Gone with the Wind

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Gone with the Wind
E Tudo o Vento Levou (PRT)
...E o Vento Levou (BRA)
 Estados Unidos
1939 •  cor •  238 min 
Gênero romance histórico
Direção Victor Fleming
Produção David O. Selznick
Roteiro Sidney Howard
História Gone with the Wind, de Margaret Mitchell
Baseado em Margaret Mitchell
Elenco Vivien Leigh
Clark Gable
Olivia de Havilland
Leslie Howard
Hattie McDaniel
Música Max Steiner
Cinematografia Ernest Haller
Lee Garmes
Diretor de fotografia Paul Ivano
Harold Rosson
Direção de arte Lyle R. Wheeler
Efeitos especiais Jack Cosgrove
Figurino Walter Plunkett
Edição Hal C. Kern
James E. Newcom
Companhia(s) produtora(s) Selznick International Pictures
Metro-Goldwyn-Mayer
Distribuição Metro-Goldwyn-Mayer
Lançamento Estados Unidos 15 de dezembro de 1939 (1939-12-15)
(Premiere em Atlanta)
Brasil 1 de janeiro de 1940
Portugal 20 de setembro de 1943[1]
Idioma inglês
Orçamento US$ 3.85 milhões
Receita US$ 390 milhões (US$3.440.000.000 em 2015)

Gone with the Wind (intitulado ...E o Vento Levou no Brasil[2] e E Tudo o Vento Levou em Portugal[3]) é um filme estadunidense de romance histórico dirigido por Victor Fleming e produzido por David O. Selznick. Adaptado do livro homônimo de 1936 escrito por Margaret Mitchell, foi distribuído pela Metro-Goldwyn-Mayer. Retratado no sul estadunidense do século XIX, o projeto narra a história de Scarlett O'Hara, filha de temperamento forte do proprietário de uma plantação, e sua perseguição romântica de Ashley Wilkes, que é casado com sua prima, Melania Hamilton, para se casar com Rhett Butler. Definida contra a era da Guerra de Secessão e da reconstrução dos Estados Unidos, a história é contada a partir da perspectiva dos sulistas brancos. Os papéis principais são vividos por Vivien Leigh, Clark Gable, Leslie Howard e Olivia de Havilland, que respectivamente interpretam Scarlett, Rhett, Ashley e Melanie.

A produção de Gone with the Wind passou por diversos problemas. As filmagens foram adiadas por dois anos, devido à determinação de Sezlnick para assegurar o papel de Rhett Butler para Gable, e à "procura por Scarlett", que fez com que mais de 1.400 mulheres fossem entrevistadas para conseguir o papel. O roteiro original foi escrito por Sidney Howard, mas passou por diversas revisões por vários escritores, para que pudesse obter uma duração adequada. O diretor original George Cukor foi demitido pouco após o início das filmagens e foi substituído por Victor Fleming, que foi rapidamente substituído por Sam Wood enquanto Fleming tirava alguns dias de folga devido à exaustão.

Lançado em 15 de dezembro de 1939 nos Estados Unidos, Gone with the Wind foi recebido de forma predominantemente positiva por críticos de cinema, que elogiaram sua produção e seu roteiro, embora alguns tenham analisado que não possuía drama o suficiente e que era grande. O elenco foi altamente elogiado, com diversos resenhistas prezando a atuação de Vivien Leigh como Scarlett. Como resultado, foi indicado em 13 categorias no Oscar de 1940, e venceu dez delas, incluindo a de Best Picture. Duas das vitórias foram honorárias, e Hattie McDaniel se tornou a primeira mulher afro-americana a conquistar um Oscar. Além de ter sido um sucesso de crítica, o projeto também obteve destaque no campo comercial, convertendo-se no filme com maior arrecadação até então, com US$ 390 milhões obtidos, e mantendo tal êxito por mais de 25 anos. Com os ajustes da inflação, é o filme mais bem sucedido da história, com mais de US$ 3 bilhões arrecadados. Apesar de ter sido criticado como uma glorificação do revisionismo histórico da escravidão, Gone with the Wind foi creditado por iniciar mudanças na maneiras de como os afro-americanos são retratados nos filmes. Relançado nove vezes, obteve grande destaque na cultura popular, sendo posicionado na quarta colocação da lista dos melhores filmes estadunidenses do American Film Institute (AFI), e selecionado pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos para ser preservado no National Film Registry (NFR).

Antecedentes e produção

Antes da publicação do livro Gone with the Wind, diversos executivos e estúdios de Hollywood não demonstraram interesse em criar um filme baseado no trabalho, incluindo Louis B. Mayer e Irving Thalberg da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), Pandro Berman da RKO Pictures e David O. Selznick da Selznick International Pictures. Jack Warner aprovou a história, mas a maior estrela da Warner Bros. Bette Davis não interessou-se em participar do filme, e Darryl Zanuck da 20th Century Fox não ofereceu dinheiro suficiente. Selznick mudou de ideia após seu editor Kay Brown e parceiro de negócios John Hay Withney pediram-lhe para comprar os diretos do filme. Em julho de 1936 — um mês após o lançamento do livro —, Selznick comprou os direitos por US$ 50 mil.[4][5][6]

Escolha do elenco

Clark Gable (esquerda) foi selecionado por Selznick para interpretar Rhett Butler desde o início da época em que o elenco estava sendo escolhido, ao passo em que Vivien Leigh (direita) foi escolhida para o papel de Scarlett O'Hara após uma série de testes, que entrevistaram mais de 1.400 mulheres.

A escolha dos atores que interpretariam os papéis principais demorou dois anos para ser concluída. Para o papel de Rhett Butler, Selznick queria Clark Gable desde o início, mas o ator estava sob contrato da MGM, no qual dizia que sua participação em filmes de outros estúdios estava proibida.[4] Gary Cooper também foi considerado, mas Samuel Goldwyn — a quem Cooper estava sob contrato — recusou-se em permiti-lo de participar. A Warner ofereceu Bette Davis, Errol Flynn e Olivia de Havilland para os papéis principais, em troca dos direitos de distribuição.[7] Nessa época, Selznick estava determinado em contratar Gable e eventualmente fez um acordo com a MGM. Louis B. Mayer, chefe da MGM e sogro de Selznick, permitiu a participação de Gable em agosto de 1938 e US$ 1 milhão e 250 mil para metade do orçamento do filme, mas por um alto preço: Selznick deveria pagar o salário semanal de Gable, e metade dos lucros iriam à MGM, enquanto a Loew's Inc. — empresa-mãe da MGM — lançaria o filme.[4][8]

O acordo do lançamento do filme através da MGM levou ao adiamento do início da produção até o final de 1938, quando o contrato de distribuição de Selznick com a United Artists terminou.[8] O produtor usou o atraso para continuar a revisar o roteiro e para construir a publicidade do trabalho através da procura da atriz para o papel de Scarlett. Ele começou uma chamada de elenco nacional que entrevistou 1.400 desconhecidas. O esforço custou US$ 100 mil e foi inútil para o filme, mas criou uma divulgação "inestimável".[4] Miriam Hopkins e Tallulah Bankhead chegaram a ser consideradas como possíveis parceiras de Gable, antes de Selznick comprar os direitos do filme; Joan Crawford, que estava contratada pela MGM, também foi considerada como uma potencial parceira de Gable. Depois de fechar o acordo com a MGM, Selznick conversou diversas vezes com Norma Shearer — que era a atriz de maior sucesso da MGM na época —, mas ela recusou-se em participar do filme, Katharine Hepburn queria interpretar Scarlett, e contou com a ajuda de George Cukor — que havia sido contratado como diretor de Gone with the Wind — para conseguir o papel, mas foi descartada por Selznick, que sentiu que ela não se encaixaria com a personagem.[8][7][9]

Diversas atrizes famosas foram consideradas, mas apenas 31 mulheres foram testadas para o papel de Scarlett, incluindo Ardis Ankerson, Jean Arthur, Tallulah Bankhead, Diana Barrymore, Joan Bennett, Nancy Coleman, Frances Dee, Ellen Drew (sob o pseudônimo Terry Ray), Paulette Goddard, Susan Hayward (sob seu nome real Edythe Marrenner), Vivien Leigh, Anita Louise, Haila Stoddard, Margaret Tallichet, Lana Turner e Linda Watkins.[10] Embora Margaret Mitchell tenha rejeitado em escolher publicamente a atriz que interpretaria Scarlett, a atriz que chegou a ser aprovada por ela foi Miriam Hopkins, a qual Mitchell sentiu que se encaixaria no perfil da personagem. Entretanto, Hopkins estava com cerca de 30 anos de idade e foi rejeitada por ser "muito velha" para o papel.[8][7][9] Quatro atrizes, incluindo Jean Arthur e Joan Bennett, ainda estavam sendo escolhidas para interpretar Scarlett em dezembro de 1938; contudo, apenas duas finalistas — Paulette Goddard e Vivien Leigh — foram testadas em Technicolor, ambas em 20 daquele mês.[11] Goddard quase conseguiu o papel, mas seu controverso casamento com Charlie Chaplin levou Selznick à mudar de ideia e selecionar Leigh.[4]

Selznick havia selecionado Vivien Leigh, uma jovem atriz inglesa que ainda era pouco conhecida nos Estados Unidos, para o papel de Scarlett desde fevereiro de 1938, quando assistiu-a nos filmes Fire Over England e A Yank at Oxford. O empresário de Leigh era o representante da sede da agência de talentos de Myron Selznick em Londres (a qual era comandada pelo irmão de Selznick, um dos donos da Selznick International Pictures), e pediu ao produtor que ela fosse selecionada como Scarlett no mesmo mês. No verão boreal de 1938, David O. Selznick e Myron Selznick estavam negociando com Alexander Korda, com quem Leigh estava sob contrato, a participação da atriz em Gone with the Wind.[12] O último propôs que eles se encontrassem pela primeira vez em 10 de dezembro de 1938, quando a "queimada" de Atlanta foi filmada. Dois dias depois, Selznick admitiu em uma carta escrita para a mulher de Korda que Leigh era "a Scarlett [como um] cavalo negro", e após uma série de novos testes, a participação da atriz foi anunciada em 13 de janeiro de 1939.[13] Pouco após as filmagens do trabalho, Selznick informou ao jornalista Ed Sullivan que "os parentes de Scarlett O'Hara eram franceses e irlandeses. Coincidentemente, os parentes da Srta. Leigh são franceses e irlandeses".[14]

Roteiro

Depois de insatisfazer-se com o roteiro, Victor Fleming contratou o roteirista Ben Hecht (imagem) para reescrevê-lo, no prazo de cinco dias.

Em sua enciclopédia Dictionary of Literary Biography, o historiador de cinema Joanne Yeck falou sobre Sidney Howard, roteirista do filme, bem como sobre o roteiro: "Reduzir as complexidades das dimensões épicas de Gone with the Wind foi uma tarefa hercúlea (...) e a primeira submissão de Howard era muito longa, e seria pelo menos seis horas de filme; [o produtor] Selznick queria que Howard permanecesse no estúdio para fazer revisões (...) mas Howard recusou-se em deixar a Nova Inglaterra [e], como resultado, as revisões foram feitas por diversos escritores locais".[15] Selznick demitiu George Cukor três semanas após o início das filmagens e contratou Victor Fleming, que na época estava dirigindo The Wizard of Oz. Fleming ficou insatisfeito com o roteiro e, em seguida, o produtor contatou o famoso roteirista Ben Hecht para reescrever o roteiro completo dentro de cinco dias. Hech retornou aos rascunhos originais de Howard e, ao final da semana, conseguiu revisar a primeira metade do roteiro. Selznick comprometeu-se em reescrever a segunda metade por conta própria, mas enfrentou alguns contratempos. Howard retomou os trabalhos no roteiro por uma semana, refazendo diversas cenas importantes da segunda parte.[16]

Yeck escreveu: "Na época do lançamento do filme, em 1939, haviam dúvidas a respeito de quem deveria receber créditos na tela. (...) Mas apesar do número de roteiristas e mudanças, o roteiro final estava notavelmente semelhante ao da versão de Howard. O fato de que apenas o nome de Howard apareça nos créditos pode ter sido tanto um gesto em sua memória quanto em sua escrita, pois, em 1939, Sidney Howard faleceu aos 48 anos em um acidente com tratores, antes mesmo da estreia do filme".[15] Em um lembrete escrito em outubro de 1939, Selznick discutiu os créditos do roteiro do filme: "Você pode dizer francamente que a quantidade de material relativamente pequena no filme não é do livro, a maioria é minha, e apenas as linhas originais dos diálogos não são minhas; algumas são de Sidney Howard, algumas são de Ben Hecht, e outras são de John Van Druten. Imediatamente, eu duvido que existam 10 palavras originais de [Oliver] Garret no roteiro. Quanto à construção, cerca de 80% dela minha, e o resto é divido entre Jo Sweling e Sidney Howard, com Hecht tendo contribuído materialmente à construção de uma sequência".[17]

De acordo com Wiliam MacAdams, biógrafo de Hecht, "na madrugada de domingo, 20 de fevereiro de 1939, David Selznick (...) e o diretor Victor Fleming chocaram Hecht para informá-lo que ele estava sob empréstimo da MGM e deveria ir com eles para trabalhar em Gone with the Wind, cujas filmagens Selznick havia iniciado cinco semanas antes. Elas custaram à Selznick US$ 50 mil por cada dia que as filmagens estavam sendo adiadas, à espera da reescrita de um roteiro final, e tempo era essencial. Hecht estava na metade de seus trabalhos no filme At the Circus, para os Irmãos Marx. Relembrando o episódio em uma carta enviada ao seu amigo roteirista Gene Fowler, ele disse que não tinha lido o livro, mas que Selznick e o diretor Fleming não poderiam esperar que ele lesse o livro. Eles fizeram as cenas com base no roteiro original de Sidney Howard, que precisava ser reescrito com pressa. Hecht escreveu: 'Depois que cada cena foi filmada e discutida, sentei-me na máquina de escrever e escrevi [o roteiro]. Selznick e Fleming, ansiosos para continuar com as filmagens, continuavam a me apressar. Nós trabalhamos nessa moda por sete dias, entre 18 a 20 horas por dia. Selznick recusou-se em nos deixar almoçar, argumentando que a comida iria nos daria lentidão. Ele forneceu bananas e amendoins salgados (...) assim, no sétimo dia, eu havia completado, sem comida alguma, as primeiras nove bobinas da épica Guerra Civil'".[18] O autor adicionou: "É impossível determinar exatamente quanto Hecht escreveu. (...) Nos créditos oficiais arquivados na tela da guilda de escritores, Sidney Howard recebeu sozinho, naturalmente, os créditos de roteirista, mas outros quatro roteiristas fizeram parte: Jo Swerling, que contribuiu com o tratamento, Oliver H. P. Garrett e Barbara Keon, que contribuíram na construção do roteiro, e Hecht, que contribuiu com o diálogo".[18]

Filmagens

As filmagens de Gone with the Wind ocorreram entre 26 de janeiro e 1º de julho de 1939, sendo que a sua pós-produção continuou até 11 de novembro daquele ano. O diretor George Cukor, com quem Selznick tinha uma longa relação de trabalho, e havia passado quase dois anos na pré-produção do filme, foi substituído após menos de três semanas de filmagens.[7] O produtor e o diretor haviam descordado acerca dos locais das filmagens e do roteiro,[7][19] porém outras explicações causaram o afastamento de Cukor, incluindo o desconforto de Gable ao trabalhar com ele. Emanuel Levy, biógrafo do diretor, escreveu que Gable havia trabalhado no circuito gay de Hollywood como um gigolô e que Cukor sabia de seu passado, então o ator usou sua influência para que Culor fosse afastado.[20] Leigh e de Havilland souberam da substituição de Cukor no dia em que a cena do bazar Atlanta foi filmado, e foram ao escritório de Selznick com as roupas utilizadas nas filmagens daquela cena e imploraram que ele mudasse de ideia. Victor Fleming, que estava dirigindo The Wizard of Oz, foi contratado pela MGM para completar o filme, embora Cukor continuasse a treinar Leigh e de Havilland privadamente.[16] Sam Wood, também da MGM, serviu como o diretor do trabalho por duas semanas em maio de 1939, quando Fleming havia se afastado das filmagens temporariamente devido à exaustão. Embora algumas das cenas dirigidas por Cukor tenham sido posteriormente refeitas, Selznick estimou que "três bobinas sólidas" de seu trabalho haviam permanecido no projeto. Ao final das filmagens, Cukor dirigiu o filme por 18 dias, Fleming por 93, e Wood por 24.[7]

O cinematógrafo Lee Garmes começou a produção do filme, mas em 11 de março de 1939 — após um mês de filmagens que foram descritas por Selznick e seus associados como "muito obscuras" — foi substituído por Ernest Haller, que trabalhou com o cinematógrafo Ray Rennahan, que utilizava o Technicolor. Garmes completou o primeiro terço do filme — principalmente tudo antes de Melanie ter o bebê —, mas não recebeu créditos.[21] Grande parte das filmagens foram feitas na "volta 40" da Selznick International, sendo que todos os locais de filmagens foram fotografados na Califórnia, principalmente no Los Angeles County e na vizinhança Ventura County.[22] Tara, a fictícia casa de plantação sulista, existiu apenas como uma fachada feita de madeira e papel machê, e foi construída no lote "volta 40" dos estúdios da Califórnia.[23] Para a queimada de Atlanta, outras fachadas falsas foram construídas na frente dos diversos estúdios abandonados da "volta 40", e Selznick operou os controles dos explosivos que queimava as fachadas.[4] Gone with the Wind totalizou um orçamento de US$ 3.85 milhões, tornando-se o filme mais caro até então, ficando apenas atrás de Ben-Hur (1925).[24]

Embora existam rumores de que o Hays Office teria multado Selznick com US$ 5 mil por usar a palavra "damn"[nota 1] na linha de saída de Rhett Butler, o conselho da Motion Picture Association of America (MPAA) aprovou uma emenda ao Código de Produção em 1º de novembro de 1939, que proibiu o uso das palavras "hell"[nota 2] ou "damn", exceto quando o uso dessas "deva ser essencial e necessário para a representação, no contexto histórico, de qualquer cena ou diálogo baseado nos fatos históricos ou no folclore (...) ou de uma citação de um trabalho literário, desde que tal utilização que será permitida seja intrinsecamente censurável ou ofenda o bom gosto". Com essa alteração, a Administração do Código de Produção não teve maiores objeções sobre a linha de saída de Rhett Butler.[25]

Música

Demonstração de 25 segundos de "Tara's Theme", melodia da plantação Tara, dos O'Hara.

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Para compor a trilha sonora, Selznick selecionou Max Steiner, com quem havia trabalhado na RKO Pitctures em meados dos anos 1930. A Warner Bros. — que havia contratado Steiner em 1936 — concordou em deixar o compositor trabalhar com Selznick. Steiner passou 12 semanas trabalhando nas canções, o maior período que ele já passou trabalhando em uma, e 2 horas e 36 minutos também foi a maior duração que ele já passou compondo as passagens instrumentais e as composições. Cinco orquestradores foram contratados, nomeadamente Hugo Friedhofer, Maurice de Packh, Bernard Kaun, Adolph Deutsch e Reginald Bassett. A trilha sonora é caracterizada por dois temas de amor, um para o amor de Ashley e Melanie e outro que evoca a paixão de Scarlett por Ashley, embora não exista um tema do amor de Scarlett e Butler. Steiner trabalhou consideravelmente em obras folk e patriotas, que incluíam músicas de Stephen Foster como "Louisiana Belle", "Dolly Day", Ringo De Banjo", "Beautiful Dreamer", "Old Folks at Home" e "Hatie Belle", que formaram a base do tema de Scarlett; outras canções que são predominantemente apresentadas ao longo do filme são "Marching trough Georgia", de Henry Clay Work", "Dixie", "Garryowen" e "The Bonnie Blue Flag". O tema é que é mais associado com Gone with the Wind atualmente é a melodia que acompanha Tara, a plantação dos O'Hara; em meados dos anos 1940, "Tara's Theme" formou a base musical da canção "My Own True Love", de Mack David. No total, existem 99 pedaços separados de música apresentados na trilha sonora. Devido à pressão de completar o conjunto de canções a tempo, Steiner recebeu assistência de Friedhofer, Deutsch e Heinz Roemheld nas composições; além disso, dois números — compostos por Franz Waxman e William Axt — foram retirados de arquivos da livraria da MGM.[26]

Sinopse

O enredo transcorre da seguinte forma: Predefinição:Revelações sobre o enredo

Primeira parte

Na véspera da Guerra de Secessão em 1861, Scarlett O'Hara vive em Tara, plantação de algodão de sua família situada na Geórgia, com seus pais e suas duas irmãs. Ela descobre que Ashley Wilkes — o qual ela secretamente ama — se casará com sua prima, Melanie Hamilton, e o casamento será anunciado no dia seguinte em um churrasco na casa de Ashley, perto da plantação Twelve Oaks.[27] Durante o evento, Scarlett declara secretamente seus sentimentos para Ashley, mas ele a rejeita ao responder que ele e Melanie são mais compatíveis. Scarlett fica furiosa ao descobrir que Rhett Butler, outro convidado, ouviu sua conversa com Ashley; ferido, Butler promete a ela que guardará seu segredo. O churrasco é interrompido pela declaração de guerra e os homens correm para se alistarem.[27] Ao passo em que Scarllett vê Ashley dando um beijo de despendida em Melanie, Charles, irmão mais novo de Melanie, lhe propõe casamento. Embora não o amasse, Scarlett aceita e eles se casam antes de ele ir para a guerra.[27]

Scarlett torna-se viúva quando Charles falece devido a uma pneumonia e sarampo enquanto servia no Exército dos Estados Confederados. A mãe de Scarlett lhe envia para a residência dos Hamilton em Atlanta para animá-la, embora a empregada franca dos O'Hara Mammy diz à Scarlett que sabe que ela está indo para a casa dos Hamilton para esperar pelo retorno de Ashley.[27] Scarlett, que não devia participar de uma festa enquanto estivesse de luto, vai a um bazar de caridade em Atlanta com Melanie, onde ela encontra Rhett novamente, agora um corredor de bloqueio dos Estados Confederados.[27] Para arrecadar dinheiro para o esforço da guerra, cavalheiros são convidados a apresentar propostas de dança para as damas. Rhett faz uma proposta excessivamente grande para Scarlett e, para a desaprovação dos convidados, ela aceita dançar com ele.[27]

O rumo da guerra se volta contra os Estados Confederados após a Batalha de Gesttysburg na qual muitos dos homens da cidade de Scarlett são mortos. Scarlett faz outro apelo mal sucedido para Ashley enquanto ele está fazendo uma visita em sua licença de Natal, embora eles compartilhem um beijo privado e apaixonante no salão no dia do Natal, antes de ele retornar à guerra.[27] Oito meses depois, conforme a cidade é cercada pelo Exército da União na Campanha de Atlanta, Scarlett e a jovem criada de sua casa Prissy devem entregar o bebê de Melanie sem assistência médica depois que ela entra em trabalho de parto prematuramente. Pouco depois, Scarlett chama Rhett para levá-la para Tara com Melanie, seu bebê e Prissy; ele as recebe em um cavalo e uma carroça, mas uma vez que estava fora da cidade, ele decide ir para a luta, deixando Scarlett e o grupo voltarem para Tara por conta própria.[27] Após retornar para casa, Scarlett encontra Tara deserta, com exceção de seus parentes, suas irmãs e suas empregadas Mammy e Pork. Ela descobre que sua mãe faleceu em decorrência de uma febre tifoide e que a mente de seu pai começou a falhar sob a tensão.[27] Com Tara saqueada pelas tropas da união e os campos abandonados, Scarlett promete que fará qualquer coisa para a sobrevivência de si mesma e de sua família.[27]

Segunda parte

Cena do beijo entre Rhett e Scarlett, após a proposta de casamento.

Scarlett envia sua família e suas servas para trabalhar nos campos de algodão, enfrentando muitas dificuldades ao longo do caminho, incluindo a morte de seu pai após este cair do cavalo em uma tentativa de afastar um ladrão de suas terras. Com a derrota dos Estados Confenderados, Ashley também retorna, mas descobre que pode ajudar em pouca coisa em Tara.[27] Quando Scarlett lhe implora para fugir com ela, Ashley confessa seu desejo por ela e a beija apaixonadamente, mas diz que ele não consegue deixar Melanie. Incapaz de pagar as taxas de Tara implementadas pelos reconstrutores, Scarlett engana o noivo de sua irmã, o rico e de meia idade Frank Kennedy, de se casar com ela, dizendo que Suellen se cansou de esperar e casou-se com outro homem.[27] Frank, Ashley, Rhett e outros cúmplices invadem uma favela de noite após Scarlett ser atacada enquanto dirigia nela sozinha; a invasão acabou resultando no falecimento de Frank. Pouco após o término do funeral de Frank, Rhett propõe casamento à Scarlett e ela aceita.[27] Eles acabam tendo uma filha, a qual Rhett nomeia de Bonnie Blue, mas Scarlett, ainda apaixonada por Ashley e mortificada com a ruína percepção de sua figura, diz à Rhett que ela não quer mais crianças e que eles não irão mais dormir juntos.[27]

Certo dia, Scarlett e Ashley são vistos se abraçando pela irmã do último, India, e tal ação acaba resultando em uma intensa aversão de Scarlett, pois India acaba espalhando rumores ansiosamente.[27] À noite, Rhett, já sabendo dos boatos, força Scarlett a participar de uma festa de aniversário de Ashley; incapaz de acreditar em qualquer coisa ruim de sua amada cunhada, Melanie defende Scarlett para que todos acreditem que o rumor é falso. Depois de retornar da festa, Scarlett encontra Rhett bêbado no térreo, e eles começam a discutir sobre Ashley.[27] Com ciúmes, Rhett agarra a cabeça de Scarlett e ameaça esmagar seu cérebro. Quando ela zomba dele, dizendo que ele não honra, Rhett revida, beijando Scarlett contra sua vontade, e declara sua intenção de ter relações sexuais com ela naquela noite. Assustada, ela tenta resistir a ele fisicamente, mas Rhett a domina e a carrega até o quarto.[27] No dia seguinte, Rhett pede desculpas por seu comportamento e oferece uma proposta de divórcio, a qual Scarlett rejeita, afirmando que seria uma desgraça.[27]

Quando Rhett retorna de uma viagem à Londres, as tentativas de Scarlett para se reconciliar são rejeitadas. Ela lhe informa que está grávida, mas um argumento resulta em sua queda de um lance de escadas e Scarlett acaba sofrendo um aborto espontâneo.[27] Conforme ela se recupera, uma tragédia ocorre quando Bonnie falece ao tentar pular uma cerca com seu pônei. Melanie vista a casa de Rhett e Scarlett para lhes confortar, mas entra em colapso devido à complicações decorrentes da gravidez.[27] Depois de visitar Melanie em seu leito de morte, Scarlett consola Ashley, fazendo Rhett voltar para casa. Percebendo que Ashley amava apenas Melanie, Scarlett se precipita depois que Rhett o encontra se preparando para sair bem. Ela implora à Rhett, dizendo que percebeu naquele momento que ela o amava por todo esse tempo, e que nunca amou Ashley de verdade.[27] Entretanto, ele a rejeita, dizendo que o falecimento de Bonnie afastou qualquer chance de reconciliação. Sem sucesso, Scarlett lhe implora para ficar, e Rhett atravessa a porta na névoa do amanhecer, deixando ela chorando na escadaria e prometendo que um dia reconquistará seu amor.[27] Predefinição:Fim das revelações sobre o enredo

Lançamento

Prévia, estreia e distribuição inicial

Em 9 de setembro de 1939, Selznick, juntamente com sua esposa Irene, o investidor John "Jock" Whitney e o editor cinematográfico Hal Kern dirigiram-se para Riverside, Califórnia, para conceder uma prévia de Gone with the Wind no Fox Theatre. O filme ainda não estava pronto nesta fase, pois faltavam títulos completados e efeitos especiais óticos. Originalmente, o trabalho possuía uma duração de quatro horas e vinte e cinco minutos, porém viria a sofrer diversos cortes para durar pouco menos de quatro horas, a fim de um lançamento apropriado. Uma dobradinha de Hawaiian Nights e Beau Gaste estava sendo apresentada, e após o primeiro longa ser exibido, foi anunciado que o cinema iria exibir uma prévia; o público foi informado de que poderia deixar o local, mas que não seria reembolsado uma vez que o filme havia começado, e que ligações telefônicas estavam proibidas, pois o cinema havia sido vedado. Quando o título apareceu na tela, o público aplaudiu, e a prévia terminou com uma ovação em pé.[7][28] Em sua biografia de Selznick, David Thomson escreveu que a resposta do público antes de o filme começar "foi o melhor momento da vida [de Selznick], a maior vitória e a redenção de todas as suas falhas",[29] com o produtor definindo as prévias como "provavelmente as mais incríveis que qualquer filme já teve".[30] Em setembro daquele ano, ao ser questionado pela imprensa como se sentia em relação ao filme, ele comentou: "Ao meio dia eu acho que é divino, à meia-noite eu acho que é ruim. Às vezes, eu acho que é o melhor filme já feito. Mas se for apenas um filme bom, eu ainda estarei satisfeito".[24]

Imagem da estreia de Gone with the Wind no Loew's Grand Theatre, em Atlanta. O evento contou com a presença de diversos atores do filme, além de recepções, milhares de bandeiras dos Estados Confederados e um baile à fantasia.[24][30]

Um milhão de pessoas foram para a estreia do filme no Loew's Grand Theatre, em Atlanta, que ocorreu em 15 de dezembro de 1939. Foi o clímax de três dias de festividades apresentadas por Mayor William B. Hartsfield, que incluíram uma parada de limusines apresentando atores do filme, recepções, milhares de bandeiras dos Estados Confederados e um baile à fantasia. Eurith D. Rivers, então governador da Geórgia, declarou que 15 de dezembro seria um feriado no estado. Cerca de 300 mil residentes e visitantes de Atlanta andaram mais de sete milhas para ver uma processão de limusines trazendo atores do filme, as quais foram vindas do aeroporto. Apenas Leslie Howard e Victor Fleming não quiseram participar do evento: Howard retornou para a Inglaterra devido ao início da Segunda Guerra Mundial, e Fleming se desentendeu com Selznick e recusou-se em participar de qualquer uma das estreias.[24][30] Hattie McDaniel também não esteve presente, já que ela e os outros atores negros do filme foram proibidos de participar da estreia devido às leis implementadas por Jim Crow no estado da Geórgia, que proibiram que eles se sentassem com os membros brancos do elenco. Ao descobrir que McDaniel foi barrada da estreia, Clark Gable ameaçou boicotar o evento, mas McDaniel o convenceu em comparecer.[31] O mais tarde presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter descreveu a estreia como "o maior evento que já aconteceu no sul em minha vida".[32] Estreias em Nova Iorque e Los Angeles ocorreram posteriormente, com a última tendo participação de algumas das atrizes consideradas para o papel de Scarlett, entre elas Paulette Goddard, Norma Shearer e Joan Crawford.[30]

Entre dezembro de 1939 e julho de 1940, Gone with the Wind foi exibido apenas com antecedência — ingressos foram vendidos a preços acima de US$ 1 em um número limitado de cinemas —, mais do que o dobro do preço normal de um longa exibido pela primeira vez, com a MGM coletando 70% das receitas de bilheteria — ao contrário dos típicos 30-35% do período, um feito sem precedentes. Depois de alcançar saturação como uma exibição itinerante, a MGM revisou seus termos a um corte de 50% e reduziu-os pela metade, antes de distribuir o trabalho globalmente em 1941 a preços "populares".[33] Juntamente com seus preços de distribuição e publicidade, as despesas totais no filme ultrapassaram a marca de US$ 7 milhões.[30][34]

Lançamentos posteriores

Relançamentos nos cinemas

Ficheiro:Pôster de Gone with the Wind (1967).jpg
Pôster do relançamento de 1967 do filme.

Em 1942, Selznick liquidou sua empresa por razões fiscais, e vendeu sua parte em Gone with the Wind para seu parceiro de negócios John Whitney no valor de US$ 500 mil. Whitney, por sua vez, vendeu-a para a MGM por US$ 2.8 milhões, para que o estúdio ficasse definitivamente com os direitos do filme.[34] A MGM relançou o trabalho pela primeira vez em 1947, e novamente em 1954;[7] esta última reedição marcou a primeira vez em que o projeto foi exibido em widescreen, comprometendo a academy ratio original e cortando as partes superiores e inferiores para uma proporção de tela de 1.75:1. Com isso, diversas tomadas foram oticamente remoldadas e cortadas em negativos de câmera de três faixas, alterando para sempre cinco sequências da obra.[35] Um relançamento feito em 1961 comemorou o centenário do início da Guerra de Secessão, e incluiu uma "estreia" de gala no Loew's Grand Theater. O evento contou com a presença de Selznick e de diversos atores do filme, incluindo Vivien Leigh e Olivia de Havilland;[36] Clark Gable havia falecido no ano anterior.[37] Para seu relançamento de 1967, a produção foi aumentada para 70 mm,[7] e lançada com um novo pôster apresentando Gable — com sua camisa branca rasgada — abraçando Leigh, contra um fundo de chamar alaranjadas.[36] Houve outros relançamentos, feitos em 1971, 1974 e 1989; para a reedição comemorativa dos 50 anos de lançamento do filme em 1989, uma completa restauração de áudio e vídeo foi feita. Gone with the Wind foi lançado nos cinemas estadunidenses novamente em 1998.[38][39] Em 2013, uma restauração digital em resolução 4K foi lançada no Reino Unido para coincidir o centenário de Leigh.[40] Em 2014, exibições especiais foram agendadas em um período de mais de dois dias em cinemas dos Estados Unidos, para comemorar o 75º ano de lançamento do filme.[41] No total, o projeto foi relançado nove vezes.[42]

Exibições televisivas e distribuição física

A estreia televisiva do filme ocorreu no canal a cabo HBO em 11 de junho de 1976, a qual foi transmitida mundialmente; no resto daquele mês, a rede reprisou o projeto outras 13 vezes. Em novembro do mesmo ano, Gone with the Wind foi exibido pela primeira vez em uma estação televisiva pública; a NBC pagou US$ 5 milhões para uma exibição única, e transmitiu o filme em duas partes durante duas noites seguidas. Na época, a exibição tornou-se o programa televisivo com maior audiência de um único canal, tendo sido assistida por um total de 47.5% das casas estadunidenses, e por 65% dos espectadores; com isso, Gone with the Wind tornou-se o filme com maior audiência televisiva conquistada nos Estados Unidos, um recorde que ainda se mantém. Dois anos depois, a CBS assinou um contrato no valor de US$ 35 milhões para exibir o filme durante muitos anos, num total de 20 reprises.[16][39] A Turner Entertainment adquiriu a filmoteca da MGM em 1986, mas o acordo não incluía os direitos televisivos do trabalho, que ainda pertenciam à CBS. Foi fechado um contrato no qual os direitos foram retornados para a Turner Entertainment, e os direitos da CBS de transmitir The Wizard of Oz foram estendidos.[16] O filme foi posteriormente usado para lançar dois canais a cabo da Turner Broadcasting System: Turner Network Television (1988) e Turner Classic Movies (1994).[43][44] A produção foi disponibilizada fisicamente pela primeira vez no formato de VHS em março de 1985 — cuja edição chegou a atingir a vice-liderança da Top Videocassettes, tabela da Billboard[16] — e, desde então, foi comercializada nos formatos de DVD e blu-ray.[36]

Elenco

Vivien Leigh (esquerda) e Clark Gable (direita) listados como Scarlett O'Hara e Rhett Butler na prévia do filme.

Vivien Leigh interpretou Scarlett O'Hara, filha de temperamento forte do proprietário da plantação Tara Gerald O'Hara (Thomas Mitchell), casado com Ellen O'Hara (Barbara O'Neil).[27] Ela vive em Tara com suas irmãs Suellen (Evelyn Keyes), Carreen (Ann Rutherford), os empregados Pork (Oscar Polk), Mammy (Hattie McDaniel) e Prissy (Butterfly McQueen), o capataz Big Sam (Everett Brown) e o superintendente Jonas Wilkerson (Victor Jory), além dos pretendentes Brent Tarleton (Fred Crane) e Stuart Tarleton (George Reeves).[27] Ela, no entanto, é apaixonada por Ashley Wilkes (Leslie Howard), e descobre que ele se casará com sua prima Melanie Hamilton (Olivia de Havilland); ele vive com sua irmã India Wilkes (Alicia Rhett) e seu pai Howard Hickman (John Wilkes). Durante um evento na casa de Ashley, perto da plantação Twelve Oaks, Scarlett declara seu amor por Ashley e descobre que Rhett Butler (Clark Gable) ouviu a conversa secretamente; no mesmo evento, depois de ver Ashley dando um beijo de despedida em Melanie, ela recebe uma proposta de casamento do irmão de Melanie, Charles (Rand Brooks) e, embora não o amasse, ela aceita.[27] Em Atlanta, Scarlett viveu com a tia de Melanie, Sra. Pittypat Hamilton (Laura Hope Crews) e seu escravo, Tio Pedro (Eddie Anderson). Scarlett também conheceu Dr. Meade (Harry Davenport), sua esposa Sra. Meade (Leona Roberts) e Srta. Merriwether (Jane Darwell) em Atlanta. Outra personagem importante em Atlanta é Belle Watling (Ona Munson), uma amiga de Rhett.

Depois de ficar viúva de Charles, Scarlett descobre que Melanie entrou em trabalho de parto prematuramente; ela acaba dando à luz Beau Wilkes (Mickey Kuhn). Mais tarde, Scarlett engana o rico noivo de sua irmã Frank Kennedy (Carroll Nye) e impede-o de se casar com ela, dizendo que Suellen se cansou de esperar e casou-se com outro homem.[27] Após invadir uma favela à noite com Ashley, Rhett e outros cúmplices depois que Scarlett é atacada enquanto dirigia sozinha, Frank falece; durante seu funeral, Rhett propõe casamento à Scarlett e ela aceita. Eles acabam tendo uma filha, Bonnie Blue (Cammie King Conlon).[27] Outros personagens incluem o desertor Yankee (Paul Hurst), Johnny Gallagher (J. M. Kerrigan), Phil Meade (Jackie Moran), a enfermeira de Bonnie em Londres (Lillian Kemble-Cooper), Cathleen Calvert (Marcella Martin), o Corporal (Irvin Bacon), o oficial montado (William Bakewell), Emmie Slattery (Isabel Jewell), o capitão Yankee, Tom (Ward Bond), o soldado reminiscente (Cliff Edwards), o renegado (Yakima Canutt), o major Yankee (Robert Elliott) e Maybelle Merriwether (Mary Anderson).[45] Após o falecimento de Mary Anderson em abril de 2014, existem apenas dois integrantes ainda vivos do elenco principal de Gone with the Wind: Olivia de Havilland e Mickey Kuhn.[46]

Oscar 1940[47]

Com 13 indicações ao Oscar, …E o vento levou tornou-se o segundo filme com o maior número de indicações ao prêmio, ficando atrás apenas dos empatados A malvada, de 1950, e Titanic, de 1997, que foram indicados a 14 categorias do Oscar. O filme conseguiu levar oito estatuetas, recebendo outras duas em categorias especiais (uma honorária e outra técnica), somando um total de 10 prêmios, façanha que foi superada apenas por Ben-Hur, de 1959, vencedor de 11 Oscars (embora com menos indicações que …E o vento levou, 12).

Atualmente, ao lado de Amor, sublime amor, de 1961, …E o vento levou também é o segundo filme com o maior número de Oscars ganhos, ficando atrás dos empatados Titanic (11 prêmios em 14 indicações), Ben-Hur, de 1959 (11 prêmios em 12 indicações) e O Senhor dos Anéis: Retorno do Rei, de 2003 (11 prêmios em 11 indicações).

Hattie McDaniel (1895 - 1952) tornou-se a primeira artista negra a ser indicada e a receber um prêmio Oscar, tendo este sido o de melhor atriz coadjuvante.
Ano Categoria Notas Resultado
1940 Melhor Filme Selznick International Pictures Venceu
Melhor Diretor Victor Fleming Venceu
Melhor Ator Clark Gable Indicado
Melhor Atriz Vivien Leigh Venceu
Melhor Atriz Coadjuvante Olivia de Havilland Indicado
Hattie McDaniel Venceu
Melhor Roteiro Adaptado Sidney Howard Venceu
Melhor Edição Hal C. Kern Venceu
Melhor Fotografia Ernest Haller e Ray Rennahan Venceu
Melhor Direção de Arte Lyle R. Wheeler Venceu
Melhores Efeitos Visuais Jack Cosgrove, Fred Albin e Arthur Johns Indicado
Melhor Mixagem de Som Thomas T. Moulton Indicado
Melhor Trilha Sonora Max Steiner Indicado
Technical Achievement Award (Oscar Técnico/Científico)
Oscar Honorário

Um fato curioso é que o produtor David O. Selznick havia prometido à Olivia de Havilland que a inscreveria na competição ao Oscar na categoria de melhor atriz, graças a sua brilhante performance como a bondosa Melanie; De Havilland, que à época das filmagens tinha apenas 22 anos de idade, conseguiu impressionar a todos ao interpretar de forma madura a personagem que acabaria por marcar para sempre a sua carreira. No fim das contas, Selznick inscreveu Olivia na categoria de melhor atriz coadjuvante, temendo que ela pudesse deter parte dos votos que iriam para Vivien Leigh. Leigh venceria o Oscar de melhor atriz, mas De Havilland acabaria perdendo o prêmio para o qual fora indicada para Hattie McDaniel, uma vez que a Mammie interpretada por McDaniel no filme era quem mais fazia o perfil coadjuvante. Anos mais tarde De Havilland conseguiu se tornar uma das poucas atrizes a ganharem dois Oscars de melhor atriz, assim como Vivien Leigh, que receberia outra estatueta em 1952 pela atuação num papel que foi recusado por De Havilland, o de Blanche DuBois em Uma rua chamada pecado ("A Streetcar Named Desire", 1951); a performance de Leigh neste filme tem sido apontada por alguns críticos como a maior atuação cinematográfica feminina de todos os tempos.

Atores ainda vivos

Olivia de Havilland, que interpretou Melanie em E o vento levou, é a única atriz do elenco principal do filme ainda viva nos dias de hoje. Ironicamente, sua personagem é a única, dentre os quatro protagonistas, que vem a morrer na história. Nascida no Japão no ano de 1916, a inglesa De Havilland - que mais tarde adotaria também a cidadania americana - consolidou-se como uma das melhores intérpretes dramáticas em Hollywood, vencendo em duas ocasiões o Oscar de melhor atriz. Ela vive, há muitos anos, em Paris, na França.

Dentre os atores que foram creditados no filme, encontram-se vivos a intérprete de Melanie, Olivia de Havilland, nascida em 1 de julho de 1916 (107 anos), e Mickey Kuhn, que fez Beau Wilkes, filho da personagem de De Havilland no filme; Kuhn nasceu em 21 de setembro de 1932 (91 anos).

Olivia de Havilland e Alicia Rhett (intérprete de Índia Wilkes), são as atrizes que mais viveram após o lançamento do filme em 1939. Alicia Rhett, nascida em fevereiro de 1915, faleceu em janeiro de 2014, perto de completar os seus 99 anos de idade. De Havilland completou os seus 99 anos em julho de 2015. Ironicamente, a sua Melanie é a única personagem do elenco principal que vem a morrer durante o filme, enquanto Olivia sobreviveu aos demais astros do longa e hoje leva uma vida tranquila em Paris, na França, onde vive desde 1960. Olivia tem aparecido em eventos relacionados a cinema, especialmente em tributos a ...E o vento levou. Em 1989, quando o People's Choice Award mobilizou os americanos a elegerem o seu filme favorito de todos os tempos, o filme escolhido foi ...E o vento levou, e Olivia foi receber o prêmio, tendo agradecido em seu nome e em nome de todos os que estiveram envolvidos na realização do filme, citando em especial Clark Gable, Vivien Leigh, Leslie Howard, Hattie McDaniel e o produtor David O. Selznick, que não mais se encontravam em vida em 1989. Em 2004, ela filmou "Melanie Remembers: Reflections by Olivia de Havilland", um documentário sobre ...E o vento levou por meio do qual a atriz relembra cada momento das filmagens. No final de setembro de 2014, devido aos 75 anos de …E o vento levou, o filme voltou a ser exibido em sessões especiais nos cinemas americanos, e Olivia, de sua casa em Paris, afirmou estar verdadeiramente emocionada em saber sobre o relançamento do filme nos cinemas.

Greg Giese, nascido a 24 de setembro de 1939 (84 anos), que aparecera no filme quando recém-nascido, como o bebê de Melanie (Olivia de Havilland), tendo sido reaproveitado para aparecer como o bebê de Scarlett (Vivien Leigh), não teve o seu nome creditado no longa; contudo Giese é um dos integrantes do filme a estarem vivos nos dias de hoje, e sempre participa de eventos relacionados a …E o vento levou.[48]

Sequência

Ver artigo principal: Scarlett (minissérie)

Durante muitas décadas especulou-se em Hollywood se uma sequência para o filme seria produzida. A escritora original de Gone with the Wind faleceu, em 1949, sem nunca ter escrito uma continuação para a obra, como fãs gostariam.[49] No entanto, em 1991, os herdeiros do espólio de Mitchell autorizaram a romancista Alexandra Ripley a publicar uma sequência para o romance, intitulada Scarlett.[50] O livro foi adaptado como uma minissérie televisiva homônima em 1994 pela CBS, estrelada por Timothy Dalton como Rhett Butler e Joanne Whalley como Scarlett O'Hara, sendo a única sequência oficial do filme.[51]

Notas

  1. Em tradução livre, "porcaria"; no caso da frase de Rhett Buttler, "Frankly, my dear, I don't give a damn", a palavra é traduzida como "mínima", uma vez que "Francamente, minha querida, eu não dou a mínima" é a tradução da frase.
  2. Em tradução livre, "inferno".

Referências

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  50. «Fiction: This Rhett Butler does give a damn» (em inglês). The Daily Telegraph. 20 de dezembro de 2007 
  51. «TV Miniseries Review: 'Scarlett'» (em inglês). Entertainment Weekly 

Ligações externas

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