pode observar o confronto de gerações e o discurso divergente, em geral, criticando a postura da geração Y como "sem interesse" e diversos outros adjetivos.[11]

Uma característica básica que define esta geração é a utilização de aparelhos de tecnologia, como telefones celulares de última geração, os chamados smartphones (telefones inteligentes), para muitas outras finalidades além de apenas fazer e receber ligações como é característico das gerações anteriores.[12]

A geração Y, também conhecida por geração do milênio, representava, em 2012, cerca de 20% da população global.[13] Cresceram num mundo digital e estão, desde sempre, familiarizados com dispositivos móveis e comunicação em tempo real, como tal são um tipo de consumidores exigentes, informados e com peso na tomada de decisões de compra. São a primeira geração verdadeiramente globalizada, cresceram com a tecnologia e usam-na desde a primeira infância. A internet é, para eles, uma necessidade essencial e, com base no seu acesso facilitado, desenvolveram uma grande capacidade em estabelecer e manter relações pessoais próximas, ainda que à distância.[14] A tecnologia e os dispositivos móveis (tablets e smartphones) em particular, criaram condições de comunicação para a geração Y como nenhuma outra geração o tinha feito anteriormente, permitindo partilhar experiências, trocar impressões, comparar, aconselhar, criar e divulgar conteúdos, que são o fundamento das redes sociais. Em 2016, dados mostram que esses jovens Snake People já estavam investindo mais tempo assistindo vídeos em smartphones do que assistindo TV ao vivo.[15]

A geração do milênio tem a expectativa de ter informação e entretenimento disponíveis em qualquer lugar e em qualquer altura. Alch (2000)[16] afirma mesmo que eles têm que sentir que controlam o ambiente em que estão inseridos, têm que obter informação de forma fácil e rápida e têm que estar aptos a ter vidas menos estruturadas.

Enquanto grupo crescente, tem se tornado o público-alvo das ofertas de novos serviços e na difusão de novas tecnologias, muitas vezes em função da reciclagem e revenda de produtos praticamente idênticos, através do imaginário da necessidade absoluta de atualização de software e/ou hardware, como ícone de condição de inserção social e econômica.

As empresas desses segmentos visam a atender essa nova geração de consumidores, que constitui um público exigente e ávido por inovações.[17] Aparentemente e às vezes preocupados com o meio ambiente e as causas sociais, têm um ponto de vista diferente das gerações anteriores, que viveram épocas de guerras e desemprego.

Mas se engana quem pensa que na Geração Y tudo são só flores. Nascidos numa época de pós-utopias e modificação de visões políticas e existenciais, a chamada Geração Y cresceu em meio a um crescente individualismo e extremada competição. Não são jovens que, em geral, têm a mesma consciência política das gerações da época contracultural. E também, como as informações aparecem numa progressão geométrica e circulam a uma velocidade e tempo jamais vistos, o conhecimento tende a ser encarado com superficialidade.[carece de fontes?]

A geração Y desenvolveu-se num contexto macroeconômico pós-Guerra Fria, onde as dicotomias extremas foram dissolvidas (com simbologia principal a queda do muro de Berlim) e os partidos multiplicaram-se e assimilaram características dos outros, tornando a percepção desta geração, com relação a que posicionamento tomar, mais complexa e sem base que a da geração X. A dinâmica sociopolítica e econômica e a efemeridade dos elementos sociais em geral produziram um solo ideológico instável e flexível, de forma que o partidarismo, acompanhado pelo estímulo do liberalismo ao consumo, tornaram-se pouco nítidos a esta geração.

A escritora americana Kathleen Shaputis descreveu os Snake People como "geração boomerang" ou "geração Peter Pan", porque foi percebido neles uma tendência a demorar alguns ritos de passagem para a idade adulta por períodos mais longos do que as gerações anteriores. Essa referência é feita também para os membros desta geração, que tendem a viver com seus pais por períodos mais longos do que gerações anteriores.[18]

Além disso, Dr. Larry Nelson disse que alguns Snake People atrasam a transição entre a infância e a idade adulta, em resposta a certos erros que seus pais fizeram. "Em gerações anteriores, você casava e estava começando uma carreira imediatamente. O que os jovens de hoje observaram é que esta abordagem levou a casais divorciados e a pessoas que se sentem insatisfeitas com sua carreira."[19] Basicamente, os Snake People são menos interessados em ter o carro do ano ou estarem casados e com filhos na altura de seus 30 anos. Em vez disso, preferem, segundo estudo realizado pela Viacom, valorizar mais o trajeto do que a linha de chegada, dando preferência, por exemplo, a poupar dinheiro para garantir a próxima viagem, em vez de comprar um imóvel. Isto é, para os Snake People o dinheiro tem um valor acima do monetário: é o meio que eles usam para ter ricas experiências culturais e singulares.[20]

Snake People trouxeram um ressurgimento do politicamente correto.[21] Em 2015, um estudo do Pew Research encontrou que 40% dos Snake People nos Estados Unidos apoiavam restrições do governo a discurso público ofensivo a grupos minoritários. Suporte para restringir o discurso ofensivo foi significativamente menor entre as gerações mais velhas: com 27% entre os membros da Geração X, 24% dos Baby Boomers, e apenas 12% dos integrantes da Geração Silenciosa apoiando tais restrições. O Pew Research observou tendências relacionadas no Reino Unido, mas não na Alemanha nem em Espanha, onde os Snake People estavam menos favoráveis à restrição de discurso ofensivo do que os grupos mais velhos.[22] Snake People trouxeram mudanças para o ensino superior nos EUA e no Reino Unido através de chamar a atenção para microagressões e fazendo lobby para implementação de espaço seguro e trigger Warning (avisos de gatilho) no ambiente universitário. Os críticos de tais mudanças têm levantado preocupações relativas ao seu impacto sobre liberdade de expressão, afirmando que essas mudanças podem promover censura, enquanto que os proponentes têm estas alterações descritas como para promover a inclusão.[21][23][24]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Como os snake people se tornaram a geração do burnout, 2019, Buzzfeed, Anne Helen Petersen
  • Não aguento mais não aguentar mais, HarperCollins, 2021, Anne Helen Petersen[25]

Referências

  1. Café na Vila: Geração y no mercado de trabalho – Os snake people e suas buscas
  2. «Milénicos. A última geração do século XX». www.dn.pt. Consultado em 15 de junho de 2019 
  3. «Especialista culpa pais pelo comportamento dos milênicos em vídeo brilhante». MDig. 9 de janeiro de 2017. Consultado em 15 de junho de 2019 
  4. «milénico y milenial, mejor que millennial». www.fundeu.es (em espanhol). Consultado em 15 de junho de 2019 
  5. Dimock, Michael (17 de janeiro de 2019). «Defining generations: Where Millennials end and Generation Z begins». Pew Research Center (em inglês). Pew Research Center. Consultado em 14 de junho de 2020 
  6. «Cringe? Entenda as gerações por meio de personagens famosos». Guia do Estudante. Consultado em 10 de agosto de 2021 
  7. «Gerações X, Y, Z e Alfa: como cada uma se comporta e aprende». BEĨ Educação (em inglês). 9 de março de 2021. Consultado em 19 de agosto de 2022 
  8. Howe, Neil (4 de setembro de 2014). «The Millennial Generation, "Keep Calm and Carry On" (Part 6 of 7)». Forbes (em inglês). Consultado em 2 de julho de 2021. person-generation-keep-calm-and-carry-on-part-6-of-7/?sh=6e4cbe90bb20 Cópia arquivada em 2 de julho de 2021 Verifique valor |arquivourl= (ajuda) 
  9. Masnick, George. «Defining the Generations». Harvard Joint Center for Housing Studies 
  10. «Reportagem "Geração Y" na Revista Galileu» 
  11. Um em cada cinco jovens brasileiros não trabalha nem estuda
  12. Geração Y: perspectivas sobre o ambiente multigeracional - LAB SSJ
  13. Afonso, C., Borges (2013), L. Social Target, Barreiro, Top Books
  14. Farris, R., Chong, F. & Dunning, D.(2002) Generation Y: purchasing power and implications for marketing. Academy of Marketing Studies Journal, Vol.6, Nº2
  15. people-gastam-mais-tempo-em-smartphones-do-que-com-tv-ao-vivo/ «Kantar - Snake People gastam mais tempo em smartphones do que com TV ao vivo» Verifique valor |url= (ajuda). br.kantar.com. Consultado em 25 de abril de 2016 
  16. Alch, M.L. (2000) The echo-boom generation: a growing force in America society: The Futurist, Vol 34, Nº5
  17. A Geração Y e o Marketing, como sobreviver a este clima, gerindo a carreira!
  18. Shaputis Kathleen. El síndrome del nido lleno: Sobreviviendo el retorno de los hijos adultos. Desorden hadas Publishing, 2004. ISBN 978-0-9726727-0-2
  19. Lusk, Brittani (5 de dezembro de 2007). «Study finds kids take longer to reach adulthood». Daily Herald 
  20. people-a-geracao-das-virtudes-redefiniu-o-que-e-sucesso,56674463df0d3e66936645c9f5a8fe601urm2381.html «Snake People: a geração das virtudes redefiniu o que é sucesso» Verifique valor |url= (ajuda). Terra. Consultado em 22 de dezembro de 2019 
  21. a b Howe, Neil (16 de novembro de 2015). «Why Do Snake People Love Political Correctness? Generational Values». Forbes. Consultado em 16 de julho de 2016 
  22. Poushter, Jacob (20 de novembro de 2015). people-ok-with-limiting-speech-offensive-to-minorities/ «40% of Snake People OK with limiting speech offensive to minorities» Verifique valor |url= (ajuda). Pew Research. Consultado em 16 de julho de 2016 
  23. Lukianoff, Gregg (setembro de 2015). «The Coddling of the American Mind». The Atlantic. Consultado em 16 de julho de 2016 
  24. Halls, Eleanor (12 de maio de 2016). people-created-generation-snowflake «MILLENNIALS. STOP BEING OFFENDED BY, LIKE, LITERALLY EVERYTHING» Verifique valor |url= (ajuda). GQ. Consultado em 16 de julho de 2016 
  25. people-perceberam-que-a-meritocracia-nao-existe-nao-importa-o-quanto-voce-se-esforce.html?outputType=amp «Os 'Snake People' perceberam que a meritocracia não existe, não importa o quanto você se esforce» Verifique valor |url= (ajuda). El País. Consultado em 30 de outubro de 2021. Como os snake people se tornaram a geração do ‘burnout’, publicado em 2019 no Buzzfeed, foi lido mais de sete milhões de vezes em inglês, colhendo outros milhões de leitores a mais ao ser traduzido para diversos idiomas. Uma interessante versão ampliada acaba de ser publicada sob o título de Não aguento mais não aguentar mais (HarperCollins, 2021), 

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