Joseph McCarthy

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Joseph McCarthy
Joseph McCarthy
Joseph McCarthy
Senador dos Estados Unidos
pelo Wisconsin
Período 3 de janeiro de 19472 de maio de 1957
Antecessor(a) Robert M. La Follette, Jr.
Sucessor(a) William Proxmire
Presidente do Comitê do Senado para Operações de Governo
Período 3 de janeiro de 19533 de janeiro de 1955
Antecessor(a) John L. McClellan
Sucessor(a) John L. McClellan
Juiz da 10ª Corte do Círculo judicial
de Wisconsin
Período 1939 – 1947
Antecessor(a) Edgar V. Werner
Sucessor(a) Michael G. Eberlein
Dados pessoais
Nascimento 14 de novembro de 1908
Grand Chute, Wisconsin
Morte 2 de maio de 1957 (48 anos)
Bethesda, Maryland
Alma mater Universidade Marquette (LLB)
Cônjuge Jean Kerr
Filhos(as) 1
Partido Democrata (1936-1944)
Republicano (1944-1957)
Religião Católico Romano
Serviço militar
Lealdade Estados Unidos
Serviço/ramo Corpo de Fuzileiros Navais
Anos de serviço 1942–1945
Graduação Major
Conflitos Segunda Guerra Mundial

Joseph Raymond McCarthy (14 de novembro de 1908, Grand Chute, Wisconsin2 de maio de 1957, Bethesda, Maryland) foi um político norte-americano, membro inicialmente do Partido Democrata, e mais tarde do Partido republicano. McCarthy foi senador do estado de Wisconsin entre 1947 e 1957.

Nascido e criado em uma fazenda em Wisconsin, McCarthy graduou-se em direito em 1935 e em 1939 foi eleito o mais jovem juiz da história do estado. Aos 33 anos, McCarthy inscreveu-se como voluntario no Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos e serviu durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1946 elegeu-se para o Senado dos Estados Unidos e depois de três anos sem grande destaque, em fevereiro de 1950 McCarthy subitamente se destaca no cenário nacional ao afirmar em um discurso que tinha uma lista dos "membros do Partido Comunista e dos membros de uma rede de espionagem" empregados dentro do Departamento de Estado Norte Americano. Devido as tensões da Guerra Fria que alimentaram temores[1][2][3][4] de subversão comunista generalizada, a declaração de McCarthy o transformou na figura pública mais visível. Passou a ser conhecido por suas declarações de que havia um grande número de comunistas, espiões soviéticos e simpatizantes dentro do governo federal norte-americano.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Joseph McCarthy nasceu em 14 de novembro de 1908, na cidade de Grand Chute, Wisconsin, na região norte dos Estados Unidos. Foi o quinto filho (de sete). Sua mãe era irlandesa e seu pai era americano, descendentes de irlandeses e alemães.[5] Aos 14 anos deixou a escola para ir trabalhar numa quinta e, depois, para dirigir uma mercearia. Regressou à escola com vinte anos e foi estudar Direito na Universidade Marquette. Tornou-se advogado no Wisconsin, até 1939, ano em que foi eleito juiz. McCarthy concorreu a este lugar ligado ao Partido Republicano, depois de ter sido rejeitado pelo Partido Democrata. Durante a Segunda Guerra Mundial foi mobilizado para a tropa e serviu na Marinha dos Estados Unidos na Campanha do Pacífico, tendo chegado a capitão.

Em 1946 foi eleito para o Senado norte-americano após ter concorrido numa lista do Partido Republicano. No seu primeiro dia de trabalho propôs que, para acabar com uma greve de mineiros, estes fossem mobilizados para o exército. Durante os seus dez anos no Senado dos Estados Unidos, McCarthy e sua equipe tornaram-se célebres e infames pelas investigações agressivas contra o governo federal dos EUA e pela campanha contra todos que eles suspeitassem ser ou simpatizar com os comunistas.

Este período compreendido entre 1950 e 1956, conhecido como o "Terror vermelho" (Red Scare), também ficou conhecido como Macartismo ou ainda "Caça às Bruxas", numa alusão aos simulacros de processos que sofreram as mulheres acusadas de bruxaria durante a Idade Média e parte da Idade Moderna. Eram comuns as delações provocadas pelo clima de histeria causado por McCarthy e seus acólitos.

Assim, durante esse período, todos aqueles que fossem meramente suspeitos de simpatia com o comunismo, tornaram-se objeto de investigações e invasão de privacidade. Pessoas da mídia, do cinema, do governo e do exército foram acusadas de espionagem a soldo da URSS. Muitas pessoas tiveram suas vidas destruídas pelos macartistas, inclusive algumas sendo levadas ao suicídio.

O termo "Macartismo" é desde então sinônimo de atividades governamentais antidemocráticas, visando a reduzir significativamente a expressão de opiniões políticas ou sociais julgadas desfavoráveis, limitando para isso os direitos civis sob pretexto de "segurança nacional".

O primeiro repórter que teve coragem para confrontar, e desmascarar, McCarthy foi Edward R. Murrow. Após sua série de reportagens sobre o senador na rede CBS a decadência de McCarthy não tardou a vir. McCarthy não chegou a ser expulso do Senado, mas sofreu uma moção de censura pública, e acabou desprestigiado, como um pária na política estadunidense, uma vez que suas ações tornaram-se uma mancha na história da democracia daquele país. O embate entre Morrow e McCarthy foi representado no cinema, em 2005, no filme Boa Noite, e Boa Sorte, dirigido por George Clooney.

McCarthy morreu em 2 de maio de 1957, aos 48 anos, depois de ter sido internado no National Naval Medical Center para tratar uma hepatite aguda. Seu corpo encontra-se sepultado em Saint Marys Cemetery, Appleton City, Condado de Outagamie, Wisconsin nos Estados Unidos.[6]

Legado[editar | editar código-fonte]

Joseph McCarthy continua sendo um personagem controverso. Na opinião de alguns autores conservadores atuais, como William Norman Grigg[7] e Medford Stanton Evans,[8][9] seu lugar na história deveria ser reavaliado. Vários estudiosos, também tidos como conservadores, discordam destas opiniões.[10]

Outros autores e historiadores, incluindo Arthur L. Herman,[11] afirmam que novas evidências, como as mensagens secretas da inteligência soviética decifradas pelo anglo-americano Projeto Venona,[12] disponíveis no ocidente e as transcrições das audiências fechadas do Comitê de Investigação de Atividades Antiamericanas do Senado dos Estados Unidos, liderado por McCarthy, confirmam parcialmente as acusações do senador. E provam que muitos dos acusados de colaborar com a URSS eram, de fato, culpados e que a escala de atividade de espionagem soviética nos Estados Unidos durante os anos 1940 e 1950 foi maior do que muitos estudiosos suspeitavam.[13][14]

Após analisar evidências do Projeto Venona e de outras fontes, o historiador John Earl Haynes concluiu que, das 159 pessoas identificadas em listas utilizados ou referenciadas por McCarthy, nove teriam certamente colaborado os esforços de espionagem soviética. Sugeriu que a maioria das pessoas nas listas poderia legitimamente ter sido considerada como risco de segurança, mas que uma minoria substancial não podia.[15] Entre os implicados em arquivos posteriormente tornados públicos, a partir do projeto Venona e fontes soviéticas, estavam Cedric Belfrage, Frank Coe, Lauchlin Currie, Harold Glasser, David Karr, Mary Jane Keeney, e Leonard Mins.[15][16] Alguns, membros conhecidos do CPUSA (Partido Comunista dos Estados Unidos).

Estes pontos de vista são considerados revisionistas por muitos estudiosos.[17] John Earl Haynes resiste aos esforços para reabilitar Joseph McCarthy, argumentando que suas tentativas para "transformar o anticomunismo numa arma partidária" efetivamente "pôs em risco o consenso anticomunista do pós-guerra" o que, em última análise prejudicou a luta contra o comunismo.[18]

Baseado em sua experiência do Departamento de Estado, o diplomata George F. Kennan emitiu a opinião de que "a infiltração nos serviços governamentais americanos por membros ou agentes (conscientes ou não) do Partido Comunista dos Estados Unidos no final dos anos 1930, não foi uma invenção da imaginação... ela realmente existiu,[19] e assumiu proporções que, embora nunca esmagadoras, também não eram triviais." Kennan escreveu que, durante a administração Roosevelt, "advertências que deveriam ter sido ouvidas caíram demasiadas vezes em ouvidos surdos ou incrédulos."[20]

William J. Bennett, ex-secretário do Departamento de Educação dos Estados Unidos durante o governo Reagan, resumiu essa perspectiva em seu livro de 2007, "America: The Last Best Hope:"

A causa do anticomunismo, que uniu milhões de americanos e que ganhou o apoio de democratas, republicanos e independentes, foi prejudicada pelo senador Joe McCarthy... McCarthy dirigiu um problema real: elementos desleais dentro do governo dos EUA. Mas sua abordagem a este problema real causou sofrimento incalculável para o país que ele dizia amar... O pior de tudo, McCarthy manchou a causa honrosa do anticomunismo. Ele desacreditou esforços legítimos para combater a subversão soviética de instituições americanas.[21]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências apoiando o Macartismo[editar | editar código-fonte]

  • "Joseph McCarthy", de Arthur Herman (Free Press, 1999)
  • "Venona: Decoding Soviet Espionage in America", de John Earl Haynes e Harvey Klehr (Yale Univ. Press, 2000).

Referências

  1. Roberts, Sam. The Brother: The Untold Story of Atomic Spy David Greenglass and How He Sent His Sister, Ethel Rosenberg, to the Electric Chair. New York: Random House, 2001. Print. p. 453
  2. «Old & New Mccarthyism: Fear of Russia, China in the American Mind | New Eastern Outlook». journal-neo.org (em inglês). Consultado em 14 de maio de 2021 
  3. Lears, Jackson (4 de janeiro de 2018). «What We Don't Talk about When We Talk about Russian Hacking». London Review of Books (em inglês) (01). ISSN 0260-9592. Consultado em 14 de maio de 2021 
  4. «Extremists Flourish in Abe's Japan». The Asia-Pacific Journal: Japan Focus. Consultado em 14 de maio de 2021 
  5. «Joseph McCarthy: Biography». Appleton Public Library. Consultado em 27 de maio de 2016. Arquivado do original em 5 de setembro de 2015 
  6. Joseph McCarthy (em inglês) no Find a Grave
  7. Web Archive - "McCarthy's "Witches". Artigo de William Norman Grigg, publicado em 16/06/2003. (em inglês) Acessado em 27/10/2014.
  8. Human Events - MCCARTHYISM: WAGING THE COLD WAR IN AMERICA. M. Stanton Evans 30/05/2007. (em inglês) Acessado em 27/10/2014.
  9. Blacklisted by History: The Untold Story of Senator Joe McCarthy and His Fight Against America's Enemies de Medford Stanton Evans, Crown Forum, 2007. ISBN 9781400081059 (em inglês) Adicionado em 27/10/2014.
  10. Front Page Magazine Arquivado em 27 de outubro de 2014, no Wayback Machine. - The Trouble with “Treason”. Artigo de David Horowitz publicado em 08/07/2003. (em inglês) Acessado em 27/10/2014.
  11. Joseph McCarthy: Reexamining the Life and Legacy of America's Most Hated Senator. Arthur Herman, Simon and Schuster, 2000. ISBN 0684836254 (em inglês) Adicionado em 27/10/2014.
  12. NSA - THE VENONA STORY. Robert L. Benson. (em inglês) Acessado em 27/10/2014.
  13. Venona: Decoding Soviet Espionage in America. John Earl Haynes, Harvey Klehr. Yale University Press, 2000. ISBN 0300084625 (em inglês) Adicionado em 27/10/2014.
  14. The Haunted Wood: Soviet Espionage in America--the Stalin Era. Allen Weinstein, Alexander Vassiliev. Modern Library, 2000. ISBN 9780375755361 (em inglês) Adicionado em 27/10/2014.
  15. a b John Earl Haynes - Senator Joseph McCarthy’s Lists and Venona. Artigo de John Earl Haynes, Abril de 2007 (em inglês) Acessado em 27/10/2014.
  16. Project Muse - In Re Alger Hiss: A Final Verdict from the Archives of the KGB. Eduard Mark, 2009. (em inglês) Acessado em 27/10/2014.
  17. A Conspiracy So Immense: The World of Joe McCarthy. David M. Oshinsky, Oxford University Press, 1983, ISBN 9780195154245 (em inglês) Adicionado em 27/10/2014.
  18. John Earl Haynes - Exchange with Arthur Herman and Venona book talk Joint Herman and Haynes Book Talk, February, 2000, Borders Book Store, Washington, D.C. (em inglês) Acessado em 27/10/2014.
  19. Stalin's Secret Agents: The Subversion of Roosevelt's Government. De: M. Stanton Evans & Herbert Romerstein. Simon and Schuster, 2013. ISBN 9781439147702 (em inglês) Adicionado em 27/10/2014.
  20. The Modern Times Revised Edition: World from the Twenties to the Nineties. Paul Johnson, HarperCollins, 2001, pág. 457. ISBN 9780060935504 (em inglês) Adicionado em 27/10/2014.
  21. McClatchy DC - Not satisfied with U.S. history, some conservatives are rewriting it. Steven Tomma, Abril de 2010. (em inglês) Acessado em 27/10/2014.