Hospital Naval Marcílio Dias

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Aeronave em aproximação ao HNMD

O Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD) é uma Organização Militar da Marinha do Brasil localizada na cidade do Rio de Janeiro.[1] O seu nome homenageia Marcílio Dias, herói da Guerra da Tríplice Aliança.

É a principal instituição de saúde da Marinha do Brasil e a única com capacidade de realizar atendimento de casos de alta complexidade. Faz todo o atendimento terciário da Marinha e é também um centro de referência nacional, recebendo pacientes de casos complexos de todo o país.[1][2]

História[editar | editar código-fonte]

Nos antecedentes do Hospital Naval Marcílio Dias está a criação em 1834 do Hospital da Marinha da Corte (atual Hospital Central da Marinha) na Ilha das Cobras, mas somente em 1848 foi provido de médicos e enfermeiros. Em 1857 foi criada a Companhia de Enfermeiros, chefiada por um sargento.[3]

Em 1926 um grupo de esposas de oficiais, com o propósito de prestar assistência social e educacional a filhos de praças da mesma arma, fundaram a Casa de Marcílio Dias, instituição filantrópica. Em 1934, a Associação Mantenedora da Casa doou o imóvel (casa e terreno circundante) à Marinha, que aí instalou o Instituto Naval de Biologia (INB), criado oficialmente em 8 de fevereiro de 1939, destinado a pesquisas experimentais, preparo de pesquisas biológicas e ensino técnico, tendo, como anexo, um hospital para tratamento do pessoal da Armada que sofria de doenças infectocontagiosas ou parasitárias.[2][3]

Com o aumento da demanda pelos serviços, a Marinha adquiriu um terreno contíguo ao Instituto, onde foi construído um novo pavilhão, disponibilizando 120 leitos para atendimento a doentes de tuberculose em estado avançado. Inaugurado em junho de 1940, foi batizado com o nome de Pavilhão Carlos Frederico, em homenagem ao último chefe do Corpo de Saúde da Armada Imperial. Um novo pavilhão foi inaugurado, a 17 de dezembro de 1946, disponibilizando 42 leitos destinados a pacientes em isolamento, batizado com o nome de Pavilhão Heraldo Maciel, em homenagem ao primeiro diretor do INB.[3]

O Hospital Naval[editar | editar código-fonte]

Em 16 de agosto de 1949, o INB passou a se denominar Hospital de Doenças Infecto-Contagiosas. Em 23 de abril de 1951, conforme o Decreto nº 29.486, o INB e o conjunto de edificações existentes, passaram a se chamar Hospital Naval Marcílio Dias (HNMD), responsável por coordenar, controlar e prestar assistência na área do 1º Distrito Naval, bem como pelo ensino e a pesquisa. No mesmo ano o complexo foi ampliado com o Pavilhão Meirelles, capacitando-o a operar como hospital geral.[2][3] Em 1954, a Marinha do Brasil voltava a dar atenção à pesquisa, criando no HNMD uma Seção de Cirurgia Experimental para treinamento dos seus médicos e pesquisa com novos medicamentos, sendo o embrião do futuro Instituto de Pesquisas Biomédicas (IPB).[4]

Em 22 de setembro de 1972, pelo Decreto nº 71.121, por ter o Instituto de Pesquisas Biomédicas em sua estrutura, transformou-se em Instituição Científica e Tecnológica, mantendo vínculo com a Secretaria de Ciência e Tecnologia da Marinha, sendo reestruturado com o nome Centro Médico Naval Marcílio Dias (CMNMD). Este novo organismo tinha como atribuições coordenar, controlar e prestar assistência médica na região do 1° Distrito Naval, e ainda as funções de ensino e de pesquisa.[2][3]

Com o advento, ainda no mesmo ano (1972), do Fundo de Saúde da Marinha (FUSMA), afirmava-se a necessidade da construção de um hospital de base, cuja pedra fundamental foi lançada 16 de julho de 1975. Inaugurado em 8 de fevereiro de 1980, o CMNMD continuou desenvolvendo atividade assistencial, e incorporou a Escola de Auxiliares de Enfermagem que funcionava no Hospital Central da Marinha. Em 1979, pelo Decreto nº 8.316, esta escola foi reorganizada e ampliada como a Escola de Saúde, de nível superior e médio, reconhecida pelo MEC, com cursos de Auxiliar e Técnico de Enfermagem, Residências de Medicina, Odontologia, Enfermagem e Farmácia; além de cursos de aperfeiçoamento em Suporte Básico de Vida (à distância) e Enfermagem Operativa. No mesmo ano, através da Lei 5450/79, a antiga Seção de Cirurgia Experimental passou a ser um Departamento do CMNMD. Em 1981 foram construídas novas instalações para o Instituto de Pesquisas Biomédicas. Em 24 de março de 1988, pelo Decreto nº 95.869, o Centro Médico Naval foi extinto e voltou a antiga denominação de Hospital Naval Marcílio Dias, incorporando as funções do CMNMD de formação técnica e aperfeiçoamento dos militares da área de Saúde, além da pesquisa.[4][3]

A partir de 2007 o Instituto de Pesquisas Biomédicas foi reaparelhado e em 9 de novembro de 2009 foi instalado em um anexo novo, continuando subordinado à Direção do HNMD.[5] Em anos recentes as instalações do hospital foram reformadas,[2] o Setor de Arquivo Médico e Estatístico foi reorganizado, informatizado e conectado aos outros setores do hospital,[6] foi criado um Centro de Medicina Nuclear, que de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz é "referência no atendimento a radio-acidentados",[7] a Odontoclínica Central passou por ampliação e revitalização, e foram adquiridos novos equipamentos de alta tecnologia,[2] Segundo Michael Ribeiro, "essa revitalização do material proporcionou a realização de diagnósticos mais eficazes, e menos custosos, pois reduzem a necessidade de encaminhamento a clínicas conveniadas".[2]

Na avaliação do Instituto Superior de Ciências da Saúde Carlos Chagas, o Hospital Naval é "um dos mais avançados complexos hospitalares do país, principal instituição de Saúde da Marinha do Brasil, constitui-se em centro de referência nacional".[1] Para Rodrigo Collazo et al., é "a principal instituição de saúde da Marinha do Brasil",[8] e para Marcelino José Jorge et al., é "hospital de referência", "dotado de pessoal altamente capacitado e equipamentos sofisticados", sendo capaz "de atendimento e tratamento de enfermidades de alta complexidade e receber pacientes de todas as Unidades do sistema".[9] Segundo Viviane Câmara, é "atualmente (2008) um dos mais avançados complexos hospitalares do Brasil. Pronto para o atendimento tanto à família naval como às outras Forças e à população em situações emergenciais".[3]

Capacidade[editar | editar código-fonte]

Em 2009 era composto por uma unidade de internação com 530 leitos, 80 consultórios e 54 clínicas/serviços, contando com equipamento médico de última geração.[8]

Pesquisa[editar | editar código-fonte]

O hospital busca o apoio à pesquisa, ao ensino e à assistência técnica nas áreas biomédicas por intermédio da Fundação AMarcílio que é uma fundação de apoio à pesquisa científica.[4]

Referências

  1. a b c "Hospital Naval Marcílio Dias". Instituto Superior de Ciências da Saúde Carlos Chagas, acesso em 24/09/2023
  2. a b c d e f g Ribeiro, Michael da Silva. A Nova Realidade do Sistema de Saúde da Marinha. Universidade Federal Fluminense, 2018
  3. a b c d e f g Câmara, Viviane Gonçalves. A Construção da Identidade Professoral Militar: Um estudo de caso sobre os Docentes-Enfermeiros da Escola de Saúde da Marinha do Brasil, vol. 2. Mestrado. PUC-Rio, 2008, pp. 17-18
  4. a b c Silva, Ana Maria Loyola Andrade da. A pesquisa clínica na Marinha do Brasil: estruturação e implantação de um Centro de Pesquisa Clínica no Instituto de Pesquisas Biomédicas do Hospital Naval Marcílio Dias. Escola de Guerra Naval, 2012, pp. 12-16
  5. Silva, pp. 7-8
  6. Silva, pp. 18-19
  7. "Canal Saúde na Estrada: RJ - Rio de Janeiro – Angra dos Reis". Fundação Oswaldo Cruz, 04/06/2018
  8. a b Collazo, Rodrigo Abrunhosa et alii. "Simulação orientada ao cliente: distribuição de medicamentos do Hospital Naval Marcílio Dias". In: Anais do XLI Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional: Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento. Porto Seguro, 2009, pp. 1490-1502
  9. Jorge, Marcelino José et alii. "Gestão orientada para resultado: Um estudo sobre os hospitais navais da Marinha do Brasil". In: VII Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. Resende, 2010