Lena d'Água

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Lena d'Água
Lena d'Água
Lena d'Água na Aula Magna de Lisboa em 1988.
Informação geral
Nome completo Helena Maria de Jesus Águas
Nascimento 16 de junho de 1956 (67 anos)
Local de nascimento Lisboa
Portugal
Origem Lisboa
País Portugal Portugal
Nacionalidade portuguesa
Gênero(s) rock progressivo, pop, infantil, jazz, rock
Ocupação(ões) cantora
Instrumento(s) voz
Período em atividade 1976 - actualidade
Afiliação(ões) Luís Pedro Fonseca, Pedro da Silva Martins
Página oficial lenadagua.blogspot.pt

Helena Maria de Jesus Águas, conhecida como Lena d'Água (Lisboa, 16 de junho de 1956), é uma cantora e autora portuguesa.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu em Lisboa no dia 16 de Junho de 1956, primeira filha de José Águas e de sua mulher Maria Helena de Jesus Lopes. Seu pai José Águas foi um avançado-centro e o capitão do bicampeão europeu Sport Lisboa e Benfica e da selecção portuguesa de futebol e irmã do igualmente ex-futebolista do Benfica Rui Águas.[1]

Carreira[editar | editar código-fonte]

A primeira vez que subiu a um palco foi em 1974 numa reunião de moradores do Bairro de Santa Cruz, em Benfica, quando o amigo que se encontrava a actuar para encerrar a sessão a chamou para assobiar a melodia da flauta do tema "Pode alguém ser quem não é" de Sérgio Godinho. A sua inesperada estreia seguiu-se, quando se acompanhou à guitarra, para cantar o tema "Ne Me Quitte Pas", de Jacques Brel.

Foi uma das primeiras mulheres em Portugal a integrar, como vocalista, uma banda de rock - os Beatnicks, grupo musical de Rock Progressivo com base na Amadora. A sua estreia na banda aconteceu na festa de finalistas do Liceu de Sintra, em maio de 1976. Seguiram-se dois anos de concertos ao vivo pelo país, tendo a banda viajado para os Açores em julho de 1977 para participar no Festival Musical Açores, na ilha Terceira. A sua última actuação com a banda aconteceu em 7 de abril de 1978, na noite em que os Beatnicks fizeram a 1ª parte do concerto de Jim Capaldi, no Coliseu dos Recreios de Lisboa. Não chegou assim a participar no single que a banda gravou nesse ano.

Pouco depois é convidada para o coro do grupo Gemini na sua participação no Festival RTP da Canção e acompanha-os à Eurovisão em Paris com a canção "Dai Li Dou" 1978. Na época era chamada para trabalhos de estúdio, em publicidade e em coros para artistas consagrados. É também neste ano que participa na gravação do álbum "Ascenção e Queda" do grupo Petrus Castrus.

Concluíra o Curso do Magistério Primário no verão de 1978 e no final desse ano fez parte da "Oficina de Teatro e Comunicação", a companhia de teatro independente com quem levou à cena a peça para crianças "Ou Isto Ou Aquilo". A encenação, por José Caldas, de poemas de Cecília Meirelles, tinha adereços e figurinos de Dalton Salem Assef e coreografia de Águeda Sena. Lena d'Água participou nesse espectáculo como actriz e foi a directora musical. "Ou isto ou aquilo" foi apresentado em salas e ginásios de vários bairros pobres da periferia de Lisboa, no âmbito das campanhas de dinamização cultural que tiveram lugar na altura em Portugal. As canções da peça, todas da autoria de Luís Pedro Fonseca, viriam a ser gravadas em 1992.

No ano de 1979 grava um single com os temas "O Nosso Livro" (Florbela Espanca) e "Cantiga da Babá" (Cecília Meirelles), ambos os poemas musicados por Luís Pedro Fonseca.

O seu primeiro disco de longa duração acaba por ser "Qual é Coisa Qual é Ela?" que foi gravado em finais de 1978. Trata-se de um disco para crianças que inclui adivinhas de Maria João Duarte, musicadas por Luís Pedro Fonseca e José da Ponte. O álbum seria editado pela editora Rossil no ano de 1979.

Em 1980 participa no Festival RTP da Canção com o tema "Olá Cega Rega", da autoria de Paulo de Carvalho, mas que também não devia ser ela a cantar. Com Luís Pedro Fonseca e José da Ponte, funda a banda Salada de Frutas, em 1980, na qual é a vocalista principal. O álbum "Sem Açúcar" é editado em novembro desse ano e destaca-se o tema "Como Se Eu Fosse Tua". Em maio de 1981 é lançado o single "Robot/Armagedom", que teve entrada directa para o 1º lugar do TOP 20 de vendas e foi um dos grande sucessos desse ano. Em setembro de 1981, devido a divergências de vária ordem, Lena d'Água e Luís Pedro Fonseca abandonam o grupo. Começam logo a preparar novas canções e a procurar novos músicos para a formação a que dariam o nome de Atlântida. Em outubro assinam contrato com a editora Valentim de Carvalho e em novembro é lançado o single "Vígaro Cá Vígaro Lá".

Lena e Atlântida, em 1982.
Banda Atlântida com Lena d'Água em concerto, 1982.

O álbum "Perto de Ti", de 1982, contou com produção do inglês Robin Geoffrey Cable, revolucionador dos métodos de trabalho usados até então em estúdios portugueses. O disco vendeu perto de 18 mil cópias, falhando por pouco a marca de ouro - nessa altura a marca de prata era atingida com 10 mil unidades vendidas e a de ouro com as 20 mil.

1983 é o ano do single ecológico "Jardim Zoológico/Papalagui". Em 1984 é editado o álbum "Lusitânia", novamente produzidos por Robin Geoffrey Cable, e que atinge igualmente a marca de prata. Neste álbum figura o tema que virá a ser considerado um dos ex-libris da cantora, "Sempre Que o Amor Me Quiser", criação de Luís Pedro Fonseca.

Em 1984 é lançado o livro "A Mar Te", colectânea de poemas de juventude da cantora, editado pela Ulmeiro.

Em 1986 muda-se da Valentim de Carvalho para a editora CBS para a qual grava o álbum "Terra Prometida", com produção de Robin Geoffrey Cable e de Luís Pedro Fonseca. "Dou-te um doce" é o primeiro single e será o primeiro videoclip português a passar na Europa TV, no programa "Countdown", de Adam Curry. Foi igualmente disco de prata.

António Emiliano arranjou e produziu "Aguaceiro", o álbum de 1987. Foi disco de prata. Neste disco foi gravado o tema "Estou Além", original do álbum de estreia de António Variações.[2] Ida ao Brasil onde participou no show "Nau de Paz".

Em 1989 é editado o álbum "Tu Aqui", que inclui a participação do pianista Mário Laginha na canção "Essa Mulher" celebrizada por Elis Regina. Destaque ainda para a gravação de cinco temas inéditos de António Variações. O disco teve produção de Guilherme Inês e Zé da Ponte.

Em 1992 rescinde contrato com a Sony Music (ex-CBS), por não haver vontade da editora em gravar "Ou Isto Ou Aquilo", um álbum de canções de Luís Pedro Fonseca compostas para a peça musical encenada em 1978 por José Caldas a partir de poemas de Cecília Meirelles para as crianças e em que Lena d'Água participara como actriz, música e directora musical. Este disco seria editado pela Edisom.

Gravou o tema "Cantiga de Embalar II" do Vitinho (em dueto com Paulo de Carvalho) editado na coletânea musical "Vitinho apresenta... os Êxitos da Pequenada".

Em 1993 e a convite do maestro Pedro Osório, junta-se a Helena Vieira e Rita Guerra para montar uma produção musical que percorria grandes e populares temas criados um pouco por todo o mundo no século XX, "As Canções do Século", concerto esse que foi gravado ao vivo com orquestra no Casino Estoril em novembro de 1993. Este espectáculo seria apresentado por todo o país e ilhas, sempre com enorme sucesso, até finais de 1999.

Em 1996 actuaria com o grupo de música popular Gallandum cantando na língua mirandesa, em espectáculos nos Açores - em Angra do Heroísmo naIlha Terceira e no Festival Maré de Agosto na Santa Maria.

Com a Brigada Victor Jara grava - no disco de 1999 "Novas Vos Trago" - o tema "Parto Em Terras Distantes (2.ª Versão)" - e a "Moda do Pastor" no disco "Ceia Louca" - ( Prémio Zeca Afonso 2006)

Ainda em 1999 estreia no Hot Clube de Portugal o concerto tributo a Billie Holiday, que apresentaria até 2004.

Em 1999 constrói um concerto dedicado ao repertório de Billie Holiday, que estreou na sala mítica do Hot Clube de Portugal e que apresentaria até 2004 em cine-teatros um pouco por todo o país. Entre 2001 e 2003 apresentou o tributo a Elis Regina, novamente estreado na cave do Hot Clube e que em 2003 foi levado à cena no palco do Teatro Olga Cadaval em Sintra. Foi nesta fase que aprofundou os seus conhecimentos musicais no contacto em palco com os excelentes músicos da cena jazzística portuguesa.

Em 2000 grava com Jorge Palma o tema "Laura", canção principal do telefilme da SIC "A Noiva", incluída no álbum "Perdidamente, as Canções de João Gil". Também nesse ano, Lena d'Água colaborou na versão do grupo angolano SSP da sua canção emblemática “Sempre Que o Amor Me Quiser”. Ida a Angola para participar num espectáculo do grupo em Luanda. Ida ao México onde representou Portugal no Festival da OTI, em Acapulco, com a canção "Mar Portugal" de José Jorge Letria e José Marinho.

Em 2002 participou no Big Brother Famosos 2 da TVI. Em 2005, com arranjos e direcção musical de Bernardo Moreira (no contrabaixo), Marco Franco na bateria, André Fernandes na guitarra e João Moreira no trompete, Lena d'Água gravaria "ao primeiro take" o CD/DVD "Lena d'Água SEMPRE, ao vivo no Hot Clube de Portugal", que seria editado em maio de 2007 pela EMI Portugal com o selo de qualidade da prestigiada Blue Note.

50 anos - Maxime

Em 2006 produz a festa-concerto de comemoração dos seus 50 anos, no Cabaret Maxime, em Lisboa. Neste espectáculo em três actos - Billie Holiday, Elis Regina e Lena d'Água, a cantora apresentou-se com três formações diferentes de músicos. O espectáculo foi gravado em DVD mas ainda não foi editado.

No ano de 2008, o álbum "Perto de Ti" de 1982 é reeditado, pela primeira vez em CD, pela editora iPlay na colecção "Tempo do Vinil", e inclui ainda os dois singles - «Vígaro cá, vígaro lá/ Labirinto», de 1981 e «Jardim Zoológico/ Papalagui», de 1983.

Entre 2009 e 2010 é feita a série de entrevistas que dará origem ao Documentário «Bela Adormecida», sobre a vida da cantora.

Filha primogénita de José Águas, glória inesquecível do futebol do Sport Lisboa e Benfica e da selecção portuguesa no período entre 1950 e 1963, Helena escreveu o livro «José Águas, o Meu Pai Herói», que foi lançado em 2011 pela Oficina do Livro, do grupo Leya.

Em 2013 Lena d’Água voltou a estúdio na companhia da banda "Rock’n’Roll Station", para o registo de 13 recriações dos seus clássicos, entre os quais "Sempre Que O Amor Me Quiser", "Robot", "Dou-te Um Doce", "Vígaro Cá, Vígaro Lá", "Demagogia", "Perto de Ti" e "Beco". O álbum, "Carrossel", foi editado pela "Farol" em Junho de 2014.

Participou no Festival RTP da Canção 2017, com o tema "Nunca Me Fui Embora", da autoria de Pedro da Silva Martins, tendo sido apurada para a final e ficado classificada em sétimo lugar na final.[3]

Participa na banda sonora de série da RTP 1986, de Nuno Markl, como intérprete na canção de abertura "Electrificados".

Em maio de 2019 é editado o álbum "Desalmadamente" composto inteiramente por originais escritos por Pedro da Silva Martins e que teve produção de Benjamim, Mariana Ricardo, Sérgio Nascimento e Francisca Cortesão. "Queda Para Voar" e "Desalmadamente" eram outros dos temas previstos para a participação no Festival RTP da canção de 2017 e que agora aparecem em disco.

Em 2020 foi vencedora dos Play Prémios da Música Melhor Artista Feminina e Prémio da Crítica. Em 2021 recebeu o Prémio José Afonso 2020 e foi nomeada para o Globo de Ouro como Melhor Intérprete.

Discografia[editar | editar código-fonte]

  • 2019 - Desalmadamente (CD / LP / Vinil )
  • 2014 - Carrossel (CD) - Lena d'Água & Rock'n'Roll Station
  • 2007 - Sempre - Ao Vivo no Hot Clube (CD + DVD)
  • 2000 - Mar Portugal / Mar Portugal (Instrumental) (Single)
  • 1994 – As Canções do Século - Ao Vivo no Casino Estoril - com Helena Vieira e Rita Guerra)
  • 1992 – Ou Isto ou Aquilo (LP e CD)
  • 1989 – Tu Aqui (LP e CD)
  • 1987 – Aguaceiro (LP)
  • 1986 – Terra Prometida (LP e CD)
  • 1984 – Lusitânia (LP)
  • 1983 – Papalagui / Jardim Zoológico (single) - com a Banda Atlântida
  • 1982 – Perto de ti (LP e CD)- com a Banda Atlântida
  • 1981 – Vígaro cá, vígaro lá / Labirinto (single) - com a Banda Atlântida
  • 1981 – Robot / Armagedom (Single) - com a Salada de Frutas
  • 1980 – Sem Açúcar (LP) - com a Salada de Frutas
  • 1979 – Qual é Coisa, Qual é Ela? (LP para crianças)
  • 1979 - O Nosso Livro / A Cantiga da Babá (Single)
Colectâneas e Reedições
  • 1986 - 80/94 (colectânea)
  • 1996 – Sempre Que o Amor Me Quiser - O Melhor de Lena d'Água (colectânea)
  • 1996 – Demagogia (colectânea)
  • 2004 – Terra Prometida / Tu Aqui (2CD)
  • 2008 – Perto de Ti (reedição em CD)
  • 2011 - Bandas Míticas, 14 - Lena d'Água & Banda Atlântida (colectânea)
  • 2017 - Jardim Zoológico / Tao (Single 12")
Compilações / Colaborações
  • 1984 - Top Jackpot - Secret Lover
  • 1985 - Chuva Na Areia - O Mar Em Que Te Despes
  • 1992 - Paulo de Carvalho - Cantiga de Embalar
  • 1998 - Brigada Victor Jara - Parto em Terras Distantes I
  • 2000 - SSP - Sempre Que O Amor Me Quiser
  • 2001 - Perdidamente - As Melhores de João Gil - Laura (com Jorge Palma e Diogo Infante)
  • 2001 - Orquestra Nova Harmonia - No Fundo dos teus Olhos de Água
  • 2002 - Sonhos Traídos - A Luz Que Eu Vi
  • 2006 - Brigada Victor Jara - Parto em Terras Distantes
  • 2008 - Brigada Victor Jara - Moda do Pastor
  • 2009 - Sinal - Sempre Que O Amor Me Quiser
  • 2013 - Ciclo Preparatório - A Volta ao Mundo com a Lena d'Água
  • 2016 - Homenagem a Lou Reed - Sunday Morning
  • 2018 - 1986 - Electrificados (com Catarina Salinas e João Só)
  • 2020 - Capicua - Último Mergulho

Referências

  1. «Hemeroteca Municipal de Lisboa». Wikipédia, a enciclopédia livre. 15 de junho de 2022. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  2. «Nos 40 anos de um álbum que se tornou uma referência». Antena 1 - RTP. 26 de junho de 2023. Consultado em 26 de setembro de 2023 
  3. Lena d'Água é concorrente no Festival da Canção, DN 26.01.2017

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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