José de Salamanca y Mayol

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José de Salamanca y Mayol
José de Salamanca y Mayol
Outros nomes D. José de Salamanca e Mayol, José de Salamanca
Conhecido(a) por Ter sido um dos principais impulsionadores do transporte ferroviário em Portugal, e por ter fundado o Entroncamento
Nascimento 23 de maio de 1811
Málaga
Morte 21 de janeiro de 1883 (71 anos)
Madrid
Nacionalidade Espanha
Ocupação Empresário e político
Empregador(a) Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses
Cargo Director

José de Salamanca y Mayol, nascido José Mayol, e mais conhecido como D. José de Salamanca e Mayol ou José de Salamanca (Málaga, 23 de maio de 1811Madrid, 21 de janeiro de 1883), foi um empresário e político espanhol.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascimento e família[editar | editar código-fonte]

José de Salamanca y Mayol, na sua juventude

Nasceu em Málaga, em Maio de 1811.[1]

Formação e carreira profissional e política[editar | editar código-fonte]

Monumento a José de Salamanca y Mayol, em Madrid.

Frequentou a Universidade de Granada, aonde se formou em Direito.[1] Ainda durante os estudos, fez parte de um grupo de conspiradores, que prepararam a chegada do general liberal José María de Torrijos y Uriarte em 1 de Dezembro de 1831.[1] No entanto, após o desembarque, o general Torrijos e os seus companheiros foram presos e fuzilados, pelo que José de Salamanca teve de fugir para salvar a vida.[1] Foi procurado activamente pela polícia pelas províncias de Alicante e Almeria.[1]

Em 1835, já formado em Direito, participou na sublevação contra o Conde de Tereno, e aceitou a nomeação para membro da Junta Revolucionária de Sevilha; no ano seguinte, veio para Madrid, para exercer como deputado por Málaga e como juiz municipal.[1] Uma vez na capital, procurou imiscuir-se no seio da alta nobreza e burguesia espanhola, surgindo, pouco tempo depois, como colaborador dos banqueiros Buschental e Heredia.[1] Começou, igualmente, a destacar-se pela sua habilidade como homem de negócios, tendo principiado a realizar várias operações arriscadas na Bolsa de Londres, por conta do Tesouro Espanhol, e explorado, com grande lucro para si e para o Estado, as salinas em Espanha.[1]

Posteriormente, começou a manifestar interesse nos caminhos de ferro, meio de transporte então muito discutido, e que lhe possibilitaria viagens mais rápidas, indispensáveis às suas actividades comerciais e políticas.[1] Assim, em 1844, pediu ao Governo autorização para construir, a título experimental, uma linha entre Madrid e Aranjuez, uma localidade frequentada pela corte e nobreza espanhola; Salamanca procurou, desta forma, obter o apoio da família real, que ficaria com um meio de transporte rápido e cómodo.[1] As obras começaram em 4 de Maio de 1846, com Salamanca como construtor, e com o apoio da Rainha Isabel II, que forneceu as ferramentas necessárias e cedeu gratuitamente os terrenos.[1]

Em 1847, José de Salamanca, então filiado no Partido Moderador, foi nomeado para Ministro da Fazenda, tendo, no entanto, sido demitido pouco tempo depois, quando o político Ramón María Narváez derrubou o governo.[1] Salamanca aliou-se, então, aos generais Ortega e Alaix, com o intuito de destituir Narvaéz; porém, a conspiração falhou, tendo de se refugiar em Baiona, ficando os trabalhos no caminho de ferro de Madrid a Aranjuez suspensos.[1] O governo confiscou todos os seus bens, deixando Salamanca completamente arruinado.[1]

Em 1849, pôde voltar a Madrid, tendo começado a reestabelecer a sua fortuna e retomado as obras da linha de Madrid a Aranjuez; começou, igualmente, a investir noutras ligações ferroviárias, destacando-se a sua participação na Linha do Mediterrâneo.[1] No entanto, gerou vários conflitos no meio político, motivo pelo qual teve de fugir quando deflagrou a Revolução de 1854, tendo o seu palácio em Madrid sido pilhado pelos seus opositores políticos.[1] Conseguiu sair da capital pelo seu próprio caminho de ferro, que nessa altura já alcançava Albacete.[1] Nesta altura, Salamanca já tinha alcançado os títulos de Marquês de Salamanca e Conde de Llanos, e o grau de Grande de España.[1]

Pouco depois, regressou a Madrid, aonde continuou os seus negócios, incluindo a construção de caminhos de ferro em Espanha e França.[1] Em 8 de Fevereiro de 1851, concluiu a linha até Aranjuez, e, em 10 de Dezembro do mesmo ano, propôs ao Governo Espanhol que lhe fosse vendido aquele caminho de ferro, pressagiando a mesma manobra que faria 8 anos mais tarde, com a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses.[1]

Entretanto, devido ao desenvolvimento dos caminhos de ferro em Espanha, vários grupos financeiros também começaram a procurar a instalação daquele meio de transporte em território português; em 14 de Abril de 1859, depois de várias tentativas goradas para construir duas linhas ligando a cidade de Lisboa a Badajoz e ao Porto, D. José de Salamanca assina um contrato provisório com o Governo Português, para continuar a construção daqueles troços.[1] Este acto é recebido com grande entusiasmo, uma vez que Salamanca já se tinha estabelecido como um hábil construtor ferroviário; com efeito, depressa forma a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses e retoma os trabalhos, reunindo-se de engenheiros espanhóis e portugueses, afastando a estagnação em que se encontravam as obras.[1]

Habituado aos luxos inerentes à sua posição, Salamanca escolhe o Palácio Palmela para a sede da administração da nova empresa, fazendo deste edifício um centro de reunião da alta sociedade portuguesa, numa manobra para conquistar apoio entre os dirigentes políticos e outras altas individualidades; de igual forma, organizou duas peça de teatro no Teatro Nacional D. Maria II, a segunda a favor das tropas portuguesas em Angola.[1]

Além de gerir a construção das Linhas do Norte e do Leste em Portugal, Salamanca também continuou a fazer os seus negócios no estrangeiro, principalmente investimentos nos caminhos de ferro em Espanha e França; desta forma, tornou-se um dos mais ricos empresários em Espanha, com uma fortuna avaliada em mais de 300 milhões de reais.[1] Possuía diversos palácios e casas de campo, com mobiliário exótico e obras de arte raras, tendo-se afirmado como um mecenas de arte.[1]

Em Portugal, destacou-se pela sua forma dinâmica e inovadora de trabalhar, tendo, por exemplo, empregado trabalhadores especializados de Itália e Espanha para a construção de túneis; foi o responsável pela mudança de bitola no troço já construído, e pela fundação da cidade do Entroncamento.[1]

Como já tinha feito em Espanha, afirmou-se, desde cedo, como o principal explorador das linhas que estava construir, tendo para isso, fundado a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses; embora esta instituição fosse juridicamente independente da Empresa Salamanca, que estava a construir os caminhos de ferro, ambas eram geridas por José de Salamanca, dotando-o, assim, do total controle sobre as linhas.[1] No entanto, começaram a surgir movimentos de oposição à sua gestão, principalmente na cidade do Porto; um dos principais pontos em discussão era o traçado para a travessia do Rio Douro, tendo o governo chegado a estabelecer o ponto final da Linha do Norte nas Devesas, até que Salamanca conseguiu aprovar a travessia sobre o rio.[1] O troço do Entroncamento às Devesas foi completado em 7 de Novembro de 1864, e, em 5 de Novembro de 1877, o comboio chegou à cidade do Porto.[1]

Entretanto, José de Salamanca continuou a sua carreira política em Espanha; durante o Sexénio Revolucionário, de 1868 a 1874, foi, inicialmente, um deputado afonsino, tendo-se tornado, depois, num dos senadores da oposição.[1] Nas primeiras cortes da Restauração Bourbónica, foi eleito como deputado por Albacete, e, depois, como senador pela Província de Leão.[1]

Após perder um litígio com o estado português sobre as condições de instalação de via dupla nas linhas, demitiu o director da sua empresa, Eusébio Page, com o qual teve posteriormente teve um conflito físico no Parque do Retiro, em Madrid.[1] Algum tempo depois deste incidente, os seus negócios começaram a piorar, principalmente a construção de um bairro no Distrito de Boa Vista, em Madrid, cujo lucro foi muito inferior ao previsto.[1]

Falecimento[editar | editar código-fonte]

Faleceu no seu palácio, na zona de Vista Alegre, em Madrid, no dia 21 de Janeiro de 1883.[1] Está sepultado no Cemitério de San Isidro.

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac ad ae af ag ah LEAL, Carlos de Brito (16 de Julho de 1954). «As grandes figuras no caminho de ferro em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 67 (1598): 197, 200. Consultado em 15 de Janeiro de 2013 
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