Igreja Ortodoxa Russa

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Igreja Ortodoxa Russa
(Patriarcado de Moscovo)
Catedral de Cristo Salvador, em Moscou.
Catedral de Cristo Salvador, em Moscou.

Храм Христа Спасителя
Fundador Santo André e Vladimir, o Grande
Independência 1448
Reconhecimento como patriarcado independente, em 1589, pelo Patriarcado Ecumênico (Constantinopla)
Primaz Cirilo I
Sede Primaz Moscou, Rússia
Território Rússia, Ucrânia, Bielorrússia, Cazaquistão e diversas ex-repúblicas soviéticas
Posses Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha, Austrália, China
Língua Eslavo eclesiástico
Adeptos mais de 100 000 000 na Rússia [1]
(Estimativas do número de fiéis ativos variam de 21 000 000 a 28 000 000.)[2]
mais de 90 000 000 ao redor do mundo[3]
Site Igreja da Rússia

Igreja Ortodoxa Russa Fora da Rússia

Igreja Ortodoxa Russa (em russo: Русская Православная Церковь, transl. Russkaya Pravoslavnaya Tserkov' ), ou Patriarcado de Moscou (português brasileiro) ou Moscovo (português europeu) (Московский Патриархат, transl. Moskovskii Patriarkhat)[4] é o nome dado ao grupo de cristãos que constitui uma Igreja Ortodoxa autocéfala, sob a jurisdição do Patriarca de Moscovo, em plena comunhão com as outras Igrejas Ortodoxas.

História

A história da Cristandade na região da Grande Rússia tradicionalmente começa ainda no período apostólico, quando Santo André teria chegado onde hoje é Kiev e profetizado a construção de uma grande cidade cristã. Onde ele teria erigido uma cruz é hoje a Igreja de Santo André.[5][6]

A história da cristianização da região começou na década de 860. Nesta década, a guerra rus'-bizantina de 860 pôs o Caganato de Rus em contato com o Império Bizantino, que viu sua vitória como intercessão da própria Theotokos, e, de acordo com Fócio, enviou bispos ao maravilhado povo do caganato em 866 ou 867.[7]

Batismo de Kiev, representação na Igreja Greco-Católica Ucraniana de São José o Comprometido, em Chicago.

Na mesma época, São Cirilo e Metódio traduziram a Bíblia para o eslavo eclesiástico, facilitando a conversão de eslavos. Já havia uma comunidade cristã na nobreza local em meados do século X, notavelmente com a conversão de Santa Olga. Olga, no entanto, não conseguiu converter seu filho Sviatoslav I de Kiev, deixando a tarefa de cristianização do povo local para o filho deste, Vladimir I, em episódio conhecido como Batismo de Kiev. É eleito o primeiro metropolita, Miguel I, escolhido pelo Patriarca Ecumênico de Constantinopla. Em 1299, com a perda da influência de Kiev, a arquidiocese mudou-se para Vladimir. Em 1325, mudou-se finalmente para Moscou.

A história da Igreja Ortodoxa sob a Rússia Czarista é conturbada, como em 1569, quando Ivan, o Terrível ordenou o assassinato do Metropolita Filipe II. Em 1589, com o crescimento da importância da Igreja, Constantinopla lhe cede autocefalia e proclama seu metropolita patriarca. Em 1666, houve o primeiro grande sinal de intrusão do Estado na Igreja, com Aleixo I provocando a deposição do Patriarca Nikon (conhecido pela elaboração das reformas que levaram ao cisma dos velhos crentes). Em 1721, Pedro I aboliu o Patriarcado e transformou a Igreja em uma instituição estatal, o que só foi interrompido em 1917 com a Revolução de Outubro.

O ressurgimento do Patriarcado, no entanto, não duraria muito, sendo extinto pelo governo comunista após a morte do patriarca Tikhon, que apoiara abertamente o Movimento Branco, em 1925. Em 1943, no entanto, o Patriarcado foi reinstituído pelo governo de Stalin no contexto da Segunda Guerra Mundial. Ainda haouve perseguições sob Khrushchev, que chegou a fechar 12 mil igrejas. Menos de 7 mil permaneciam ativas à altura de 1982. [8] A censura e a perseguição a membros do clero permearam a relação entre o Estado soviético e a Igreja Ortodoxa durante toda sua existência até 1988, quando, no aniversário de mil anos do Batismo de Kiev, o Estado executou celebrações, reabriu igrejas e monastérios e passou a permitir propaganda religiosa na televisão.

Estrutura e organização

A Igreja Ortodoxa Russa é organizada numa estrutura hierárquica. O nível mais baixo da organização, que normalmente consiste de um único edifício (uma igreja) e seus fiéis, chefiados por um sacerdote que age como padre superior (настоятель, transl. nastoyatel), constituindo uma paróquia (приход, transl. prihod). A Igreja tem cerca de 28.000 paróquias, a maioria na Federação Russa, Ucrânia e Bielorrússia, e soma mais de 135 milhões de adeptos ao redor do mundo - o que faz dela a maior das Igrejas Ortodoxas em número de fiéis, e a segunda, depois da Igreja Católica, dentre as igrejas cristãs.

Todas as paróquias dentro de determinada região geográfica pertencem a uma eparquia (епархия, transl. eparhiya — equivalente uma diocese ocidental). As eparquias são governadas pelos bispos (епископ, transl. episkop, ou архиерей, arhierey). Existem cerca de 130 Igrejas Ortodoxas Russas ao redor do mundo.

Algumas eparquias ainda são organizadas em exarcados, ou igrejas autônomas. Atualmente algumas destas são as Igrejas Ortodoxas dos exarcados bielorrussos; a Igreja Ortodoxa Russa fora da Rússia; a Igreja Ortodoxa Letã, a Igreja Ortodoxa Moldava e a Igreja Ortodoxa Estoniana do Patriarcado de Moscou. A Igreja Ortodoxa Chinesa, bem como a japonesa, receberam autonomia integral do Patriarcado de Moscou, porém esta autonomia não é reconhecida universalmente.

As eparquias menores são governadas por um único bispo, enquanto as maiores, bem como as igrejas autônomas, são governadas por um arcebispo metropolitano, e às vezes por um ou mais bispos que lhes são designados.

O nível mais alto de autoridade na Igreja Ortodoxa Russa é representado pelo Patriarca de Moscou e de toda a Rússia, chefe do Patriarcado de Moscou.

Deve-se notar, no entanto, que embora o Patriarca de Moscou tenha amplos poderes, ao contrário do Papa no catolicismo, ele não tem autoridade direta sobre os assuntos pertencentes à fé; esta autoridade é dada ao Sínodo Local da Igreja Ortodoxa Russa (поместный собор, transl. pomestny sobor). Algumas das questões mais fundamentais, como as responsáveis pelo rompimento entre católicos e ortodoxos, não podem nem mesmo ser debatidas neste nível, e devem ser lidadas por um Concílio Ecumênico de todas as Igrejas Ortodoxas.O último concílio foi realizado em 787.

No Brasil

No Brasil,, a Igreja Ortodoxa Russa se faz presente através da Eparquia da Argentina e América do Sul, sediada em Buenos Aires. [9] A Eparquia foi criada em 1946, com a elevação de um vicariato da Diocese Norte-Americana ao status eparcal. A diocese, atualmente administrada pelo Bispo Leônidas, tem jurisdição sobre quatro paróquias no país, nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. A mais antiga destas, a Igreja do Santo Apóstolo João o Evangelista, em Campina das Missões, foi construída ainda em 1910.[10][11][12]

A Eparquia da Argentina e América do Sul tem jurisdição no resto da América do Sul e Central (com exceção do México), mas igrejas historicamente ligadas à Igreja Ortodoxa Russa no Exterior podem ser administradas pela Diocese de Caracas e América do Sul, formada em 2009 a partir da Diocese de Buenos Aires e América do Sul, fundada em 1948 pela IORE.[13]

Ver também

Referências

  1. Russia
  2. https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/rs.html#People
  3. Adherents.com
  4. Estatuto da IOR, capítulo I, § 2
  5. Damick, Andrew S. «Life of the Apostle Andrew». Chrysostom. Consultado em 25 de junho de 2007 
  6. Voronov, Theodore (13 de outubro de 2001). «The Baptism of Russia and Its Significance for Today». Orthodox. Clara. Consultado em 25 de junho de 2007. Cópia arquivada em 18 de abril de 2007 
  7. Theophanes Continuatus, Ioannes Cameniata, Symeon Magister, Georgius Monachus. Ed. I. Becker. Bonnae, 1838 (CSHB), p. 196.
  8. Ostling, Richard. "Cross meets Kremlin", TIME Magazine, 24 June 2001. Retrieved 7 April 2008. Arquivado julho 22, 2007 no WebCite
  9. Orthodox Wiki: Eparquia da Argentina e América do Sul
  10. Orthodox Wiki: Lista de templos e paróquias russas na América do Sul
  11. Paróquia Santa Zenaide
  12. Sputnik News
  13. Orthodox Wiki: Diocese de Caracas e América do Sul

Ligações externas