Leonora Carrington

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Leonora Carrington
Leonora Carrington
Nascimento Mary Leonora Carrington Moorhead
6 de abril de 1917
Clayton-le-Woods (Reino Unido)
Morte 25 de maio de 2011 (94 anos)
Cidade do México
Cidadania México, Reino Unido
Etnia britânicos
Cônjuge Emérico Weisz
Alma mater
Ocupação pintora, cenógrafa, romancista, desenhista, escultora, artista
Prêmios
Movimento estético surrealismo
Causa da morte doença
Página oficial
http://www.leocarrington.com/

Leonora Carrington (Lancashire, Inglaterra, 6 de abril de 1917 - Cidade do México, 25 de maio de 2011) foi uma pintora surrealista, escritora e escultora. Viveu a maior parte da sua vida na Cidade do México mas nasceu na Inglaterra.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Leonora nasceu na Inglaterra e foi uma artista rebelde que viveu e viajou por vários países, até se estabelecer no México, onde passou os últimos 70 anos, longe da fama. Apreciada por muitos, Leonora Carrington era considerada como uma das últimas artistas originais do surrealismo, destacando-se na arte com as suas esculturas e pinturas de mundos abstratos.

Antes de se estabelecer no México, ela passou três anos em Paris onde conviveu com outros artistas dos movimentos modernistas como Joan Miró, Salavador Dalí, Pablo Picasso e Max Ernst, o seu então namorado. Sobre essa época, em entrevista feita ao jornal El País Leonora disse: “Eram um grupo essencialmente de homens, que tratavam as mulheres como musas. Isso era bastante humilhante. Por isso, não quero que me chamem de musa de nada nem de ninguém. Jamais me considerei uma mulher-criança, como André Breton queria ver as mulheres. Nunca quis que me entendessem assim, nem tão pouco ser como os outros. Eu caí no surrealismo porque sim. Nunca perguntei se podia entrar”.[2][3]

Nesse período, durante a Segunda Guerra, os nazistas passaram a perseguir os modernistas e Ernst foi preso pela polícia francesa e depois enviado pelas autoridades nazistas para um campo de concentração.[2]

Leonora Carrington viu-se assim obrigada a fugir, primeiro para Espanha e depois para Lisboa, onde conheceu Renato Leduc, um escritor mexicano, e com quem se mudou para o México em 1941. Relação que também não foi bem-sucedida e que acabaria dois anos depois.

No Mexico, Carrington retomou contato com Remedios Varo, artista surrealista espanhola, que havia conhecido em Paris alguns anos antes. A partir de então as duas nutririam uma estreita amizade e grande parceria por cerca de duas décadas até a morte de Varo, em 1963. Em livro publicado em 2010, chamado Surreal Friends, Stefan van Raaij explora os frutos dessa relação entre as pintoras.[4]

Em 1964, ela termina uma de suas obras mais reconhecidas, o mural El mundo mágico de los mayas. O trabalho foi criado para um concurso de arte da escola do Museu Nacional de Antropologia e História do México (onde se encontra) e para criá-lo Leonora passou meses no sul de Iucatán estudando as variadas religiões e tradições da cultura Maia. Com mais de quatro metros de largura, o mural exibe um cenário de uma comunidade maia e seus diversos aspectos culturais do mundo pré colombiano como a medicina tradicional, a religião, a astronomia e a relação entre as pessoas e as forças da natureza.[5]

Uma vida agitada, com muitas aventuras pelo meio, e que valeu à escritora Elena Poniatowska, sua amiga durante mais de 50 anos, o prémio Biblioteca Breve 2011, com o livro sobre a sua vida, “Leonora”.

“Leonora é uma pintora do tamanho de Frida Kahlo e a última figura que existe do surrealismo”, disse ao El País Elena Poniatowska.

A sua arte chegou à Rainha Isabel de Inglaterra, que a condecorou com a Ordem do Império Britânico, em 2005.[6]

Morreu de pneumonia em 2011 na Cidade do México onde viveu desde 1942, em uma casa no bairro de Roma.[7]

Obras famosas[editar | editar código-fonte]

Escultura à pintura Cocodrilo

Pinturas[editar | editar código-fonte]

  • La giganta (A Giganta), 1947
  • Quería ser pájaro (Queria ser um pássaro), 1991
  • Laberinto (Labirinto), 1991
  • El despertar (O despertar),
  • Y entonces vi a la hija del Minotauro ( E então vi a filha do Minotauro), 1953
  • El juglar (O malabarista), 1954
  • Offering (Oferenda)

Esculturas[editar | editar código-fonte]

  • Cocodrillo[8] (Crocodilo), 2000

Murais[editar | editar código-fonte]

  • El mundo mágico de los mayas, 1963/1964

Livros[editar | editar código-fonte]

  • La Maison de la Peur, H. Parisot, 1938 – Max Ernst
  • Une chemise de nuit de flanelle, Libr. Les Pas Perdus, 1951
  • El Mundo Mágico de Los Mayas, Museo Nacional de Antropología, 1964 – Leonora Carrington
  • The Oval Lady: Surreal Stories (Capra Press, 1975)[9]
  • The Hearing Trumpet (Routledge, 1976);[10] Penguin Books, 2005, ISBN 9780141187990
  • The Stone Door (New York: St. Martin's Press, 1977)[11]
  • The Seventh Horse and Other Tales, Dutton, 1988)[12]
  • The House of Fear (Trans. K. Talbot and M. Warner. New York: E. P. Dutton, 1988)[13]
  • Down Below (Dutton, 1988)[13]
  • Lá embaixo (Tradução de Alexandre Barbosa De Souza, Apresentação de Diogo Cardoso, Posfácio de Marcus Rogério Salgado), São Paulo, Edições 100/cabeças, 2021.

Referências

  1. «MORRE LEONORA CARRINGTON, A ÚLTIMA SURREALISTA | ARTECAPITAL.NET». artecapital.net. Consultado em 7 de abril de 2022 
  2. a b Ferreira, Marisa. «Afinal quem foi Leonora Carrington, a "rebelde" do surrealismo?». PÚBLICO. Consultado em 2 de junho de 2021 
  3. Orgambides, Fernando (17 de abril de 1993). «Leonora Carrington: "No me arrepiento de mi vida"». Madrid. El País (em espanhol). ISSN 1134-6582. Consultado em 2 de junho de 2021 
  4. Raaij, Stefan van; Moorhead, Joanna; Arcq, Teresa (28 de junho de 2010). Surreal Friends: Leonora Carrington, Remedios Varo and Kati Horna (em inglês). [S.l.]: Lund Humphries. ISBN 978-1-84822-059-1 
  5. «El mundo mágico de los mayas». Consultado em 2 de junho de 2021 
  6. Carvalho, Cláudia Lima. «Morreu a artista surrealista Leonora Carrington». PÚBLICO. Consultado em 7 de abril de 2022 
  7. Reuters (26 de maio de 2011). «Pintora surrealista Leonora Carrington morre aos 94 anos». Pop & Arte. Consultado em 2 de junho de 2021 
  8. «What is that strange boat doing on Google?». The Independent (em inglês). 6 de abril de 2015. Consultado em 7 de abril de 2022 
  9. Orenstein, Leonora Carrington ; illustrated by Pablo Weisz ; translated [from the Spanish] by Rochelle Holt ; foreword by Gloria (1975). The oval lady, other stories : six surreal stories. Santa Barbara: Capra Press. ISBN 978-0884960362 
  10. Weisz-Carrington, Leonora Carrington ; ill. by Pablo (1976). The hearing trumpet. London: Routledge & Kegan Paul. ISBN 978-0-7100-8637-2 
  11. Carrington, Leonora (1977). The stone door. New York: St. Martin's Press. ISBN 978-0312762100 
  12. Kerrigan, Leonara Carrington ; translations by Kathrine Talbot & Anthony (1988). The seventh horse, and other tales 1st ed. New York: E.P. Dutton. ISBN 0525483845 
  13. a b Talbot, Leonora Carrington ; introduction by Marina Warner ; translations by Kathrine; Warner, Marina (1988). The house of fear : notes from Down below 1st ed. New York: E.P. Dutton. ISBN 0525246487 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
Wikisource Textos originais no Wikisource
Commons Imagens e media no Commons
Wikinotícias Notícias no Wikinotícias