Linduarte Noronha

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Linduarte Noronha
Nome completo Linduarte Noronha
Nascimento 1930
Ferreiros (Pernambuco)
Nacionalidade brasileiro
Morte 30 de agosto de 2012
João Pessoa
Ocupação Jornalista, cineasta e professor de cinema

Linduarte Noronha (Ferreiros, 1930João Pessoa, 30 de janeiro de 2012) foi um jornalista, cineasta e professor de cinema pernambucano radicado na Paraíba.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascido em Pernambuco em 1930, mudou-se ainda criança com a família em 1933 para em João Pessoa, capital paraibana, onde passaria o resto da vida.[1]

Formado em Direito pela Universidade Federal da Paraíba em 1958, desenvolveu atividade profissional como crítico de cinema e jornalista, carreira com a qual recebeu alguns prêmios por reportagens em revistas importantes no Brasil e no exterior.[1]

Durante a década de 1950, Linduarte Noronha envolveu-se ativamente com a cena cineclubista local, do qual também participaram nomes como Wills Leal, João Ramiro Melo, Vladimir Carvalho e José Rafael de Menezes. Amigo de Alberto Cavalcanti, grande admirador de Humberto Mauro, via com grande interesse a estética do "filme natural" e o registro do real - segundo Linduarte, "o verdadeiro cinema brasileiro só poderá alcançar, um dia, a universalidade, quando se voltar ao elemento antropológico", ideias essas que se tornariam a tônica dos seus trabalhos, seja em filmes, críticas, ensaios ou reportagens.[1]

Com recursos do antigo Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais e do Instituto Nacional de Cinema Educativo e sob a tutela de Humberto Mauro, começou a trabalhar em "Aruanda", seu primeiro projeto cinematográfico.[2] Estruturado a partir de uma reportagem original do próprio Linduarte, o filme também contou com o cinegrafista Rucker Vieira e a colaboração de João Ramiro Melo e Vladimir Carvalho.[3] Lançado em 1960, "Aruanda" obteve repercussão imediata para o cinema brasileiro, sendo considerado um dos precursores do movimento Cinema Novo[2][4], além de abrir as portas para uma geração de realizadores paraibanos.[3] O filme também recebeu o prêmio da crítica no I Festival de Cinema da Bahia, em 1962.[5]

Após o êxito de "Aruanda", foi lançado o curta-metragem "O Cajueiro Nordestino" em 1962.[6] Embora tenha alcançado muito menos repercussão, a obra reafirmou a vocação documentarista de Linduarte Noronha e suas preocupações culturais e sociológicas regionais.[1]

Em 1963, o cineasta implantou o Departamento de Cinema da Universidade Federal da Paraíba[1], onde também daria professor até se aposentar na década de 1990.[7] Ainda nos anos sessenta, escreveu o roteiro de "A bagaceira", baseado no livro homônimo do escritor paraibano José Américo de Almeida. Mesmo com o roteiro premiado por um concurso do Instituto Nacional do Livro, o projeto não foi realizado.[1][2]

No início da década de 1970, concluiu "O Salário da Morte", considerado o primeiro longa-metragem de cinema paraibano.[8] Lançado em 1971, foi o único longa-metragem e último trabalho de sua carreira cinematográfica.[4]

Em 1974, Linduarte implantou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHA), tendo sido seu diretor por 18 anos.

Em reconhecimento a sua contribuição para o cinema brasileiro, Linduarte Noronha foi homenageado em 2007 pelo festival de cinema documentário É Tudo Verdade, com um ciclo reunindo sua obra.[9] Seu filme mais célebre, "Aruanda", seria eleito por um júri da Abraccine como um dos 100 melhores filmes brasileiros.[10]

No final de janeiro de 2012, Linduarte Noronha morreu em João Pessoa devido a uma parada respiratória.[7][8]

Filmografia[editar | editar código-fonte]

  • 1960 - "Aruanda" (curta-metragem documentário)
  • 1962 - "O Cajueiro Nordestino" (curta-metragem documentário)
  • 1971 - "O Salário da Morte" (longa-metragem de ficção)

Referências

  1. a b c d e f g Souza, Rosinalva Alves de (2004). «Linduarte Noronha». Enciclopédia do Cinema Brasilero 2.ª ed. São Paulo, Brasil: Senac. pp. 400–401. ISBN 85-7359-093-9 
  2. a b c Ricardo Calil (3 de fevereiro de 2012). «Jornalista Linduarte Noronha fundou estética do cinema novo com "Aruanda"». G1. Consultado em 26 de maio de 2020 
  3. a b Ramos, Fernão Pessoa (2004). «Vladimir Carvalho». Enciclopédia do Cinema Brasilero 2.ª ed. São Paulo, Brasil: Senac. pp. 97–99. ISBN 85-7359-093-9 
  4. a b «Morre em João Pessoa o cineasta Linduarte Noronha». GauchaZH. 31 de janeiro de 2012. Consultado em 26 de maio de 2020 
  5. Maria do Socorro Carvalho (2003). «Cinema na Bahia, memórias da cidade de Salvador» (PDF). Revista do Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens - Departamento de Ciências Humanas – DCH I - Universidade do Estado da Bahia – UNEB. Consultado em 9 de setembro de 2018 
  6. «O Cajueiro Nordestino». Cinemateca Brasileira. Consultado em 9 de setembro de 2018 
  7. a b «Governador da PB decreta luto oficial pela morte de Linduarte Noronha». G1. 30 de janeiro de 2012. Consultado em 26 de maio de 2020 
  8. a b «Cineasta Linduarte Noronha morre em hospital de João Pessoa». G1. 30 de janeiro de 2012. Consultado em 26 de maio de 2020 
  9. «12º FESTIVAL INTERNACIONAL DE DOCUMENTÁRIOS» (PDF). É Tudo Verdade. 2007. Consultado em 26 de maio de 2020 
  10. «Abraccine lança "100 melhores filmes brasileiros" no Festival de Gramado». Abraccine. 4 de setembro de 2016. Consultado em 9 de setembro de 2018 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]