Guerra Suja na Argentina

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Fotografias de vítimas da ditadura argentina

Guerra Suja na Argentina ou Guerra Suja (em espanhol: Guerra Sucia) (1976-1983) foi o regime adotado em meio a ditadura militar argentina, caracterizado por violência indiscriminada, perseguições, tortura, terrorismo de Estado, desaparecimentos forçados etc. Conhecido também como Processo de Reorganização Nacional segundo a ditadura, foi marcado por várias mortes, desaparecimentos e pelos voos da morte, em que pessoas eram jogadas ao mar vivas.

Vítimas da violência incluíram vários milhares de ativistas de esquerda, incluindo sindicalistas, estudantes, jornalistas, marxistas e os guerrilheiros peronistas[1] e simpatizantes.[2] Cerca de 10 mil desaparecidos sob a forma dos Montoneros, guerrilheiros do Exército Revolucionário do Povo (ERP) foram mortos.[3][4] As estimativas para o número de pessoas que foram mortas ou "desapareceram" variam de 9 000 a 30 000.[5][6]

A denominação refere-se ao caráter informal de confronto entre os militares - desligados da autoridade civil -, contra os civis e muitas organizações guerrilheiras, que em qualquer momento foi considerado uma explícita guerra civil. O uso sistemático da violência e sua extensão contra alvos civis no âmbito da tomada de poder político e burocrático por parte das forças armadas, determinou a imediata suspensão dos direitos constitucionais e conduziu à aplicação de táticas de guerra irregular e procedimentos a toda população.

No entanto, a sua designação como uma "guerra" é contestada por algumas organizações políticas e dos direitos humanos, argumentando que se trata de um argumento original pelo regime militar para justificar a repressão indiscriminada. Uma das considerações tidas em conta é a disparidade de vítimas de ambos os lados, o que torna inadequada a definição de "guerra", ao invés, a jurisprudência moderna da Argentina, definiu-a como "genocídio".

O terrorismo de Estado foi realizado principalmente pela ditadura militar de Jorge Rafael Videla, como parte da Operação Condor, um plano patrocinado pelo governo dos Estados Unidos na época (assim como o FBI e a CIA) para realizar vários golpes de Estado na América do Sul. No entanto, os atos de repressão, tortura e os assassinatos continuaram depois até o retorno ao regime civil em 1983.

A cronologia exata da repressão ainda está em discussão, no entanto, como os sindicalistas foram alvo de assassinato em 1973, e casos isolados de violência patrocinada pelo Estado contra o peronismo e à esquerda pode ser rastreado pelo menos ao bombardeio da Plaza de Mayo na década de 1950. O Massacre de Trelew de 1972, as ações da Aliança Anticomunista Argentina desde 1973 e os "decretos de aniquilação" de Isabel Martínez de Perón contra os guerrilheiros de esquerda durante o Operativo Independencia em 1975, tem sido sugerido como datas para o início da guerra suja.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Gugliotta, Guy (6 de abril de 2011). «Argentina's Dirty War» (em inglês). The Alicia Patterson Foundation. Consultado em 3 de julho de 2013. Arquivado do original em 29 de janeiro de 2017 
  2. Forero, Juan (11 de fevereiro de 2010). «Orphaned in Argentina's dirty war, man is torn between two families» (em inglês). Washington Post. Consultado em 3 de julho de 2013 
  3. Irigaray, Juan Ignacio (4 de maio de 1995). «El ex líder de los Montoneros entona un «mea culpa» parcial de su pasado» (em espanhol). El Mundo. Consultado em 3 de julho de 2013. Cópia arquivada em 23 de fevereiro de 2009 
  4. Arreche, Mariano (13 de julho de 2008). «A 32 años de la caída en combate de Mario Roberto Santucho y la dirección histórica del PRT-ERP» (em espanhol). Centro de Documentación de los Movimientos Armados (Cedema). Consultado em 3 de julho de 2013 
  5. Gunson, Phil (2 de abril de 2009). «Raúl Alfonsín - Argentine president who played a key role in the restoration of democracy» (em inglês). The Guardian. Consultado em 3 de julho de 2013 
  6. Daniels, Alfonso (17 de maio de 2008). «Argentina's dirty war: the museum of horrors» (em inglês). The Guardian. Consultado em 3 de julho de 2013 
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