Jacques Bertin

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Jacques Bertin
Jacques Bertin
Nascimento 27 de julho de 1918
Maisons-Laffitte
Morte 3 de maio de 2010 (91 anos)
Paris
Cidadania França
Alma mater
Ocupação cartógrafo, geógrafo, historiador
Prêmios
  • Mercator Medal (1993)
  • Carl Mannerfelt Gold Medal (1999)
Empregador(a) École des hautes études en sciences sociales, escola Prática de Altos Estudos
Assinatura

Jacques Bertin (27 de Julho, 1918 – 3 de Maio, 2010) é um cartógrafo e teórico francês, conhecido por seu livro Semiologie Graphique (Semiologia gráfica), editado em 1967. Esse trabalho monumental, baseado em sua experiência como cartógrafo, representa a primeira e mais abrangente tentativa de oferecer uma fundação teórica para a Visualização de Informação.[1] Profissionais e teóricos do design de informação e infografia consideram Bertin um dos teóricos pioneiros mais importantes do design de informação.

A obra de Jacques Bertin é considerada uma das principais referências de geógrafos brasileiros para a produção de mapas.[2]

Semiologia gráfica[editar | editar código-fonte]

Segundo Bertin “a representação gráfica faz parte do sistema de signos que o homem constrói para melhor reter, compreender e comunicar as observações que lhe são necessárias”.

Bertin propôs que a linguagem gráfica poderia ser:

  • Monossêmica - significado único, como o da linguagem matemática e o da representação gráfica mais objetiva (ex. o mapa).
  • Polissêmica - significados múltiplos, como os da linguagem figurativa.
  • Pansemica - infinitos significados, como pintura abstrata.

Projeção de Bertin (1953)[editar | editar código-fonte]

Criada por Jacques Bertin em 1953, esta projeção que leva seu nome foi escolhida pela escola cartográfica francesa quando desejava representar fenômenos em escala global.[3]

Trata-se de uma projeção que favorece a manutenção das formas e das proporcionalidades das terras emersas em detrimento dos oceanos. Quando esse autor criou essa projeção ele subverteu a visão convencional de um Norte e de um Sul, o que permitiria uma apreensão de um mundo “menos” hierarquizado.

Projeção de Bertin (1953)

De acordo com o jornalista e cartógrafo Philippe Rivière[3]: "Outra propriedade contribui para o seu interesse científico, mas também estético: é uma das raras projeções para preservar quase todas as superfícies, sem distorcer os países de maneira muito grotesca. Uma exceção notável é a América do Norte, que parece altamente torcida. É por isso que esta projeção tem poucas chances de sucesso nos Estados Unidos."

Ainda o mesmo autor Philippe Rivière[3] aponta que: "Essas propriedades - preservando a forma e preservando áreas - são, como sabemos, irreconciliáveis. É matematicamente impossível espalhar uma esfera (a superfície do globo) em uma superfície plana (papel) sem criar tensões elásticas (que impedem a preservação de superfícies), torções (que impedem a preservação de ângulos ou conformidade) ou cortes (que impedem a preservação de caminhos)."

Publicações[editar | editar código-fonte]

Jacques Bertin publicou vários artigos sobre semiologia gráfica, criação de símbolos, semiologia e informação gráfica.

  • 1967. Sémiologie Graphique. Les diagrammeon. Paris : Flammarion, 1977, 273 p. (trad. 1981. Graphics and graphic information-processing por William J. Berg e Paul Scott).
  • 1992. Harper atlas of world history. Com Pierre Vidal-Naquet. N.Y. : Harper Collins.
  • 1997. Atlas historique universel. Panorama de l'histoire du monde. Com J. Devisse, D. Lavallée e J. Népote. Genève : Éd. Minerve, 180 p.
  • 2006. Nuovo atlante storico Zanichelli / sotto la didi Pierre Vidal-Naquet ; direzione della cartografia.

Em português[editar | editar código-fonte]

  • BERTIN, Jacques. Ver ou ler: um novo olhar sobre a cartografia. Seleção de Textos. São Paulo, nº18, p. 45-62, maio, 1988.
  • BERTIN, Jacques. O teste de base da representação gráfica. Revista Brasileira de Geografia. RJ. 42(12): 160-182, 1980.
  • BERTIN, Jacques. A neográfica e o tratamento gráfico da Informação. Tradução de Cecília M. Wertphalen.Curitiba: Editora da Universidade Federal do Paraná, 1986.
  • BERTIN, J.; GIMENO, R. A lição de cartografia na escola elementar.. Boletim Goiano de Geografia, Goiânia,: v. 2, n. 01, p. 35-56, 1982.


Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Juan C. Dürsteler (2000-08). Interview with Jacques Bertin Arquivado em 13 de janeiro de 2005, no Wayback Machine.. Retrieved 23 June 2008.
  2. Martinuci, Oséias (2016). «Geografia, semiologia gráfica e coremática». Fortaleza. Mercator. 15 (3): 44. ISSN 1984-2201. Consultado em 24 out 2023 
  3. a b c Rivière, Philippe (1 out 2017). «Bertin Projection (1953)». Visionscarto. Consultado em 24 out 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]