Guerras fernandinas

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As chamadas guerras fernandinas caracterizaram-se pela disputa do trono de Castela entre Fernando I de Portugal e Henrique II de Castela (e depois, com o filho deste, João I de Castela), na sequência do assassinato de Pedro I de Castela por Henrique, seu meio-irmão.

Podem ser divididas em três fases: entre 1369-1370, 1372-1373 e 1381-1382. Cada um desses três períodos de guerra terminou com um tratado de paz: o Tratado de Alcoutim (1371), o Tratado de Santarém (1373) e o Tratado de Elvas (Agosto de 1382).

Primeira guerra (1369-1370)

O início do reinado de D. Fernando I ficou marcado pelo conflito. Quando, em 1369, morreu o rei de Castela D. Pedro I (não confundir com o seu homónimo, pai de D. Fernando) sem deixar herdeiros directos, D. Fernando, como bisneto de D. Sancho IV de Castela pela parte materna, autoproclama-se herdeiro do trono de Castela. Os seus contendentes, Pedro IV de Aragão, Carlos II de Navarra e João de Gante, duque de Lancaster, não obstante, também reclamaram o direito, este último por estar casado desde 1370 com a filha mais velha do defunto rei D. Pedro I, Constança. Foi, no entanto, Henrique de Trastâmara, um irmão bastardo de Pedro I, quem assumiu a coroa e foi proclamado Rei. A questão sucessória conduziu os contendentes a duas campanhas militares com resultados pouco claros até que, finalmente, foi o Papa Gregório XI quem mediou a sucessão, colocando em acordo todas as partes.

As condições do Tratado de 1371, pelo qual se restabeleceu a questão sucessória de D. Pedro I, incluiram o matrimónio entre Fernando e Leonor de Castela, filha de Henrique. Porém, antes da celebração se consumar, D. Fernando enamorou-se apaixonadamente de Leonor Teles de Menezes, a esposa de um dos da sua corte e, conseguindo a anulação do primeiro matrimónio de Leonor, não duvidou em torná-la rainha. Consequentemente, assiste-se a uma insurreição interna, sem que fossem prejudicadas as relações com Henrique quem, por sua vez, rapidamente prometeu a sua filha ao rei Carlos III de Navarra.

Segunda guerra (1372-1373)

A paz acordada seria rapidamente colocada em perigo devido às intrigas do duque de Lancaster, que convenceu D. Fernando para que participasse num acordo secreto em que ambos alinhavam na expulsão de Henrique do trono de Castela. A guerra que se seguiu a este acordo tão pouco teria êxito e, de novo, a paz entre Castela e Portugal restabelecer-se-ia em 1373.

O papel da rainha Leonor tornou-se cada vez mais influente e as suas manobras relações políticas externas tornaram-na cada vez mais impopular. Aparentemente, D. Fernando mostrou-se incapaz de manter um governo forte, de maneira que o ambiente político interno se ressentia com as constantes intrigas na corte.

Terceira guerra (1381-1382)

Com a morte de Henrique, em 1379, o duque de Lancaster reclama novamente os seus direitos e, de novo, encontra em D. Fernando um aliado. Porém, segundo alguns historiadores, o inglês mostrou-se tão ofensivo com Fernando como com os seus inimigos e, finalmente, D. Fernando acordou a paz para Portugal com o Tratado de Elvas, em 1382, onde ficara estipulado que Beatriz, a herdeira de Fernando, casaria com o filho do rei João I de Castela — embora, na verdade, tenha sido casada com o próprio rei D. João I. Esta união traduzia-se, de facto, na anexação de Portugal pela coroa de Castela não sendo, portanto, bem recebida pela nobreza portuguesa.

Em 22 de Outubro de 1383, morre D. Fernando I sem herdeiro varão, prevendo-se o fim da linhagem de Borgonha, casa que havia regido os destinos de Portugal desde D. Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal. Assim, D. Leonor Teles de Menezes foi nomeada regente em nome de Beatriz, embora a transição não tenha sido pacífica. Respondendo aos apelos de grande parte dos portugueses de manter um reino independente de Castela, o Grão-Mestre da Ordem de Avis, D. João, meio-irmão de D. Fernando, seria chamado a reclamar o trono, rompendo o estipulado no tratado de 1382, e conduzindo Portugal a um novo período de guerra e caos político-social que ficaria conhecido como a Crise de 1383-1385, que culminaria finalmente na coroação de D. João, dando início à dinastia de Avis.

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