Ipiranga (distrito de São Paulo)

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Ipiranga
Ipiranga (distrito de São Paulo)
Área 10,5 km²
População (50°) 106.865 hab. (2010)
Densidade 90,27 hab/ha
Renda média R$ 12.000,00
IDH 0,906 - muito elevado (27°)
Subprefeitura Ipiranga
Região Administrativa Zona Sul
Área Geográfica 5 (Sudeste) Zona Sudeste parte sul e 9 (Centro) Centro expandido parte norte
Distritos de São Paulo
 Nota: Se procura outros significados de Ipiranga, veja Ipiranga.

Ipiranga é um distrito de classe média e classe média alta, situado na Zona Sudeste do município de São Paulo. Seu nome é uma referência ao Riacho do Ipiranga, que o corta, e cujo nome significa, em língua tupi, "rio vermelho", devido às suas águas barrentas e seu apelido (1822), foi criado diante uma data importante em sua história. No distrito, está localizado o Parque da Independência, local onde, conforme a tradição histórica, Dom Pedro I proclamou a independência do Brasil, deixando de ser uma colónia de Portugal, além do Museu Paulista, também conhecido como Museu do Ipiranga, com arquitetura em estilo clássico, que guarda um grande número de relíquias do período colonial brasileiro, e do Museu de Zoologia. O distrito é servido pelas estações Ipiranga (trem), Tamanduateí (trem e metrô), Alto do Ipiranga (metrô), Santos Imigrantes (metrô) e Sacomã (metrô).

História[editar | editar código-fonte]

Ypiranga é um exemplo de composição atributiva em tupi. O outro tipo é a composição com relação genitiva. O riacho recebeu esse nome certamente devido a suas águas turvas, enlamaçadas.[1]

A história do Ipiranga, desde o início, está associada aos deslocamentos entre a capital estadual e o litoral paulista. Devido ao posicionamento geográfico, a região era passagem obrigatória daqueles que, vindo do núcleo central da cidade, se dirigiam aos caminhos que permitiriam cruzar a Serra do Mar em direção à Baixada Santista.

Isso fez com que o distrito entrasse para a história do Brasil ao se tornar cenário do evento em que dom Pedro I, vindo de uma de suas andanças pela cidade de Santos, decidiu proclamar a independência do Brasil, em uma de suas paradas às margens do riacho do Ipiranga. O episódio ficou registrado no famoso quadro de Pedro Américo e na letra do Hino Nacional Brasileiro.

Posteriormente, a inauguração da Estrada de Ferro Santos a Jundiaí, em 1867, permitiu que a região, até então um lugarejo nos arrabaldes da cidade de São Paulo, se integrasse definitivamente à malha da cidade.

Também por causa da ferrovia o Ipiranga começou a ser caracterizado como um distrito industrial, já que muitas fábricas aproveitavam as facilidades proporcionadas pela proximidade com os trilhos que ligavam a cidade tanto com o litoral como com o interior para se estabelecerem na região.

A região próxima ao Rio Tamanduateí era tão caracterizada pelas indústrias, que os bondes e ônibus que para lá se dirigiam tinham, no letreiro, o título "Fábrica".

Em 1947, a inauguração da Rodovia Anchieta só viria reforçar essa vocação, trazendo uma nova leva de indústrias para a região.

Paralelamente, a Rua Bom Pastor e Avenida Dom Pedro I ficaram caracterizadas por casarões de famílias abastadas e pela classe média que trabalhava nas fábricas ou em outros bairros de São Paulo. Enquanto isso, na Avenida Nazaré, que corria ao longo do topo da colina do Ipiranga, instituições de ensino ou caridade ligadas à Igreja Católica despontavam, ocupando parte do espaço.

A partir dos anos 1970, por motivos principalmente econômicos, o Ipiranga começou a perder essas indústrias para outras regiões e outras cidades. Os espaços vacantes passaram a ser gradualmente ocupados por comércio, serviços e, mais recentemente, por grandes empreendimentos residenciais.

Atualidade[editar | editar código-fonte]

Região comercial do distrito
Conjuntos habitacionais na Vila Heliópolis, no distrito do Sacomã, vistos de São Caetano do Sul

Atualmente, o distrito está passando por um intenso desenvolvimento, com a construção das estações Alto do Ipiranga e Sacomã (duas das mais modernas da cidade) do metrô, a chegada do Expresso Tiradentes sobre a Avenida do Estado, e uma grande especulação imobiliária, com a construção de diversos edifícios (verticalização), na maioria deles, residenciais.

A verticalização fez com que as poucas casas do distrito se tornassem objeto de desejo e de especulação imobiliária e como consequência, ficassem altamente valorizadas.

O metrô desenvolveu a mobilidade da região, fazendo com que os carros e motos, muitas vezes, sejam trocados por ele, ocasionando uma melhora no trânsito da região. Nos arredores do distrito, próximo à divisa com o município de São Caetano do Sul, está localizado o bairro de Vila Heliópolis, o qual deriva da favela de Heliópolis, a maior de São Paulo. A atual localização do distrito junto a algumas de suas cercanias (hoje, o distrito de Sacomã), era a antiga Heliópolis, porém, nos dias atuais, a área horizontal, carente e com falta de infraestrutura, foi reduzida em grande parte, ocasionando uma boa melhora na qualidade de vida do distrito, com a verticalização (urbanização) e regularização das áreas de risco.

Telefonia[editar | editar código-fonte]

Imagem do distrito de Ipiranga

Em 1935, foi inaugurada, pela antiga Companhia Telefônica Brasileira, a estação telefônica automática no Ipiranga (prefixo 3-0), que substituiu a antiga estação manual que operava no Cambuci. Em 1954, a companhia ampliou a capacidade de terminais instalados de mil para 10 000, alterando o prefixo para 63. Sucessivos cortes de área deram origem a novas estações telefônicas na Vila Prudente, Vila Zelina, Vila Alpina e Casa Grande (a leste) e Anchieta, Patente, Liviero e Jardim da Saúde (a sul). Atualmente, as centrais instaladas na estação telefônica do Ipiranga totalizam cerca de 160 000 terminais telefônicos.

Poluição[editar | editar código-fonte]

O distrito, famoso pelo riacho do Ipiranga, tem a poluição do próprio. A população denuncia que, assim como geralmente é no estado que os demais rios metropolitanas de São Paulo, se encontra poluído por esgotos e canalizações. Em frente ao Monumento da Independência, um cheiro podre toma o ar. Quem se aproxima do local para ver de perto o famoso riacho citado no hino nacional, encontrará sujeira e mau cheiro em suas margens. Cento e noventa anos depois da Independência, esse é o estado do riacho do Ipiranga, excluindo sua Nascente no Jardim Botânico, único ponto que a água se encontra em bom estado. A Operação Urbana Bairros do Tamanduateí visa, entre outras medidas, despoluir o riacho do Ipiranga e criar um parque em sua foz, o Parque Foz do Ipiranga.[2]

Distritos limítrofes[editar | editar código-fonte]

Município limítrofe[editar | editar código-fonte]

Distritos próximos[editar | editar código-fonte]

Demografia[editar | editar código-fonte]

Ano População
1920[3] 12 064
1934[4] 38 921
1946 91 230
1950 [5] 94 692
1960[5] 109 546
1970[5] 111 939
1980[5] 117 588
1991[5] 101 533
2000[5] 98 863
2010[5] 106 865
2020
(projeção)[6]
112 222

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. NAVARRO, E. A. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. 3ª edição. São Paulo. Global. 2013. p. 42.
  2. https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2016/01/OUCBT_min-ilu_B_20_visualizacao.pdf Operação Urbana Bairros do Tamanduateí
  3. Directoria Geral de Estatística. «Recenseamento do Brazil : realizado em 1 de setembro de 1920: população» (PDF). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, páginas 290 e 291. Consultado em 4 de junho de 2020 
  4. Governo do estado de São Paulo (1937). «Recenseamento do estado de São Paulo (1934)». Página 35/republicado pela Fundação Seade. Consultado em 4 de junho de 2020 
  5. a b c d e f g Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. «População Recenseada: Município de São Paulo Subprefeituras e Distritos Municipais». Infocidade-Prefeitura de São Paulo. Consultado em 4 de junho de 2020 
  6. Fundação Seade. «Ipiranga». Sistema Seade de Projeções Populacionais. Consultado em 4 de junho de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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