Jean Louis Armand de Quatrefages de Bréau

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Demonstração racional e de autoridade da existência da alma.

A LOUCURA SOB NOVO PRISMA

Dr. Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti

(Sob o pseudônimo Max)

Publicação original de 1920:

Editora FEB – Federação Espírita Brasileira

www.febnet.org.br

Incontestavelmente o homem não é puro animal.

Há, entre a nossa espécie e as espécies animais, tão perfeita diferença como entre os animais e os vegetais.

Quatrefages, uma das mais respeitáveis competências do nosso século, tão convencido foi dessa distinção, que dividiu toda a criação do nosso planeta em quatro reinos: mineral - vegetal - animal - e hominal.

Sendo tão superior, ao ponto de dominar todos os seres criados, só por obcecação se pode admitir que o homem se confunda com os seres que lhe são inferiores: surgir à vida e se extinguir com ela.

Os grandes vultos, que arrancam à Natureza seus mais recônditos segredos — que com as lâmpadas de sua inteligência iluminam o mundo — que deixam na Terra memória eterna de sua gloriosa passagem, acabarão como vil inseto, reduzir-se-ão a nada?

Toda a nossa natureza se revolta contra semelhante pensamento, e a razão e a consciência repelem-no, escandalizadas.  E por que tal instintiva e espontânea revolta do nosso ser, se efetivamente temos que acabar como o cavalo de nossa montaria? É porque o homem traz consigo o gérmen da verdade — o conhecimento inato de seu destino —, destino superior, que imprime alto cunho à natureza hominal, que repele tudo o que tende a apagar aquela impressão.

E o que seria esse sentimento íntimo sem objetivo, quando a todas as nossas disposições naturais correspondem necessariamente objetos correlativos, fora de nós, como sejam: os sons para a nossa disposição natural de ouvir, o aroma para a de cheirar, a luz para a de ver etc. Que tal sentimento é natural, não se pode pôr em dúvida, pois que é universal — e ninguém acreditará que seja concepção humana aquilo que está no coração — e que fala à razão e à consciência de todos os homens.

E todo o que se compara a qualquer das espécies animais reconhece a verdade daquele sentimento inato espontâneo.

O mais adiantado dos seres animais, se possui o que quer que seja de inteligente, que parece elevar-se ao raciocínio, não o pode cultivar como o homem. Pode, trabalhando com perseverante paciência, aprender alguma coisa, que não é natural à sua espécie, mas isso que aprende, e que guarda à força de hábito, não é capaz de transmitir aos de sua raça — a animal algum.

Vemo-los praticar obras tão admiráveis como não as faz o homem; mas não é obra de sua inteligência, é função natural, tanto que todos os da sua espécie as fazem, e nenhum pode fazê-las melhor que outro — e todos as fazem hoje tão bem como as fizeram desde o princípio —, fá-las-ão até o fim dos tempos. É coisa análoga às nossas funções orgânicas, que são as mesmas em todos os homens, e das quais nenhum tem o poder de alterar o curso natural.

Não se diga, pois, que o bruto possui faculdades equivalentes às dos homens, pois que as suas são, individualmente, imperfectíveis, ao passo que as nossas são, individualmente e essencialmente, perfectíveis.

O homem é, por sua natureza, por condição essencial de seu ser, eminentemente perfectível, e, pois, como ter por destino desaparecer no nada?

Haverá quem ponha em dúvida aquele característico da nossa espécie, diante do incessante progresso realizado por ela, desde os tempos primitivos?

E, pois, se a natureza humana é perfectível, o que quer dizer: submissa à lei do progresso para a perfeição, como realizar sua missão, se a morte nos reduzir ao nada?

Quererão que a perfeição, último e mais alto grau da perfectibilidade, seja um simples adorno para a vida — e que seja conseguida nos curtos momentos da vida? Ridícula extravagância!

Demais, a lei do progresso é, como todas as leis naturais, de caráter universal — e o que observamos é acabarem os homens em infinita variedade de graus de progresso, desde o boçal até o sábio, desde o bandido até o justo.

Ou a lei não é igual ou com a morte não acaba o ser humano, que vai além, e por modo ainda não geralmente conhecido, realizar seu destino, o destino do ser perfectível até a perfeição.

Isto, sim, não somente coloca a perfeição humana em altura digna da obra-prima de Deus, como explica a morte de homens em condições rudimentares de progresso.

O simples bom senso repele a coexistência da lei do progresso humano e da redução do ser humano ao nada, no fim da vida terrestre.

Só um louco pode erguer um monumento sem igual, como é o homem, para ter o gosto de arrasá-lo, mal o tenha concluído!

E tanto o destino humano se acha fora desta vida corporal, que nossa natureza aspira a algo que não nos pode ser dado nela.

Foi esta eterna e universal intuição da alma humana que levou um dos mais profundos pensadores, Malebranche, a traduzi-la nesta sublime frase: Sors tua mortalis, non est mortale quod optas.                                                    

Nicolas Malebranche (1538-1715): filósofo francês

“O teu destino é de um mortal; não é para mortal o que desejas”. (Ovídio, Metamorfoses, II, 56)

Jean Louis Armand de Quatrefages de Bréau (1810-1892): naturalista francês.

Jean Louis Armand de Quatrefages de Bréau
Jean Louis Armand de Quatrefages de Bréau
Armand de Quatrefages
Nascimento 10 de fevereiro de 1810
Valleraugue, França
Morte 12 de janeiro de 1892 (81 anos)
Paris, França
Nacionalidade Francesa
Quatrefages de Bréau

Jean Louis Armande de Quatrefages de Bréau (Berthezenne, 10 de fevereiro de 181012 de janeiro de 1892) foi um naturalista francês, filho de fazendeiros protestantes. Estudioso da área das ciências naturais, onde se especializou.[1]

Morreu durante recorrência da pandemia de gripe de 1889-1890.

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  1. «Jean Louis Armand de Quatrefages de Bréau». BNF (em inglês). Consultado em 19 de agosto de 2021