José Nery Azevedo

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José Nery
José Nery Azevedo
Senador pelo Pará
Período 1º de fevereiro de 2007
até 31 de janeiro de 2011
Vereador de Abaetetuba
Período 1º de janeiro de 1997
até 31 de janeiro de 2007
Dados pessoais
Nome completo José Nery Azevedo
Nascimento 27 de março de 1959 (65 anos)
Pedra Branca, Ceará, Brasil
Nacionalidade brasileiro
Alma mater Universidade Federal do Pará
Partido PT (1987-2005)
PSOL (2005-presente)
Religião Católico romano
Profissão Professor

José Nery Azevedo (Pedra Branca, 27 de março de 1959) é um professor e político brasileiro filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

Biografia[editar | editar código-fonte]

Carreira política[editar | editar código-fonte]

Nascido no Ceará é radicado desde 1985 no Pará, José Nery é graduado em Geografia pela Universidade Federal do Pará.

Foi eleito vereador de Abaetetuba em 1996 pelo Partido dos Trabalhadores, obtendo 645 votos, reeleito em 2000 pelo mesmo partido, com 921 votos.

Fundador da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Nery apoiou e assessorou atividades de formação sindical no Pará, em especial das entidades da região de Guajarina. De 1993 a 1995, foi diretor do Sindicato dos Empregados em Atividades Culturais Recreativas e de Assistência Social do Pará. Nery exerceu ainda três mandatos de vereador em Abaetetuba (de 1997 a 2005 pelo PT, e, até 2007, pelo PSOL).

É notória a sua posição política de oposição à Família Barbalho, a quem acusa de massacrar o povo do estado do Pará, de iludir a população pelo uso abusivo dos meios de comunicação e de estar constantemente envolvida em desvios de verbas e corrupção.

Em 2002 foi primeiro-suplente da senadora eleita Ana Júlia Carepa.[1] Já havia concorrido como suplente de Carepa ao Senado nas eleições de 1998, não logrando êxito.

Em 2004 conquistou o terceiro mandato na Câmara Municipal de Abaetetuba, dessa vez com 1 407 votos.[2]

Em 2005, junto ao grupo político do ex-prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, Nery filia-se ao PSOL,[3][4] por onde sai candidato nas eleições de 2006, para o cargo de deputado estadual, tendo conseguido 1 721 votos, sem ter sido eleito, nem ajudado seu partido a conquistar o quociente para eleger pelo menos um deputado. Azevedo afirma que o PT abandonou compromissos históricos ao chegar ao poder. Segundo ele, o PSOL vai manter a posição crítica se não houver mudanças na política do governo petista.

Senador da República[editar | editar código-fonte]

Nas mesmas eleições, sua titular, a senadora Ana Júlia Carepa é eleita governadora do Pará: José Nery e setores de seu partido prestam apoio à candidatura de Carepa no segundo turno.[5] Assume a vaga no Senado Federal em 3 de janeiro de 2007, para cumprir o restante do mandato.[6][7] Ao assumir, disse que fará oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O suplente de Ana Júlia destacou que o foco da atuação no Senado será “o povo”. “Nós do PSOL vamos trabalhar para o cidadão ter mais espaço no debate das políticas públicas. Queremos criar mecanismos para a participação popular nas decisões”, comentou.

Azevedo enfatizou que, em Brasília, “estará a serviço dos movimentos sociais”. “Vou fazer a defesa das políticas públicas para os ribeirinhos, para os quilombolas. Vou lutar pela reforma agrária, pelo apoio às populações urbanas que sobrevivem na periferia das grandes cidades.”

Além disso, ele promete cobrar do governo maior fiscalização às grandes empresas mineradoras da Amazônia. “Muitos projetos se instalam e criam problemas sociais e ambientais, mas não oferecem uma contribuição à melhoria da população nos entornos dos projetos”, afirmou.

Foi considerado um dos mais atuantes do Congresso Nacional.[8] Concorreu a uma vaga de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Pará, porém não logrou êxito.[9][10] Após esse revés, engajou-se na Campanha vencedora de Marinor Brito,[11][12] a quem lhe sucedeu no Senado Federal, graças à Lei da Ficha Limpa.[13][14][15]

Na presidência da Subcomissão Temporária de Combate ao Trabalho Escravo, Nery foi um dos articuladores da criação da Frente Parlamentar Mista pela Erradicação do Trabalho Escravo, em 2010.[16] O ex-senador foi ainda o autor do projeto que deu origem à Lei 12.064/09, que instituiu o dia 28 de janeiro como Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo e a Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo.[17]

Convicto de que investimentos em geração de energia elétrica não eram tão urgentes e não precisavam ser feitos para que o país não sofresse um apagão já em 2009, Nery travou um sério embate com a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o senador defendia o embargo a várias obras, preocupado com o desequilíbrio ecológico que poderiam causar. José Dirceu, então Ministro-chefe da Casa Civil, teve que criar uma equipe de mediadores para tentar resolver as disputas.

Na despedida do Senado, deixou claro que vai persistir no seu trabalho: “volto a minha querida Abaetetuba, para ali continuar o sonho e a luta de ajudar a construir um Brasil justo, honesto, onde todos tenham pão, justiça e liberdade. É essa a missão a que nos dedicamos”.

Fora Sarney[editar | editar código-fonte]

Durante todo o ano de 2009 o PSOL denunciou e fez forte pressão contra os escândalos de corrupção, em especial, do Congresso Nacional. O mais conhecido deles foi conhecido como "atos secretos". Na época, foi realizado um ato colhendo assinaturas para a instalação da CPI da “Máfia do Senado”, proposta pelo Senador José Nery do PSOL/PA.[18] O principal alvo de denúncias era o próprio presidente da Casa. O PSOL chamou a atenção quanto a necessidade da pressão popular para o afastamento de José Sarney. Foram coletadas centenas de assinaturas a favor da CPI.[19]

Várias entidades apoiaram a iniciativa do senador José Nery, de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar atos secretos praticados no Senado nos últimos 15 anos e também pelo afastamento imediato de José Sarney da presidência do Senado. O PSOL também defendeu a representação contra o senador Renan Calheiros no Conselho de Ética e a criação de uma CPI que aprofundasse as investigações contra ele.

A bancada do PSOL cobrou investigação da Fundação José Sarney, acusada de desviar R$ 129 mil de um convênio com a Petrobras.[20] A Auditoria da Controladoria Geral da União (CGU) comprovou que o dinheiro foi utilizado para o pagamento de despesas de custeio. O contrato previa, como destino dos recursos, a preservação do acervo e a modernização do espaço físico. Os parlamentares cobraram a investigação do senador José Sarney (PMDB-AP), presidente vitalício da Fundação, cargo que lhe atribui responsabilidades financeiras pela entidade.

Manifestações contra a Usina em Belo Monte[editar | editar código-fonte]

Nery, junto com mais de 500 integrantes de ONGs e movimentos sociais realizaram manifestação, em frente à sede da Aneel, contra o leilão de Belo Monte realizado em 20 de abril de 2010. O projeto visa erguer a terceira maior hidrelétrica do mundo no coração da Amazônia, e de acordo com os parlamentares do PSOL promete devastar a mata e comunidades e reduzir a corrente do rio Xingu. Na ocasião, três liminares contrárias foram derrubadas.

Plebiscito de divisão do Pará[editar | editar código-fonte]

Em 2011, no Plebiscito sobre a divisão do estado do Pará José Nery atuou na frente parlamentar contra a divisão do Estado que resultaria em Carajás e Tapajós durante o plebiscito que consultou a população do Pará sobre a possibilidade da divisão do estado.[21] Os eleitores paraenses responderam a duas perguntas "Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado de Carajás?" e "Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado do Tapajós?". O número 77 correspondeu à resposta "sim" para qualquer uma das perguntas. E o número 55 foi usado para o "não". A frente da luta em defesa do Pará, contra a Criação do estado de Carajás e Tapajós. O resultado foi 66,60% de paraenses escolheram a NÃO divisão, sendo vitorioso nas urnas em dezembro de 2011; na capital Belém a união pelo Pará inteiro foi de 95% dos belenenses que disseram NÃO à divisão do Pará.

Após 2011[editar | editar código-fonte]

Em 2012, disputou as eleições municipais como candidato à Prefeito de Abaetetuba, pelo PSOL (sem coligação), tendo como vice o advogado Marcos Reis, apresentando-se como a via alternativa à antiga política praticada no município. Ficou em 3º lugar na apuração, computando 4 407 votos. Ele foi apoiado pela ex-ministra Marina Silva[22] que também apoiou Edmilson Rodrigues, PSOL, na Capital Belém.

No ano de 2014 foi candidato a deputado estadual do Pará e obteve 6 881, não sendo eleito.[23]

Nas eleições de 2016, foi candidato a vereador em Abaetetuba, obteve 1.012 votos, desta vez não sendo eleito.[24]

Referências

  1. TSE[ligação inativa] Candidatos a senador no Pará. Acessado em 20 de setembro de 2013.
  2. «UOL Eleições 2004». eventos.noticias.uol.com.br. Consultado em 14 de março de 2021 
  3. "Partido dos Professores" (Gonçalves, 2013)
  4. Folha.com (26 de setembro de 2005). «Petistas históricos anunciam saída do partido e filiação ao PSOL». Consultado em 25 de agosto de 2012 
  5. Senadora Ana Júlia Carepa - (Fora do exercício) publicado pelo Senado Federal
  6. «Senado Federal do Brasil». Consultado em 26 de janeiro de 2014 
  7. Correio do Estado (12 de janeiro de 2011). «Fim do trabalho escravo mobiliza senadores do PSOL». Consultado em 25 de agosto de 2012 
  8. Agência Senado (23 de setembro de 2011). «Nery está entre os 100 mais influentes do Congresso». Vermelho. Consultado em 15 de agosto de 2012. Arquivado do original em 4 de outubro de 2013 
  9. Partido Socialismo e Liberdade (4 de outubro de 2010). «PSOL elege dois senadores, três deputados federais e quatro estaduais». Consultado em 25 de agosto de 2012. Arquivado do original em 12 de dezembro de 2010 
  10. UOL (3 de abril de 2012). «Eleições 2010». Consultado em 25 de agosto de 2012 
  11. «Com jader fora de combate, Lula perde um aliado no Senado. Vaga é do PSOL». Veja. 27 de outubro de 2010. Consultado em 27 de outubro de 2010 
  12. «PA reelege Flexa Ribeiro e elege Marinor Brito para o Senado». G1. 3 de outubro de 2010. Consultado em 4 de outubro de 2010 [ligação inativa]
  13. «Mentor da Ficha Limpa lamenta posse de parlamentares barrados e diz que desafio agora será a eleição de 2012». Globo.com. O Globo país. 14 de julho de 2011. Consultado em 14 de julho de 2011. Agora, precisamos assegurar a plena aplicação da Lei da Ficha Limpa. Pedimos ao Conselho Federal da OAB que entrasse com uma Ação Declaratória de Constitucionalidade da lei. Ela deverá ser julgada no segundo semestre e o relator será o ministro Luiz Fux. 
  14. Planalto (4 de junho de 2010). «Lei complementar 135/2010». Consultado em 25 de agosto de 2012 
  15. Estadão.com (8 de setembro de 2009). «Movimento Ficha Limpa reúne 1,1 milhão de assinaturas». Consultado em 25 de agosto de 2012 
  16. Agência Senado (26 de janeiro de 2009). «José Nery: Trabalho escravo é utilizado por poucos e poderosos». Consultado em 25 de agosto de 2012 
  17. Agência Estado. «Sancionado projeto de José Nery que cria o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo». www.anamatra.org.br. Consultado em 14 de março de 2021 
  18. Folha.com (6 de agosto de 2009). «Senador do PSOL acusa Sarney de faltar com a verdade sobre nomeações». Consultado em 25 de agosto de 2012 
  19. Terra.com (10 de fevereiro de 2010). «Psol protocola representação contra Sarney por suposto desvio». Consultado em 25 de agosto de 2012 
  20. Folha.com (10 de fevereiro de 2010). «PSOL entra com ação contra Sarney por supostos desvios em fundação». Consultado em 25 de agosto de 2012 
  21. Portal G1, Gabriela Gasparin. «Em Plebiscito, eleitores do Pará rejeitam Divisão do Estado». 11 de dezembro de 2014. Consultado em 28 de outubro de 2014 
  22. Wanderley Preite Sobrinho (6 de setembro de 2014). «REDE tenta eleger 104 candidatos em 12 partidos de diferentes ideologias». Ig. Consultado em 25 de abril de 2015 
  23. «Resultado das Apurações dos votos do 2º turno das Eleições 2014 no Pará para Governador, Senador, Deputados Federais e Deputados Estaduais». g1.globo.com. Consultado em 14 de março de 2021 
  24. Terra.com (23 de setembro de 2012). «Com 41% em pesquisa, candidato do PSol está na frente em Belém». Consultado em 23 de setembro de 2012. Arquivado do original em 28 de setembro de 2012 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]