Gil Gomes

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Gil Gomes
Gil Gomes
Gil Gomes e o seu gesto característico
Nome completo Cândido Gil Gomes Jr.
Nascimento 13 de junho de 1940
Sorocaba, SP
Morte 16 de outubro de 2018 (78 anos)
São Paulo, SP
Causa da morte câncer de fígado
Nacionalidade brasileiro
Ocupação

Cândido Gil Gomes Jr. (Sorocaba, 13 de junho de 1940São Paulo, 16 de outubro de 2018),[1][2] foi um jornalista, advogado e repórter policial do rádio e televisão do Brasil, onde tornou-se popular graças ao seu estilo próprio de voz, gestos e forma de se vestir. Era torcedor da Associação Portuguesa de Desportos.

Gil Gomes afastou-se da televisão de 2005 a 2016, quando estreou como apresentador no programa Bom dia! Boa noite!, na TV Ultrafarma.[3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

O começo no rádio[editar | editar código-fonte]

Nascido na cidade de Sorocaba, filho de imigrantes portugueses, ainda criança mudou-se com a família para São Paulo, no bairro Mooca, bairro do qual fazia questão de dizer que era morador. Gil vendia balas e santinhos na porta de uma igreja, onde mais tarde foi aceito como congregado mariano.

Sofria de gagueira e para superá-la tentava imitar os locutores esportivos que ouvia pelo rádio. O método funcionou graças, segundo afirmava, a sua força de vontade. Foi então convidado a ser locutor nas quermesses da igreja e descobriu que a comunicação era sua vocação. Abandonou assim a ideia de ser médico, como desejava seu pai.

Numa dessas quermesses, recebeu aos 18 anos o convite para seu primeiro emprego na Rádio Progresso, como locutor esportivo. Na mesma função, passou por várias rádios paulistanas e do interior até chegar à Rádio Marconi e quando esta parou de fazer coberturas esportivas, Gil passou a integrar seu departamento de jornalismo, cuja chefia assumiu no fim dos anos 60.

Na mesma rádio, trabalhava Ana Vitória Vieira Monteiro (dramaturga, poetisa e escritora), com quem Gomes viveu em casamento de 14 anos. O casal teve três filhos Guilherme Gil Gomes, Daniel e Vilma. Guilherme Gil Gomes. O primeiro trabalhou com o pai até sua morte prematura, decorrente de hepatite C. Daniel Gil Gomes ocupa o posto deixado vago pelo irmão, é casado e pai de três filhas. A terceira filha, Vilma Gil Gomes é advogada, casada e mãe de um filho. Gil Gomes tinha orgulho de ser amigo de sua ex-mulher, com a qual desenvolveram uma relação de respeito e amizade. Gil Gomes foi casado pela segunda vez com Eliana, com quem teve duas filhas: Flavia e Nataly.

Um incidente ocorrido em 1968 fez nascer casualmente o repórter policial Gil Gomes. Ele realizava entrevistas pelo telefone com políticos, quando tomou conhecimento que um caso de agressão sexual estava ocorrendo no edifício onde a rádio estava instalada. Num impulso, resolveu fazer a cobertura do caso ao vivo. Desceu as escadas do prédio com o microfone na mão, fazendo locução e entrevistando os envolvidos e as testemunhas. A Rádio Marconi obteve uma audiência recorde com essa cobertura e Gil concluiu que um programa policial ao vivo era o caminho a seguir. Mas foi difícil, pois o regime militar não tolerava críticas ao trabalho da polícia. Para agravar a situação, a Rádio Marconi já era visada pelas autoridades por adotar em seu noticiário uma linha de oposição ao governo.

Várias vezes – mais de trinta, conforme afirmava o próprio Gil – ele e sua equipe foram presos e a rádio retirada do ar. De todas as prisões, conseguiu se livrar sem maiores consequências por conta de sua amizade com policiais. Quando a programação da rádio começou a sofrer censura prévia, Gomes narrava no ar historinhas infantis e receitas culinárias em substituição ao noticiário censurado.

Mas não só as autoridades o hostilizavam. Ao colaborar com sua equipe na elucidação de crimes, passou também a sofrer ameaças de morte por parte de bandidos.

Concorria com o primeiro repórter policial da rádio Bandeirantes, José Gil Avilé, o "Beija-Flor". Gil veio a apresentar um programa também na Rádio Tupi.

Na TV: Aqui Agora[editar | editar código-fonte]

Para se diferenciar do jornalismo sisudo e bem comportado da Rede Globo, em 1991, o SBT idealizou o jornal diário Aqui Agora como um jornal popular no formato e na linguagem. Entre os convidados para integrar a equipe de locutores e repórteres do jornal, estavam Gil aparecendo ao lado de Sônia Abrão, Celso Russomanno, Jacinto Figueira Júnior (o homem do sapato branco) e Wagner Montes, entre tantos outros.

Como o Aqui Agora dava ênfase a reportagens sobre acidentes graves e crimes de toda sorte, Gil teve um papel destacado: foi onde ele aprimorou o visual, a voz e o gestual, que caíram no gosto do grande público e serviram de inspiração para os imitadores dos programas de humor.

Vestido invariavelmente com uma camisa de cores berrantes, como se tivesse sido comprada numa banca de camelô de um bairro popular, a mão direita empunhando o microfone e a esquerda gesticulando em horizontal como se alisasse o pelo de um cão, Gil narrava os fatos diretamente na cena do crime com sua voz arrastada e grave, que crescia em volume nos momentos mais dramáticos. Usava frases curtas, que às vezes nem chegava a completar. Nas entrevistas, não adotava uma posição neutra: se emocionava diante das vítimas e explodia de indignação diante dos criminosos.

O Aqui Agora fez tanto sucesso que passou mais tarde a ter duas edições diárias. Mas com o aparecimento de concorrentes, foi perdendo audiência e saiu do ar em 1997.

Em 1998, Gil foi contratado pela TV Gazeta para ser repórter do Mulheres.

A Escolinha do Barulho foi ao ar pela Rede Record em 1999, quando a Rede Globo deixou de apresentar a Escolinha do Professor Raimundo e dispensou diversos atores cômicos do elenco, os quais a Record resolveu contratar para fazer um programa semelhante. Como inovação, em vez de um único professor, a Escolinha da Record teve quatro professores fixos: Dedé Santana, Miele, Bemvindo Sequeira e Gil Gomes.

2004 - Meu Cunhado sbt - Personagem: APC participação do Epsódio: Onde está Alzira?

Entre 2004 e 2005, Gil foi repórter e apresentador do Repórter Cidadão, da RedeTV!.

Afastamento da TV e do rádio[editar | editar código-fonte]

Em 2005, Gil afastou-se da família e dos amigos, bem como da TV e do rádio. Os quase 50 anos de carreira foram aparentemente encerrados pelo mal de Parkinson.

No dia 23 de março de 2014, Gil foi recebido pelo apresentador e jornalista Geraldo Luís no programa Domingo Show, da Record, e concedeu uma célebre entrevista, relembrando sua trajetória no rádio e televisão.[4]

Em dezembro de 2016, Gil Gomes retornou novamente à televisão, contratado pela TV Ultrafarma para desenvolver um trabalho de reportagens e comentários.

Morte[editar | editar código-fonte]

Morreu em 16 de outubro de 2018, aos 78 anos, em São Paulo, após se sentir mal no dia anterior. Lutava contra um câncer no fígado desde 2015.[5] Estava internado no Hospital São Paulo. O jornalista deixou quatro filhos e nove netos.[2][6]

Referências

  1. «GIL GOMES». PRÓ-TV. Consultado em 16 de outubro de 2018 
  2. a b Juliotti, Camila; Cruz, Ricardo; Aguiar, Aurora (16 de outubro de 2018). «Gil Gomes, ex-repórter policial, morre aos 78 anos em São Paulo». R7. Consultado em 16 de outubro de 2018 
  3. «Gil Gomes volta à televisão depois de 11 anos». 2016. Consultado em 3 de abril de 2017 
  4. Exclusivo: Gil Gomes quebra o silêncio e fala sobre luta contra Mal de Parkinson. 23 de março de 2014. Consultado em 3 de abril de 2017 
  5. «Aos 78 anos, morre jornalista Gil Gomes, do programa 'Aqui Agora'». CARAS. 16 de outubro de 2018. Consultado em 18 de outubro de 2018 
  6. «Jornalista Gil Gomes morre aos 78 anos em São Paulo». G1. 16 de outubro de 2018. Consultado em 16 de outubro de 2018