José Boiteux

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 Nota: Para o jornalista e historiador, veja José Artur Boiteux.
José Boiteux

Municipio de José Boiteux

  Município do Brasil  
Símbolos
Bandeira de José Boiteux
Bandeira
Brasão de armas de José Boiteux
Brasão de armas
Hino
Lema Não possui
Gentílico josé-boatense
Localização
Localização de José Boiteux em Santa Catarina
Localização de José Boiteux em Santa Catarina
Localização de José Boiteux em Santa Catarina
José Boiteux está localizado em: Brasil
José Boiteux
Localização de José Boiteux no Brasil
Mapa
Mapa de José Boiteux
Coordenadas 26° 57' 28" S 49° 37' 40" O
País Brasil
Unidade federativa Santa Catarina
Municípios limítrofes Benedito Novo, Dona Emma, Doutor Pedrinho, Ibirama, Itaiópolis, Presidente Getúlio, Vitor Meireles e Witmarsum
Distância até a capital 242,2 km[1]
História
Fundação 26 de abril de 1989 (34 anos)
Emancipação 26 de abril de 1992
Administração
Prefeito(a) Adair Antônio Stolmeier (PP, 2020 – 2024)
Vereadores 9
Características geográficas
Área total [2] 405,519 km²
População total (est. 2022) 5,985 hab.
Densidade 0 hab./km²
Clima Mesotérmico úmido
Altitude 240 m
Fuso horário Brasilia (UTC−3)
CEP 89145-000
Indicadores
IDH (PNUD/2010[3]) 0,694 médio
PIB (IBGE/2008[4]) R$ 47 787,472 mil
PIB per capita (IBGE/2020[4]) R$ 23 451,33
Sítio www.pmjb.sc.gov.br (Prefeitura)
camarajoseboiteux.sc.gov.br (Câmara)

José Boiteux é um município do Estado de Santa Catarina, no Brasil. Localiza-se a uma latitude 26º57'30" sul e a uma longitude 49º37'41" oeste, estando a uma altitude de 240 metros. Sua população segundo estimativas do IBGE em 2021 era de 5019 habitantes.[5]

Centro de José Boiteux 2008

José Boiteux apresenta traços culturais diferenciados dos demais municípios do Alto Vale do Itajaí, pois possui historicamente na constituição de sua gente a participação da etnia indígena Laklãnõ-Xokleng, que habitava a região muito antes da chegada dos colonizadores, bem como das demais etnias, como a italiana, alemã, portuguesa e afrodescendentes que posteriormente ajudaram a formar o rico caldeirão cultural que caracteriza o município hoje.[6]

Cachoeira José Boiteux

As arquiteturas diferenciadas do município destacam-se através da Barragem Norte, do antigo moinho de farinha localizado em Barra da Anta, da igreja localizada no centro da cidade e das residências históricas. As tradições gastronômicas são mantidas pelos descendentes de italianos, que contribuíram com a música e a dança tradicional de seus antepassados. O vinho e a cachaça artesanal são produtos coloniais de raríssima qualidade. Entre os eventos realizados destacam-se a Festa do Índio e a Festa do Município.[6]

Barragem norte Jose Boiteux

História[editar | editar código-fonte]

A cidade recebe o nome do jornalista, historiador e político catarinense José Artur Boiteux, nascido na cidade de Tijucas (SC) o qual é considerado o patrono do ensino superior de Santa Catarina. Coincidentemente, anos mais tarde, a cidade que homenageia este importante intelectual com tal epíteto, terá entre seus cidadãos o primeiro integrante indígena do Brasil a obter um doutorado em linguística no país.[7]

Tradicionalmente habitada por indígenas laklãnõ-xokleng, kaingang e guarani, a região começou a ser explorada em 1920 por descendentes de alemães que foram trazidos da região de Rio do Sul. Ignorando as comunidades originárias que ali residiam a séculos o Estado ao organizar e impor estes novos assentamentos acabou gerando conflitos pelas terras dos indígenas, os quais por estarem política e econômicamente em desvantagem acabaram perdendo seu território e sendo isoladas a força em reservas indígenas afastadas. Por este e outros fatores, em 1926 foi criada a área indígena Ibirama-La Klãnõ, que abrange atualmente parte do território municipal.

Permanecendo como parte do município de Blumenau até 1934, torna-se em seguida distrito de Ibirama em virtude da emancipação daquele espaço geográfico. Em 1958, passou por um primeiro processo de emancipação política, o qual foi considerado inconstitucional, e desse modo, continuou na condição de distrito ibiramense até o final da década de 1980. Criado em 1989 através da Lei Estadual n° 7580 de 26 de abril de 1989 foi definitivamente instalado como município em janeiro de 1990.[8]

Nos anos de 1940 e 50, José Boiteux possuía um número bastante elevado de indústrias de pequena produção mercantil, período que atraiu novos residentes o que diversificou cultural e demograficamente a região, entretanto, com o início dos projetos de contenção de enchentes no vale do Itajaí, que culminou com a construção da Barragem Norte, a economia local se desmantelou o que provocou a extinção da maioria destas indústrias, (FRAGA, 1997), o impacto econômico e ambiental foi sentido sobretudo na área da Barra do Rio Dollmann e da reserva Indígena Duque de Caxias.

A Terra Indígena Laklãnõ-Xokleng abrange cerca de 40.522,90 ha da área do município e possuía segundo estimativas do Siasi/Sesai do ano de 2013, 2057 habitantes, que equivale a aproximadamente 40% da população do município, sendo o restante descendentes de europeus.[9]

Economia[editar | editar código-fonte]

Predominantemente rural, a agropecuária é o carro chefe da economia local, caracterizando-se por pequenas propriedades rurais, em regime de trabalho familiar, sendo que a maior parte da mão de obra empregam-se nestas atividades, que tem como principal fonte de renda o cultivo do fumo em folha, seguindo-se de outras culturas. A pecuária também é atividade de destaque, além da piscicultura e suinocultura que vem ganhando espaço nos últimos anos.

O setor industrial tem como principal atividade as madeireiras, seguido de pequenas indústrias de conserva e algumas facções têxteis, sendo que no setor de comércio e serviços, existe uma rede de serviços que abastece o mercado consumidor local.[8]

Mais recentemente e de forma ainda incipiente, empreendedores locais vêm investindo no turismo rural e de natureza a partir da demanda que surge espontaneamente do fluxo de turistas que buscam o município para escapar da rotina desgastante dos centros urbanos, como a cidade encontra-se relativamente próxima a grandes centros urbanos da região, vem lenta e gradualmente se tornando uma opção de lazer econômicamente mais acessível, segura e tranquila que as disponíveis em centros maiores, as atrações naturais da pequena cidade de José Boiteux se bem exploradas pelo poder público e potenciais investidores da região tem potencial para se tornar em mais uma alternativa econômica para o município.

Turismo[editar | editar código-fonte]

Camping das Cachoeiras em José Boiteux SC

José Boiteux além da sua comunidade acolhedora e rica diversificação cultural se destaca também pela sua exuberante e encantadora natureza, em especial suas belas cachoeiras, dentre as quais, três delas merecem ser destacadas por sua grande beleza natural: Cachoeira do Rio Laeisz, Cachoeira Wiegand e Cachoeira do Encontro.[10]

A cachoeira do Rio Laeisz é a mais impressionante e maior entre as cachoeiras de José Boiteux. A queda despenca no início do cânion do Rio Laeisz e sua altura aproximada é de uns 40 metros. A cachoeira e os paredões do cânion formam um cenário belíssimo. Abaixo da queda forma-se uma piscina natural que começa bem baixinha e fica bem profunda abaixo da queda.[11][12]

Cachoeira Wiegand José Boiteux

Já a cachoeira Wiegand tem cerca de 20 metros de altura. Seus destaques são a plataforma natural de pedra, o jacuzzi natural (na parte superior) e o fato de poder entrar atrás da queda (na parte inferior).[13]

A cachoeira do Encontro é formada, como o próprio nome explicita, pelo encontro de dois rios que formam duas cachoeiras, lado a lado, que caem separadas em um mesmo local, formando também uma belíssima piscina natural.[11]

No município e na comunidade indígena existem agências de trilhas e caminhadas com profissionais que guiam turistas pelo interior, no caso da agência existente junto a comunidade indígena é possível conhecer também o interior da terra indígena, através das trilhas existentes.[14][15]

A trilha da Sapopema é feita junto a mata atlântica com guias da própria comunidade, contando a história do povo indígena, conhecendo diversas espécies de árvores entre elas a árvore da Sapopema, que era usada para comunicação entre os indígenas na mata.[16][17]

É possível conhecer também, nas trilhas realizadas com a agência da comunidade, as Cabanas Laklãnõ/Xokleng; Kapug (comida típica); Artesanato indígena; História e Memorial.[18][19]

Trilha Brasílio Priprá em José Boiteux

Outra trilha tradicional é a Basílio Priprá, que fica na Aldeia Palmeira e além de contar a história da comunidade, permite conhecer o prédio histórico Dr. Eduardo, oportunizando conhecer também outros aspectos da cultura Laklãnõ-Xokleng e visitar a loja de artesanato indígena existente no local.[20][21]

Parreira em José Boiteux

A hospedagem pode ser realizada na área urbana, que possuí restaurantes e pousadas com a rica culinária local, ou em campings próximos as principais atrações[22], bem como em propriedades rurais do município que atuam no turismo rural, como a propriedade da "Família Lunelli" que possui como traço característico a tradição italiana, alambiques e produtos coloniais típicos [23] , e da "Família Vendrami" que se destaca pela produção de vinhos, sucos e geléias agroecológicas bem como com passeios junto a parrerais.[24]

Antigo Alambique

Personalidades[editar | editar código-fonte]

O educador indígena Nanblá Gakran, nascido no município, membro do povo Laklãnõ-Xokleng, foi um linguista indígena brasileiro de destaque, primeiro integrante indígena do Brasil a obter um doutorado em linguística no país pela UNB, e o segundo a obter um mestrado na mesma área junto a UNICAMP, pós doutor pela UFSC.[25][26]

Foi professor do departamento de História da UFSC e do curso de pedagogia indígena Xokleng junto a FURB e das escolas indígenas existentes na terra indígena Laklãnõ-Xokleng localizadas no município.[27][28]

Especialista de destaque mundial no estudo e pesquisa da gramática e língua Laklãnõ, foi um dos desenvolvedores do alfabeto desta nação, e mesmo atuando em diversas instituições governamentais e de educação fora do município, foi nela que passou a maior parte de sua vida, dedicando-se a educação de jovens e adultos, bem como na formação de professores, missão que exerceu até a sua morte.[29]

Também atuou como membro (conselheiro) do Conselho Estadual dos Povos Indígenas de Santa Catarina CEPIN/SC. Membro do Fórum Estadual da Educação FEE/SC e membro (conselheiro) do Conselho Estadual da Saúde CES/SC.[29][30]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. https://www.google.com/search?q=de+Jos%C3%A9+Boiteux+a+Florian%C3%B3polis&oq=de+Jos%C3%A9+Boiteux+a+Florian%C3%B3polis+&aqs=chrome..69i57j33i160l3.5559j0j9&client=ms-android-samsung-ga-rev1&sourceid=chrome-mobile&ie=UTF-8  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  2. IBGE (10 de outubro de 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 de dezembro de 2010 
  3. https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/sc/jose-boiteux.html  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  4. a b «Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 11 de dezembro de 2010 
  5. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (31 de dezembro de 2017). «José Boiteux». Conheça Cidades e Estados do Brasil. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  6. a b «AMAVI - Perfil: José Boiteux». www.amavi.org.br. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  7. Bernardi, Karol (28 de junho de 2021). «Morre o Professor Nanbla, primeiro indígena a se tornar doutor em linguística». Apufsc-Sindical. Consultado em 21 de maio de 2023 
  8. a b «APRESENTAÇÃO». Prefeitura de José Boiteux. Consultado em 21 de maio de 2023 
  9. «Terra Indígena Ibirama-La Klãnõ | Terras Indígenas no Brasil». terrasindigenas.org.br. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  10. Trilha, Família na (9 de maio de 2021). «José Boiteux - Camping em um paraíso para quem ama cachoeiras.». FamiliaNaTrilha. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  11. a b Aladim, Luana (15 de outubro de 2021). «Cachoeiras em José Boiteux: um refúgio no interior de Santa Catarina». Blog Quanto Custa Viajar. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  12. Design, Pensa e Cria-Estúdio de (25 de abril de 2020). «JOSÉ BOITEUX : CACHOEIRA DO RIO LAEISZ». Rota Terrestre. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  13. Prandi, Jair (18 de janeiro de 2021). «Cachoeiras de José Boiteux - Santa Catarina». Viagens e Caminhos. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  14. Gakran, Nanbla. «Aspectos morfossintaticos da lingua laklãnõ (Xokleng) Je». Consultado em 7 de agosto de 2022 
  15. Sant'Anna, Fernandes, Ainá (2019). «Caminhando na trilha da Sapopema: prática, cultura e conhecimento entre os Laklãnõ/Xokleng». Consultado em 10 de agosto de 2022 
  16. «Trilha da Sapopema Vale Europeu». Ativa Aventuras. 25 de junho de 2020. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  17. Sant'Anna, Fernandes, Ainá (2019). «Caminhando na trilha da Sapopema: prática, cultura e conhecimento entre os Laklãnõ/Xokleng». Consultado em 7 de agosto de 2022 
  18. «Aldeia indígena pode ser visitada para conhecer cultura e histórias». Mistura com Camille Reis. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  19. Daronco, Clarice. «Aventura e conhecimento». Jornal do Médio Vale. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  20. «Aldeias indígenas podem ser visitadas para conhecer a cultura e as histórias de José Boiteux». Portal do Observatório do Turismo de Santa Catarina. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  21. Imprensa. «Comarca de Ibirama, na Semana do Meio Ambiente, vai visitar terra dos índios Xokleng». PJSC. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  22. «Camping das Cachoeiras - Portal Municipal de Turismo de José Boiteux». turismo.pmjb.sc.gov.br. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  23. «Família Lunelli - Portal Municipal de Turismo de José Boiteux». turismo.pmjb.sc.gov.br. Consultado em 21 de maio de 2023 
  24. «Família Vendrami - Portal Municipal de Turismo de José Boiteux». turismo.pmjb.sc.gov.br. Consultado em 21 de maio de 2023 
  25. Cardoso, Maísa (20 de dezembro de 2019). «Interculturalidade e formação de professores: o indígena em questão». Pimenta Cultural: 68–81. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  26. «Morre o Professor Nanbla, primeiro indígena a se tornar doutor em linguística». www.nsctotal.com.br. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  27. ESPINDOLA, Marcia Sarda (28 de junho de 2021). «Comunidade Xokleng perde Nanblá Grakam». FURB/Notícias. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  28. SeTIC-UFSC (27 de junho de 2021). «Nota de Pesar: falece Nanblá Gakran, ex-professor da licenciatura intercultural indígena na UFSC». Notícias da UFSC. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  29. a b Redação (27 de junho de 2021). «Morre Nanblá Gakran, primeiro indígena a se tornar doutor em SC, aos 58 anos». O Município Blumenau. Consultado em 7 de agosto de 2022 
  30. «Nanblá Gakran – KAMURI». Consultado em 7 de agosto de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]