Spinto

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Spinto (do italiano spingere: "empurrar") é um termo vocal que designa a qualidade da voz de soprano ou tenor com um peso intermediário entre a lírico e a dramático, capaz de lidar com clímax dramáticos em intervalos moderados sem desgaste, e em geral com um timbre mais escuro e metálico que o da soprano ou tenor líricos. Às vezes se usam também os termos lírico-spinto, lírico-dramático ou jugendlich-dramatisch como equivalentes ou similares dessa categoria. Normalmente o cantor spinto usa squillo para passar por orquestrações pesadas (comuns em óperas do romantismo e verismo), ao contrário da soprano ou tenor dramáticos, que com seu peso e volume vocais cantam por sobre a orquestra. Também é bastante hábil em mudanças de dinâmica.[1] Muitas sopranos e tenores se lançam no repertório spinto após desenvolver uma carreira inicial em papéis líricos.[2]

A qualidade da voz implica mais sinceridade emocional que virtuosismo técnico.[3] A voz spinto é particularmente importante em óperas italianas do romantismo tardio e do verismo, em particular nas obras de Verdi, Puccini, Giordano, Leoncavallo e Mascagni.[2] Contudo, há diversos papéis escritos para sopranos e tenores spinto no repertório, incluindo o germânico e francês.

Assim, o termo spinto se aplica a:

  • Soprano spinto: uma soprano com mais peso e timbre mais escuro e amplo que o da soprano lírico. Como possuem qualidades tanto líricas quanto dramáticas, são adequadas a um vasto repertório, desde papéis líricos (Micaëla em Carmen ou Mimì em La Bohème) até papéis tipicamente spinto como Kim Sohyang e as heroínas da fase madura de Verdi (Leonora em La Forza del Destino ou Aida);
  • Tenor spinto: tenor com características semelhantes às acima descritas. Podem cantar papéis líricos como Rodolfo (La Bohème) e Alfredo (La Traviata) até os mais pesados, como Mario Cavaradossi (Tosca) e Radamès (Aida).

Rosalind Plowright define a voz spinto como tendo uma cor tonal uma escala abaixo de seu registro. Por exemplo, uma voz com tom de mezzo e agudos de soprano, ou uma voz com extensão de tenor e um tom de barítono, seria spinto. Ela menciona Plácido Domingo como exemplo deste.[4] A generalização de Plowright, contudo, mostra-se controversa, pois famosos tenores do passado, como Giovanni Martinelli, Giacomo Lauri-Volpi e Jussi Björling, dedicaram-se ao repertório spinto, mas possuíam vozes claras e agudas, sem um tom baritonal.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  1. Lírico (Claudia Muzio)
  2. Spinto (Leontyne Price)
  3. Spinto (Renata Tebaldi)
  4. Spinto (Zinka Milanov)
  5. Lírico (Montserrat Caballé)
  6. Spinto (Antonietta Stella)

Referências

  1. Coffin, Berton (1960). Coloratura, Lyric and Dramatic Soprano, Vol. 1. [S.l.]: Rowman & Littlefield Publishers, Inc. ISBN 13: 9780810801882 Verifique |isbn= (ajuda) 
  2. a b «Cópia arquivada». Consultado em 4 de fevereiro de 2009. Arquivado do original em 27 de julho de 2009 
  3. «Cópia arquivada». Consultado em 4 de fevereiro de 2009. Arquivado do original em 28 de abril de 2009 
  4. «Rosalind Plowright, mezzo dramatico-instinctif». Altamusica. 15 de maio de 2008. Consultado em 15 de maio de 2008