Jazulas

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Jazulas (djazulas) juzulas (djuluzas), gazulas ou guzulas eram uma pequena tribo berbere do sudoeste do Marrocos que era aparentada com os sanhajas. Essas grafias correspondem aos plurais berberes awguzulen (arcaico) e igzulen e eles foram, por vezes, associados aos getulos da Antiguidade.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Eram aparentados com os sanhajas. Em associação com os lantas, seus parentes, viveram uma vida nômade ao sul do Anti-Atlas, porém relativamente cedo alguns grupos jazulas se assentaram na porção ocidental dessa montanha (Monte Hanquiça) e seu principal assentamento era Taguejizate, a 80 quilômetros a sul-sudeste de Tiznete. Foi entre eles que nasceu Abedalá ibne Iacine, o fundador do movimento político-religioso dos almorávidas, no qual os jazulas tiveram preponderante papel e alguns deles se assentaram nas planícies marroquinas. No tempo dos primeiros revezes almorávidas em Suz, apoiaram os almóadas (1138) e cederam contingentes, mas sua lealdade em Tremecém, quando enfrentaram seus parentes almorávidas em 1144, causou suspeita entre os almóadas que os massacraram traiçoeiramente. Em resposta, acolheram várias pessoas que revoltaram-se contra os almóadas[2] como o famoso Iáia Alçaraui, o antigo governador almorávida de Fez e o antigo chefe da revolta de Ceuta, provocando agitações nos confins do Suz;[3] foram punidos severamente pelo califa Abde Almumine (r. 1133–1163). Anos depois, Abu Cássaba rebela-se contra os almóadas junto dos jazulas e o califa Maomé Anácer (r. 1199–1213) fez campanha contra eles.[4]

Mais tarde, por quase um século, os jazulas foram subjugados pelos Banu Iadar de Suz. Os últimos introduziram beduínos árabes do grupos dos maquis como aliados, e os jazulas se uniram a uma de suas tribos, os dau-haçanes. No começo do século XVI, Leão Africano descreve-os como aldeões empobrecidos e belicosos. Foi entre eles que os primeiros príncipes saadianos recrutaram seus arcabuzeiros. Com o declínio da dinastia saadiana, o país dos jazulas foi governado por Jafaride Xurafa da tribo dos sanlalas, com Iligue como capital. A dominação deles durou por aproximados 40 anos, até 1670, e estendeu-se sobre o Suz e, por algum tempo, sobre Darca e Sijilmassa (período de Alboácem, apelidado Abu Dumaica). No começo do século XIX, um novo principado surgiu, ainda com Iligue como seu centro, fundado pelo xarife dos sanlalas; ele perdurou até o fim do século. Sob o nome de "Reino de Sidi Haxim", gozou entre os viajantes europeus e cartógrafos um notoriedade não atestada pelos historiadores árabes do Marrocos. Hoje o nome jazula não é mais usado, exceto para um dos dois clãs etno-políticos (lufe) dentre os quais as tribos do distrito do Anti-Atlas foram divididas. Os antigos jazulas são agora a confederação dos ualtitas (berbere: Ida ultite) e o centro de seu distrito é Tazerualte.[1]

Referências

  1. a b Colin 1991, p. 527.
  2. Colin 1991, p. 526-527.
  3. Saidi 2010, p. 44-45.
  4. Saidi 2010, p. 55-46.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Colin, G. S. (1991). «Djazula». The Encyclopedia of Islam, New Edition, Volume II: C–G. Leida e Nova Iorque: BRILL. ISBN 90-04-07026-5 
  • Saidi, O. (2010). «2 - A unificação do Magreb sob os Almóadas». In: Niane, Djibril Tamsir. História Geral da África IV - África do Século XII ao XVI. Paris; São Carlos: UNESCO; Universidade de São Carlos