Hipocalcemia

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Hipocalcemia
Hipocalcemia
Cálcio na tabela periódica
Especialidade Endocrinologia
Sintomas Perturbações da sensibilidade, espasmos, crises epilépticas, confusão[1][2]
Complicações Paragem cardíaca.[1][2]
Causas Hipoparatiroidismo, deficiência de vitamina D, insuficiência renal, pancreatite, intoxicação por bloqueadores dos canais de cálcio, rabdomiólise, síndrome da lise tumoral, bifosfonatos[1][2]
Método de diagnóstico Cálcio no soro < 2,1 mmol/L (cálcio corrigido ou cálcio ionizado)[1][2][3]
Tratamento Suplementos de cálcio, vitamina D, sulfato de magnésio.[1][2]
Frequência ~18% das pessoas hospitalizadas[4]
Classificação e recursos externos
DiseasesDB 6412
eMedicine 241893
MeSH D006996
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Hipocalcemia é a concentração de cálcio no sangue inferior ao normal.[5] O valor normal varia entre 2,1 e 2,6 mmol/L (8,8–10,7 mg/dl, 4,3–5,2 mEq/L), definindo-se hipocalcemia como qualquer valor inferior a 2,1 mmol/l.[1][3][6] Nos casos ligeiros e de progressão lenta é comum não se manifestarem sintomas.[2][4] Nos restantes casos os sintomas mais comuns são perturbações da sensibilidade táctil, espasmos, crises epilépticas, confusão ou paragem cardíaca.[1][2]

As causas mais comuns são hipoparatiroidismo e deficiência de vitamina D.[2] Entre outras possíveis causas estão a insuficiência renal, pancreatite, intoxicação por bloqueadores dos canais de cálcio, rabdomiólise, síndrome da lise tumoral e medicamentos como bifosfonatos.[1] O diagnóstico é geralmente confirmado medindo no sangue os níveis de cálcio corrigido ou cálcio ionizado.[2] Algumas alterações específicas podem ser diagnosticadas com um electrocardiograma (ECG).[1]

O tratamento inicial para os casos graves consiste na administração de cloreto de cálcio e possivelmente sulfato de magnésio.[1] Entre outros possíveis tratamentos estão a administração de vitamina D, magnésio e suplementos de cálcio.[2] Quando a hipocalcemia é causada por hipoparatiroidismo, podem também ser recomendados hidroclorotiazida, quelantes de fosfato e uma dieta com baixo teor de sódio.[2] Cerca de 18% das pessoas hospitalizadas apresentam hipocalcemia.[4]

Sinais e sintomas[editar | editar código-fonte]

Quando se desenvolve lentamente pode não ter sintomas". Casos moderados ou bruscos podem gerar[7]:

Complicações[editar | editar código-fonte]

Em casos severos podem resultar em[8]:

Causas[editar | editar código-fonte]

Existem muitas possíveis causas de hipocalcemia sendo as mais comuns[9][7]:

Causas incomuns[9][7]:

Fisiopatologia[editar | editar código-fonte]

O equilíbrio das concentrações de cálcio é mantido pelo paratormônio (PTH), pelos metabólitos da vitamina D, pela massa óssea e pelos rins. O estado de normocalcemia corresponde a 4,5-5,5 mEq/L ou 9,0-11,0 mg%. É importante frisar que a calcemia corresponde à soma do cálcio ionizado (fração fisiologicamente ativa e que corresponde a cerca de 30% do cálcio circulante), do cálcio não-ionizado e do cálcio ligado às proteínas plasmáticas.

Diagnóstico[editar | editar código-fonte]

Sinal de Chvostek e Trousseau[editar | editar código-fonte]

Existem dois testes comuns para identificar hipocalcemia: Sinal de Chvostek e Sinal de Trousseau.

O sinal de Chvostek consiste em percutir o nervo facial em sua porção inferior ao arco zigomático para provocar uma reação de espasmo facial. Porém tem risco de 29% de falso negativo e 10% de falso positivo, sendo um mal preditor.[10] O Sinal de Trousseau consiste em induzir falta de oxigênio no braço (hipoxia) com o equipamento de medir pressão arterial (tensiometro) para provocar espasmos no punho e dedos. Esse possui apenas 6% de falso negativo e 1% de falso positivo, sendo assim muito mais confiável que o anterior.[9]

Exames de sangue[editar | editar código-fonte]

Por estarem fortemente associados com a regulação do cálcio é importante investigar além dos níveis de cálcio também os níveis de vitamina D, de paratormona, de fosfatos e de magnésio.[7]

Eletrocardiograma[editar | editar código-fonte]

O ECG é importante para analisar se existem arritmias e intervalo QT prolongado.[7]

Tratamento[editar | editar código-fonte]

Suplementos de cálcio e vitamina D por via oral ou intravenosa dependendo da urgência, tratamento da causa primária e melhor inclusão de cálcio na dieta. Alimentos ricos em cálcio, além dos laticínios, incluem[11]:

É importante também melhorar o consumo de vitamina D e magnésio, pois são deficiências nutricionais muito comuns.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g h i j Soar, J; Perkins, GD; Abbas, G; Alfonzo, A; Barelli, A; Bierens, JJ; Brugger, H; Deakin, CD; Dunning, J; Georgiou, M; Handley, AJ; Lockey, DJ; Paal, P; Sandroni, C; Thies, KC; Zideman, DA; Nolan, JP (outubro de 2010). «European Resuscitation Council Guidelines for Resuscitation 2010 Section 8. Cardiac arrest in special circumstances: Electrolyte abnormalities, poisoning, drowning, accidental hypothermia, hyperthermia, asthma, anaphylaxis, cardiac surgery, trauma, pregnancy, electrocution.». Resuscitation. 81 (10): 1400–33. PMID 20956045. doi:10.1016/j.resuscitation.2010.08.015 
  2. a b c d e f g h i j k Fong, J; Khan, A (fevereiro de 2012). «Hypocalcemia: updates in diagnosis and management for primary care». Canadian Family Physician. 58 (2): 158–62. PMC 3279267Acessível livremente. PMID 22439169 
  3. a b Pathy, M.S. John (2006). «Appendix 1: Conversion of SI Units to Standard Units». Principles and practice of geriatric medicine. 2 4. ed. Chichester [u.a.]: Wiley. p. Appendix. ISBN 9780470090558. doi:10.1002/047009057X.app01 
  4. a b c Cooper, MS; Gittoes, NJ (7 de junho de 2008). «Diagnosis and management of hypocalcaemia». BMJ (Clinical Research Ed.). 336 (7656): 1298–302. PMC 2413335Acessível livremente. PMID 18535072. doi:10.1136/bmj.39582.589433.be 
  5. LeMone, Priscilla; Burke, Karen; Dwyer, Trudy; Levett-Jones, Tracy; Moxham, Lorna; Reid-Searl, Kerry (2015). Medical-Surgical Nursing (em inglês). [S.l.]: Pearson Higher Education AU. p. 237. ISBN 9781486014408. Cópia arquivada em 2 de outubro de 2016 
  6. Minisola, S; Pepe, J; Piemonte, S; Cipriani, C (2 de junho de 2015). «The diagnosis and management of hypercalcaemia». BMJ (Clinical Research Ed.). 350: h2723. PMID 26037642. doi:10.1136/bmj.h2723 
  7. a b c d e http://www.patient.co.uk/doctor/Hypocalcaemia.htm
  8. http://www.bmj.com/content/346/bmj.f2213
  9. a b c Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Cooper
  10. Urbano FL. Signs of hypocalcemia: Chvostek’s and Trousseau’s. Hosp Physician 2000;36:43-5.
  11. http://saude.ig.com.br/alimentacao/17-alimentos-ricos-em-calcio-que-nao-contem-leite/4fac5149dfc7860b0b000428.html

Ligações externas[editar | editar código-fonte]