Homem de Neandertal

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaHomem de Neandertal

Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Subclasse: Theria
Infraclasse: Placentalia
Ordem: Primates
Subordem: Haplorrhini
Infraordem: Simiiformes
Parvordem: Catarrhini
Superfamília: Hominoidea
Família: Hominidae
Subfamília: Homininae
Género: Homo
Espécie: H. neanderthalensis
Nome binomial
Homo neanderthalensis
King, 1864
Distribuição geográfica

O homem de Neandertal (Homo neanderthalensis) é uma espécie extinta, fóssil, do gênero Homo que habitou a Europa e partes do oeste da Ásia, desde cerca de 350 000 anos atrás [1][2] até aproximadamente 29 000 anos atrás (Paleolítico Médio e Paleolítico Inferior, no Pleistoceno), tendo coexistido com os Homo sapiens. Alguns autores, no entanto, consideram os homens-de-neandertal e os humanos subespécies do Homo sapiens (nesse caso, Homo sapiens neanderthalensis e Homo sapiens sapiens, respectivamente). Neandertais compartilham 99,7 por cento de seu DNA com os humanos modernos, mas apresentam diferenças morfológicas muito específicas.

Esteve na origem de uma rica cultura material designada como cultura musteriense, além de alguns autores lhe atribuírem a origem de muitas das preocupações estéticas [3] e espirituais do homem moderno, como se poderá entender a partir das características das suas sepulturas. Depois de um difícil reconhecimento por parte dos académicos, o homem de Neandertal tem sido descrito no imaginário popular de forma negativa em comparação com o Homo sapiens, sendo apresentado como um ser simiesco, grosseiro e pouco inteligente. Era, de facto, de uma maior robustez física e o seu cérebro era, em média, ligeiramente mais volumoso[nota 1]. Progressos relativos da arqueologia pré-histórica e da paleoantropologia, depois da década de 1960, têm revelado um ser de uma grande riqueza cultural[4], ainda que seja, provavelmente, sobrestimada por alguns autores. Muitas questões, contudo, permanecem sem resposta, principalmente as relacionadas com a sua extinção.

A descoberta[5],[6]

O "vale do Homem Novo"

Partes de um esqueleto de Neandertal foram descobertas primeiramente na pedreira de Forbes, Gibraltar, em 1848, anterior, de facto, à descoberta dita "original" numa gruta chamada de Feldhofer Grotte, no flanco do vale do rio Düssel, afluente do rio Reno, em agosto de 1856, três anos antes da publicação de "A Origem das Espécies" de Charles Darwin.

Localização do Vale de Neander, na Alemanha. (A área é o moderno estado federal de Renânia do Norte-Vestfália).

O pequeno Vale de Neander (em alemão, Neandertal - daí o nome da espécie) foi assim chamado por causa de Joachim Neander, compositor e pastor luterano do século XVII, e dispõe-se entre as cidades de Erkrath e Mettmann, por sua vez situadas entre Düsseldorf e Wuppertal, na Alemanha. O fóssil humano, não associado nem a fauna nem a instrumentos, foi descoberto por operários durante a exploração de uma pedreira de calcário, numa pequena gruta.

O espécime, denominado "Neandertal 1", consistia em uma calote craniana, dois fêmures, os três ossos do braço direito, dois do braço esquerdo, parte do ilíaco esquerdo e fragmentos de uma omoplata e costelas, que foram identificados pelos trabalhadores que os recolheram como sendo restos de ursos. Os trabalhadores entregaram o material recolhido ao naturalista amador Johann Carl Fuhlrott, professor em Elberfeld. Fuhlrott, impressionado pelo crânio baixo e espesso, pelas arcadas supraciliares proeminentes e membros arqueados e curtos, chegou à conclusão de que deveriam ter pertencido a um ser humano muito primitivo. Levou os fósseis ao anatomista Hermann Schaaffhausen e, em 1857, a descoberta foi anunciada por ambos. Em 1858, Schaaffhausen descrevia-o como tendo pertencido "às raças humanas mais antigas", que datou em cerca de alguns milénios antes, o que viria a criar uma intensa polémica, já que a Teoria da Evolução ainda estava longe de ser maioritária entre os corpos académicos.

Esta descoberta é agora considerada como o marco fundador da paleoantropologia. Esse e outros achados levaram à idéia errônea de que esses fósseis eram de europeus ancestrais que teriam desempenhado uma importante função nas origens humanas. Desde então, encontraram-se vestígios antropológicos de cerca de 500 indivíduos, compostos praticamente apenas por ossos, alguns dos quais muito incompletos.

Por um feliz acaso, o topónimo Neandertal pode ser traduzido como "vale do homem novo". Este vale (tal, em alemão) foi assim baptizado em honra de Joachim Neumann, conhecido como Joachim Neander (1650-1680) já que, seguindo um hábito familiar que teria tido origem no seu avô, usava o seu nome traduzido para língua grega. Este pastor e compositor, autor de cânticos religiosos ainda hoje populares entre os protestantes alemães, gostava de procurar inspiração neste vale, então com uma paisagem idílica.

Nome e classificação

O termo "homem de Neandertal" foi criado em 1863 pelo anatomista irlandês William King.

Por muitos anos, houve um vigoroso debate científico quanto à sua classificação: Homo neanderthalensis ou Homo sapiens neanderthalensis. O segundo coloca os neandertais como uma subespécie do Homo sapiens, ou seja, da linhagem humana, passando a ser uma segunda raça de humanos, ao lado da Homo sapiens sapiens. De qualquer forma, recentes evidências de estudos com DNA mitocondrial indica que os neandertais "não pertencem à linhagem humana".

Geralmente é aceito que tanto os neandertais como o Homo sapiens evoluíram de um ancestral comum, mas a classificação dos neandertais depende de quando, na linha do tempo, ocorreu essa separação.

Características físicas

Recontrução facial de um Homo neanderthalensis.

Os neandertais estavam adaptados ao clima frio, como se infere do seu grande cérebro e nariz curto, mas largo e volumoso. Estas características são postas em destaque pela seleção natural nos climas frios, sendo também observadas nas modernas populações sub-árticas. Evidências indicam que neandertais teriam habitado áreas próximas do Ártico.[7] Seus cérebros eram aproximadamente 10% maiores em volume que os dos humanos modernos.[8] Em média, os neandertais tinham cerca de 1,65 m de altura e eram muito musculosos.

Comparado com os humanos modernos, os neandertais eram maiores em tamanho e possuíam feições morfológicas distintas, especialmente do crânio, que gradualmente acumulou aspectos distintos, particularmente devido ao relativo isolamento geográfico. A sua estatura atarracada pode ter sido uma adaptação ao clima frio da Europa durante o Pleistoceno.

A seguir está uma lista de traços físicos que distinguem os neandertais dos humanos modernos; de certa forma, nem todos eles podem ser usados para distinguir populações de neandertais específicas, de diversas áreas geográficas ou períodos de evolução, de outros humanos extintos. Também, muitos desses traços se manifestam ocasionalmente nos modernos humanos, particularmente em determinados grupos étnicos. Nada se conhece sobre a forma dos olhos, orelhas e lábios dos neandertais. Por analogia, deveriam ter pele muito branca, para um melhor aproveitamento do calor nas frias latitudes da Europa pleistocênica. Estudos recentes revelam que, alguns indivíduos, teriam pele branca e cabelos ruivos.[9][10]

Crânio de homem de Neandertal, descoberto em 1908 em Chapelle aux saints (França)
Ficheiro:Neandertal
Calote craniana, descoberta em Neandertal, em 1856.
  • Crânio
    • Fossa suprainíaca, um canal sobre a protuberância occipital externa do crânio
    • Protuberância occipital
    • Meio da face projetado para frente
    • Crânio alongado para trás
    • Toro supraorbital proeminente, formando um arco sobre as órbitas oculares
    • Capacidade encefálica entre 1200 e 1700 cm³ (levemente maior que a dos humanos modernos)
    • Ausência de queixo
    • Testa baixa, quase ausente
    • Espaço atrás dos molares
    • Abertura nasal ampla
    • Protuberâncias ósseas nos lados da abertura nasal
    • Forma diferente dos ossos do labirinto no ouvido
  • Pós-crânio

As mulheres seriam igualmente robustas ou, talvez, ainda mais.[2]

Linguagem

A teoria de que os neandertais careciam de uma linguagem complexa foi difundida até 1983, quando um osso hióide de neandertal foi encontrado na caverna Kebara em Israel. O osso encontrado é praticamente idêntico ao dos humanos modernos. O hióide é um pequeno osso que segura a raiz da língua no lugar, um requisito para a fala humana e, dessa forma, sua presença nos neandertais implica alguma habilidade para a fala.

Muitos acreditam que mesmo sem a evidência do osso hióide, é óbvio que ferramentas avançadas como as do período musteriense, atribuídas aos neandertais, não poderiam ser desenvolvidas sem habilidades cognitivas incluindo algum tipo de linguagem falada. Pesquisadores identificaram genes extraídos de fósseis que comprovariam que os neandertais possuíam capacidade de falar.[11][12]

A base da língua do neandertal era posicionada mais acima na garganta, deixando a boca mais cheia. Como resultado, é bem provável que a fala dos neandertais tenha sido lenta, compassada e nasalizada.

Cultura técnica

Os sítios arqueológicos compostos por jazidas com ocupações de homens-de-neandertal do Paleolítico Médio, altura em que os neandertais terão atingido o auge do seu domínio, mostram um conjunto de ferramentas menor e menos flexível em comparação com os sítios do Paleolítico Superior, ocupados pelos humanos modernos que os substituíram.

Esta cultura técnica, atribuída aos neandertais, designada como musteriense, consistia na produção de ferramentas de pedra lascada produzidas através do desbastamento em leque de um bloco lítico inicial (ou núcleo), de que se formavam lascas a partir das quais se encadeava a produção de instrumentos diversos, como machados manuais para tarefas específicas, bifaces, raspadeiras, furadores e lanças. Muitas dessas ferramentas eram bastante afiadas. No Paleolítico Superior terão desenvolvido uma cultura material mais evoluída a nível da tecnologia de talhe da pedra, designada de chatelperronense,[13] caracterizada pelo desdobramento do núcleo lítico em peças menores e mais manuseáveis.

Há pequenas evidências de que os neandertais usavam chifres, conchas e outros materiais ósseos para fazer ferramentas: sua indústria óssea era relativamente simples, ainda que inclua, tardiamente, objectos de adorno em osso e pedra que alguns autores referem tratar-se de imitação das técnicas do Homo sapiens, enquanto que outros autores lhe atribuem uma autoria autónoma.[14]

Raspadeira musteriense de sílex da caverna de Noisetier

Mesmo tendo armas, não as arremessavam. Possuíam lanças que consistiam de grandes eixos de madeira com uma seta em uma das extremidades firmemente presa, mas as lanças fabricadas para serem lançadas foram usadas primeiramente pelo Homo sapiens.

Embora tenham enterrado a maioria dos seus mortos, os funerais dos neandertais eram menos elaborados que os dos anatomicamente modernos humanos.

Os neandertais realizavam um conjunto sofisticado de tarefas normalmente associados apenas aos humanos, como a construção de abrigos complexos, o controlo do fogo e a remoção da pele dos animais. Particularmente intrigante é um fêmur de urso encontrado em uma escavação com quatro furos numa escala diatônica feitos deliberadamente nele. Essa flauta foi encontrada na Eslovênia em 1995 próximo a uma fogueira do período musteriense usada pelos neandertais, mas seu significado ainda é controverso.

Teorias alternativas

Autores mais radicais, cujas teorias são consideradas fantasiosas pela maioria da comunidade científica, como Stan Gooch, em "Cities of Dreams: the Rich Legacy of Neanderthal Man Which Shaped Our Civilization" (1989)[15] defendem mesmo que os neandertais eram detentores de uma cultura tão complexa quanto as actuais e que teria mesmo servido para fundar muitos dos chamados arquétipos universais existentes entre os humanos modernos, em resultado da sua hibridização com os neandertais.

Distribuição geográfica e temporal do gênero Homo, sugerindo um cruzamento entre as espécies sapiens e neanderthalensis. [16]

Segundo a sua teoria, a mulher tinha um papel fundamental e mesmo superior ao homem na cultura neandertal, pelo que o sangue menstrual detinha um forte valor ritual - o homem moderno, em reacção e em oposição a esta cultura tornou, por sua vez, a menstruação num tabu, identificando o sangue menstrual com impureza. Gooch continua, relacionando o período menstrual de 28 dias com o ciclo lunar, que teria dado origem a um calendário utilizado pelos neandertais, de 13 meses de 28 dias. Isso explicaria ainda as superstições ligadas ao número 13 como número de azar (ou de sorte, em algumas culturas modernas), bem como à simbologia lunar presente na suástica que não seria mais que a inscrição de uma aranha sobre uma lua cheia, em referência ao movimento astral espiralado da lua, como na construção de uma teia de aranha.

Este autor relaciona ainda estes elementos desta suposta cultura neandertal à fundação dos arquétipos do labirinto, do Minotauro enquanto mitos lunares, bem como à simbologia relacionada com cornos e com a Lua cornuda enquanto "Deusa-mãe". Gooch considera que a cultura neandertal seria essencialmente de carácter mágico, devido ao tamanho do cerebelo destes humanos, como se poderá inferir pela projecção do osso occipital. Da mesma forma, infere que os neandertais tinham hábitos nocturnos, opondo a sua cultura lunar e feminina à cultura solar e masculina do homem moderno, como se poderá conjecturar a partir da forma arqueada das suas órbitas oculares (lembrando cornos), como é típico dos animais nocturnos. Gooch chega ao ponto de conjecturar que o tabu moderno relacionado com os canhotos adviria do facto de os neandertais serem também predominantemente canhotos, o que não é de modo algum comprovado cientificamente, existindo, até, indícios que parecem indicar o contrário. Gooch estende as suas teorias até ao âmbito da criptozoologia, ao supor que as narrativas datadas da Idade Média sobre "homens selvagens" ou "Wild men" se referiam a encontros com neandertais, que se teriam, portanto extinguido mais tarde do que se crê.

Uma equipa de cientistas de Espanha, do Reino Unido e da Austrália concluiu, num artigo publicado na revista Naturwissenschaften, que não só os neandertais comiam uma série de vegetais cozinhados, mas que também percebiam o valor nutricional e medicinal de alguns deles.[17] Combinando técnicas avançadas de análise química com a análise morfológica dos microfósseis vegetais, os investigadores conseguiram identificar na placa dentária grânulos de amido, hidratos de carbono e vestígios de nozes, ervas e até de verduras. Para além disso, duas das plantas identificadas nos dentes de um dos indivíduos não só não tinham valor nutricional como possuem um desagradável sabor amargo. Com isto conclui-se que existem grande probabilidade de que estes tenham seleccionado essas plantas por razões não relacionadas com o sabor e sim para propósitos medicinais.[18]

Coexistência com o Homo sapiens

Ver artigo principal: Genoma do Neandertal
Comparação dos crânios do homo sapiens (esquerda) e do neanderthalensis (direita).

Muitas dúvidas existem quanto à forma como decorreu a coexistência dos Homo sapiens com os homens-de-neandertal em locais como no sul da Península Ibérica ou na Dalmácia. Há quem defenda que a baixa densidade populacional da época permitiu que os dois não tenham estabelecido contacto, existindo uma segregação a nível social que considerasse "tabu" qualquer aproximação e, claro, hibridização. Outros autores, baseando-se, por exemplo, na descoberta de um fóssil de um menino de quatro anos conhecido como o "Menino de Lapedo", em Vale do Lapedo, Portugal[19], crêem que está provada a ligação e cruzamento do homem moderno com o "Homo sapiens neanderthalensis".[20] Outros autores, ainda, preferem uma abordagem de meio termo, crendo que poderão ter existido contactos pouco relevantes a nível cultural e mesmo genético, já que podiam, até, considerar-se como espécies assumidamente diferentes.

DNA humano moderno (esquerda) comparado com o do chimpanzé (direita) e do neandertal (centro).

Esta discussão, complexa, tem gerado alguma polémica entre os autores que preferem uma abordagem genética e paleoantropológica e aqueles que dão maior importância ao contexto cultural da evolução humana. Teorias como a conhecida "Out of Africa (ou hipótese da origem única)," ao propor que o homem moderno teve origem em África e se disseminou por todo o planeta num processo de "colonização" de cerca de 80 000 anos, não admite a miscigenação entre os dois grupos. Outras teses, contudo, de carácter "regionalista", defendem que vários tipos humanos evoluíram simultânea e gradualmente, estabelecendo contactos que permitiram a emergência do Homem moderno - estes teóricos são, portanto, mais favoráveis à hipótese do cruzamento entre estes dois tipos humanos.

De facto, estudos pareciam demonstrar que pouco ou nada subsistiria do património genético dos neandertais no DNA do homem atual. Em 7 de Maio de 2010 um estudo do Projecto do Genoma do Neandertal [21] foi publicado na revista Science.[22] Tal estudo afirma que realmente ocorrera cruzamento entre as duas espécies.[23][24] Um estudo, em 2016, utilizando os registros médicos eletrônicos e dados de ADN associados de mais de 28.000 indivíduos, mostra que o DNA Neanderthal produziu efeitos pequenos, mas significativos, sobre os riscos de desenvolvimento depressão, lesões de pele, e coagulação sanguínea excessiva[25].

Extinção

Ficheiro:Carte Neandertaliens.jpg
Presença de vestígios neandertais na Europa.
Extensão máxima do território ocupado pelo neandertal.

A extinção do homem de Neandertal não está esclarecida, mas persistem várias hipóteses, todas elas baseando-se no pressuposto de que houve competição com o Homo sapiens, que se mostrou mais adaptado, tendo em vista a sobrevivência da espécie.

Alguns autores consideram que o facto de o homem de Neandertal não ter evoluído durante cerca de 200 000 anos em termos de cultura material faz supor uma inteligência prática baixa, apesar de o seu cérebro ter sido maior que o do homem moderno (de facto, nada se sabe quanto à organização fisiológica e neurológica dos neandertais).

Outra hipótese centra-se na baixa mobilidade das suas populações, atestada pela reduzida área geográfica onde se estabeleceram, bem como pela sua constituição óssea, de secção circular, adaptada ao esforço mas pouco adequada a uma locomoção ágil, como acontece no caso do "Homo sapiens" com ossos de secção oval. Esta reduzida mobilidade terá mantido as populações num certo estado de inércia devido à falta de estímulos proporcionada por um nicho ecológico que garantia as necessidades básicas de sobrevivência, sem grandes alterações climáticas. Outros autores referem a falta de variedade genética que teria decorrido da consanguinidade, devido a um crescente isolamento social e comunitário, talvez como reacção a contactos hostis com o homem moderno.

Outros autores avançam com a hipótese de o tempo de gestação ser maior no caso dos neandertais (talvez 12 meses em vez dos 9 no caso do Homo sapiens), o que explicaria uma maior dificuldade em reproduzir-se.

Colin Tudge, por seu lado, propõe que o homem moderno estaria mais adaptado devido a um comportamento prospectivo em relação à gestão dos recursos naturais, que este autor designa como proto-agricultura - isto é, teriam um comportamento recolector sustentável que incluiria a caça apoiada na manutenção das populações que caçava e na recolecção de produtos vegetais como complemento alimentar, para não ficar tão dependente da caça. O homem de Neandertal teria sido, segundo esta hipótese, um caçador puro que teria depredado os seus recursos, o que teria implicado na sua extinção.

De acordo com um estudo publicado em Julho de 2012 pela revista da Academia de Ciências Americana, a PNAS, a extinção teria sido originada mais pela migração do Homo Sapiens do que por efeitos climáticos. Essa teoria se baseia no fato de que foram encontrados restos de neandertais em cinzas de uma grande erupção vulcânica, ocorrida há 40 000 anos e que cobriu todo continente europeu, em quantidades inferiores às de outras amostras, evidenciando assim que a população começou a declinar antes da erupção. [26][27]

Ver também

Notas

  1. Enquanto os seres humanos modernos têm uma capacidade média cérebro de 1400cc, o Neanderthal em média atingiu 1600cc de tamanho[1] .

Referências

  1. a b The complete genome sequence of a Neanderthal from the Altai Mountains - http://www.nature.com/nature/journal/v505/n7481/full/nature12886.html Acessado em 6 de agosto de 2014.
  2. a b PEREIRA, Paulo. Paisagens Arcaicas, Rio de Mouro, 2004 ISBN 972-42-3212-3
  3. Jornal da Ciência - Vaidade nas cavernas. Acessado em 26 de Abril de 2011.
  4. Os neandertais poderão ter sido os primeiros artistas das cavernas – Artigo de Ana Gershenfeld (Arte Paleolítica) no jornal Público, Ciência, de 15 de junho de 2012
  5. GROENEN, M. Pour une histoire de la préhistoire, Éd. J. Millon, (1994) ISBN 2-905614-93-5
  6. TRINKAUS, E.; SHIPMAN, P. Les Hommes de Neanderthal, Seuil, (1996) ISBN 2020131781
  7. Sciencemag - Revista Science, 13 de Maio de 2011, vol.332, nº6031, p.778. (página acessada em 20 de Maio de 2011).
  8. http://super.abril.com.br/superarquivo/1999/conteudo_98094.shtml Meio sapiens, meio neandertal – artigo de Denis Russo Burgierman
  9. BBC - Homem de Neandertal era ruivo (página acessada em 23 de Outubro de 2009).
  10. Agência Fapesp - Ruivos pré-históricos (página acessada em 23 de Outubro de 2009).
  11. Terra - Ruivo e tagarela: Genética revela que o homem das cavernas não era um brutamontes, tinha a pele clara e sabia falar (página acessada em 23 de Outubro de 2009).
  12. G1 - Gene igual ao de humanos indica que neandertais poderiam falar (página acessada em 23 de Outubro de 2009).
  13. Departamento de biologia animal Universidade de Lisboa - Hominideos do pleistocênico médio e superior. Acessado em 26 de Abril de 2011.
  14. Folha - Neandertais criaram joias sem ajuda de humanos. Acessado em 26 de Abril de 2011.
  15. Cities of Dreams/the Rich Legacy of Neanderthal Man Which Shaped Our Civilization. ISBN 0712619259 - (acessado em 20 de Maio de 2011).
  16. Revista Época - Há um neandertal dentro de nós. Acessado em 26 de Abril de 2011.
  17. «Os neandertais conheciam o valor medicinal das plantas». Consultado em 5 de julho de 2013 
  18. publico.pt http://www.publico.pt/ciencia/noticia/os-neandertais-conheciam-valor-medicinal-de-certas-plantas-1555567. Consultado em 5 de julho de 2013  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  19. Apresentada primeira reconstituição do esqueleto de um neandertal (Mostra em museu de Nova Iorque) – Artigo de Pedro Ribeiro no jornal Público (Ciências) de 11 de janeiro de 2003. Na mesma página é publicado outro artigo intitulado A criança do Lapedo no percurso da evolução humana?, assinado por P.R. e C. B.
  20. LOPES, Reinaldo José. Encontros amorosos entre sapiens e neanderthal in Scientific American Brasil - acesso a 28 de Maio de 2007
  21. The Neandertal Genome Project. Acessado em 9 de Maio de 2010.
  22. Sciencemag - A Draft Sequence of the Neandertal Genome (página acessada em 7 de Maio de 2010).
  23. Sapo - Genoma de neandertal mostra cruzamento com Homo sapiens (página acessada em 7 de Maio de 2010).
  24. Ciência Hoje - Brecha para o neandertal. Acessado em 26 de Abril de 2011.
  25. Neanderthals’ Genetic Legacy - Ancient DNA in the genomes of modern humans influences a range of physiological traits. por Ruth Williams - "The Scientist" (2016)
  26. «G1 - Migração do 'homo sapiens' causou extinção dos neandertais, diz estudo - notícias em Ciência e Saúde». Consultado em 24 de julho de 2012 
  27. «Estudo diz que homem moderno foi responsável pelo fim do Neandertal - Ciência - iG». Consultado em 24 de julho de 2012 

Ligações externas