Línguas charruanas

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Charruanas
Falado(a) em:  Argentina,  Uruguai,  Brasil (Rio Grande do Sul)
Total de falantes: extinta
Família: Mataco-Guaicuru ?
 Charruanas
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: sai

As línguas charruanas formaram um grupo já extinto de línguas que já foram faladas no Uruguai e na província de Entre Ríos na Argentina. Há vestígios da antiga existência dos idiomas charuanos na campanha do Rio Grande do Sul, Brasil.

Línguas[editar | editar código-fonte]

Quatro línguas foram identificadas como fazendo parte dessa família linguística, conforme o livro “Classification of South American Indian Languages” escrito por Čestmír Loukotka da UCLA Latin American Center, 1968:

  • Balomar
  • Chaná
  • Charrua
  • Güenoa

Há ainda várias outras línguas ainda não confirmadas como pertencentes ao grupo, mas supostas:

  • Bohane - falada em Maldonado, Uruguai
  • Calchine - falada em Santa Fé, Argentina, ao longo do Rio Salado, Argentina
  • Caracañá - falada ao longo do Rio Caracaña, Santa Fe
  • Chaná-Mbegua ou Begua - falada ao longo do Rio Paraná entre Crespo e Vitória, na província de Entre Rios
  • Colastiné - falada na província Santa Fé próximo a Colastiné
  • Corondá - falada um Coronda, Santa Fé.
  • Guaiquiaré - falada em Entre Rios, no Arroio Guaiquiraré
  • Mocoreta ou Macurendá ou Mocolete - falada ao longo do Rio Mocoretá em Entre Rios
  • Pairindi - falada em Entre Rios desde Corrientes até o Rio Feliciano.
  • Timbu - falada in Gaboto, Santa Fé
  • Yaro - falada no Uruguai entre o Rio Negro e o rio San Salvador.

Relações genéticas[editar | editar código-fonte]

Morris Swadesh inclui o Charruano junto com as línguas matacoanas, as guaicuruanas e as mascoianas dentro de um grupo “Macro-Mapuche”.

Kaufman (1990) prefere incluir as guaicuruanas, matacoanas, charruanas e mascoianas num grupo a ser mais investigado, o das “Macro-Guaicuruanas”.

Livros de Terrence Kaufman:

  • “history in South America: What we know and how to know more” – 1990;
  • “Amazonian linguistics: Studies in lowland South American languages” – Payne – D.L. Austin, Texas
  • “Atlas of the world's languages” 1994 – Mosley C. Asher, London

Comparação lexical[editar | editar código-fonte]

Há pouquíssimos registros das línguas charruanas, porém algum vocabulário foi levantado e está no quadro comparativo:

Português Charrua Chaná Guenoa
olho i-xou
ouvido i-mau
mão guar mbó
água hué
sol dioi
cão samayoí lochan
árvore huok
um ugil yut
dois sam usan
três detí detit

Vocabulário charrua[editar | editar código-fonte]

Vocabulários da língua charrua em Barrios Pintos (1991):[1][2]

Palavras do "sargento mayor" Benito Silva, e recolhidas pelo Dr. Teodoro Miguel Vilardebó, em novembro de 1841. Benito Silva estivera refugiado entre os charruas e que os comandara como chefe militar durante cinco meses. Logo voltou a encontrar um grupo reduzido em 1840, no Rio Grande do Sul, permanecendo alguns dias em seus toldos.

Charrua Português
um
sam dois
deti três
betum quatro
betum yú cinco
betum sam seis
betim detí sete
betum arrasam oito
baquiú nove
guaroj dez
guamanaí cunhado
inchalá irmão
sepé lábio
quícan aguardente, cachaça
sisi mistura de pó de osso e de tabaco que os charruas mascavam
na traz
lai bolas
lai sam boleadeira de duas bolas, para bolear avestruzes
lai detí boleadeira de três bolas, para bolear cavalos
tinú faca
babulaí boleado

Orações (do "sargento mayor" Benito Silva):

Charrua Português
misiajalaná fique quieto
andó diabun vamos dormir


As três palavras recolhidas pelo religioso jesuíta Florian Paucke S.J., em meados do séc. XVIII:

Charrua Português
bilu belo, formoso
godgororoy presumivelmente uma onomatopéia do grito do ganso silvestre
lojan cachorro

Palavras de uma moça do oficial Manuel Arias, e recolhidas pelo Dr. Teodoro Miguel Vilardebó, em novembro de 1842.

Charrua Português
i-u um
saú dois
datit três
betum quatro
betum iú cinco
ej boca
isbaj braço
is cabeça
guar mão
ibar nariz
ijou olho
imau orelha
itaj cabelo
atit
berá avestruz
jual cavalo
mautiblá mula
beluá vaca
hué água
it fogo
guidaí lua
itojmau rapaz
chalouá moça
lajau "ombú"
bajiná caminhar
ilabun dormir
basqüade levantar-se
matar

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. BARRIOS PINTOS, Aníbal. Los aborígenes del Uruguay: del hombre primitivo a los últimos charrúas. Montevideo: Librería Linardi y Risso, 1991. p. 62-64.
  2. Vocabulário charrua. Site Línguas Indígenas Brasileiras, de Renato Nicolai.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]