Segunda Guerra do Congo

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Segunda Guerra do Congo
Guerra Civil no Congo

Civis esperando para atravessar a fronteira entre a RD Congo e o Ruanda (2001)
Data 2 de agosto de 199818 de julho de 2003
Local República Democrática do Congo
Desfecho Impasse militar
Beligerantes
Pró-governo:
República Democrática do Congo
 Angola
Chade
Namíbia
 Zimbabwe
Forças anti-Uganda:
LRA
Sudão (supostamente)

Milícias anti-Ruanda:
FDLR

Milícias Anti-Burundi:

Milicias aliadas a Ruanda:

Milícias aliadas a Uganda:

Forças Anti-Angola:
UNITA
Nações estrangeiras:
Uganda
Ruanda
 Burundi


Nota: Ruanda e Uganda lutaram uma breve guerra em junho de 2000 disputando uma parte do território congolês.
Comandantes
RD Congo:
Laurent-Désiré Kabila
(1997–2001)
Joseph Kabila
(2001–2003)
Namíbia:
Sam Nujoma
Dimo Hamaambo
Martin Shalli
Zimbabwe:
Robert Mugabe
Emmerson Mnangagwa
Constantine Chiwenga
Perence Shiri
Angola:
José Eduardo dos Santos
João de Matos
Chade:
Idriss Déby
MLC:
Jean-Pierre Bemba
RCD:
Ernest Wamba dia Wamba
Grupos Tutsi:
Laurent Nkunda
Uganda:
Yoweri Museveni
Ruanda:
Paul Kagame
Burundi:
Pierre Buyoya
2,7 – 5,4 milhões de mortos (1998–2008)[1][2]

A Segunda Guerra do Congo, também conhecida como a Guerra Mundial Africana[3] ou a Grande Guerra de África, foi um conflito armado que se iniciou em 1998 e terminou oficialmente em 2003 quando o governo de transição da República Democrática do Congo tomou o poder. A maior guerra na história moderna de África, e um dos conflitos mais mortíferos desde a Segunda Guerra Mundial, envolveu diretamente oito países africanos, bem como cerca de 25 grupos armados. Cerca de 3,8 milhões de pessoas morreram, a maioria de inanição e doenças. Vários outros milhões foram deslocados das suas casas ou procuraram asilo em países vizinhos.[4]

O conflito começou no contexto das tensões pós genocídio em Ruanda, logo em sequência da Primeira Guerra do Congo. Em 1996, o governo ruandês estava preocupado com a ascensão de milícias hutus na região, que utilizavam o Zaire (atual Congo) para atacar seu território e recuar. Apoiados por Angola e por Uganda, soldados e milicianos de Ruanda partiram pelo rio Congo e eventualmente instauraram Laurent-Désiré Kabila no poder. Uma das suas primeiras ações foi mudar o nome do país de Zaïre para República Democrática do Congo. Corrupção, problemas econômicos e a visão de que Kabila era um peão de potências estrangeiras, puxou muito a popularidade do presidente para baixo, gerando muita instabilidade. Tentando demonstrar força, Kabila começou a tomar medidas nacionalísticas, em detrimento de Ruanda e dos outros aliados. Em 1998, ele exigiu que as tropas das nações africanas vizinhas se retirassem. Os tutsis de Banyamulenge ficaram tenebrosos com essa notícia, temendo que fossem alvos das milícias hutu. Isso escalou ainda mais a tensão na região, e ao fim de 1998, tropas de Ruanda invadiram novamente o Congo. Logo outros países se envolveriam, como Burundi e Uganda, além de milícias como a UNITA, vindo em apoio de Ruanda, enquanto Angola, Chade, Zimbabwe e Namíbia apoiavam a República Democrática do Congo. A região foi mergulhada numa grande guerra, com milícias se formando para apoiar cada lado, com milhares de mortes, falta de comida e remédios, enorme deslocamento de refugiados e regiões inteiras jogadas na anarquia. Em 1999 a guerra chegou no seu auge, com uma enorme quantidade de mortos e milhões de refugiados. Ao mesmo tempo, iniciativas de paz começaram, como o acordo de cessar-fogo de Lusaka. Em janeiro de 2001, Laurent-Désiré Kabila foi morto, sendo logo depois sucedido por seu filho, Joseph. Em 2002, novas tentativas de paz, puxadas pela Comunidade Internacional, tentaram resolver a situação, sem muito resultado. Contudo, em 2003, um acordo mais definitivo foi assinado. Tropas de Uganda e Ruanda começaram a se retirar; as milícias congolesas foram, em contrapartida, desarmadas e um Governo de Transição firmado. Três anos mais tarde uma constituição foi outorgada no Congo.[5][6][7]

Apesar do fim oficial da guerra em Julho de 2003 e de um acordo entre as partes beligerantes para criar um governo de unidade nacional, mil pessoas morreram diariamente em 2004 de casos de subnutrição e doenças facilmente evitáveis.[8] Um perito em direitos humanos da ONU relatou em Julho de 2007 que atrocidades sexuais contra mulheres congolesas vão "muito para além de violação" e incluem escravatura sexual, incesto forçado, e canibalismo.[9] Uma nova pesquisa, em 2008, apontou que o conflito matava 45 mil pessoas por mês.[10]

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Referências

  1. Coghlan B; Brennan RJ; Ngoy P; et al. (Janeiro de 2006). «Mortality in the Democratic Republic of Congo: a nationwide survey» (PDF). Lancet. 367 (9504): 44–51. PMID 16399152. doi:10.1016/S0140-6736(06)67923-3. Consultado em 27 de dezembro de 2011 
  2. [Staff] (20100120) "DR Congo war deaths 'exaggerated'" BBC News
  3. Government Accounting Office (GAO). U.N. peacekeeping executive branch consultations with Congress did not fully meet expectations in 1999-2000, 2000. Page 52.
  4. Congo Civil War Global Security
  5. Baregu, Mwesiga. "The Clones of 'Mr. Kurtz': Violence, War and Plunder in the DRC." (')
  6. Berkeley, Bill. (2001) The Graves Are Not Yet Full: Race, Tribe, and Power in the Heart of Africa. Basic Books. ISBN 0-465-00642-6
  7. Edgerton, Robert G. (2002) The Troubled Heart of Africa: A History of the Congo. St. Martin's Press. ISBN 0-312-30486-2
  8. 1,000 a day dying in Congo, agency says, December 10, 2004. CBC
  9. Congo's Sexual Violence Goes 'Far Beyond Rape', July 31, 2007. The Washington Post.
  10. War in Congo kills 45,000 people each month - 23 de janeiro de 2008