Icterícia neonatal

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Icterícia neonatal
Icterícia neonatal
Icterícia num recém-nascido
Sinónimos Hiperbilirrubinemia neonatal, icterícia no recém-nascido
Especialidade Pediatria
Sintomas Pigmentação amarela da pele e da parte branca dos olhos[1]
Complicações Crises epilépticas, paralisia cerebral, kernicterus[1]
Início habitual Recém-nascidos[1]
Tipos Fisiológica, patológica[1]
Causas Destruição dos glóbulos vermelhos, doenças do fígado, infeção, hipotiroidismo, doenças metabólicas[2][1]
Método de diagnóstico Baseado nos sintomas e confirmado pela bilirrubina[1]
Tratamento Alimentação com maior frequência, fototerapia, transfusões de sangue[1]
Frequência >50% dos recém-nascidos[1]
Classificação e recursos externos
CID-10 P59.9
CID-9 774.5, 774.6
DiseasesDB 8881
MedlinePlus 001559
eMedicine 974786
MeSH D007567
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Icterícia neonatal é a pigmentação amarela da pele e da parte branca dos olhos num recém-nascido causada por uma concentração elevada de bilirrubina no sangue.[1] Entre outros possíveis sintomas estão sonolência excessiva ou falta de vontade em se alimentar.[1] Entre as possíveis complicações estão crises epilépticas e querníctero.[1]

Em muitos casos não há uma causa subjacente, situação em que é denominada fisiológica.[2] Em outros casos é o resultado de destruição dos glóbulos vermelhos, doenças do fígado, infeção, hipotiroidismo ou doenças metabólicas, situação em que é denominada patológica.[2][1] A pigmentação pode ser observada em concentrações superiores a 2 mg/dL (34 μmol/l).[1] Em bebés de outra forma saudáveis, a doença passa a ser motivo de preocupação quando a concentração é superior a 18 mg/dL (308 μmol/L), quando a icterícia se manifesta logo no primeiro dia de vida, quando a concentração aumenta subitamente, quando dura mais de duas semanas ou quando o bebé aparenta desconforto.[1] Em bebés com estes sinais de alarme é recomendado a realização de exames para determinar a causa subjacente.[1]

A necessidade de tratamento depende dos valores da concentração de bilirrubina no sangue, da idade da criança e da causa subjacente.[1][3] Entre as opções de tratamento estão a alimentação em intervalos mais frequentes, fototerapia ou transfusões de sangue.[1] Em bebés prematuros geralmente é necessário tratamento mais agressivo.[1] A icterícia fisiológica geralmente dura menos de sete dias.[1] A condição afeta cerca de metade dos recém-nascidos na primeira semana de vida.[1] Entre os bebés prematuros, a prevalência é de 80%.[2]

Causas[editar | editar código-fonte]

Em geral a bilirrubina indireta está firmemente ligada à albumina mas pode separar-se dela e circular livremente no sangue, tornando-se então perigosa, principalmente quando atinge níveis acima de 5 mg%, por ser neurotóxica. A bilirrubina livre difunde-se para o interior das células, intoxicando-as e causando sua morte.[4]

Tabela de Kramer[editar | editar código-fonte]

A icterícia é quantificada considerando-se a sua progressão craniocaudal, isto é, a progressão da icterícia da cabeça para a região inferior do corpo (pernas e pés).

A tabela elaborada por Kramer relaciona os níveis de bilirrubina indireta (BI) com a zona dérmica de icterícia:

  • Zona 1 (cabeça) : BI = 6 mg%
  • Zona 2 (zona 1 + tórax) : BI = 9 mg%
  • Zona 3 (zona 2 + abdômen e coxas) : BI = 12 mg%
  • Zona 4 (zona 3 + braços e pernas) : BI = 15 mg%
  • Zona 5 (zona 4 + mãos e pés) : BI = 16 mg%

Quando a bilirrubina em plasma é maior a 15 mg/dL é necessário começar acompanhamento e tomar medidas preventivas, como mudar um tratamento ou começar fototerapia.

Fatores de risco de neurotoxidade[editar | editar código-fonte]

Alguns fatores colaboram para exacerbar o potencial neurotóxico da bilirrubina indireta[5]:

Quando atinge níveis muito altos e não é tratada, a icterícia pode causar a síndrome neurológica conhecida como kernicterus.

Prevenção[editar | editar código-fonte]

O Kernicterus pode ser prevenida com fototerapia e transfusão sanguínea quando a bilirrubina é maior que 20 mg/dL.[6]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t «Neonatal Hyperbilirubinemia». Manual Merck edição Pprofissional. Agosto de 2015. Consultado em 18 de dezembro de 2018 
  2. a b c d «Jaundice in newborn babies under 28 days | Guidance and guidelines». NICE. Outubro de 2016. Consultado em 11 de dezembro de 2017 
  3. «Jaundice in newborn babies under 28 days». NICE. Outubro de 2016. Consultado em 11 de dezembro de 2017 
  4. FACCHINI, Fernando Perazzini et al. Acompanhamento da icterícia neonatal em recém-nascidos de termo e prematuros tardios. J. Pediatr. (Rio J.) [online]. 2007, vol.83, n.4 [citado 2015-11-25], pp. 313-318 . Disponível em: [1]. ISSN 1678-4782. http://dx.doi.org/10.1590/S0021-75572007000500005.
  5. Cappellini MD, Di Montemuros FM, Sampietro M, Tavazzi D, Fiorelli G (1999). "The interaction between Gilbert's syndrome and G6PD deficiency influences bilirubin levels". British journal of haematology 104 (4): 928–9. doi:10.1111/j.1365-2141.1999.1331a.x. PMID 10192462.
  6. Petrova A, Mehta R, Birchwood G, Ostfeld B, Hegyi T. Management of neonatal hyperbilirubinemia: pediatrician"s practices and educational needs. BMC Pediatrics. 2006;6:6. http://www.biomedcentral.com/1471–2431/6/6[ligação inativa].

Ligações externas[editar | editar código-fonte]