Guerras Civis Afegãs

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Guerra Civil do Afeganistão

Uma rua de Cabul completamente destruída pela guerra.
Período 1978–presente
Local Afeganistão
Resultado
Mortos ou feridos
1 405 111 – 2 084 468[1][2][3][4][5]

A guerra civil do Afeganistão é um extenso e complexo conflito que assola o país desde 1978, que possui muitos diferentes grupos que combatem de acordo com os distintos estágios.[6]

Fases[editar | editar código-fonte]

Golpe de Estado "Revolução de Saur"[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Revolução de Saur

Em 27 de abril de 1978, os militares desfecharam um golpe de Estado, chefiado pelos partidos comunistas unificados Khalq e Parcham, após a morte de um dos principais membros do Parcham. O Presidente Mohammed Daoud Khan foi morto juntamente com familiares quando os golpistas tomaram o palácio presidencial. O termo pachto saur significa "abril".

Envolvimento soviético[editar | editar código-fonte]

O novo governo comunista do Afeganistão encontrou resistência aos seus programas. A seu pedido, a União Soviética interveio com suas forças armadas também como medida para conter os efeitos da Ruptura sino-soviética.[7] Mesmo com o apoio soviético, o governo não logrou controlar efetivamente o país e impedir a rebelião, que recebia apoio do Paquistão, dos EUA e da Arábia Saudita. A União Soviética retirou suas tropas em 1989.

Colapso do governo[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Guerra Civil Afegã (1989-1992)

Se caracterizou por uma pesada luta de guerrilha entre o governo comunista de Kabul e os mujahidins. Iniciou-se logo após a retirada das forças militares da União Soviética do país. A saída dos soviéticos do conflito deixou a responsabilidade de lutar contra os rebeldes islamitas apenas ao governo afegão. Depois de três anos de luta, o país já estava completamente sob controle dos mujahidins. Contudo, o conflito reiniciaria logo depois, prolongando a guerra civil por mais quatro anos, até que os extremistas do grupo radical Taliban prevaleceram e firmaram um novo regime fundamentalista no país.[8]

Desentendimentos entre os mujahidin[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Guerra Civil Afegã (1992-1996)

Após tomar o poder, a união dos mujahidin desfez-se e começou um período de lutas entre si. Gulbuddin Hekmatyar foi apontado como o responsável por um devastador ataque de foguetes contra Cabul, e Dostum começou a atacá-lo. Este último juntou suas forças às de Hekmatyar e os combates destruíram grande parte de Cabul, enquanto que o país foi dividido conforme as suas etnias. Em 1994, formou-se o movimento dos talibãs no sul do país, com apoio paquistanês, o qual rapidamente obteve vitórias contra Dostum e o comandante tadjique Ahmad Shah Massoud; em 1996, os talibãs tomaram a capital.

O regime dos talibãs[editar | editar código-fonte]

Após a queda de Cabul, Dostum e Massoud uniram-se para formar a Frente Unida Islâmica para a Salvação do Afeganistão (ou Aliança do Norte). Naquele período, os talibãs continuaram a avançar contra a Aliança até controlar 95% do território afegão. Dostum viu-se forçado a abandonar o Afeganistão, e Massoud foi assassinado em 9 de setembro de 2001.

Envolvimento ocidental e novo governo afegão[editar | editar código-fonte]

Após os ataques de 11 de setembro de 2001, a Aliança do Norte, com apoio da coalizão liderada pelos Estados Unidos, derrubou os talibãs e estabeleceu uma nova república, sob o comando do Presidente Hamid Karzai. Os talibãs constituíram então um movimento de resistência na porção meridional do país e com frequência usam o território paquistanês como refúgio.[carece de fontes?] Foram treze anos de guerra, viu um novo governo afegão ascender ao poder. Gradualmente as tropas dos aliados ocidentais começaram a se retirar da missão principal de combater os rebeldes islamitas e assumir uma posição de apoio as autoridades afegãs a lutar contra os jihadistas. Em dezembro de 2014, os americanos encerraram sua participação como um dos principais protagonistas da guerra, dando ao governo local a responsabilidade de seguir com a guerra. Enquanto isso, a violência se intensificava por todo o país.[9]

Conflito entre Talibã e Estado Islâmico[editar | editar código-fonte]

Em 2015, ex-membros e desertores do Talibã liderados pelo militante do Tehrik-i-Taliban Pakistan Hafiz Saeed Khan e o ex-comandante do Talibã afegão Abdul Rauf Aliza, dessatisfeitos com a organização juraram lealdade ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante e anunciaram a fundação do Provínicia de Coraçone do Estado Islâmico. Militantes do Movimento Islâmico do Uzbequistão declararam lealdade ao grupo e logo em 2015 começaram embates entre membros do EI-K e Talibã.[10] O EI-K foi capaz de tomar alguns territórios antes de serem expulsos por intervenção tanto do Talibã quanto das Forças de Segurança do governo afegão.[11] Durante a Queda de Cabul o Talibã liberou militantes aprisionados, incluindo membros do EI-K. Quando comçou o processo de evacuação do Afeganistão o EI-K realizou um ataque suicida no aeroporto de Cabul matando 182 pessoas, incluindo militares estadunidenses e do Talibã.

Retorno do Talibã[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Emirado Islâmico do Afeganistão

Após quase duas décadas de presença militar no Afeganistão, em 2020 os Estados Unidos firmaram um acordo de paz com o Talibã, que permitiria ao país retirar suas tropas de lá. Aproveitando-se deste vácuo de poder, o Talibã, em maio de 2021 lançou uma grande ofensiva contra o governo central afegão e em agosto, conquistaram Cabul e reassumiram o governo.[12]

Resistência contra Talibã[editar | editar código-fonte]

Em 17 de agosto, o vice-presidente Amrullah Saleh, citando disposições da Constituição do Afeganistão, declarou-se presidente do Afeganistão de uma base de operações no vale de Panjshir, que ainda não havia sido tomada pelas forças do Talibã, e prometeu continuar as operações militares contra o Talibã de lá.[13] Sua reivindicação à presidência foi endossada por Ahmad Massoud e pelo Ministro da Defesa da República Islâmica do Afeganistão, Bismillah Khan Mohammadi.[13] A resistência baseada em Panjshir recapturou a capital da província de Charikar em 17 de agosto.[14]

Referências

  1. Russia's War in Afghanistan. [S.l.]: Books.google.co.nz. Consultado em 18 de outubro de 2014 
  2. War, Politics and Society in Afghanistan, 1978–1992. [S.l.]: Books.google.co.nz. Consultado em 18 de outubro de 2014 
  3. «Afghanistan : Demographic Consequences of War : 1978–1987» (PDF). Nonel.pu.ru. Consultado em 19 de outubro de 2014 
  4. «Life under Taliban cuts two ways». The Christian Science Monitor. 20 de setembro de 2001. Consultado em 18 de outubro de 2014 
  5. «Human Costs of War: Direct War Death in Afghanistan, Iraq, and Pakistan : October 2001 – February 2013» (PDF). Costsofwar.org. Consultado em 19 de outubro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 30 de abril de 2013 
  6. «Afghanistan War - History, Combatants, Facts, & Timeline». Britannica.com. Consultado em 18 de agosto de 2021 
  7. «Boko Haram faction shows parallels with Cold War-era revolutionary insurgents». Africa at LSE. 23 de janeiro de 2020. Consultado em 8 de setembro de 2020 
  8. "Afghanistan: Power Struggle". Página acessada em 27 de janeiro de 2014.
  9. Sune Engel Rasmussen (28 de dezembro de 2014). «Nato ends combat operations in Afghanistan». Kabul: The Guardian. The Guardian. Consultado em 31 de janeiro de 2015 
  10. «Taliban-on-Taliban turf war erupts in Afghanistan». www.worldbulletin.net/ 
  11. «Wilayat Khorasan Stumbles in Afghanistan». Jamestown (em inglês). Consultado em 8 de setembro de 2021 
  12. «As the Taliban return, Afghanistan's past threatens its future». NationalGeographic.com. Consultado em 18 de agosto de 2021 
  13. a b «Panjshir flies flag of resistance again; Amrullah says he is President of Afghanistan». Tribune India. 17 de agosto de 2021. Consultado em 17 de agosto de 2021 
  14. «Afghan Vice President Saleh's forces retake Charikar area from Taliban - Source». UNI India 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]